O Brasil figura como um dos maiores produtores e consumidores de frutas e hortaliças do mundo, sendo o 3º maior produtor mundial de frutas, atrás apenas de Índia e China, mas o 24º exportador, pois destina quase 90% de toda sua produção para o mercado interno.

De acordo com o último levantamento anual do Cepea/Esalq-USP, em 2023, a área de hortifrúti cultivada no país atingiu mais de 507 mil hectares, recuperando os níveis registrados antes da pandemia da COVID-19.

A região Sudeste é responsável por mais de 40% de toda a produção, seguida por Nordeste (21%), Sul (17%), Norte (14%) e Centro-Oeste (5%), segundo o último levantamento da CNA. 

Em termos de receita, os números também impressionam. Em 2023, o mercado interno consumiu o equivalente a quase US$ 12 bilhões de dólares e destinou à exportação o equivalente a quase US$ 1,2 bilhão.

São 12 as principais frutas e hortaliças produzidas nas regiões de destaque do país: alface, batata, cebola, cenoura, tomate, banana, maçã, mamão, manga, melancia, melão e uva de mesa.

Esse sucesso se deve ao fato de o país possuir ambientes produtivos favoráveis, dispersos por toda sua extensão territorial, cujo clima e solos associados à disponibilidade de mão-de-obra, bom manejo e incremento constante de tecnologias, possibilitam uma produção pujante e de qualidade de inúmeros cultivos de frutas e hortaliças.

Contudo, as mesmas características ambientais que viabilizam tal produção, proporcionam um ambiente favorável ao desenvolvimento de organismos que podem colocar a produtividade e a qualidade da produção em risco.

O Brasil é um país de clima predominantemente tropical, com condições climáticas que permitem o cultivo de diversas culturas durante o ano todo. Tais condições, diferentemente do que acontece em países do hemisfério norte, por exemplo, facilitam o estabelecimento perene de pragas, doenças e nematoides nas regiões de cultivo de alimentos, uma vez que sempre há um hospedeiro disponível no sistema produtivo.

São muitos os desafios que afetam a produção de hortifrúti no país, agravados pela sensibilidade natural dos materiais cultivados, pela dificuldade de associação de métodos de controle e pelo fato de que muitos desses alimentos podem ser consumidos in natura.

Nesse contexto, os produtos biológicos surgem como uma alternativa de solução, pois aliam controle eficiente, longo efeito residual e a segurança necessária para a produção desses alimentos dentro de um programa de manejo integrado.

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Quais são os principais nematoides que afetam as culturas de hortifrúti?

Nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita)

Sintomas de nematoide-das-galhas nas raízes e exemplar de fase infectante de M. incognita. Fonte: Ambayeba Muimba-Kankolongo (2018) e Blog Syngenta Digital.

Os nematoides do gênero Meloidogyne são o grupo de maior importância econômica na agricultura. 

Dentre eles, a principal espécie é o nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita), pois apresenta, além de vasta distribuição geográfica, alta severidade de danos e grande dificuldade de controle, sendo responsável por prejuízos crescentes nos mais diversos ambientes produtivos.

No local onde o nematoide penetra e começa a se alimentar, ocorre o aumento de tamanho e a multiplicação das células das raízes, formando as estruturas conhecidas como “galhas”, que dão nome a essa praga. 

Como consequência desse mecanismo de infestação, o sistema radicular torna-se ineficiente na absorção de água e nutrientes e, quando em alta densidade populacional, o nematoide-das-galhas provoca nanismo, murcha e baixo desenvolvimento das plantas, afetando significativamente a produção. 

Meloidogyne incognita possui ainda a capacidade de interagir com outros patógenos, como, por exemplo, o fungo Rhizoctonia solani, causador do tombamento, uma vez que as lesões causadas pelo nematoide podem servir de porta de entrada para o fungo oportunista, o que é um fator agravante para sua presença no campo.

Nematoide-das-lesões (Pratylenchus brachyurus) 

Sintomas de nematoide-das-lesões e exemplar de fase infectante de P. brachyurus. Fontes: American Phytopathological Society e ExtensionAUS.

Dentre as espécies pertencentes ao gênero Pratylenchus, o nematoide-das-lesões (Pratylenchus brachyurus) é a espécie de maior importância, pois é a mais comum e a melhor distribuída nas regiões produtivas do país. É uma praga altamente polífaga e tem potencial para causar elevadas perdas produtivas em diversas culturas de importância econômica.

O nematoide-das-lesões recebe esse nome devido ao fato de ser um endoparasita migrador, ou seja, após infectar as raízes das plantas e concluir seu ciclo de desenvolvimento, o nematoide migra, deixando para trás lesões abertas que servirão como porta de entrada para fungos de solo, como os do gênero Fusarium e Rhizoctonia.

A gama de culturas hospedeiras é muito vasta, mas, na ausência delas, o parasita pode sobreviver até seis meses em condições favoráveis. As plantas atacadas apresentam sistema radicular com reduzido número de raízes secundárias e um escurecimento típico, devido à penetração e à locomoção desse nematoide.

