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O preço dos insumos agrícolas foi o grande responsável pelo aumento dos custos de produção na safra 2021/22. Mesmo com a recuperação na produtividade das culturas mais expressivas para a economia nacional, que haviam sofrido retração em 2020/21, e com a elevação dos preços das commodities no mercado internacional, o produtor vivencia um achatamento dos lucros, diante do alto investimento necessário para controlar daninhas, pragas e doenças que ameaçam as lavouras.

A elevação dos preços dos insumos gera preocupação em relação ao acesso a defensivos, essenciais para a proteção e para a produtividade dos cultivos. O crescente sucesso da produção agrícola brasileira se deve, em especial, à introdução de formulações inovadoras no mercado para controle de daninhas, que não apenas prejudicam a cultura por gerar matocompetição, mas também por servirem de ponte verde para doenças e pragas.

Em conversa com Fernando Adegas, o pesquisador da Embrapa Soja afirma que, em contextos como este, “o produtor se reinventa. É uma situação complicada, mas serve como reflexão sobre os manejos que estamos utilizando e sobre como podemos melhorá-los. Além de que é importante estar sempre atento às novidades do mercado.”

Programas de manejo completos, que integram as boas práticas da agricultura para elevar a eficiência dos defensivos, são aplicados com o objetivo de explorar o máximo potencial produtivo das culturas. Assim, lavouras que não recebem o manejo adequado desde antes do plantio tendem a não alcançar produção satisfatória.

Isso significa que algumas escolhas dos produtores, com o propósito de diminuir os custos de produção diante da alta dos insumos, pode afetar severamente os resultados das safras 2022/23. Entretanto, ainda há tempo para criar estratégias de manejo que assegurem uma boa rentabilidade no próximo ciclo.

Preços dos insumos agrícolas no Brasil

Alto custo de produção

Alto custo de produção para agricultores. Fonte: Mais Agro, 2022.

Segundo a CNA Brasil (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), não há risco de falta de produtos, uma vez que as importações estão sendo suficientes para suprir as demandas da safra 2022/23. No entanto, o custo de produção, que já estava alto em 2021, tende a aumentar ainda mais, por conta dos seguintes fatores:

  • restrição da oferta de insumos, que chega com preços elevados;

  • aumento no valor do frete marítimo;

  • alta dos combustíveis, que eleva também o custo do transporte rodoviário.

De fato, pode-se perceber a alta no valor dos defensivos, insumos essenciais para manter a produtividade em patamares satisfatórios para o mercado. Tomando como exemplo a soja, produto agrícola com expressiva participação no PIB nacional, produzida no Mato Grosso, principal produtor do grão no Brasil, tem-se dados concretos em relação ao preço dos defensivos agrícolas. De acordo com a Série Histórica dos Custos da Soja, da Conab:

  • Em um período de 10 anos, entre 2007 e 2017, houve um aumento de 205% no valor dos produtos fitossanitários, considerando a cultura da soja em Sorriso (MT), uma variação em nível normal para a extensão do período.

  • Entre 2019 e 2022, momentos pré e pós-pandemia, significativos para o cenário mercadológico, o aumento foi de 139%, algo preocupante de se observar em apenas três anos.

  • De 2021 a 2022, o preço dos insumos agrícolas para a soja na região aumentou 84%, dado que demonstra a diferença da oscilação dos custos para o setor e que é representativo para a análise dos desafios enfrentados pelo produtor.

  • Comparando 2007 com 2022, a elevação é de 673%, decorrente principalmente do cenário observado a partir de 2020.

Com isso, alguns produtores evitaram antecipar as compras de herbicidas, na esperança de encontrar preços melhores a partir do segundo semestre deste ano, o que não tem vias de se tornar realidade.

Outra alternativa que está sendo considerada é a diminuição nas aplicações voltadas para o controle de daninhas, algo que pode ser arriscado, pois diminui os custos de produção, mas pode colocar toda a lavoura em risco, devido à grande ameaça que representam para as culturas.

Sobre isso, Adegas comenta que não utilizar herbicidas é impossível, mas é preciso pensar no rearranjo do manejo diante da alta nos preços dos insumos, com um planejamento mais criterioso.

