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ATUALIZADO EM 13 DE DEZEMBRO DE 2023

Em setembro, houve a abertura da janela de plantio da safra de soja 2023/24 nas principais regiões produtoras, mas o início das atividades foi cauteloso, com atenção ao clima. O ciclo começou com expectativas de produção superiores a 2022/23, safra que havia batido o recorde de resultados.

Neste artigo do Mais Agro, atualizado em dezembro de 2023, estão reunidas as principais informações sobre o andamento do plantio da safra de soja 2023/24 nas diferentes regiões produtoras, as projeções para o clima e as expectativas de área, produção e produtividade.

Como está o plantio de soja nas diferentes regiões?

O plantio da safra de soja 2023/24 teve seu início oficial marcado pelo evento Abertura Nacional do Plantio da Soja, ocorrido no dia 29 de setembro em Jaciara, Mato Grosso. No entanto, em algumas regiões, as atividades de semeadura começaram ainda na primeira quinzena de setembro.

Do total da área programada para o cultivo de soja na safra atual,19% foi semeado na primeira quinzena de outubro. Nesse período, 52,2% dessa área se encontrava em fase de emergência e 47,4% em desenvolvimento vegetativo, segundo os dados do Acompanhamento das Lavouras divulgado pela Conab no dia 16 de outubro de 2023.

Em 12 de novembro, a Companhia Nacional de Abastecimento indicava 57,6% da área semeada, com 23,3% em fase de emergência e 73,9% em desenvolvimento vegetativo. Um mês depois, o levantamento apontava 89,9% do plantio de soja concluído, ainda em atraso em relação à safra anterior, mas caminhando para o final dessa primeira etapa da safra, com 10% das lavouras em emergência, 58,7% em desenvolvimento vegetativo, 15,9% em floração e 15,4% em enchimento de grãos.

Fenologia das lavouras e andamento do plantio da safra de soja 2023/24. Fonte: Conab, 12 de dezembro de 2023.
Fenologia das lavouras e andamento do plantio da safra de soja 2023/24. Fonte: Conab, 12 de dezembro de 2023.

No Paraná, a janela de plantio iniciou mais cedo, de maneira que não houve atrasos nas operações, considerando ainda que o tempo estável favoreceu a implantação e o desenvolvimento da cultura entre setembro e dezembro.

O Mato Grosso sofreu com chuvas irregulares, que impediram que as operações seguissem em ritmo acelerado. Além disso, muitas áreas tiveram de ser replantadas. Salvo exceções, as lavouras de soja vem apresentando bom desenvolvimento, principalmente por conta do retorno das chuvas nas áreas que sofreram com déficit hídrico nos primeiros dois meses. Houve localidades, no entanto, em que a chuva tardia não foi suficiente para a recuperação da soja.

Com cenário similar, o Estado do Mato Grosso do Sul conseguiu evoluir na semeadura e na germinação dos talhões que foram semeados em solo seco e sofreram estresse hídrico na primeira quinzena de novembro. Posteriormente, houve melhoria na quantidade de chuvas e na umidade do solo, permitindo a continuidade das operações, especialmente no Norte do Estado, onde houve a necessidade de replantio.

Em Minas Gerais e na Bahia, o plantio segue bastante atrasado, com maior avanço em áreas irrigadas e com recuperação do ritmo operacional, diante do retorno das chuvas. A região noroeste de Minas vivencia o replantio de diversas áreas, em outras, a perda do potencial produtivo é irreparável. 

As atividades nas demais regiões foram intensificadas conforme melhorou o índice de precipitação, mas o calor intenso e o baixo volume pluviométrico resultaram em replantio em Goiás, Tocantins e Piauí. Por outro lado, São Paulo já concluiu o plantio, enquanto Santa Catarina e Rio Grande do Sul avançam a semeadura de forma consistente, embora tenham sofrido com abundância de umidade, gerando necessidade de replantio em algumas lavouras gaúchas que apresentaram falhas no estande.

