A história da cafeicultura brasileira é marcada por desafios que moldaram seu curso. Nos anos 1970, o Paraná era o maior produtor de café do país, mas enfrentou não só a severa Geada Negra de 1975, como também a ação sorrateira dos nematoides das galhas, que pioraram a situação.  

Esses nematoides parasitas debilitavam as raízes e deixavam as plantas fragilizadas de tal forma que, devido à alta infestação, a cafeicultura migrou de região: Minas Gerais e Espírito Santo despontaram como novos polos produtivos. Décadas depois, esses “inimigos ocultos” ainda rondam os cafezais.  

Hoje, o produtor convive com uma ameaça dupla: nematoides do solo aliados a doenças fúngicas causadas por agentes como o Fusarium, comprometendo a produtividade e a vida útil do cafezal. 

Essa interação é particularmente devastadora no café conilon, mas também vem ganhando importância no café arábica, ampliando os riscos para toda a cafeicultura. 

Neste artigo, você vai entender como nematoides e Fusarium atuam juntos, descobrir quais sinais observar no campo e conhecer as melhores estratégias de manejo para mudar esse cenário. 

Lições do passado: quando os nematoides redesenharam o mapa do café 

Para entender por que os nematoides não devem mais ser tratados apenas como um risco “teórico”, vale olhar para o passado: ele revela que esses inimigos ocultos foram atores centrais na transformação geográfica da cafeicultura brasileira. Conhecer essa história ajuda o produtor a dimensionar o perigo que essas pragas ainda representam. 

Nematoides entomopatogênicos parasitas

Entre os anos 1950 a 1970, o Paraná assumiu uma posição de destaque na produção cafeeira nacional, convertendo-se no maior produtor brasileiro. Mas ali se acumulavam combinações perigosas: solo degradado, clima suscetível a geadas e pressão de pragas de solo, como os nematoides.  

Em 1975, veio a Geada Negra, que devastou grande parte dos cafeeiros do Estado. A produção despencou de cerca de 10.200 sacas (48% da produção nacional) para menos de 4 mil sacas no ano seguinte.  

Com isso, muitos produtores abandonaram áreas no Paraná, migrando para regiões mais promissoras, como Minas Gerais e Espírito Santo.  

Aprendizado para o presente 

Segundo o boletim técnico do Instituto Biológico, “os nematoides tiveram papel fundamental na atual configuração da cafeicultura brasileira; mas a história reserva-lhes um lugar de pouco destaque.”  

Mesmo depois da migração, ao conquistar novas áreas em Minas Gerais, Oeste do Espírito Santo e regiões de Cerrado, os produtores enfrentaram a imposição de que o solo precisava ser mais bem manejado. 

As novas fronteiras cafeeiras não estão livres do risco. Até mesmo em solos “virgens”, a presença de nematoides disseminados (em mudas, solo agrícola vizinho, irrigação) pode antecipar os mesmos processos de declínio. 

O Fusarium também tem histórico preocupante no café 

Embora muitas vezes lembrado apenas como um fungo oportunista, o Fusarium spp. tem um histórico de impacto profundo na cafeicultura mundial e também no Brasil. 

Fungos parasitas de plantas do gênero Fusarium isolados e cultivados em placa de Petri PDA em laboratório de patologia vegetal

Da África ao mundo 

O caso mais emblemático ocorreu na África, onde uma espécie de Fusarium provocou a Coffee Wilt Disease (CWD), uma murcha vascular que afetou tanto Coffea arabica quanto Coffea canephora

O primeiro registro da doença foi descrito em 1927, em países da região central do continente, como Uganda e República Democrática do Congo, espalhando-se para outras áreas nos anos seguintes. A CWD teve ondas epidêmicas marcantes nas décadas de 1930, 1970 e 1990, causando severas perdas de plantas. Em algumas localidades, a destruição foi tão grande que produtores abandonaram áreas inteiras de café. 

