O percevejo-marrom (Euschistus heros) é uma das pragas mais preocupantes na cultura da soja. Sua alimentação por meio da sucção de grãos e vagens causa abortamento de vagens, grãos menores e de menor peso, redução no teor de óleo, além de queda na germinação e no vigor das sementes.  

Se não controlada, essa praga pode acarretar perdas de até 30% do potencial produtivo da lavoura. Tradicionalmente, o combate ao percevejo-marrom baseou-se em inseticidas químicos, mas, nos últimos anos, cresce a relevância do controle biológico como ferramenta complementar para potencializar esse manejo.  

Produtos biológicos têm ganhado espaço na sojicultura brasileira, combinando eficácia no controle de pragas com benefícios à produtividade, sanidade e sustentabilidade das lavouras. 

Continue lendo para entender o contexto atual do uso de bioinseticidas na soja, os benefícios comprovados do uso de inseticida biológico no controle do percevejo-marrom e como integrar soluções para alcançar mais proteção e eficiência.  

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Contexto atual: adoção de produtos biológicos na soja brasileira 

Nos últimos anos, o Brasil despontou como líder mundial em utilização de bioinsumos agrícolas, impulsionado pela busca por práticas mais sustentáveis e pelo avanço tecnológico do setor.  

A adoção de produtos biológicos na sojicultura está em ritmo acelerado: dados recentes da CropLife Brasil mostram que o uso de bioinsumos cresceu 13% na safra 2024/25, com média de 22% ao ano nos últimos três anos – uma taxa quatro vezes superior à média global.  

Hoje, o país tem um dos maiores usos de biológicos no mundo, reflexo de investimentos em inovação e da maior oferta de produtos eficazes no mercado. Esse crescimento se traduz em área e resultados concretos.  

Na safra 2024/25, estimou-se cerca de 156 milhões de hectares tratados com bioinsumos, alcançando 26% da área cultivada no país. A soja responde por 62% de todo o uso de bioinsumos no Brasil, liderando com folga em relação a outras culturas (milho 23%, cana 10%, etc.).  

O segmento de bioinseticidas é destaque:  

  • 156 milhões de ha tratados com bioinsumos na safra 2024/25 (26% da área cultivada). 
  • Crescimento de 13% no uso de bioinsumos em 2024/25 (média 22% a.a. nos últimos 3 anos). 
  • Mercado de biológicos atingiu R$ 5 bi em vendas na safra 2023/24. 
  • Bioinseticidas tiveram adoção em 30% da área, o segmento mais utilizado em grandes culturas. 

Esses números evidenciam que os insumos biológicos deixaram de ser experimentais e hoje fazem parte da realidade da agricultura brasileira. O produtor está aprendendo a combinar tecnologias – defensivos químicos e bioinsumos – de forma sinérgica, obtendo ganhos em produtividade e sustentabilidade no campo. 

Percevejo-marrom na soja: impacto econômico, danos e a situação das safras recentes 

O percevejo-marrom é considerado uma praga-chave da soja no Brasil, devido a sua ampla distribuição e ao potencial de dano elevado. Os adultos e as ninfas alimentam-se sugando a seiva de ramos e vagens, enquanto injetam toxinas nos tecidos das plantas.  

Os prejuízos incluem: 

  • queda de flores e vagens (devido ao abortamento causado pelas picadas); 
  • redução de peso e tamanho dos grãos; 
  • menor qualidade fisiológica das sementes.  

Muitas sementes atacadas apresentam manchas e malformação, fenômeno conhecido como “retenção foliar” em ataques severos.  

Estimativas indicam perdas expressivas de produtividade se o controle falhar – até 30% de redução no rendimento da lavoura, além de queda na qualidade dos grãos colhidos. Isso equivale a dizer que, numa lavoura de alto potencial, o percevejo sozinho poderia consumir quase 1/3 da produção, ilustrando seu impacto econômico potencial. 

Nos últimos anos, a pressão do complexo de percevejos tem variado conforme as condições climáticas e o manejo adotado 

Na safra 2023/24, por exemplo, as instabilidades climáticas intensas em algumas regiões favoreceram surtos de outras pragas (como mosca-branca) e intensificaram a presença de percevejos no final do ciclo da soja. Muitos sojicultores relataram aumento de percevejos nas lavouras no período próximo à colheita, exigindo aplicações adicionais de controle.  

