Na região Centro-Sul, principal produtora de cana-de-açúcar e onde se concentra grande parte das usinas brasileiras, a moagem da cana atingiu 43,69 milhões de toneladas na segunda quinzena de maio. Um avanço de 0,04% em relação ao mesmo período de 2021, anunciado pela Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar).
Na totalidade da safra, a quantidade total de cana moída nas indústrias é de 107,13 milhões de toneladas, de acordo com os últimos relatórios divulgados. No ano passado, esse número estava em 130,44 milhões de toneladas, 17,88% superior ao registrado na moagem da cana 2022.
Atrasos no processo de moagem nas usinas e diminuição da produtividade nos canaviais entre março e abril são alguns dos fatores que explicam essa queda para a safra de cana 2022. Diante desse cenário, profissionais da cadeia canavieira tiveram que tomar decisões importantes para garantir a produção e o abastecimento de etanol e açúcar.
Recuperação da produtividade nas lavouras de cana-de-açúcar
Apesar da retração do processo de moagem da cana, houve recuperação da produtividade das lavouras. Foram colhidas 74,8 t/ha em maio, quantidade equivalente ao registrado em 2021. Assim, mesmo com a seca que preocupou os produtores de cana-de-açúcar entre março e abril, a queda percebida anteriormente para esta safra foi revertida.
A ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) estimou 11% de seca extrema no Centro-Oeste em abril. No Sul, a seca grave atingiu 53% da região em março, que caiu para 34% no mês seguinte. Apesar do abrandamento dessas condições climáticas, a qualidade e a colheita da cana foram prejudicadas nos dois primeiros bimestres.
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Qualidade da cana colhida
A qualidade da cana-de-açúcar colhida também é um fator que influencia os resultados da moagem da cana. Calculada com base no quilo de ATR alcançado por tonelada de cana-de-açúcar processada, foram registrados 122,11 quilos de ATR por tonelada no total da safra, número 4,99% inferior aos resultados do último ciclo agrícola.
Produção de etanol e açúcar a partir da cana
Essas quedas impactaram a produção de etanol e açúcar. O adoçante teve um volume de produção inferior ao de costume, no entanto, essa diminuição foi estratégica. A justificativa está na queda na moagem e na decisão do setor sucroenergético em desacelerar a produção de açúcar e direcionar a cana processada para a fabricação de etanol.
Assim, foram fabricados -29,78% de açúcar no total da safra 2022/23 de cana, o que corresponde a 5,05 milhões de toneladas. Com isso, buscou-se favorecer a produção do álcool, cuja produção acumulada soma 5,17 bilhões de litros, número 12,25% inferior ao ciclo anterior, dos quais 3,56 bilhões consistem em etanol hidratado e 1,61 bilhão em anidro.
A comercialização de etanol também foi afetada durante o mês de maio, retrocedendo 7,13% diante do mesmo período da safra 2021/22 de cana. As vendas internas também sofreram queda, mas isso se explica pelo aumento das exportações no mês de maio, principalmente de etanol anidro.
Confira os números da região Centro-Sul referentes ao processamento da cana no acumulado da safra 2022/23 em comparação com a safra anterior:
Oferta de etanol e alternativas para o setor de combustível
Em face da emergência da produção brasileira de combustível, com a baixa do rendimento dos canaviais, o etanol de milho passa a ser uma alternativa ainda mais viável, especialmente considerando os bons resultados mantidos nas lavouras de milho.
Para atender às demandas internas e externas, aumentou-se a oferta de milho voltado para a fabricação de etanol. Foram 156,79 milhões de litros produzidos na segunda quinzena de maio, aumentando em 26,20% a produção em comparação com o mesmo período do ciclo anterior.
Assim, abrem-se novas oportunidades para manter os índices do Brasil nas vendas de etanol, mesmo com os desafios no setor sucroenergético
Produtividade e moagem da cana nos próximos meses
Melhoramentos nas usinas, manejo de pragas e doenças, novas negociações de insumos e financiamentos para o setor de biocombustíveis são algumas das ações que estão sendo implementadas para garantir que o Brasil mantenha a liderança no ranking mundial de produção de cana-de-açúcar e de seus derivados.
Confira algumas notícias recentes que indicam inovações que estão em andamento no setor sucroenergético e no agronegócio:
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