Cafés mais trabalhados começam a ganhar mais espaço e reconhecimento
Uma recente pesquisa realizada pelo Instituto Axxus, que visa avaliar os costumes de consumo do café brasileiro, mostrou que subiu de 81% para 86% o número de consumidores que buscam e acreditam que cafés com selo de pureza e qualidade são melhores.
O dado é resultado de todos os esforços que o setor cafeeiro tem feito nos últimos anos para mostrar cada vez mais qualidade na xícara. Nesse contexto, os processos de pós-colheita foram e continuam sendo extremamente importantes para os produtores brasileiros.
“O café é um produto precificado pela sua qualidade; quanto mais qualidade, maior e melhor o preço. E é nesses processos que o cafeicultor define boa parte dessa qualidade”, explica o Coordenador Técnico Estadual de Culturas da Emater de Minas Gerais, Sérgio Brás Regina.
Métodos de pós-colheita do café
Existem algumas opções: a via úmida para produção do café cereja descascado, o café natural e os fermentados. Todas demandam atenção e um preparo importante antes de chegar com esse café no terreiro ou secador.
“O café cereja descascado é uma bebida mais limpa, que geralmente tem boas pontuações e é muito bem aceita no mercado. Assim como o café natural que se tiver um terroir e uma boa altitude entregará uma bebida de muita qualidade e mais valorizada”, destaca Sérgio.
Outro processo bastante utilizado no Brasil é a fermentação, que pode ocorrer de forma natural ou induzida por inoculantes. “No caso dos fermentados o produtor deve se atentar em ter o controle dessa fermentação para que ela não estrague o café”, afirma Sérgio.
Qual o preparo para a pós-colheita?
Os meses que antecedem a etapa de colheita nas fazendas incluem além do manejo adequado para cada fase da lavoura, o planejamento. A manutenção de máquinas, equipamentos e implementos é um dos passos mais importantes na estruturação de uma safra.
“O produtor também precisa pensar nas pessoas. É muito valioso o apoio e as mãos que vão te acompanhar ao longo da colheita e é através delas que você pode de fato planejar as operações na área de beneficiamento da fazenda”, explica o cafeicultor Marcos Kim, da Fazenda São Sebastião, região do Sul de Minas, no município de São Tomé das Letras.
Processos que impactam na qualidade
A fase que é minuciosa e delicada, demanda uma atenção especial. O preparo da fazenda para receber os cafés da lavoura destaca processos como a limpeza e manutenção preventiva dos terreiros e maquinários. “Pelo menos um mês antes os maquinários precisam passar por revisão”, pontua Marcos.
O terreiro suspenso utilizado em muitas propriedades, assim como os secadores ou terreiros de concreto, precisam de manutenção. Para os secadores rotativos, o cuidado com a fornalha também é essencial.
“Independentemente do método que o produtor escolher para secar seu café, é preciso atenção. A secagem representa 50% do sucesso do resultado final do café. Porque é na secagem que você vai manter a qualidade obtida nos processos anteriores”, pontua Marcos.
A cafeicultora Luisa Nogueira destaca o reconhecimento e valorização no mercado dos cafés que passam por processos de pós-colheita. De acordo com ela, a melhoria na qualidade do café é inegável.
“A secagem dos grãos é crucial e deve ser realizada de maneira controlada para evitar fermentações indesejadas e o desenvolvimento de defeitos nos grãos. O produtor não pode ignorar isso, estamos falando de mais valor de mercado e diferenciação no produto final”, explica Luisa.
O mercado e os cafés mais trabalhados
Indiscutivelmente os cafés que são melhor trabalhados e que têm um controle de qualidade alto e eficiente são mais valorizados e trazem reconhecimento ao cafeicultor.
“Ultimamente temos percebido um aumento expressivo no consumo de cafés especiais. Não só no Brasil, mas no mundo. Por isso, acho que esse é o futuro; quanto mais minucioso você for nos processos, melhores serão os resultados. E isso o mercado reconhece. O produtor precisa estar antenado, acompanhando as tendências e sempre se atualizar nos processos e metodologias”, reafirma o produtor Marcos Kim.
A importância do preparo da fazenda
“Se esse produtor leva o seu café para a cooperativa ou exportadora, sem saber o potencial de sua bebida, ele é obrigado a aceitar o preço que eles ditam. Justamente por não saber o que tem nas mãos. Então eu acho que esse poder de definir o preço tem que estar nas mãos do produtor. Especializar-se cada vez mais nessas técnicas e se preparar é o caminho”.
Se o processo de pós-colheita for bem feito, pode agregar mais valor à bebida. No entanto, quando mal feito pode perder características importantes da bebida.
“Às vezes o café chega bom da lavoura, mas por um pós-colheita mal feito, ele perde suas qualidades e, consequentemente, seu preço. O produtor deve se atentar muito aos processos. Por isso, reforçamos a importância do planejamento de todas as etapas com muita antecedência”, completa Sérgio Brás Regina.
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A nível nacional, uma pesquisa da Embrapa apontou que 85% dos cafeicultores brasileiros realizam o processo de produção do café natural na pós-colheita, outros 14% o cereja descascado e 1% cereja descascado e fermentado.
A antecipação do processo também permite ao cafeicultor seguir com a safra tendo mais controle sobre a bebida que estará entregando.
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