Percevejo marrom na ponta de uma vagem de soja

Essa pressão tardia pode comprometer a qualidade dos grãos e também gerar um efeito cascata na safra seguinte – percevejos que sobrevivem no fim da colheita migram para culturas subsequentes (como o milho safrinha), mantendo populações ativas o ano todo. De fato, especialistas alertam que o abandono do controle no final do ciclo da soja é um erro que pode agravar a infestação na entressafra e na safra seguinte. 

Já na safra 2024/25, houve relatos de menor incidência de pragas em certas regiões graças a um clima mais regular. No Mato Grosso, por exemplo, observou-se um ano relativamente menos problemático em pragas, porém com desafios pontuais envolvendo percevejos no fim do ciclo e mudanças na composição de espécies.  

Ou seja, ainda que a pressão de percevejos varie anualmente, a praga continua preocupando e exigindo vigilância constante do produtor. 

O impacto econômico do percevejo-marrom não se limita à perda direta de rendimento 

Há também custos associados às múltiplas pulverizações necessárias para controlá-lo. Produtores podem realizar diversas aplicações de inseticidas ao longo do ciclo, especialmente no período reprodutivo da soja (R5 a R7), quando a praga é mais abundante. 

ninfa do percevejo-marrom

Por isso, a adoção de um manejo mais equilibrado, unindo monitoramento rigoroso, adoção de níveis de controle e uso combinado de estratégias, é fundamental para minimizar tanto as perdas produtivas quanto os custos operacionais e ambientais do controle. 

Felizmente, o avanço de novas tecnologias – em especial os bioinseticidas – oferece ferramentas adicionais para enfrentar essa praga com mais eficiência e sustentabilidade, como veremos a seguir. 

Avanço dos inseticidas biológicos no controle do percevejo-marrom  

O desenvolvimento de inseticidas biológicos modernos revolucionou o manejo de pragas como o percevejo-marrom, oferecendo alternativas eficazes que complementam os defensivos químicos tradicionais.  

Nas últimas décadas, a pesquisa e a indústria investiram fortemente em formulações aprimoradas para produtos biológicos, aumentando sua estabilidade, espectro de ação e facilidade de uso.  

Hoje, muitos bioinseticidas têm vida de prateleira mais longa, dispensam armazenamento refrigerado e podem ser aplicados com o mesmo maquinário dos químicos, inclusive em misturas (“tank mix”) sem perda de eficiência. Esses avanços derrubaram barreiras práticas que antes limitavam a adoção em larga escala. 

Um exemplo concreto é a evolução das formulações microbiológicas. Cepas de bactérias, fungos e vírus entomopatogênicos agora são produzidas em formulações concentradas (WP, SC, etc.) que garantem alta viabilidade dos microrganismos até o momento da aplicação. Além disso, muitas formulações combinam dois ou mais agentes biológicos, ou adicionam metabólitos ativos, proporcionando efeito sinérgico e ampliando o espectro de pragas controladas.  

Esse sinergismo é estratégico: no caso de percevejos, por exemplo, já existem inseticidas biológicos que unem bactérias e metabólitos para atacar diferentes fases da praga, algo difícil de obter com um único ingrediente químico. 

É importante notar que os bioinseticidas não vieram para substituir os químicos, mas sim para complementá-los dentro do manejo integrado 

Em pragas de difícil controle, a combinação de ferramentas é o caminho para eficácia duradoura. Os produtos biológicos, muitas vezes, atuam de forma mais lenta, porém contínua, controlando populações de pragas ao longo do tempo e reduzindo a reinfestação, enquanto os químicos fornecem ação de choque imediata quando os níveis populacionais ultrapassam o nível de dano.  

Essa complementariedade fica evidente em programas de MIP bem-sucedidos: aplicações iniciais de bioinseticidas podem manter a população baixa, diminuindo o número de pulverizações químicas necessárias e reservando os químicos para momentos críticos. 

Os biológicos trazem vantagens em seletividade e diversidade de mecanismos, enquanto os químicos oferecem rapidez. Integrar os dois tipos resulta em um manejo mais robusto: o químico controla explosões populacionais e o biológico assegura um controle residual e direcionado, prevenindo rebotes. Essa abordagem integrada é reforçada por especialistas.  

No mercado, a oferta de bioinseticidas cresce justamente nessa linha de atuar como ferramenta adicional 

Empresas têm lançado produtos visando pragas antes controladas só por químicos. A tendência é que os bioinseticidas de nova geração sejam cada vez mais de fácil uso e integração no manejo existente. 

Em síntese, os inseticidas biológicos avançaram de forma notável e hoje desempenham papel complementar indispensável no manejo de pragas. Eles chegam para somar, tornando o manejo integrado mais eficaz e sustentável. O resultado é um controle mais completo do percevejo-marrom e de outras pragas, protegendo a lavoura de soja de forma sustentável e econômica. 

