A cafeicultura é um pilar fundamental da economia brasileira, tanto pelo volume de produção, como pelo valor cultural e social que o café representa para o país. O Brasil se destaca como um dos maiores produtores globais de café, com uma vasta área dedicada ao cultivo do grão. Contudo, essa atividade agrícola enfrenta inimigos ocultos – nem sempre percebidos pelos agricultores –, mas que ameaçam sua sustentabilidade e rendimento: os nematoides.

Esses parasitas do solo atacam as raízes das plantas, afetando a relação entre o sistema radicular e a copa, essencial para o desenvolvimento do cafeeiro e, comprometendo, por consequência, a produtividade dos cafezais. Estima-se que a ação dos nematoides reduza em média 15% da produção mundial de café, com um impacto ainda maior no Brasil, onde a redução pode chegar a 20% da produção total.

Em regiões brasileiras altamente afetadas, os nematoides podem limitar drasticamente a viabilidade comercial dos cafezais, exigindo que os produtores adotem medidas de controle integradas, como o uso de nematicidas e práticas culturais adequadas.

Dada a importância do café para o Brasil, tanto do ponto de vista econômico quanto cultural, é crucial que sejam implementadas estratégias eficazes para o manejo de nematoides, assegurando a sustentabilidade da produção e a qualidade do café brasileiro no mercado global.

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Principais nematoides que afetam os cafezais brasileiros e os danos causados por eles

Os nematoides representam uma das principais ameaças fitossanitárias aos cafezais, causando danos substanciais que podem variar com a espécie do nematoide e as condições locais de cultivo.

As espécies dos gêneros Meloidogyne (nematoides-das-galhas) e Pratylenchus (nematoides-das-lesões) são particularmente nocivas e amplamente disseminadas nos cafezais brasileiros, impactando negativamente a produtividade e a viabilidade econômica das plantações.

Nematoides-das-galhas (Meloidogyne spp.)

Espécies prevalecentes e seus impactos

M. exigua, M. incognita, e M. paranaensis são as espécies mais relevantes e prejudiciais. Esses nematoides formam galhas nas raízes que obstruem o transporte de água e nutrientes, comprometendo severamente a saúde da planta e reduzindo a produção.

M. coffeicola e M. javanica ocorrem com menor frequência, mas ainda são capazes de causar danos significativos onde são encontradas.

Distribuição e agressividade

M. paranaensis foi identificada mais recentemente e é considerada extremamente agressiva, com uma capacidade notável de destruir o sistema radicular do cafeeiro, podendo levar à morte da planta. Essa espécie predomina em regiões com solos arenosos no Estado de São Paulo, onde causa grandes prejuízos, assim como M. incognita.

M. exigua, por sua vez, é mais disseminada e é conhecida por causar quedas de produção de até 45% em cultivos altamente tecnificados.

Fonte: Instituto Biológico.

Nematoides-das-lesões (Pratylenchus spp.)

Espécies prevalentes e seus impactos

P. brachyurus e P. coffeae são as espécies de Pratylenchus mais comuns nos cafezais brasileiros. Esses nematoides causam lesões nas raízes durante sua movimentação e parasitismo, o que pode enfraquecer a planta e reduzir sua produtividade.

P. coffeae é considerado o principal fitonematoide do cafeeiro em várias regiões produtoras de café ao redor do mundo, incluindo Indonésia e América Central.

Distribuição e problemas associados

No Brasil, P. coffeae e P. brachyurus foram encontrados afetando significativamente lavouras em São Paulo e em outras localidades, com P. brachyurus sendo mais disseminado, mas com menores índices reprodutivos em café.

A presença desses nematoides é preocupante, especialmente em cafezais instalados em áreas anteriormente utilizadas para pastagens ou culturas intercalares suscetíveis, como o milho e diversos tipos de capim, o que aumenta a complexidade de manejo e controle.

Fonte: Instituto Biológico.

Como identificar infestação por nematoides em cafezais?

A patogenicidade dos nematoides é influenciada por diversos fatores, como as condições edafoclimáticas das regiões, as práticas culturais empregadas, o nível populacional no solo e a suscetibilidade das cultivares de café. Solos arenosos, baixa fertilidade e deficiência hídrica são condições que favorecem a limitação da produção de café por nematoides, especialmente em áreas física, química e biologicamente degradadas.

Comumente, as plantas infestadas exibem sinais de murcha e amarelecimento, seguidos pela queda progressiva de folhas e uma notável redução no crescimento. A infestação ocorre tipicamente em reboleiras, áreas onde o ataque se manifesta de forma agrupada, embora possa se espalhar por toda a área se as mudas já estiverem infectadas desde o viveiro.

A identificação precisa desses sintomas é crucial para o manejo efetivo e para minimizar as perdas econômicas significativas que esses parasitas podem causar nos cafezais.

