Atualizado em 14/05/2024.
No cultivo da soja, a competição com plantas daninhas pode resultar em expressivas perdas produtivas, chegando a reduções de até 90% em casos de elevada infestação.
Essas perdas estão associadas à competição por recursos como água, luz e nutrientes, além de dificultarem operações de colheita e degradarem a qualidade do grão. O manejo dessas espécies se torna ainda mais complexo em decorrência do desenvolvimento de resistência a herbicidas, o que eleva os custos de produção e exige estratégias integradas de manejo.
No episódio do Estúdio Mais Agro abaixo, especialistas discutem sobre os danos diretos e indiretos da matocompetição e os impactos econômicos decorrentes das infestações de daninhas:
Dentre as diversas espécies de plantas daninhas presentes nas lavouras de soja, a buva (Conyza spp.) e o capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) destacam-se atualmente como as principais fontes de preocupação para os sojicultores. A buva é notória por sua resistência a múltiplos herbicidas e o capim-pé-de-galinha tem mostrado uma crescente adaptação e resistência, ampliando sua presença nas áreas de cultivo de soja.
Para um manejo eficiente dessas espécies, é essencial conhecer detalhadamente suas características e potenciais de resistência. A adoção de práticas de manejo integrado, incluindo a rotação de culturas, a seleção de herbicidas com diferentes mecanismos de ação e o uso de técnicas culturais complementares, é fundamental para controlar plantas daninhas no sistema de produção de soja de maneira eficaz.
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Principais daninhas da soja: buva e capim-pé-de-galinha
A buva (Conyza spp.), em especial a Conyza bonariensis, destaca-se como uma das principais plantas daninhas nas lavouras de soja no Brasil devido ao seu elevado potencial competitivo e impacto sobre a produtividade. Essa planta daninha, capaz de reduzir a produtividade da soja em até 80% em casos de infestações elevadas, se adapta facilmente a diferentes ambientes agrícolas, desde lavouras até áreas marginais.
A buva apresenta um ciclo de vida predominantemente anual, germinando no outono e inverno e completando seu ciclo no verão. Essa dinâmica permite que a buva infeste culturas de inverno e verão, incluindo trigo, soja e milho, com uma maior incidência de germinação observada durante a entressafra.
A emergência das sementes é favorecida por temperaturas próximas a 20 °C e a presença de luz, indicando que as sementes são fotoblásticas positivas e germinam quando expostas na superfície do solo.
Uma característica marcante da buva é a sua prodigiosa capacidade de reprodução, com uma única planta podendo produzir de 200 mil a mais de 800 mil sementes. Essas sementes são leves e dotadas de papus, facilitando sua dispersão pelo vento por longas distâncias e contribuindo para sua presença em cultivos variados.
Os danos causados pela buva nas lavouras de soja vão além da competição direta por luz, água e nutrientes. A planta pode servir como hospedeira para insetos nocivos, como percevejos e lagartas, exacerbando os prejuízos em produtividade.
A buva se tornou um desafio significativo para os produtores, especialmente em sistemas de sucessão milho-soja, em que sua presença pode causar prejuízos consideráveis. Ademais, a buva é notória pela sua resistência a herbicidas, dificultando seu controle e exigindo uma abordagem integrada de manejo.
O capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), por sua vez, tem emergido como uma planta daninha preocupante nas lavouras de soja por conta de seu ciclo de vida adaptativo, resistência tanto a condições de seca quanto de alta umidade e capacidade de desenvolvimento em diversos tipos de solo.
Pertencente à família Poaceae, essa espécie pode apresentar comportamento anual ou perene, com um sistema radicular robusto e altura que varia entre 30 e 50 centímetros. Sua capacidade de formar touceiras densas agrava a competição com as culturas por recursos fundamentais como nutrientes, luz e água, além de disputar espaço vital para o desenvolvimento saudável das plantas cultivadas.
O capim-pé-de-galinha reproduz-se exclusivamente por sementes, com potencial produtivo excedendo 120 mil sementes por planta, facilitando sua dispersão e seu estabelecimento em diversas áreas agrícolas.
Inicialmente, seu crescimento é mais lento, demandando cerca de 12 dias para emergir, porém, sob condições climáticas ideais, o crescimento acelera, resultando em uma taxa de emergência superior a 80%. Após 38 dias da emergência, a planta inicia um crescimento exponencial, atingindo o pico de acúmulo de biomassa e perfilhos em torno dos 53 dias, evidenciando seu vigor e sua agressividade como planta invasora.
