O milho é um dos grãos mais importantes do mundo. Para garantir a excelência e a segurança de mercado, é fundamental conhecer e seguir os padrões e critérios de qualidade estabelecidos por protocolos oficiais. Esses critérios abrangem características físicas, sanitárias, fisiológicas e nutricionais, e são essenciais para produtores, técnicos e indústria. 

Neste artigo, vamos apresentar os principais critérios de qualidade do milho, à luz do Padrão Oficial de Classificação do Milho do MAPA (RTIQ) e normas de classificação vigentes). 

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Principais critérios para garantir a qualidade do milho 

A qualidade do milho é um conceito multifacetado, que engloba diversas características que afetam o seu valor comercial e a sua adequação para diferentes usos. Os principais critérios de qualidade do milho são: 

Qualidade física

Segundo o Protocolo do Milho do Ministério da Agricultura, a qualidade física do milho se refere às características visuais e estruturais do grão, que influenciam o seu aspecto, a sua textura e a sua capacidade de processamento. 

Na classificação oficial, avaliam-se, entre outros, grãos ardidos, brotados, chochos/avariados, quebrados, impurezas e umidade, que impactam diretamente a tipificação e o valor do lote. 

Plantação de milho com espigas maduras e saudáveis, exibindo grãos dourados e bem formados. 

Integridade do grão

A integridade do grão é um dos principais indicadores de qualidade. Grãos inteiros e bem formados são mais valorizados, pois indicam um bom desenvolvimento da planta e um manejo adequado da lavoura.  

A presença de grãos ardidos, chochos ou mofados indica problemas na colheita, no armazenamento ou na sanidade da planta. 

Presença de trincas e fissuras

Trincas e fissuras na casca do grão podem comprometer a sua integridade e facilitar a entrada de microrganismos, reduzindo a sua qualidade sanitária e a sua capacidade de armazenamento.  

Esses problemas podem ser causados por fatores como a colheita em condições inadequadas, manejo inadequado da secagem e ataque de pragas. 

Grãos quebrados, impurezas e matérias estranhas (I&MEs)

A presença de grãos quebrados, impurezas (como pedras, palhas e sementes de outras plantas) e matérias estranhas (como terra e restos de insetos) reduz a qualidade do milho e dificulta o seu processamento.  

A limpeza e a seleção dos grãos são etapas importantes para garantir a qualidade física do produto. 

Qualidade química

A qualidade química do milho se refere à composição do grão, que influencia o seu valor nutricional e a sua capacidade de processamento. Os principais componentes químicos do milho são: 

  • Proteínas (zeínas): compõem o valor nutricional e influenciam usos industriais/rações. 
  • Amido: é o principal carboidrato do milho, e é responsável pela sua energia. A quantidade e a qualidade do amido influenciam a textura e o sabor dos produtos feitos com milho. 
  • Lipídios/óleo: relevantes para valor energético e estabilidade; maior teor de óleo exige atenção à oxidação durante armazenamento. 
  • Minerais: o milho é uma fonte de minerais importantes, como ferro, zinco e magnésio. A quantidade de minerais varia de acordo com a variedade do milho, as condições de cultivo e o manejo da lavoura. 
  • Vitaminas: o milho é uma fonte de vitaminas do complexo B, que são importantes para o metabolismo energético. A quantidade de vitaminas varia de acordo com a variedade do milho, as condições de cultivo e o manejo da lavoura. 

Qualidade sanitária

A qualidade sanitária do milho se refere à ausência de contaminantes que possam representar riscos à saúde humana e animal. Os principais contaminantes do milho são: 

Micotoxinas

As principais micotoxinas monitoradas em milho incluem aflatoxinas, fumonisinas, deoxinivalenol (DON) e zearalenona, reguladas pela legislação sanitária vigente. 

A presença de micotoxinas no milho pode causar problemas de saúde em humanos e animais, e é regulamentada por legislações específicas. 

Resíduos de defensivos agrícolas

O uso de defensivos na lavoura de milho pode deixar resíduos nos grãos, que podem representar riscos à saúde humana e animal. A quantidade de resíduos permitida no milho é regulamentada por legislações específicas. 

Microorganismos

A presença de microorganismos, como bactérias e fungos, pode comprometer a qualidade sanitária do milho e causar problemas de saúde em humanos e animais. A higiene e o controle sanitário são fundamentais em todas as etapas da produção do milho, desde o cultivo até o armazenamento. 

Mãos humanas despejando grãos de milho amarelos e uniformes em um saco de estopa, com uma plantação verde ao fundo sob céu azul.

Qualidade fisiológica

A qualidade fisiológica do milho se refere à capacidade do grão de germinar e produzir uma planta vigorosa. Essa característica é importante para garantir a viabilidade das sementes e o sucesso do plantio. 