Bactérias Pseudomonas no controle do percevejo-marrom 

Entre as inovações do controle biológico de insetos, destacam-se as bactérias do gênero Pseudomonas, em especial P. chlororaphis e P. fluorescens, que vêm mostrando potencial no manejo de pragas sugadoras, como percevejos e cigarrinhas. 

Embora mais conhecidas como agentes de biocontrole de doenças de plantas (pela produção de antibióticos e a promoção de crescimento), certas cepas de Pseudomonas também possuem propriedades inseticidas notáveis. Essas bactérias benéficas produzem uma série de metabólitos e enzimas capazes de afetar diretamente os insetos ou mediadores da sua sobrevivência. 

Estudos indicam que Pseudomonas chlororaphis libera toxinas denominadas Fit (do inglês Pseudomonas insecticidal toxin), além de cianeto de hidrogênio (HCN), enzimas como proteases e quitinases e moléculas quelantes (sideróforos) com atividade biocida. 

Quando aplicadas na lavoura, essas bactérias podem infectar ou entrar em contato com os percevejos por diversas vias: ingestão (ao se alimentarem de plantas tratadas), contato direto com depósitos da bactéria nas superfícies foliares, ou ainda por absorção tarsal (quando o inseto caminha sobre locais tratados).  

Uma vez em contato com o inseto, as Pseudomonas agem de múltiplas formas: as proteases e quitinases degradam partes do trato digestivo e exoesqueleto do percevejo, comprometendo sua alimentação e integridade física; simultaneamente, as toxinas e o cianeto entram na hemolinfa (sangue do inseto), causando uma intoxicação generalizada que leva à morte.  

Essa abordagem multifacetada é um trunfo científico, pois atinge o inseto em diferentes pontos vitais e dificulta mecanismos de defesa. 

Pseudomonas chlororaphis e P. fluorescens no manejo do percevejo-marrom e de outras pragas da soja. 

As bactérias Pseudomonas chlororaphis e P. fluorescens emergem como ferramentas biológicas promissoras no manejo do percevejo-marrom e de outras pragas da soja.  

Do ponto de vista científico, o uso de Pseudomonas no controle de pragas representa uma fronteira interessante, pois alia a biossegurança (são bactérias comuns no solo, sem efeitos tóxicos) à eficiência inseticida.  

Elas agem por meio de múltiplos fatores (toxinas, enzimas, metabólitos) que comprometem a sobrevivência do inseto e podem interromper seu ciclo de vida. Com base em fontes científicas e estudos, o que era teoria já está se convertendo em soluções comerciais, como veremos a seguir sobre um produto inovador que utiliza exatamente essas bactérias no controle de percevejos. 

NETURE™: inseticida biológico com Pseudomonas para o controle do percevejo-marrom 

Diante dos desafios impostos pelo percevejo-marrom e outras pragas sugadoras, a indústria tem trazido inovações importantes. Uma das mais recentes é o NETURE™, um inseticida biológico desenvolvido pela Syngenta que representa um novo horizonte no controle de pragas. 

Banner do inseticida biológico NETURE™ que que oferece controle máximo de pragas com mínima perturbação ambiental. Homem de costas em meio a uma plantação verdejante, olhando para o horizonte sob um céu claro. Acima dele, um arco luminoso transmite sensação de inovação.

NETURE™ se destaca por ser baseado em bactérias benéficas Pseudomonas – especificamente Pseudomonas chlororaphis e Pseudomonas fluorescens – combinando os mecanismos de ação dessas duas espécies em um único produto.  

Essa formulação inédita oferece uma abordagem multissetorial contra pragas, como percevejo-marrom, mosca-branca, cigarrinha-do-milho e cigarrinha-da-cana.  

Uma característica técnica marcante de NETURE™ é seu modo de ação múltiplo 

O produto age por contato direto com a praga-alvo e também após a ingestão de partes tratadas da planta, afetando tanto o sistema digestivo quanto o sistema nervoso do inseto. Além disso, graças aos metabólitos produzidos pelas Pseudomonas, NETURE™ confere efeito repelente aos insetos e promove benefícios à planta, como maior vigor e tolerância a estresses variados.  

Na prática, isso significa que, ao aplicar NETURE™ em sua lavoura, o produtor não só está controlando os percevejos, mas também afastando novos indivíduos e fortalecendo a planta de soja para melhor suportar eventuais danos. Essa combinação de efeitos é única entre os inseticidas, posicionando-o como uma ferramenta de manejo integrada completa. 