“Isso gera alguns problemas, já que o produtor passa a utilizar menos herbicidas, fazer menos aplicações e utilizar subdoses, como alternativas para que o custo diminua”, completa o correspondente da Embrapa.

Uma terceira via, portanto, é planejar um manejo integrado criterioso desde antes do plantio, de maneira a reverter os impactos das daninhas por meio da adoção sistemática das boas práticas no manejo de plantas daninhas.

Importância do uso de produtos de qualidade para controlar daninhas

Antes de tomar qualquer decisão frente ao alto preço dos insumos agrícolas, com atenção especial aos herbicidas, vale considerar a evolução histórica da agricultura brasileira a partir do avanço da tecnologia de aplicação e das pesquisas relacionadas ao controle de plantas daninhas, que resultam no desenvolvimento de soluções eficientes para a redução de riscos ao crescimento das culturas e para potencializar a produtividade das lavouras.

Para tratar do assunto, as informações serão organizadas em três temas principais:

  • riscos que as plantas daninhas causam à produção agrícola;

  • resultados positivos para a agricultura brasileira com a sofisticação do controle de daninhas ao longo dos anos;

  • principais técnicas para controlar daninhas dentro de um programa de manejo.

Em seguida, serão destacadas as boas práticas agrícolas para um manejo de plantas daninhas integrado, que possibilita a adoção consciente, sustentável e equilibrada de herbicidas e a redução da aplicação de outros insumos pela eliminação precoce de pragas e doenças remanescentes nas lavouras desde o ciclo antecedente. A proposta é que, com isso em vista, o produtor consiga manter a produtividade, sem gastos excessivos com insumos agrícolas.

Quais danos as plantas daninhas causam nas lavouras?

As plantas daninhas são aquelas que estão presentes em áreas reservadas a outros cultivos. Dessa forma, capins, braquiárias, buvas e outras plantas, popularmente consideradas mato, são classificadas como daninhas, assim como algumas remanescentes do cultivo anterior, como uma planta de milho que cresce na lavoura de soja na sucessão de culturas, por exemplo.

Sua presença interfere no cultivo por conta da matocompetição, pois seu crescimento limita a disponibilidade de nutrientes, água, luz e espaço radicular dos quais a cultura necessita para alcançar um pleno desenvolvimento. Além disso, as daninhas podem ser hospedeiras de pragas e doenças, de forma que, se não forem controladas logo no início do plantio, as infestações começam cedo, impactando a cultura, aumentando a pressão das ameaças e tornando o manejo ainda mais complexo.

Podem ainda prejudicar o processo de colheita, pelas frequentes obstruções que dificultam o funcionamento das colhedoras e acarretam depreciação da qualidade do produto. Vale ressaltar que outra problemática relacionada às daninhas está relacionada aos casos de resistência a herbicidas. Até junho de 2021, foram registradas 263 espécies de plantas daninhas resistentes aos princípios ativos das formulações disponíveis no mercado.

Nesse contexto, as plantas daninhas podem significar perdas de cerca de 30% na produtividade da lavoura e aumento dos custos de produção, pela necessidade de ações de controle mais incisivas ao longo do ciclo.

 

Infográfico

Custo de controle de daninhas resistentes. Fonte: Mais Agro, 2022.

Como controlar daninhas favorece a agricultura?

O desenvolvimento de pesquisas que criam formulações ao mesmo tempo eficientes contra as daninhas e seletivas às culturas é um dos fatores que possibilitam o avanço da produção agrícola no Brasil, pois elevam os resultados a cada safra, sem necessariamente ter que dedicar mais espaço para os cultivos.

Tempos de crise no setor agrícola, como o que vem sendo observado com o alto custo de produção pelo aumento do preço dos insumos, significam uma oportunidade de repensar as práticas de manejo para que não haja retrocessos na produtividade da agricultura brasileira. Segundo Fernando Adegas,

“O sistema de manejo de daninhas, que sempre foi muito em cima do manejo pós-emergente, começa a se diversificar, com foco em práticas como dessecação bem-feita e pré-emergente.”