Lavouras de café com áreas infestadas por M. paranaensis (esquerda) e P. coffeae (direita). Fontes: Embrapa e Instituto Biológico.

Manejo de nematoides no café

O manejo de nematoides nos cafezais envolve uma série de estratégias que, quando combinadas, podem reduzir significativamente a população desses parasitas e minimizar os danos à produção de café. 

A amostragem é a etapa inicial e crucial, pois permite a identificação das espécies de nematoides presentes e a estimativa da sua população no solo. Realizada preferencialmente na época chuvosa, a coleta de amostras de solo e raízes vivas nas proximidades de plantas sintomáticas fornece um panorama detalhado da infestação. Essa abordagem direciona as ações de manejo mais apropriadas para a situação específica de cada cafezal.

O uso de cultivares resistentes é uma tática eficaz para mitigar os danos causados. Existem, no mercado, cultivares de café que, além de tolerarem determinadas espécies de nematoides, mantêm a produtividade. Optar por essas cultivares ao renovar os cafezais em áreas infestadas é uma medida preventiva e de longo prazo contra esses parasitas.

O cultivo intercalar é uma prática adaptada para o contexto de culturas perenes como o café. Como a rotação de culturas propriamente dita não é viável em cafezais, o cultivo de espécies não-hospedeiras de nematoides nas entrelinhas do café pode ajudar na redução das suas populações. Espécies vegetais antagonistas aos nematoides, quando identificadas, podem ser intercaladas para auxiliar ainda mais na diminuição desses patógenos.

O manejo biológico, por fim, representa uma abordagem sustentável e eficaz contra os nematoides, utilizando microrganismos benéficos, como fungos e bactérias, para combater os parasitas. Esses agentes biológicos ajudam a controlar a população de nematoides e também promovem o desenvolvimento saudável das raízes, ao melhorar a atividade microbiana do solo. Isso resulta em um solo mais saudável, com melhor ciclagem e disponibilidade de nutrientes para as plantas.

Produtos biológicos para manejo de nematoides

A adoção de produtos biológicos no manejo de nematoides nos cafezais se insere em um contexto mais amplo de crescimento e valorização da sustentabilidade no setor agrícola brasileiro.

Atualmente, o mercado de produtos biológicos está em expansão, com o café representando 2% desse mercado – o equivalente a 17 milhões de dólares – e com grandes possibilidades de crescimento.

Apesar de soja, milho e cana dominarem 90% desse mercado, o setor cafeeiro apresenta potencial significativo devido às vantagens sustentáveis que os biológicos oferecem, especialmente considerando as demandas de práticas ambientalmente responsáveis nas exportações do grão.

Essa crescente demanda por sustentabilidade, especialmente em mercados externos, posiciona os produtos biológicos como alternativas viáveis e atraentes para a melhoria da produção cafeeira e a minimização de impactos ambientais.

Chegou CERTANO®: o biológico para quem valoriza suas raízes

CERTANO®, o mais novo lançamento da Syngenta Biologicals, surge como uma solução dinâmica e inovadora no controle de nematoides e doenças em cafezais, promovendo a sustentabilidade e protegendo o potencial produtivo das plantações.

Esse nematicida e fungicida biológico é o único no mercado com um amplo espectro de ação contra uma importante variedade de nematoides, como Pratylenchus brachyurus, Meloidogyne incognita, Meloidogyne exigua, e Meloidogyne paranaensis, além do patógeno Fusarium solani.

CERTANO® é composto pela bactéria Bacillus velezensis na concentração de 3,5×1011 endósporos viáveis/L, e proporciona:

  • ação bionematicida, por meio da produção de metabólitos que inibem a eclosão de ovos e a penetração de juvenis nas raízes;
  • ação biofungicida, através da inibição de patógenos;
  • efeito promotor de crescimento, fornecendo fito-hormônios que promovem o desenvolvimento radicular e vegetativo.

CERTANO® proporciona um efeito imediato de controle e um efeito prolongado de proteção graças à sua capacidade de formar um biofilme protetor e desorientar os nematoides, diminuindo a sua capacidade de encontrar e parasitar as raízes do café. Isso é complementado pela competição por espaço e recursos, impedindo o estabelecimento de patógenos e a proliferação de doenças.

A formulação SC (Suspensão Concentrada) de CERTANO® é um diferencial que confere ao produto uma série de vantagens:

  • evita a produção de poeira durante a aplicação, aumentando a segurança;
  • mantém a viabilidade dos microrganismos benéficos;
  • prolonga o tempo de prateleira e garante proteção contra fatores externos, o que significa que os produtores podem armazená-lo por até 24 meses em temperatura ambiente sem perda de eficácia.

Indicado para aplicação via jato dirigido após o início do período chuvoso, CERTANO® é uma escolha estratégica para os produtores que buscam aliar eficácia e manejo sustentável, visando a longevidade e a produtividade de suas lavouras de café.

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.

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