Os sintomas que podem ser observados na parte aérea são plantas subdesenvolvidas e com folhas cloróticas e, geralmente, não ocorrem em reboleiras, a não ser que exista a combinação de alta densidade populacional com alta suscetibilidade da cultura. 

Como a erradicação definitiva de nematoides é praticamente impossível, o sucesso no controle depende de um conjunto de medidas que, associadas, visam reduzir o nível populacional e diminuir a multiplicação da praga em áreas infestadas.

Como medidas preventivas, recomenda-se a utilização de mudas comprovadamente sadias e a sanitização de ferramentas, máquinas e implementos agrícolas na execução de operações entre áreas infestadas e não infestadas, evitando contaminação cruzada.

Além disso, pode-se adotar práticas de manejo integrado de adubação verde, utilizando plantas que inibam a reprodução, ou evitar utilizar plantas no manejo que favoreçam sua reprodução, além da retirada de plantas daninhas que podem servir como hospedeiras secundárias para os nematoides.

E quais são as principais doenças que afetam as culturas de hortifrúti?

Fusariose (Fusarium solani)

Sintomas de Fusariose em folhas e caules de tomate. Fonte: University of Kentucky Extension, 2022.

A fusariose, causada pelo fungo Fusarium solani, é uma das doenças agrícolas mais relevantes para o cultivo de frutas e hortaliças em climas tropicais.

Essa doença causa danos significativos e pode se manifestar de várias formas, pois o fungo pode infectar diversas partes da planta, causando danos tanto acima quanto abaixo do solo, como podridão das raízes, murcha vascular, além de podridão do caule e dos frutos.

A maioria das espécies de Fusarium são habitantes do solo, atuando como decompositores ou patógenos e produzindo estruturas de resistência que podem ser disseminadas por meio de vento, respingos de chuva e pela água de irrigação. Além disso, essas estruturas podem permanecer no solo e em restos culturais por um longo período de tempo, até se tornarem fonte de inóculo novamente.

Podridão-cinzenta-do-caule (Macrophomina phaseolina)

Sintomas de podridão-cinzenta-do-caule em folhas e caules de morango. Fonte: University of Florida Extension, 2022.

A podridão-cinzenta-do-caule também é causada por um fungo, a Macrophomina phaseolina, sendo favorecida por altas temperaturas e baixa umidade do solo.

Essa doença é relevante, pois afeta não só o cultivo de hortifrúti, mas também de grãos, com o agravante de que pode se hospedar em algumas espécies de plantas daninhas.

O fungo é um habitante natural do solo, de grande variabilidade patogênica e alta capacidade de sobrevivência sob condições adversas, podendo permanecer nos restos  culturais por meio de suas estruturas de resistência. Quando em condições de baixa umidade, essas estruturas podem permanecer viáveis no solo por longos períodos de tempo. 

O patógeno também pode sobreviver parasitando hospedeiros alternativos, como plantas daninhas, e é disseminado por meio da movimentação de implementos agrícolas, da água de irrigação, pelo vento e pela atividade de animais.

A infecção das plantas se inicia nas raízes e, embora possa ocorrer já nos primeiros estádios de desenvolvimento, os sintomas só se tornam visíveis mais tardiamente, quando podem ser observados nas porções mais baixas da planta, como nós e entrenós. 

A podridão-cinzenta-do-caule leva esse nome, pois, internamente, o tecido da medula do caule se desintegra e somente os vasos lenhosos permanecem intactos. Nestes, é possível observar a presença de inúmeros pontos escuros, que conferem ao colmo a cor cinza característica.

Tombamento (Rhizoctonia solani)

Sintomas de tombamento em plântulas de beterraba. Fonte: Utah State University Extension, 2014.

O tombamento, também conhecido como damping-off, pode ser causado por diversos fungos de solo ou que estejam aderidos às sementes das plantas. Em frutas e hortaliças, esse fenômeno é mais comumente atribuído a Rhizoctonia solani.

A ocorrência dessa doença é mais comum em mudas de hortifrúti. A podridão radicular provocada na base do caule no início de seu desenvolvimento leva ao colapso das plântulas, provocando redução do vigor e da germinação das sementes. 

A incidência e a severidade do ataque normalmente podem ser associadas às condições do solo e a rotação de culturas cultivadas na área, sendo favorecidas por temperaturas mais amenas e altas umidades.

O estrangulamento parcial dos caules pode originar grande diversidade de consequências, tais como: atraso no desenvolvimento das plantas, deformação e descoloração dos caules e necrose do tecido vascular.

O patógeno também pode sobreviver de uma safra para outra, se mantendo por meio de suas estruturas de resistência no solo ou nos resíduos culturais existentes, germinando e infectando as plantas quando as condições forem mais favoráveis.