Estratégias de manejo contra plantas daninhas

O controle químico é fundamental no manejo de plantas daninhas, sendo preciso começar as aplicações bem antes do plantio da cultura, de maneira a diversificar os herbicidas, controlar com eficiência as plantas invasoras e contribuir para a não-seleção de espécies resistentes.

Assim, as diferentes práticas de manejo complementam-se, criando uma estratégia robusta para proteção do potencial produtivo das lavouras. A seguir, são descritas as práticas de manejo em pré-plantio:

Manejo antecipado

Realizado na entressafra, o manejo antecipado controla as daninhas quando ainda estão pequenas, possibilitando que a área fique limpa para o plantio do próximo cultivo. É uma maneira ainda de evitar que plantas da cultura anterior permaneçam na área, com risco de matocompetição e ponte verde.

O fato de não ter cultura instalada na área no momento da pulverização possibilita o uso de moléculas herbicidas diferentes das comumente usadas com a lavoura estabelecida.

Leia mais sobre essa etapa do manejo de daninhas em: Manejo antecipado: estratégia eficaz no controle das daninhas.

Dessecação pré-plantio

Consiste em aplicar solução herbicida na área que ainda será semeada, com o objetivo de eliminar a vegetação existente e preparar a área para o plantio. Uma dessecação bem-feita pode controlar até as plantas daninhas mais difíceis, possibilitando realizar a semeadura no limpo. A dessecação pré-plantio é essencial para um bom arranque inicial das plantas, pois oferece cobertura vegetal para a manutenção da umidade do solo e ainda contribui para o manejo das plantas invasoras.

Leia mais sobre a técnica em: Guia básico de dessecação pré-plantio da soja.

Manejo pré-emergente

O manejo pré-emergente é uma pática que tem sido cada vez mais utilizada, pois permite o controle das daninhas antes mesmo de sua emergência. Assim, a lavoura consegue se desenvolver no limpo, livre da matocompetição. O manejo pré-emergente ainda apresenta outras vantagens:

  • permite que a cultura se desenvolva por mais tempo no limpo, possibilitando redução no número de aplicações em pós-emergência;

  • possibilita aumentar o PAI (Período Anterior à Interferência), elevando a vantagem competitiva das culturas nos estágios iniciais de desenvolvimento;

  • permite a utilização de moléculas com diferentes mecanismos de ação, como uma prática eficiente no manejo de plantas daninhas resistentes.

Saiba mais sobre essa estratégia em: Trigo: manejo pré-emergente para as piores daninhas.

Práticas integradas no controle de plantas daninhas

Sabendo o momento certo do posicionamento dos produtos para o controle de daninhas, o produtor pode otimizar as operações e diminuir os riscos causados pelas invasoras a partir da adoção de práticas integradas de manejo.

“Não devemos ficar só no manejo químico. Ele deve fazer parte de um programa integrado, com adoção de práticas como cobertura de inverno, formação de palhada, boa formação da cultura etc. Tudo isso deixa uma menor pressão para os herbicidas”, informa o pesquisador da Embrapa.

Adegas ainda relata que o produtor deve sempre estar atento a uma oportunidade de fazer alterações nas estratégias para controlar daninhas. Para isso, é preciso testar o que se adequa melhor às necessidades da lavoura, analisando custos e eficácia, sempre assessorado por um bom técnico.

A seguir, são descritas as principais práticas de um manejo integrado de plantas daninhas.

Escolha de sementes

O uso de sementes certificadas e com classificação correta é uma das recomendações para atingir uma boa plantabilidade, uma vez que o produtor tem acesso a lotes de qualidade, livres de sementes de outras plantas que não forem de interesse. Além disso, utilizar cultivares com características fisiológicas avançadas permite que as plantas sintam menos os impactos da matocompetição e também não sofram efeitos negativos pela aplicação de herbicidas.

Plantas de cobertura

Aplicável em situação de sucessão de culturas, as plantas de cobertura previnem o desenvolvimento de altas populações de daninhas em culturas de alto interesse econômico, isso porque elas liberam substâncias alelopáticas que dificultam ou impedem o desenvolvimento das invasoras.

