Safra 2025 pode estar comprometida por conta de incertezas climáticas
A colheita de café segue para a reta final nas principais áreas de produção do Brasil e se tratando tanto de arábica como de robusta, já ultrapassou os 80%.
Em todas as regiões brasileiras as altas temperaturas registradas no fim do ano passado, bem como no início deste ano, prejudicaram os cafeeiros. Nesse momento muitos cafeicultores já se interrogam quanto ao volume dessa safra.
Cadê o café que estava aqui?
A quebra dessa safra já é uma realidade que tem sido sentida entre os produtores, já que a expectativa em muitas regiões, são produções bem abaixo do esperado.
“Estava todo mundo esperando que a safra de 2024 seria maior que a de 2023, muito maior do que a de 2022. E o que nós estamos observando é que a safra deste ano pode ser até menor que a safra de 2023. Ou seja, não é uma boa safra e os cafeicultores estão percebendo isso”, pontua o pesquisador da Fundação Procafé, Alysson Fagundes.
O entendimento de quebra já é realidade tanto nas áreas de robusta, como de arábica.
Inverno atípico e o estresse hídrico no café
A ausência de chuvas ao longo do ciclo tem sido uma das principais dificuldades dos cafeicultores. Entre setembro do ano passado a março deste ano, as altas temperaturas somadas com o estresse hídrico colaboraram para essa produção a quem do esperado em todas as regiões do arábica.
E a preocupação entre os produtores já é em relação ao ciclo de 2025.
“Geralmente o déficit hídrico se inicia em agosto ou setembro e nós estamos com dois meses de adiantamento desse déficit. Preocupa porque impacta no crescimento e pode resultar em perda de produção na próxima safra”, ressalta Alysson.
Nesse momento que antecede a florada, as plantas tendem a usar suas reservas para sobreviverem e com menos reservas vão se depauperando.
“Isso vai impactar muito na próxima safra. Olhando os boletins pluviométricos, percebemos a ausência de 82 milímetros de água no solo e isso vale para o Sul e Cerrado mineiro e Alta Mogiana onde vemos um solo seco e com temperatura média de 1,6ºC acima da média histórica”, afirma o Desenvolvimento Técnico de Mercado da Syngenta, Felipe Ruela.
Pragas e doenças no inverno mais quente
As incertezas climáticas em muitas propriedades têm fomentado também o ataque de pragas e doenças nos cafeeiros, como o ácaro vermelho, bicho-mineiro e ferrugem tardia.
O inverno mais quente para os produtores que não possuem irrigação, acaba condicionando a planta a uma desfolha maior, além de proporcionar deficiências induzidas como o fósforo, que tende a levar ao depauperamento.
“Quanto mais incertezas no clima, mais avançaremos para esse meio de doenças e pragas, o que compromete o nosso potencial produtivo para o próximo ano”, completa Felipe.
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Manejos essenciais de pré-florada
O momento além da reta final de colheita também marca a pré-florada nessas regiões. Nesse contexto, o manejo em campo demanda atenção especial para o controle de pragas e doenças específicas que estão atingindo as lavouras.
No caso de doenças como a ferrugem tardia, phoma ou até mesmo pragas como bicho-mineiro e ácaro vermelho, demandam uma correção de rota.
“Nessa fase é essencial o produtor controlar uma ferrugem que veio da safra passada, bem como a phoma. E para isso, o produtor tem que fazer a sepsia, tanto com fungicidas ou inseticidas para poder fazer essa correção de rota. E chegar na próxima safra com a lavoura limpa, e começar um manejo bem preventivo”, explica Felipe.
Nas áreas de Conilon, a traquinose e cercóspora são doenças que têm surgido e demandam atenção nessa pré-florada.
“Pensando em aumento do pegamento e consequentemente no aumento da produtividade, é necessário esse controle, com a aplicação dos inseticidas”, ressalta Felipe.
O manejo correto e adequado nessa pré-florada se tornou essencial para minimizar os prejuízos, e levando em consideração a probabilidade de mais uma La Niña, esse manejo deve ser seguido à risca.
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