Preços pressionados no final de setembro

O mercado de café encerra setembro sob forte volatilidade. De acordo com Fernando Berardo, diretor de Commodities da Barchart, os preços caíram para as mínimas dos últimos 30 dias.

A política monetária, assim como o clima, segue sob acompanhamento vigilante do mercado 

“Acredito que estamos diante de bastante volatilidade ainda. A indefinição no mercado financeiro gera instabilidade, mas Nova York deve se manter acima dos 330 centavos por libra peso”, destacou Berardo.

Segundo ele, fatores como clima, política monetária do FED e tarifas comerciais seguem como pontos de atenção para outubro.

Dólar e mercado externo: expectativas com os preços

Além disso, o câmbio segue como motor importante para as cotações. Segundo Berardo, a valorização do real tende a melhorar os preços internos do café, enquanto a desvalorização do dólar pressiona Nova York.

Há perspectivas nos próximos meses de melhoras no preço internacional do café

Até o fim de 2025, o mercado projeta novas reduções da taxa de juros pelo FED, o que pode favorecer um real mais valorizado e, consequentemente, melhorar a competitividade do café brasileiro no mercado internacional.

Sanções comerciais e novos mercados

As tarifas impostas pelos Estados Unidos já reduziram em 20% as exportações brasileiras para aquele país. Apesar disso, Berardo lembra que o impacto é pontual.

“O Brasil tem capacidade de buscar novos destinos e até expandir mercados já consolidados, como o europeu e o asiático.”

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Chuvas irregulares e risco de La Niña

E pensando justamente no clima, o início da temporada de chuvas deve ocorrer de forma irregular em Minas Gerais, São Paulo, se consolidando apenas na segunda quinzena de outubro. Já no Espírito Santo e na Bahia, o regime hídrico se mostra mais consistente.

A agrometeorologista Bruna Peron, da Rural Clima, ressalta que o cenário é de atenção.

“Com as primeiras chuvas, já se espera o surgimento de algumas floradas. O suficiente para sinalizar o início do ciclo produtivo. O ponto crítico é garantir temperaturas abaixo de 35 °C, pois calor excessivo pode provocar abortamento floral.”

Produtores estão em alerta com a possibilidade de nova virada climática nas regiões cafeeiras. 

O risco de um fenômeno La Niña se consolidar entre outubro e novembro está em torno de 70%, mas ainda é necessário novas confirmações. Até o momento, as projeções indicam apenas intensidade fraca a moderada.

Segundo Peron, a tendência é de temperaturas amenas e chuvas mais regulares no Cerrado, Espírito Santo e Bahia. Em contrapartida, São Paulo e Sul de Minas podem enfrentar maior irregularidade, o que aumenta o risco de estiagens caso o fenômeno se prolongue.

Clima e os impactos regionais na cafeicultura

Sul de Minas: chuvas iniciais irregulares podem favorecer floradas antecipadas, mas também elevar o risco de abortamento.

Cerrado Mineiro: deve começar com instabilidade hídrica, se regularizando em meados de outubro.

Espírito Santo: lavouras de conilon tendem a reagir bem, já que o estado ficará no caminho das frentes frias.

São Paulo: as primeiras floradas registradas foram inconsistentes devido à irregularidade das chuvas e ao calor excessivo.

Bahia: chuvas mais consistentes apenas a partir da segunda quinzena de outubro, mas com boas perspectivas para novembro.

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Perspectivas e estratégias do produtor

A combinação de La Niña, câmbio e tarifas mantém o mercado atento. Para os próximos meses, a expectativa é de preços sustentados. 

Diante desse cenário, a recomendação é de cautela. “O ideal é fazer média e evitar exposição tanto em café quanto em dólar, principalmente no caso de dívidas”, orienta Berardo.

A Syngenta apoia o produtor rural em todos os momentos, oferecendo soluções inovadoras e sustentáveis. 

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