Os diferenciais de aplicação de NETURE™ também merecem destaque 

Ao contrário de muitos bioinseticidas tradicionais, esse produto não requer refrigeração no armazenamento, facilitando a logística na fazenda. Ele vem pronto para uso com equipamentos de pulverização convencionais e foi formulado para ser compatível com os principais defensivos químicos, permitindo misturas em tanque sem perder eficácia.  

Essa compatibilidade é estratégica para o manejo integrado: o produtor pode aplicar NETURE™ junto com fungicidas ou mesmo com um inseticida químico complementar, racionalizando operações. Além disso, NETURE™ pode ser usado ao longo de todo o ciclo da cultura, desde o início da fase vegetativa até a reprodutiva, pois é seguro para a cultura e não deixa resíduos prejudiciais.  

Essa versatilidade dá ao sojicultor flexibilidade para escolher o melhor momento de inseri-lo no programa de manejo, seja preventivamente ou em momento curativo. 

Em termos de eficácia, os testes de desenvolvimento e campos de demonstração apontaram que NETURE™ possui alta eficiência e controle residual sobre pragas de difícil manejo 

No caso do percevejo-marrom, alvo principal na soja, o produto mostrou controle consistente das populações, ajudando a evitar o repique da infestação após a aplicação inicial (graças ao residual biológico na área). Produtores que utilizaram NETURE™ reportaram que as lavouras apresentaram menores danos de percevejo na fase de enchimento de grãos, comparáveis a áreas tratadas com padrões químicos, porém com a vantagem de menor impacto sobre insetos benéficos. 

Um testemunho notável vem do gerente de marketing de biológicos e tratamento de sementes da Syngenta, Rafael Oliveira, que afirmou: “NETURE™ vem para redefinir o padrão do controle biológico em soja e milho… Efetivo desde a primeira aplicação, ele atende às necessidades de produtores que sentem, na prática, a evolução da eficiência do manejo ao combinar soluções químicas e biológicas, elevando a sustentabilidade e a lucratividade no campo. Sua ação rápida e compatibilidade com químicos representam um avanço significativo no controle de pragas de difícil manejo”. 

Essa declaração ressalta dois pontos-chave: rapidez de ação (NETURE™ atua logo na primeira aplicação, diferentemente de alguns biológicos que demoram mais) e sinergia com químicos (o produto foi concebido para ser parte de um sistema integrado, maximizando eficiência e resultados econômicos ao produtor).  

O lançamento de NETURE™ reflete um movimento maior no setor: a aposta em inovações biológicas de alta performance.  

Para o sojicultor, ter uma opção como NETURE™ significa poder inserir no seu manejo do percevejo-marrom uma solução inovadora, que entrega controle eficiente da praga ao mesmo tempo em que contribui para a sustentabilidade da lavoura. Significa também maior tranquilidade operacional, já que o produto é fácil de armazenar, manusear e aplicar, integrando-se às rotinas já estabelecidas.  

E, principalmente, significa mais uma ferramenta para rotacionar modos de ação, reduzindo riscos e prolongando a eficácia de todo o arsenal de controle de pragas na lavoura. 

O percevejo-marrom permanece como um desafio importante, mas a forma de encarar esse desafio está mudando 

Vimos que a adoção de inseticidas biológicos no controle do percevejo-marrom e de outras pragas importantes cresce rapidamente no Brasil, respaldada por resultados positivos em campo.  

Estudos e casos práticos demonstram que integrar soluções biológicas no manejo da soja aumenta a resiliência da lavoura, melhora a lucratividade e prepara o produtor para atender às demandas de mercados cada vez mais exigentes em sustentabilidade. 

No manejo do percevejo-marrom especificamente, ficou claro que não se trata de substituir o controle químico, mas de enriquecer o arsenal de ferramentas. A complementariedade entre inseticidas químicos e biológicos proporciona um controle mais completo: elimina rapidamente as pragas presentes e previne novas infestações, tudo isso com menor impacto aos inimigos naturais e ao meio ambiente.  

Ferramentas biológicas inovadoras, como a combinação de Pseudomonas presente em NETURE, trazem mecanismos de ação diferenciados que atacam o percevejo em múltiplos pontos, abrindo uma frente de combate antes inimaginável. 

Com base científica sólida e desempenho comprovado, esse inseticida biológico para controle do percevejo-marrom mostra que é possível aliar tecnologia de ponta e respeito à natureza no controle de uma das pragas mais importantes da soja.  

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável. 

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