Características fisiológicas podem ser avaliadas através de testes de germinação, que medem a porcentagem de sementes que germinam em condições ideais. Outros testes, como o teste de vigor, avaliam a capacidade das sementes de germinar em condições adversas. Esses ensaios aplicam-se a lotes destinados a sementes; para milho grão (alimentação/indústria), priorizam-se parâmetros físicos, sanitários e de armazenamento. 

Qualidade nutricional

A qualidade nutricional do milho se refere à sua capacidade de fornecer nutrientes essenciais para a saúde humana e animal. O milho é uma fonte de carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais, e seu valor nutricional varia de acordo com a variedade do milho, as condições de cultivo e o manejo da lavoura. 

Para garantir a qualidade nutricional do milho, é importante: 

  • Utilizar variedades de milho com alto valor nutricional: algumas variedades de milho são mais ricas em proteínas, vitaminas e minerais do que outras. 
  • Adotar práticas de manejo que favoreçam a absorção de nutrientes: o manejo adequado da lavoura, com a adubação equilibrada e o controle de pragas e doenças, pode aumentar a quantidade de nutrientes presentes no milho. 
  • Evitar o processamento excessivo: o processamento excessivo do milho, como a moagem refinada, pode reduzir o seu valor nutricional, removendo parte das fibras, vitaminas e minerais. 
Pessoa agachada em meio a uma plantação de milho jovem, examinando uma folha sob luz suave do sol. 

Protocolos e normas oficiais aplicáveis ao milho 

A qualidade do milho é regulamentada por diversos protocolos e normas oficiais, que estabelecem os padrões mínimos de qualidade para a comercialização e o consumo do produto. No Brasil, os principais protocolos e normas aplicáveis ao milho são: 

  1. Regulamento Técnico do Milho: conforme a Instrução Normativa nº 38/2010 do MAPA, estabelece os padrões de identidade e qualidade para o milho, definindo os critérios para classificação, amostragem e análise do produto. 
  1. Legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): estabelece os limites máximos de contaminantes, como micotoxinas e resíduos de agrotóxicos, permitidos no milho. 
  1. Normas técnicas da ABNT: estabelecem os métodos de ensaio para a análise da qualidade do milho, como a determinação da umidade, da massa específica e da pureza dos grãos.  

Esses parâmetros fazem parte das análises de grãos de milho, que garantem que o produto atenda aos padrões de qualidade exigidos pelo mercado interno e externo. 

A padronização é essencial para assegurar a competitividade do milho brasileiro e fortalecer sua reputação nos mercados internacionais. 

Práticas recomendadas para garantir a qualidade do milho 

Garantir a qualidade do milho requer um conjunto de medidas integradas do campo ao armazenamento que asseguram a integridade dos grãos e o atendimento aos padrões oficiais. 

  1. Seleção de cultivares adaptadas e de alto desempenho: optar por variedades com histórico comprovado de produtividade, resistência a doenças e excelente qualidade dos grãos de milho, de acordo com as condições climáticas regionais. 
  1. Monitoramento constante das lavouras: utilizar ferramentas agrícolas para acompanhar a sanidade, umidade e estágio de desenvolvimento, identificando precocemente riscos de degradação dos grãos. 
  1. Boas práticas de colheita: colher no ponto fisiológico e com umidade do grão tipicamente entre 18–24%, evitando danos mecânicos (quebra/trinca). 
  1. Secagem e armazenagem controladas: secar rapidamente para ≤13–14% (armazenagem de médio prazo) e usar aeração/termometria; controle de insetos evita aumento de temperatura e reinfestação fúngica
  1. Adoção de análises laboratoriais periódicas: a análise de grãos de milho permite verificar parâmetros como pureza, massa específica e teor de proteína, assegurando que o lote atenda às especificações exigidas pelo mercado consumidor. 
  1. Gestão integrada da produção: considerar custos, riscos sanitários e boas práticas de pós-colheita para melhoria contínua. 
  1. Higienização/segregação: limpar máquinas/silos entre lotes e segregar cargas com indícios de ardidos ou alta umidade para tratamento prioritário. 

Com o fortalecimento da rastreabilidade, o uso de tecnologia e a capacitação dos produtores, o Brasil avança em direção a um novo patamar de competitividade, elevando o padrão da qualidade do milho brasileiro e consolidando sua presença nos principais mercados importadores. 

Close-up de espigas de milho maduras ainda presas às hastes, com palhas secas ao redor, indicando ponto ideal de colheita. Os grãos apresentam coloração dourada uniforme e boa formação. 

A qualidade do milho é resultado de um conjunto interdependente de fatores genéticos, agronômicos, tecnológicos e normativos. Seguir os padrões de qualidade definidos pelos órgãos reguladores e investir em boas práticas de manejo e armazenagem do milho são decisões estratégicas para produtores e cooperativas que buscam conquistar melhores resultados comerciais. 

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, com o objetivo de impulsionar o agronegócio brasileiro com qualidade e inovações tecnológicas. 

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