O cotonicultor está ciente de que o manejo eficiente da cultura do algodão é fundamental para uma colheita produtiva e uma fibra de qualidade. Assim, é necessário máxima atenção às ameaças enfrentadas no campo – em especial as pragas, que podem comprometer a produtividade, a qualidade e todo o investimento feito.

Entre as pragas mais importantes, algumas que ganham destaque são as lagartas. Elas são consideradas de difícil controle, pois são agressivas e podem reduzir até 80% da produtividade das lavouras. Entre elas, estão a lagarta-militar (Spodoptera frugiperda) e a Helicoverpa armigera.

De acordo com a ABRAPA (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), essas duas espécies de lagartas causam inúmeros prejuízos ao cotonicultor, apresentando resistência a alguns produtos químicos e isso tem se mantido nos últimos anos, tornando o controle bastante difícil no campo.

Por isso, o controle desse complexo de lagartas torna-se um grande desafio ao produtor. Porém, ele deve agir adotando não somente uma solução de manejo, e sim um conjunto de medidas – por meio do MIP (Manejo Integrado de Pragas), resultando no controle efetivo desses organismos.

Lagartas: conheça as inimigas do algodoeiro

Lagarta-militar (Spodoptera frugiperda)

O algodoeiro é uma planta hospedeira dessa praga que também é bem conhecida na cultura do milho. Seu ciclo ovo-adulto pode variar de 33 a 48 dias, e os ovos apresentam uma coloração verde-clara que se tornam alaranjadas com o desenvolvimento do embrião. São colocados em massa de 100 a 300 em camadas sobrepostas na parte superior das folhas. O período da fase de ovo da lagarta-militar varia entre 3 e 5 dias.

Lagarta-militar

As lagartas inicialmente são claras, e sua cor se altera para tom esverdeado a preto No começo da vida, se alimentam da casca dos próprios ovos, e posteriormente passam a raspar as folhas mais novas da planta. No final da fase, a larva chega a atingir 50 mm de comprimento.

Quando completamente desenvolvida, a lagarta penetra no solo, onde se transforma em pupa com aproximadamente 15 mm de comprimento. Esta possui coloração avermelhada ou amarronzada e a fase pupal dura em média de 10 a 12 dias.

A mariposa de Spodoptera frugiperda apresenta asas anteriores com coloração pardo-escura e as posteriores branco-acinzentada.

Danos e condições favoráveis: As lagartas Spodoptera frugiperda podem atacar plântulas de algodão, perfurando e destruindo botões florais, flores e maçãs desenvolvidas. Além disso, os cultivos vizinhos ou sucessivos de gramíneas como milho e milheto favorecem o aumento populacional do inseto, por serem hospedeiros adequados ao desenvolvimento e manutenção do ciclo reprodutivo.

Períodos de alta temperatura e baixa umidade tornam-se condições apropriadas para o crescimento populacional da espécie. O período crítico das infestações se dá desde o início do florescimento até o surgimento do primeiro capulho. Porém, ataques precoces podem ocorrer logo após a germinação das plântulas, quando as lagartas promovem o tombamento e a morte das plantinhas.

Controle: Uma das práticas mais eficientes dentro do MIP é o monitoramento constante da lavoura durante todo o ciclo da cultura. Além disso, outra medida é a detecção de mariposas por meio de armadilhas contendo feromônio colocadas uma a cada cinco hectares durante quatro semanas.

A detecção de populações de lagartas pequenas até o 3º ínstar é importante para a tomada de decisão de controle com inseticidas reguladores de crescimento e biológicos, os quais são seletivos a inimigos naturais e mais eficientes sobre os primeiros ínstares das lagartas.

Lagarta Helicoverpa (Helicoverpa armigera)

A H. armigera é uma lagarta de coloração variada. No primeiro e segundo estágios, as lagartas são pouco móveis na planta e possuem coloração que varia entre branco-amarelada e marrom-avermelhada. Com o crescimento das lagartas, as colorações ganham outros tons, como amarelo-palha e verde, apresentando também listras marrons laterais.