Além disso, as plantas de cobertura oferecem uma boa quantidade de palhada para a cobertura do solo, sendo uma prática de conservação que protege a fertilidade química, as condições físicas e as condições microbiológicas do solo.

A prática permite, ainda, a alternância das estratégias de aplicação de herbicidas, evitando que as daninhas desenvolvam resistência aos princípios ativos.

Plantio direto

O SPD (Sistema de Plantio Direto) envolve uma cobertura de palhada permanente, diminuindo a necessidade de estar sempre realizando a correção do solo, o que também diminui os custos de produção, pela manutenção da fertilidade por meio do aproveitamento da microbiologia favorecida pela rotação de culturas.

Com isso, o manejo de plantas daninhas é contínuo, reduzindo as infestações de um ciclo produtivo ao outro, pois a palhada, como parte fundamental do SPD, funciona como uma espécie de barreira física, que impede o desenvolvimento das plantas daninhas.

Limpeza de maquinário

A limpeza do maquinário agrícola entre uma operação e outra é essencial para evitar a disseminação de daninhas, isso porque sementes que estiverem eventualmente aderidas à máquina, principalmente as colhedoras, espalham-se por outros talhões no momento das operações.

Sobre isso, Fernando Adegas comenta:

“Algumas práticas parecem ter uma importância menor, mas quando colocamos num sistema integrado agregam bastante como práticas preventivas. Limpar os maquinários, principalmente colhedoras, e limpar o carreador impedem a disseminação de plantas daninhas.”

Rotação de culturas

Permite a produção de palhada para cobertura, eleva a fertilidade do solo e possibilita alternar as formulações herbicidas para controle de daninhas, o que favorece o manejo antirresistência.

“A rotação de culturas é importante, pois permite uma rotação das moléculas dos herbicidas, já que cada cultura utiliza moléculas diferentes. Essa diversificação também é muito importante para controle e manejo de plantas resistentes”, afirma Adegas.

Identificação das daninhas

Identificar e monitorar a ocorrência de daninhas é uma prática importante para o agricultor a curto e a longo prazo.

“Com o monitoramento, o produtor sabe exatamente qual é o problema e onde ele está. Assim, é possível dividir o manejo por áreas e direcionar o controle onde é mais necessário. Otimizando o nível de controle, se pode fazer aplicações localizadas”, comenta Adegas.

Por um lado, esse conhecimento favorece a escolha dos produtos com princípios ativos eficientes contra a planta daninha em específico, de maneira que as pulverizações alcançarão os resultados esperados para aquele ciclo.

Por outro lado, torna-se possível criar um registro do histórico de incidência de daninhas na área, de maneira que a criação de estratégias para o manejo de resistência fica mais assertiva nos ciclos seguintes.

Alternativas para a redução dos custos de produção na safra 2022/23

A integração das práticas de manejo de plantas daninhas é uma maneira de alcançar resultados elevados de produtividade sem investimentos excepcionais com insumos agrícolas. Com o planejamento adequado, o produtor consegue evitar os danos causados pelas daninhas, controlando-as em pré-plantio e nos estádios iniciais, de maneira a:

  • realizar as aplicações no momento certo;

  • diminuir a necessidade de reaplicação de herbicidas ao longo do ciclo;

  • evitar a incidência de pragas e doenças que usam as daninhas como ponte verde, reduzindo também o uso de inseticidas e fungicidas;

  • manter a fertilidade do solo com práticas de manejo biológico como a palhada, diminuindo a necessidade de fertilizantes;

  • driblar a resistência das daninhas aos princípios ativos, por meio da rotação de mecanismos de ação, beneficiando também os cultivos seguintes.

O pesquisador da Embrapa, Fernando Adegas, destaca ainda que:

“O controle mecânico é interessante em algumas situações. Áreas de capim-amargoso, por exemplo, podem ser roçadas, para aplicar o herbicida depois. Essa é uma das práticas que diminuem o uso de herbicida. É sempre essencial uma análise caso a caso.”

Assim, as boas práticas no manejo de plantas daninhas otimizam as estratégias de controle e ajudam a reduzir os custos de produção.

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