A produção de cana-de-açúcar é peça importante na busca global por uma sociedade mais sustentável, uma vez que é matéria-prima de combustível renovável, capaz de substituir o petróleo sem agredir radicalmente o meio ambiente.
O Brasil é referência no cultivo dessa cultura há séculos, tendo as regiões do Nordeste – com 1 milhão de hectares de área para plantio – e Sudeste – atual responsável pela maioria da produção do país – como principais produtoras. Daqui, sai grande parte da cana consumida no mundo, um recurso totalmente renovável, capaz de gerar açúcar e álcool, além de possibilitar a geração de energia elétrica por meio da queima do bagaço.
O processo de geração do açúcar e do etanol promove o surgimento de diversos subprodutos da cana-de-açúcar, como a vinhaça e a torta de filtro, utilizadas como maneira de racionalizar os fertilizantes. A partir da safra 2022/23, algumas usinas pretendem reforçar a atuação no segmento de biogás e biometano, integrando cada vez mais essas fontes de energias aos negócios, por meio do aprimoramento da infraestrutura.
Entre os subprodutos advindos da originação de cana, um dos maiores destaques é o bagaço. Assim, essa cultura é uma das poucas que fornecem subprodutos que podem ser aproveitados na própria atividade canavieira ou por outros setores da economia.
Para a safra 2022/23, por exemplo, pesquisas apontam que 55,3% da matéria-prima será para a fabricação do combustível, enquanto 44,7% para o açúcar. Ainda falando em economia, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio brasileiro cresceu 8,36% em 2021. Como uma das culturas relevantes para o setor, apesar das dificuldades enfrentadas nas últimas safras, a cana-de-açúcar tem mérito nesse crescimento.
Se hoje o Brasil é considerado uma potência do agronegócio mundial, a cultura da cana-de-açúcar tem papel fundamental, afinal, o açúcar foi a primeira grande riqueza agrícola do país e ainda hoje, juntamente com o etanol, figura como um dos principais produtos da cultura da cana-de-açúcar.
A produção canavieira no Brasil continua bastante expressiva, segundo o terceiro levantamento divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra 2021/22 da cana-de-açúcar teve uma produção estimada em 568,4 milhões de toneladas.
Conforme o mesmo levantamento, de abril a outubro de 2021, o Brasil exportou cerca de 16,3 milhões de toneladas de açúcar, além de 1,13 bilhões de litros de etanol.
Logo, percebe-se que a cultura da cana-de-açúcar não apenas mantém a tradição de ser um cultivo importante para o desenvolvimento econômico do país, como também se coloca como uma das mais promissoras no quesito sustentabilidade a nível global.
Cana: uma cultura sustentável
A expectativa de crescimento para a cultura se confirma, principalmente pelo fato da cana-de-açúcar ser fonte de energia renovável, sendo responsável pela produção de etanol e bioenergia.
Observando o histórico da produção no país, percebemos que sua importância econômica para o Brasil está longe de ficar apenas no passado, muito pelo contrário! Hoje, ocupamos o lugar de destaque no ranking de produção e exportação de etanol, assim como do açúcar.
Além disso, o Brasil tem avançado muito no setor de geração de energia, com uso do bagaço da cana-de-açúcar como uma fonte de energia renovável.
De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o bagaço é um dos mais importantes subprodutos para a indústria sucroalcooleira. A eficiência do subproduto é comprovada especialmente porque seu uso vai desde a geração de energia até como parte da alimentação animal.
Cana na produção de alimentos
Antes de mais nada, o açúcar é fonte natural de energia, ajuda na nutrição, é ingrediente essencial para a cultura gastronômica brasileira e até hoje faz jus ao apelido que ganhou no século XV, quando era conhecido como “ouro branco”.
Atualmente, apesar de já não ser uma raridade, o açúcar brasileiro mantém seu valor para o agronegócio nacional, afinal, o país é responsável por 23% da produção global.
De acordo com dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola), entre os países importadores do açúcar brasileiro estão China, Argélia, Bangladesh, Índia, Indonésia, Nigéria, Marrocos, Malásia, Arábia Saudita e Iraque. Isso mostra que a produção do Brasil está ao redor do mundo, fazendo parte do cotidiano de muitas populações.
Etanol como energia renovável
Uma das maiores preocupações de todos os setores da economia mundial está relacionada à sustentabilidade e, nesse ponto, o etanol não deixa a desejar.
Indicadores da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) apontam que desde o lançamento da tecnologia flex, foi possível evitar a emissão de 570 milhões de toneladas de CO2eq na atmosfera. Esses dados são referentes ao período de março de 2003 até outubro de 2021.
Para se ter uma ideia do impacto no meio ambiente, basta saber que para atingir o mesmo resultado seria necessário plantar nada menos que 4 bilhões de árvores. Em suma, com grande destaque no cenário internacional, hoje o Brasil é o maior produtor de etanol à base de cana-de-açúcar do mundo.
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Bagaço como fonte de energia sustentável
O bagaço da cana-de-açúcar é o principal subproduto obtido a partir da produção do açúcar e do etanol, sendo extremamente relevante para questões relacionadas à sustentabilidade, pois é utilizado como fonte de energia na cogeração de bioeletricidade.
Em 2021, 4% da energia elétrica consumida no Brasil foi provida pela bioeletricidade, sendo que o mercado sucroenergético produz 79,5% dessa parcela. O potencial desse setor é tão grande que, em 2022, a cogeração de energia deve superar a marca de 20 gigawatts de capacidade instalada operacional, o maior crescimento anual desde 2015.
A informação é da Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia), que afirma:
“O bagaço de cana-de-açúcar é o principal insumo das usinas de cogeração, representando 60,6% do total”.
Apesar do índice nacional de consumo de bioenergia ainda ser baixo, a maioria das usinas de cana-de-açúcar produzem sua própria energia a partir da queima de bagaço nas caldeiras.
De modo geral, entre as vantagens da bioeletricidade advindas do bagaço estão:
geração de energia de baixo custo para implantação;
não depende de condições climáticas;
pode ajudar a aumentar a receita da indústria;
está imune às variações cambiais promovidas pelo preço do petróleo, entre outros.
Por fim, ainda podemos destacar que essa maneira de gerar energia promove um menor impacto ambiental, afinal, não emite dióxido de enxofre, as cinzas são menos agressivas ao meio ambiente, além de ser um recurso renovável.
Grande potencial produtivo
Versátil, o subproduto da cana também tem outras finalidades, considerando que o bagaço ainda pode ser utilizado como:
fertilizante;
alimento para animais.
Outra utilidade do bagaço da cana-de-açúcar é a geração de etanol 2G, ou de segunda geração. Ainda mais sustentável, o etanol 2G é um biocombustível produzido a partir dos resíduos descartados do processo produtivo do etanol de primeira geração, técnica cuja implementação ainda está sendo desenvolvida.
Assim, conclui-se que o setor sucroalcooleiro, que já impacta positivamente a economia brasileira há algum tempo, ainda tem muito a crescer.
Com forte demanda por seus produtos e uma excelente capacidade produtiva, a cultura associada a outras práticas e técnicas certamente continuará gerando bons frutos.
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