Lagarta Helicoverpa armigera

Outra forma de identificar essa praga é verificando a existência de pontos protuberantes escuros no quarto e/ou quinto segmento da lagarta, em formato de semicírculo.

Danos e condições favoráveis: A Helicoverpa armigera é uma espécie de mariposa, sendo que quando lagarta, afeta fortemente as lavouras e que apresenta característica polífaga, ou seja, se alimenta de diversas partes das plantas, como folhas e hastes, botões florais, frutos, espigas e inflorescências.

A infestação de H. armigera gera deformações, podridão e quedas de partes da planta, prejudicando o desenvolvimento e a produtividade da lavoura.

Essa lagarta de difícil controle está distribuída em toda a Ásia, sendo a praga de maior risco para o algodão, e também na Oceania, África e parte da Europa. No Brasil, a praga é temida por sua alta capacidade destrutiva, tendo apresentado riscos a mais de 50 milhões de hectares desde seu surgimento no país.

Controle: Para o combate da helicoverpa, são indicados medidas de controle como a aplicação de inseticidas dentro do manejo integrado de pragas, e controle biológico através do parasitóide Trichogramma sp, uma vespa que irá impedir o crescimento dos ovos da helicoverpa.

E o controle genético é feito por meio de plantas geneticamente modificadas com a bactéria Bacillus thuringiensis, responsável por produzir uma proteína tóxica para alguns insetos.

Diante dos danos que essas pragas-chave causam dentro da lavoura de algodão, o controle eficiente durante todo o ciclo, desde a semeadura até à colheita, deve ser extremamente assertivo para conter a infestação.

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MIP: práticas fundamentais para o controle de lagartas

Para reduzir o ataque das lagartas e seus efeitos negativos gerados na lavoura de algodão, é fundamental a adoção do MIP (Manejo Integrado de Pragas), que considera que se deve utilizar todas as técnicas adequadas para reduzir as populações de praga e mantê-las em níveis populacionais abaixo daqueles que causam dano econômico.

Esse método de manejo visa garantir a sustentabilidade da cultura ao longo dos anos pela diminuição do custo e aumento da qualidade da produção.

A seguir, serão apresentadas as principais medidas para o controle das pragas do algodoeiro.

  • Manipulação de cultivar

Utilização de cultivares produtivas de algodão de ciclo curto ou resistentes às pragas.

  • Época de semeadura

Efetuar a semeadura do algodoeiro, em uma mesma região, dentro de um período de 3 a 4 semanas e em áreas e períodos com menor incidência de pragas para quebrar a sincronia entre a disponibilidade de alimento e a ocorrência dos insetos e, assim, antecipar a colheita e a prática de destruição dos restos culturais.

  • Conservação do solo e adubação

A utilização correta do solo constitui-se em ferramentas indispensáveis para manutenção da sua fertilidade e estrutura, contribuindo diretamente para a formação de plantas vigorosas e menos vulneráveis ao ataque de pragas.

  • Densidade de plantio

Deve ser constituída de populações de plantas, de tal modo que se evite o adensamento excessivo da cultura, facilitando a penetração dos raios solares e o deslocamento de gotas da calda do inseticida até o alvo biológico.

  • Eliminação de restos culturais

Imediatamente após a colheita, deve-se eliminar as soqueiras e restos culturais com o objetivo de interromper o ciclo biológico de determinadas pragas de raízes e das partes aéreas, como as lagartas, que podem continuar seu desenvolvimento nas soqueiras.

Também eliminar as plantas voluntárias (tigueras) que surgem na entressafra, como aquelas que germinam a partir das sementes caídas à beira da estrada de rodovias.

  • Controle químico

Entre os métodos dentro do MIP, está a utilização de defensivos devidamente registrados e efetivos para o controle de lagartas do algodoeiro, promovendo também a rotação de grupos químicos e modos de ação, a fim de evitar o desenvolvimento de populações menos sensíveis destes insetos, fato que poderia inviabilizar a cotonicultura nacional.

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