Em um eventual prejuízo ao estande de plantas, a produtividade pode ser diretamente prejudicada, visto que a quantidade de plantas interfere no número de vagens formadas e, por consequência, no número de grãos por vagem e no peso dos grãos, resultando em perdas na produção de soja.
Cada cultivar possui um determinado potencial produtivo pré-estabelecido, a depender da região de cultivo e, principalmente, da genética envolvida, no entanto, quando o primeiro componente de produtividade é severamente afetado em função de algum estresse, seja ele abiótico (como temperatura, disponibilidade hídrica, luz e nutrientes), ou biótico (como o ataque de pragas e a incidência de doenças) logo no início do ciclo, todos os demais componentes de produtividade podem ser afetados, reduzindo assim o potencial produtivo da cultura.
Dentre os estresses, o biótico, especialmente o ataque de pragas no interior e na superfície do solo, é extremamente danoso à cultura, uma vez que reduz de imediato a população de plantas e, indiretamente pode afetar o vigor das plantas emergidas, devido aos danos sofridos. Por isso, a proteção desse componente de produtividade é fundamental.
A seguir, confira como calcular o estande de plantas na sua área de cultivo e os impactos que a redução desse parâmetro importante, devido ao ataque de pragas iniciais, por exemplo, pode causar no potencial produtivo da cultura da soja.
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Diferenças no estande que podem influenciar a produtividade da soja: analisando os números
Você sabe avaliar o estande inicial da sua lavoura? Inicialmente precisamos entender como essa avaliação pode ser realizada, e ela é bem mais simples do que parece. Para fazê-la, será necessário o uso de uma fita métrica, que deverá ser disposta em pontos aleatórios da lavoura (e em diferentes talhões).
A fita deve ser estendida em comprimento de um a dois metros, procedendo após a contagem de plantas emergidas. Recomenda-se que sejam avaliadas três linhas em cada ponto da lavoura amostrado.
Agora vamos a prática:
Imaginemos duas áreas de produção de soja, onde a população final de plantas desejada é de 300.000 plantas por hectare.
Na área A tivemos a emergência de todas as plantas. Dada a produtividade média estimada para a cultura na safra 2022/23 pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), espera-se que sejam colhidos 3551 kg/ha. Se dividirmos esse número pela população total de plantas, teremos a estimativa de produção de cada planta de soja: 0,012 kg.
Já na área B tivemos a emergência de uma planta a menos por metro linear. Dadas essas condições, vamos calcular qual pode ser o impacto da falta dessa única planta por metro linear na produtividade da cultura da soja.
Produção de soja por planta e por hectare
Após a emergência, a cada planta que não emergir, a perda de produtividade em um hectare será de: 0,012 kg, considerando produtividade de 3600 kg/ha.
Mas o cálculo vai além, pois a população de plantas desejada entra no planejamento, logo, a redução na emergência de uma única planta por metro linear também configura custos, uma vez que o produtor irá adquirir sementes. Além dos custos, a cada metro linear, serão produzidos menos 0,012 kg, que, quando contabilizados dentro de um hectare, representam um valor considerável em investimento de sementes e custos de insumos.
1º etapa do cálculo: produtividade com redução do número de plantas por metro linear
Para uma população de 300.000 plantas, estipulamos uma população de 13,5 plantas por metro linear, no entanto, devido a um ataque de pragas, obtivemos uma média de 12,5 plantas por metro linear:
Para descobrimos o tamanho total de um hectare, que corresponde a 10.000 metros quadrados, em metros lineares (área útil), basta que a seguinte fórmula seja utilizada:
Área útil em metros lineares = espaçamento entre linhas x 10.000
Área útil em metros lineares = 0,45 m x 10.000 m² = 22.222 metros lineares
Logo:
1 m linear – 12 plantas
22.222 metros lineares em um ha (espaçamento de 0,45 m entre linhas) – x
Com a redução de uma planta emergida por metro linear, a população final de plantas emergidas será de 266.664 plantas, o que corresponde a redução de 33.336 plantas que deixarão de produzir, cada uma, 0,012 kg. Logo, multiplicando ambos os valores, chegamos finalmente na quantidade de kg/ha que será perdida na produtividade da cultura da soja, demonstrando em números a importância e o impacto do estande e da população final de plantas por hectare bem estabelecida.
2º etapa do cálculo: redução de produtividade
Em uma população de 300.000 plantas:
300.000 x 0,012 kg/planta = 3600 kg/ha
Em uma população de 266.664 plantas:
266.664 x 0,012 kg/planta = 3199 kg/ha
Redução do potencial produtivo de 400,03 kg/ha / 60 kg (peso de uma saca de soja) = 6,66 sacas a menos por hectare.
