Custos em alta, preço baixo e as oscilações extremas do clima são as maiores  preocupações do cafeicultor para a safra de 2024. 

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O cafeicultor brasileiro encerrou a última temporada com muitas incertezas quanto à safra de 2024, no entanto, com a expectativa certa de que terá grandes desafios no próximo ciclo. As inconsistências climáticas dos últimos anos mostraram que o setor precisa se precaver e se fortalecer cada vez mais. Além da produtividade, o cenário mundial também tem exigido do Brasil uma postura mais firme, realista e que promova união entre as lideranças.

Investir em manejos adequados para promover mais resistência nas lavouras e melhorar a comunicação com o mundo, com o fim de propagar o trabalho dos cafeicultores, são duas das grandes missões do setor.

Pensando na produção, as últimas três temporadas foram de safras pequenas, e a expectativa para a safra de 2024 também não é das melhores. “Pelo que estou sentindo, ainda é muito cedo para dizer, mas infelizmente, 2024 não será aquela safra esperada, a safra desejada por todos nós”, ressalta o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo. 

Para os presidentes de cooperativas importantes na cafeicultura brasileira, a valorização do grão precisa ocorrer com urgência 

A frustração das últimas três temporadas colocou o cafeicultor brasileiro em desequilíbrio financeiro, e essa deve ser uma das maiores dificuldades no próximo ciclo. Entre as lideranças do setor, a discussão é sobre o melhor caminho para auxiliar os produtores nesse quesito, conforme ressalta o presidente da Minasul, José Marcos Magalhães. “Esse tem sido nosso principal desafio, fazer com que o produtor tenha recursos. Tem nos chamado atenção também a oportunidade de intercooperação, onde em uma escala com as cooperativas podemos auxiliar de maneira equilibrada o cafeicultor”.

Para a Fundação Procafé, a expectativa quanto à produtividade também é uma incógnita. A ocorrência do fenômeno El Niño, tem resultado em altas temperaturas em todas as regiões produtoras, e em uma grande estiagem que prejudicou o pegamento da florada. O pesquisador Alisson Fagundes destaca que a falta de chuvas durante a florada, e durante a primeira quinzena de novembro,colaborou muito para uma expectativa ainda menor. “A produção para 2024, até poucos dias atrás, seria de uma safra um pouco maior que 2023, mas com a seca, já acho temeroso falar em safra maior do que a deste ano. Essa estiagem deu uma mudada grande na expectativa de safra”, afirma o pesquisador. 

A questão climática tem sido o fator de maior preocupação para os cafeicultores nos últimos três anos e deverá continuar 

O desafio climático que assombra a cafeicultura há pelo menos três safras deve persistir em 2024, uma vez que o El Niño tem previsão de durar até o início do outono no ano que vem, porém de uma forma mais enfraquecida. O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima, pontua que a tendência é de chuva mais frequente nos meses seguintes. Ou seja, as regiões produtoras devem entrar em 2024 com volumes irregulares, porém com maior frequência.  “As frentes frias passarão pela região Sudeste. No entanto, as temperaturas ainda podem continuar  bastante elevadas”, explica.

Conforme Antonio, com maior constância de frentes frias passando pelas regiões cafeeiras, as temperaturas tendem a ficar mais dentro da normalidade. “Porém, não descartamos que ao longo do verão possam ocorrer uma ou outra semana de tempo mais firme e novos picos de temperaturas extremas”, finaliza.

Unir e comunicar

E a necessidade de comunicar ao mundo as conquistas obtidas e o protagonismo do Brasil na cafeicultura global já é entendimento do setor como um todo. Hoje, o fortalecimento e união entre os produtores de arábica e robusta sinalizam novos caminhos sendo desenhados para 2024.

“Precisamos disseminar a ideia da intercooperação, porque isso vai nos fortalecer. A gente sabe que por muito tempo existia um duelo entre o café Arábica e o Conilon, quando na verdade, todos nós  somos todos produtores de café e sentimos as mesmas dores, as mesmas dificuldades que só mudam de endereço. Precisamos evoluir nesse trabalho de nos enxergarmos como uma só categoria – a dos cafeicultores e entender que como um todo, precisamos  entregar cada vez mais qualidade e produtividade”, ressalta o presidente da Coabriel, Luiz Carlos Bachanello.

As lideranças do setor falam também sobre agregar valor ao café brasileiro e romper as dificuldades das exigências que estão sendo feitas pelo mercado internacional. Para Carlos Augusto Rodrigues, Presidente da Cooxupé, a intercooperação pode ajudar o Brasil a mostrar que já possui uma cafeicultura sustentável.

As práticas sustentáveis devem se intensificar em 2024, com os países cumprindo a risca as novas exigências de outros países para importação do café 

“Não é de hoje que as cooperativas possuem práticas sustentáveis, e nós podemos levar isso para o mundo. Não adianta ficar com mesquinharia para responder essas questões pequenas. Nós temos que mostrar a grandeza que representa a cafeicultura do Brasil. E buscar intercooperações como essa que estamos falando vai nos ajudar”, pontuou.

E, se tratando dos preços que tanto preocupa os cafeicultores, Bachanello destaca questões essenciais da porteira para dentro, que, segundo ele, podem ajudar o produtor em situações delicadas. “O produtor precisa entender a profissionalização da atividade e a redução dos custos da lavoura dentro da propriedade, isso é uma necessidade.  Temos que buscar alguns fatores que estão ao nosso alcance, como, evoluir na qualidade, na produtividade e buscar mercados diferenciados, mercados internacionais, onde possamos colocar o nosso café com uma remuneração mais justa para o nosso produtor”.

A união entres as cooperativas de café visa melhor preço e mais qualidade de vida para o produtor 

Bachanello ainda reafirma que o caminho da intercooperação entre as cooperativas brasileiras pode trazer novos horizontes para a cafeicultura nacional. “O que nós precisamos, na verdade, é juntar nossas forças, para que possamos evoluir na atividade”, finaliza.

Importante entendermos que independente dos desafios, o cafeicultor precisará se atentar para tecnologias, inovações e mecanismos que venham auxiliar em campo. Em um momento de tantas incertezas, a garantia de alguns caminhos pode resultar em mais produtividade e melhora de qualidade dos frutos. 

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