Essa trajetória africana reforça a capacidade do Fusarium de provocar epidemias devastadoras, especialmente quando aliado a condições de solo favoráveis e a outros fatores de predisposição, como pragas radiculares. 

A realidade brasileira do Fusarium no café conilon 

No Brasil, a primeira descrição oficial de murcha de Fusarium em café conilon (Coffea canephora) ocorreu em 1977, no Estado do Espírito Santo. Desde então, surtos recorrentes têm sido relatados na região, principalmente em áreas onde a presença de nematoides é significativa. 

As lesões provocadas pelos nematoides nas raízes funcionam como portas de entrada naturais para o fungo, favorecendo sua instalação e avanço dentro da planta. 

Pesquisas conduzidas pela UFES e pelo Incaper mostram que, em condições favoráveis, os focos de Fusarium formam reboleiras de plantas mortas, avançando rapidamente e comprometendo a viabilidade econômica de talhões inteiros. 

Em áreas críticas, produtores relatam a necessidade de renovar o plantio precocemente, reduzindo a longevidade esperada do cafezal. 

Um alerta também para o Fusarium no café arábica 

No café arábica (Coffea arabica), a presença de Fusarium ainda não tem a mesma expressão devastadora observada no conilon. Entretanto, estudos recentes indicam que já existem registros da associação entre Fusarium e nematoides em áreas do Cerrado, provocando sintomas, como seca de ponteiros e declínio gradual de plantas. 

Esse cenário ainda é considerado emergente, mas preocupa pesquisadores porque sugere que o fungo pode ganhar relevância também na espécie que domina a área plantada brasileira

A associação letal para o café: nematoides + Fusarium 

O perigo real surge quando nematoides e Fusarium agem juntos. Os danos provocados pelos nematoides criam feridas de fácil acesso para fungos do solo.  

Cada galha ou lesão de nematoide é uma porta aberta para que o Fusarium penetre nas raízes e se estabeleça rapidamente. Em outras palavras, a presença de nematoides “prepara o terreno” para a doença, que invade mais plantas e se desenvolve mais rápido, acelerando o declínio do cafezal. 

Produtores do Espírito Santo, onde o café conilon é predominante, têm registrado cenários alarmantes: plantios de conilon foram inteiramente dizimados pela combinação de nematoides com a murcha-de-Fusarium (F. oxysporum f.sp. coffeae).  

No caso do arábica, especialmente em áreas de Cerrado, a mesma associação vem causando a secagem dos brotos terminais (“seca de ponteiros”) e o declínio gradual das plantas.  

Muitos produtores só se dão conta do problema quando já é tarde demais, confundindo os sintomas com deficiências nutricionais ou estresse hídrico, e adiando ações de controle. 

Planta de café debilitada

Impactos econômicos da dupla nematoides + Fusarium no café 

Os prejuízos gerados por nematoides e Fusarium são significativos e abrangem vários aspectos: 

  • Queda de produtividade: sem manejo adequado, os nematoides no café podem causar perda potencial equivalente a 2,7 safras a cada 10 safras. O Fusarium, por sua vez, mata pés de café e deixa falhas nas lavouras, agravando ainda mais a perda de produção. Em conjunto, cafezais infestados podem perder centenas de sacas ao longo dos anos, prejuízo que é agravado em solos pobres ou mal manejados. 
  • Redução da qualidade: plantas estressadas pelos nematoides produzem frutos menores e menos uniformes. Além disso, o Fusarium provoca o amarelecimento das folhas e a demora na maturação dos frutos. Tudo isso pode reduzir a qualidade final dos grãos colhidos (tamanho e nota sensorial). 
  • Custo de renovação: cada replantio de um novo cafeeiro é caro e demorado. Quando nematoides e Fusarium atacam repetidamente, o produtor é forçado a replantar parte do talhão com maior frequência, o que eleva custos. Em lavouras desassistidas, a vida útil pode ser encurtada em vários anos, roubando a produção potencial de um talhão. 
  • Declínio antecipado do cafezal: em resumo, a sinergia nematoide + Fusarium provoca um declínio acelerado do cafezal. Se não identificados a tempo, esses fatores podem fazer com que plantações saudáveis se tornem improdutivas precocemente, bem antes do fim natural de sua ciclagem.  