No entanto, vale lembrar que essa é uma estimativa inicial, e que a cultura da soja possui plasticidade fenotípica, ou seja, é capaz de compensar, em partes, a redução da população de plantas.
Mas é importante frisar, que, no caso de reduções atribuídas ao ataque de pragas, além de afetar as sementes, inviabilizando-as e reduzindo a população de plantas, há também o fato de que as plântulas que conseguirão se estabelecer, mesmo sob o ataque das pragas, serão menos vigorosas, sofrendo decréscimos do seu potencial produtivo e agravando as perdas.
Outro fator desfavorável é o potencial de reprodução rápida das pragas, que certamente causarão danos, reduzindo ainda mais a população de plantas por área. Além disso, as sementes perdidas e as não emergidas representam custo. Nesse caso, a redução de uma planta representa perda de 11,11% em sementes. Por isso a proteção das sementes, que são o início de uma lavoura produtiva, é fundamental.
Mas e a capacidade de compensação da cultura da soja?
Embora a cultura da soja possua plasticidade, ou seja, potencial de compensar perdas da população de plantas, mantendo a produtividade, esta característica está relacionada, principalmente, à cultivar utilizada (genética) e a sua interação com o ambiente (sejam essas as condições ambientais, manejo de solo, e principalmente o ataque de pragas e a incidência de doenças).
Além disso, em um cenário, por exemplo, de ataque de pragas iniciais, essa redução na população de plantas costuma ser bastante severa, podendo até demandar o replantio da cultura, aumentando consideravelmente os custos de produção.
Dados os cálculos e as potenciais perdas devido ao ataque de pragas iniciais, fica evidente que um bom tratamento de sementes apresenta um ótimo custo x benefício em relação aos incrementos de produtividade que são possíveis, especialmente em áreas com histórico de pragas como lagartas, corós, vaquinhas, percevejos, entre outras, que atacam a cultura da soja em diferentes fases de desenvolvimento, mas, principalmente, na fase de estabelecimento da população de plantas.
Como obter um estande inicial firme, forte e bem estabelecido?
Para um bom estande de plantas na cultura da soja, algumas premissas básicas devem ser cumpridas. Entre as principais, estão:
- obtenção de semente certificada, de procedência e de boa qualidade física, genética, fisiológica e sanitária;
- manejo de solo adequado, com controle de plantas daninhas, correção da química e da fertilidade do solo com adubação equilibrada e que atenda às necessidades da cultura;
- ajuste da densidade de plantas de acordo com as características da área de cultivo, evitando a competição ou o subaproveitamento de recursos, com a ausência de plantas;
- velocidade de semeadura adequada para distribuição apropriada das plantas na área de cultivo;
- tratamento de sementes, para conferir proteção às sementes em uma das fases mais críticas, aquela em que ela permanece no interior do solo, suscetível ao ataque de pragas:
- principalmente as pragas iniciais da soja como lagartas cortadeiras, lagarta-elasmo, corós, e outras, que, em sua maioria, também atacam as culturas do milho, algodão e trigo, que são cultivadas em sucessão à soja. Nesse caso, há um agravante, pois essas pragas acabam por se reproduzir na cultura antecessora, atacando a soja assim que as sementes são depositadas no solo, afetando a emergência inicial da cultura, e, por consequência, a população inicial de plantas, primeiro componente de produtividade da cultura;
- dessa maneira, assim que o hospedeiro suscetível (sementes sem tratamento, por exemplo), forem depositadas no solo, as pragas rapidamente causarão danos, reduzindo não somente a população de plantas por área, pelas sementes que não serão capazes de emergir, mas também tornando as plântulas recém emergidas pouco vigorosas e com baixo potencial produtivo.
O tratamento de sementes contra o ataque de pragas iniciais é importante para assegurar o vigor das sementes, mas confere outros benefícios, como:
- auxilia as plantas a se estabelecerem de forma adequada, mesmo em condições adversas;
- protege do ataque de pragas;
- auxilia no desenvolvimento mais rápido das raízes, podendo, assim, buscar recursos como água em profundidade, sofrendo menor interferência de períodos sem ocorrência de chuvas;
- estabelecimento mais uniforme;
- proteção das plântulas durante o residual do tratamento de sementes.
Confira, na imagem abaixo, o comparativo em perdas pelo ataque de pragas iniciais na cultura da soja, com a não realização do tratamento de sementes:
Pragas iniciais da soja, como os corós, estão localizadas no interior do solo. As lagartas, por sua vez, permanecem na superfície do solo, associadas a outras plantas, e atacam a cultura assim que as sementes iniciam a germinação. Por isso, o tratamento de sementes é uma etapa fundamental para proteger o potencial produtivo da cultura da soja. Conte com Fortenza® pra te auxiliar nessa!
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