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Projeções do clima

As previsões do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) traçam cenários climáticos distintos para as diferentes regiões do Brasil sob a influência do El Niño.

Em outubro, os Estados da região Centro-Norte receberam precipitação abaixo da média, mantendo a umidade do solo baixa e afetando a semeadura e o início do desenvolvimento da lavoura. Esse cenário se estendeu até dezembro, impactando definitivamente algumas localidades, enquanto as chuvas irregulares foram suficientes para salvar boa parte das lavouras.

Já na região Sul, o fenômeno El Niño entrega chuvas acima da média, gerando excedente hídrico em algumas áreas e impactos no plantio, além de propiciar um cenário favorável para ocorrência de doenças. Ainda assim, as chuvas deram uma trégua e a alta umidade beneficiou o desenvolvimento da soja em dezembro.

Nas áreas dos Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo e sul de Minas Gerais, a umidade no solo deve ser suficiente para atender às necessidades hídricas das fases iniciais de desenvolvimento.

O Informativo Meteorológico n°49/2023 do Inmet, com previsões entre 11 e 27 de dezembro, informa: 

  • chuvas intensas retornam ao Sul, com acumulados acima de 40 mm. 
  • no Norte, chuvas fortes acima de 50 mm em algumas áreas, acompanhadas de raios e ventos, devido a um Vórtice Ciclônico. 
  • no Nordeste, tempo seco, com possibilidade de chuvas isoladas em algumas regiões. 
  • chuvas intensas previstas para o Centro-Oeste e o Sudeste, superando 50 mm em alguns locais, acompanhadas de raios e ventos.

As temperaturas, por sua vez, devem continuar bem elevadas. Registram-se temperaturas acima de 34 °C em grande parte do país, podendo ultrapassar 36 °C no Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, devido à onda de calor já anunciada para este início de verão. Somente as regiões com maior quantidade de chuvas devem atingir um clima mais ameno, com mínimas que podem ser inferiores a 20 °C e superiores a 26 °C.

Com toda essa apreensão climática, as previsões para a safra de soja 2023/24, que estavam muito animadoras entre outubro e novembro, sofreram correções para baixo e reverberam em impactos na dinâmica das commodities.

Expectativas para a safra de soja 2023/24

Vagem de soja madura semi aberta, com grãos formados

Os preços da soja seguem sob pressão no mercado de grãos, o que prejudica a rentabilidade do produtor. O otimismo frente ao cultivo de soja no Brasil não se mantém com a chegada de dezembro. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou uma redução de 2 milhões de toneladas nas previsões da produção brasileira, tendo em vista que já há perdas confirmadas devido ao clima, e o cenário pode resultar em novas reduções.

De acordo com as projeções da Conab, 45,3 milhões de hectares deverão ser destinados à soja nesta temporada, um aumento de 2,8% em relação à safra passada. A região do Matopiba deve registrar um aumento de 6,5% na área plantada com a cultura, seguida por Goiás, com acréscimo de 2,7%, Rio Grande do Sul, com 1,8%, Mato Grosso e Paraná, com 1% e 0,8%, respectivamente.

Em termos de produtividade, a média nacional na safra anterior ficou em 3.508 kg/ha, sendo, para este ano, projetado um acréscimo de 0,8%, resultando em 3.535 kg/ha, número que reduziu de novembro para dezembro. Tudo indicava uma tendência de recuperação após os problemas climáticos enfrentados no Rio Grande do Sul em 2022/23, mas os desafios do clima estão ainda mais generalizados neste início de safra.

As expectativas para o volume total de produção também foram reduzidas, passando de 162,43 milhões de toneladas para 160.177,2. A projeção ainda é 3,6% a mais que a última safra – quando atingimos o resultado recorde de 154,61 milhões de toneladas –, mas ainda não é hora de comemorar. As ondas de calor e a inconstância das chuvas são um agravante, devendo o sojicultor manter-se muito bem informado e preparado para antecipar as soluções frente às adversidades ambientais.

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