Medidas preventivas são fundamentais para o controle das principais doenças que afetam as culturas de hortifrúti, como, por exemplo:

  • plantar mudas saudáveis e de variedades geneticamente resistentes;
  • fazer a higienização no momento do plantio, para evitar a disseminação do patógeno;
  • evitar, se possível, altas densidades de semeadura;
  • realizar manejo de adubação preciso, de acordo com as recomendações técnicas agronômicas, a fim de evitar desequilíbrios nutricionais nas plantas;
  • empregar volumes adequados de irrigação em anos mais secos;
  • fazer uma sucessão planejada de culturas;
  • evitar o plantio em sequência de culturas que aumentem o inóculo da doença;
  • evitar a semeadura em maiores profundidades, pois isso prolonga o tempo de emergência e aumenta o tempo de exposição dos tecidos suscetíveis ao patógeno;
  • sempre que possível, realizar o plantio em épocas de temperaturas mais elevadas, proporcionando melhores condições para rápida emergência e desenvolvimento das plantas;
  • monitorar constantemente as lavouras para a detecção precoce dos sintomas.

Como os produtos biológicos podem ajudar a combater esses desafios?

Os produtos biológicos são produtos cuja origem são ativos naturais e podem ser classificados em dois grandes grupos, compostos por quatro categorias, conforme ilustra a imagem abaixo:

Fonte: CropLife Brasil, 2020.

Na última década, a utilização de produtos biológicos conquistou seu protagonismo na agricultura brasileira. Esse fenômeno se deve ao aumento da conscientização dos produtores rurais sobre alternativas de solução para os novos e antigos desafios da agricultura em climas tropicais. 

O controle biológico vem como uma solução a esses desafios, pois oferece não só uma alternativa aos métodos tradicionais de controle, mas a possibilidade de se inserir de maneira complementar a estes, uma vez que os produtos biológicos podem ser associados a produtos químicos dentro do programa de manejo integrado.

O uso de insumos biológicos é capaz de aumentar a sustentabilidade dos sistemas produtivos, uma vez que aumentam a eficiência dos insumos químicos e também podem auxiliar a estender sua vida útil ao reduzir a pressão de seleção de pragas, doenças e nematoides menos sensíveis aos defensivos mais tradicionais.

Esse manejo integrado dos ambientes produtivos afeta positivamente não apenas a qualidade dos alimentos e a saúde da sociedade que os consome, mas também sua produtividade, uma vez que também permite aportar outros elementos que podem gerar a bioestimulação das lavouras.

Como podemos ver, o manejo de doenças e nematoides é um desafio no cultivo de hortifrúti, influenciando tanto em aspectos de produtividade quanto de qualidade do alimento produzido. Em termos quantitativos, infestações severas podem reduzir notavelmente os volumes de colheita, enquanto, qualitativamente, podem afetar o valor de mercado dos produtos, uma vez que prejudicam sua aparência e sabor.

Diante desse cenário, é essencial que os produtores de hortifrúti implementem estratégias de controle eficazes. Os produtos biológicos se apresentam como parte das soluções inovadoras para esses desafios, ajudando a combater eficientemente doenças e nematoides, enquanto mitigam os impactos adversos, promovem a sustentabilidade dos cultivos e melhoram a saúde das plantas, fatores que são essenciais para manter a produtividade e a qualidade da produção de frutas e hortaliças.

CERTANO®: a mais nova solução biológica para o cultivo de frutas e hortaliças 

Lançado em 2024, o primeiro produto biológico da Syngenta Biologicals se apresenta como a mais nova solução biológica para o combate das principais doenças e nematoides no cultivo de frutas e hortaliças no país.

A base de Bacillus velezensis, um microrganismo de múltiplas funções, CERTANO® tem ação três em um, funcionando como biofungicida, bionematicida e promotor do crescimento das plantas de hortifrúti.

CERTANO® representa o potencial ilimitado de soluções que a própria natureza oferece, proporcionando melhor desempenho, menor toxicidade, maior especificidade e a capacidade de oferecer maior segurança alimentar aos consumidores de hortifrúti, sem deixar de lado a performance de controle tão demandada pelo agricultor brasileiro.

Sua formulação inovadora possibilita a suspensão do microrganismo em água, não produz poeira, facilita a manipulação e aumenta a segurança e a conveniência no momento da aplicação

A formulação em Suspensão Concentrada (SC) apresenta vantagens como maior tempo de prateleira (shelf-life) do produto, preservando a viabilidade dos microrganismos por mais tempo e favorecendo a permeabilidade do ingrediente ativo para alcançar o alvo, o protegendo contra fatores externos.

Por isso, esse produto pode ser aplicado diretamente no sulco por meio de jato dirigido (via drench) ou pulverizado em área total, por meio de pulverização terrestre ou aérea, possibilitando diferentes métodos de tecnologia de aplicação.

Finalmente, CERTANO® entrega múltiplos diferenciais que o tornam uma solução biológica inovadora no combate das principais doenças e nematoides em hortifrúti:

  • Ação biofungicida: compete por espaço e nutrientes, produzindo lipopeptídeos com função de antibiose, morte de micélios e inibição da germinação de conídios.
  • Ação bionematicida, atuando na redução da atração e da penetração dos juvenis nas raízes, além da produção de compostos e metabólitos secundários que agem diretamente na morte dos nematoides e inibem a eclosão de ovos.
  • Colonização radicular, formando um biofilme protetor, que atua como barreira física e química contra os nematoides.
  • Promoção do crescimento, produzindo fito-hormônios que estimulam o crescimento radicular vegetativo.

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.

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