Os danos causados pelo capim-pé-de-galinha nas lavouras se manifestam de forma direta e indireta. Diretamente, a planta compete agressivamente por água, nutrientes, luz e espaço, reduzindo significativamente a produtividade da soja. Em áreas infestadas por essa planta daninha, as perdas na produção podem chegar a mais de 80%, dependendo da densidade populacional e das condições ambientais. Estima-se que uma touceira por metro quadrado pode causar perdas de 20 a 22% na cultura da soja.
A planta é também capaz de produzir compostos alelopáticos que afetam negativamente a germinação e o desenvolvimento de culturas adjacentes, como o milho.
Indiretamente, serve como hospedeira para diversos patógenos, incluindo vírus, fungos e pragas, que podem comprometer a sanidade das culturas de interesse. A dificuldade na colheita e os danos causados ao maquinário durante a operação são consequências adicionais da infestação por essa planta daninha.
Dada a sua resistência a certos herbicidas e a capacidade de produzir uma vasta quantidade de sementes, o manejo efetivo do capim-pé-de-galinha exige uma abordagem integrada, incluindo rotação de culturas, utilização de herbicidas com diferentes mecanismos de ação e práticas culturais que limitam sua capacidade de estabelecimento e propagação.
Como controlar o capim-pé-de-galinha e a buva na soja?
O manejo eficaz do capim-pé-de-galinha e da buva em cultivos de soja exige a implementação de um manejo integrado de plantas daninhas (MIPD), abrangendo métodos preventivos, culturais e químicos, com o objetivo de minimizar a competição por recursos e evitar a seleção de biótipos resistentes aos herbicidas disponíveis.
- Controle preventivo: monitoramento regular para detecção precoce, manejo antecipado na entressafra e limpeza de equipamentos agrícolas para evitar a disseminação de sementes;
- Manejo cultural: rotação com culturas que dificultam o estabelecimento das plantas daninhas;
- Cobertura vegetal do solo: a presença de densas camadas de palhada, resultantes de culturas ou coberturas de inverno, pode suprimir a emergência das daninhas pela limitação do estímulo luminoso necessário para a germinação de suas sementes;
- Controle químico: utilização de herbicidas pré-emergentes e pós-emergentes seletivos, assegurando a sanidade do campo ao longo do ciclo de desenvolvimento da soja.
Além disso, práticas como a descompactação do solo e o rápido fechamento das entrelinhas são métodos complementares eficazes no controle de plantas daninhas.
No que diz respeito à resistência a herbicidas, para combatê-las, é crucial utilizar doses recomendadas de herbicidas, combinar princípios ativos e rotacionar mecanismos de ação.
A aplicação de herbicidas pré-emergentes no momento da semeadura pode prover controle residual eficaz por até 20 dias, ajudando a manter as culturas livres de infestações iniciais, auxiliando também o controle em pós-emergência, permitindo tratamentos mais efetivos contra plantas jovens e menos estabelecidas.
Para uma soja sem mato, controle o mal pela raiz
EDDUS®, da Syngenta, é um herbicida pré-emergente que oferece um controle eficaz de plantas daninhas na soja, combinando dois ingredientes ativos com modos de ação distintos:
- s-metolacloro, pertencente às cloroacetanilidas, inibe a divisão celular;
- fomesafen, éter difenílico, atua como inibidor da protox.
Essa formulação permite um amplo espectro de ação contra gramíneas e plantas de folhas largas, garantindo seletividade e segurança para a cultura da soja sem causar fitotoxicidade.
EDDUS® é particularmente eficiente contra daninhas resistentes ao glifosato, como a buva e o capim-pé-de-galinha, e contribui para o manejo antirresistência devido aos seus diferentes mecanismos de ação:
Além do seu efeito pré-emergente, EDDUS® oferece benefícios adicionais, como a aceleração da dessecação e um efeito pós-emergente inicial das plantas daninhas, reduzindo a população já emergida.
Recomenda-se sua aplicação logo após a semeadura, na pré-emergência da soja e das daninhas, com uma única aplicação sendo suficiente para um controle eficaz e um ambiente propício ao desenvolvimento da soja.
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