VANIVA®: proteção incomparável contra nematoides e Fusarium no café 

Diante de um cenário em que nematoides e Fusarium atuam em conjunto para reduzir a produtividade e a longevidade dos cafezais, o produtor precisa de uma ferramenta capaz de ir além do manejo convencional. É nesse ponto que VANIVA®, primeira solução à base da molécula inédita TYMIRIUM®, se torna um divisor de águas incomparável. 

Resposta aos inimigos invisíveis 

Enquanto muitos produtos do passado ofereciam apenas controle parcial de nematoides, com alta toxicidade e pouca seletividade, VANIVA® foi desenvolvido para atuar simultaneamente contra todos os tipos de nematoides e contra as principais doenças de solo, em especial o Fusarium, que já dizimou lavouras de conilon e avança sobre o arábica. 

Com isso, o produto responde diretamente à “sinergia do mal”: reduz o risco de portas abertas feitas pelos nematoides e reduz a pressão do Fusarium no solo, preservando a integridade do sistema radicular e protegendo o vigor da planta a longo prazo. 

Sustentabilidade e simplicidade no centro da solução 

Outro desafio é a baixa adoção histórica dos nematicidas no café, muito associada ao perfil tóxico dos produtos antigos e à complexidade de aplicação. VANIVA® rompe com esse paradigma ao ser classificado como faixa verde (não classificado), apresentando baixa toxicidade, seletividade para inimigos naturais e preservação dos microrganismos benéficos do solo

Além disso, sua aplicação é prática e adaptável ao sistema produtivo do cafeicultor: 

  • Via drench (esguicho no pé da planta), direcionando o produto diretamente para a raiz; 
  • Via gotejamento (fertirrigação), integrando o manejo ao dia a dia da lavoura sem operações extras. 

Essa versatilidade garante que tanto áreas novas quanto cafezais em produção possam ser tratados de forma eficiente. 

Longevidade e retorno econômico 

Mais do que proteger a safra atual, VANIVA® permite que o cafezal mantenha sua capacidade produtiva ao longo dos anos.  

Sequência de fotos comparando o sistema radicular de cafeeiros ao longo das safras 2020/21, 2021/22 e 2022/23. Na coluna da esquerda, raízes da testemunha com baixo desenvolvimento; no centro, raízes tratadas com Fluopiram com leve melhora; na coluna da direita, raízes tratadas com Vaniva® apresentando volume muito maior, vigor e profundidade. À direita da imagem, comparação final lado a lado entre testemunha e Vaniva®, evidenciando a superioridade do desenvolvimento radicular promovido pelo produto.
Gráfico de barras mostrando a produtividade média em sacas por hectare de café em 21 áreas, nas safras 2020/21, 2021/22 e 2022/23. A testemunha registrou 41 sacas/ha, Fluopiram e Bacillus subtilis + Bacillus licheniformis ficaram em 43 sacas/ha (+2), enquanto Vaniva® alcançou 48 sacas/ha (+7). À direita, duas fotos comparativas: à esquerda, planta testemunha com frutos mais escassos e menor vigor; à direita, planta tratada com Vaniva® com maior quantidade de frutos uniformes e sadios.

Em síntese, VANIVA® responde aos principais desafios da cafeicultura atualmente: combate os inimigos invisíveis, protege acima e abaixo do solo, entrega simplicidade de aplicação e garante longevidade com sustentabilidade.  

VANIVA® é a ferramenta que faltava para transformar a raiz do problema em raiz da solução. 

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável. 

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