Os inseticidas desempenham um papel essencial no manejo de pragas agrícolas, visando a proteção das lavouras e a manutenção da produtividade. No Brasil, local em que a agricultura é um dos pilares da economia, o uso dessas tecnologias no controle de pragas é imprescindível para atender à demanda crescente por alimentos.
Entre as soluções disponíveis, os inseticidas sistêmicos se destacam por sua eficácia, especialmente em culturas de alta relevância econômica como soja, milho, algodão e café.
Introduzidos no mercado como uma evolução dos inseticidas de contato, os produtos sistêmicos oferecem proteção prolongada e um controle efetivo.
O uso dos inseticidas sistêmicos exige conhecimento técnico e responsabilidade. Fatores como escolha correta do produto, dosagem adequada e respeito às condições climáticas são determinantes para alcançar eficiência e evitar perdas significativas da produção. Dessa forma, é essencial conhecer suas principais características e vantagens.
Quais são os tipos de inseticidas?
Os inseticidas disponíveis no mercado podem ser classificados em diferentes categorias de acordo com sua forma de atuação. Os inseticidas de contato são os mais tradicionais e exigem que o alvo seja diretamente atingido pela pulverização. Eles têm efeito rápido, mas sua eficácia é limitada a áreas expostas das pragas, o que pode exigir reaplicações frequentes.
Já os inseticidas translaminares têm a capacidade de penetrar parcialmente no tecido vegetal, atingindo as camadas inferiores das folhas. Essa característica permite que o produto atinja áreas em que a pulverização pode não ser tão efetiva, como a face inferior das folhas.
Os inseticidas sistêmicos, por sua vez, ao serem aplicados, são absorvidos e translocados pela planta. Esse mecanismo os torna altamente eficazes contra pragas sugadoras, como pulgões, mosca-branca e percevejos. Sua ação prolongada e ampla cobertura dentro da planta oferece uma alternativa sustentável e prática para os agricultores.
Movimentação dos inseticidas sistêmicos na planta
Após a aplicação, o produto é absorvido pelas raízes ou folhas e transportado, ou translocado, por meio do sistema vascular, principalmente pelo xilema, responsável por conduzir água e nutrientes das raízes para as demais partes da planta.
Essa translocação permite que o inseticida alcance áreas distantes do local de aplicação, protegendo tecidos novos que crescem após a pulverização. Em culturas como o milho, por exemplo, esse mecanismo é crucial para proteger espigas e folhas jovens de ataques de pragas que podem comprometer a produção.
É importante destacar que a eficiência do inseticida sistêmico depende de fatores como a solubilidade do produto e a sanidade da planta. Produtos altamente solúveis têm maior facilidade de serem absorvidos e translocados, pois sua movimentação ocorre com a movimentação da água gerada pela transpiração. Em situações de plantas estressadas por falta de água, os inseticidas podem apresentar menor capacidade de movimentação do princípio ativo em seus tecidos.
Recentemente, a tecnologia de translocação de inseticida por meio do floema, em sentido basipetal, tem ganhado destaque nas práticas agrícolas, ampliando as possibilidades de manejo eficiente de pragas em diversas culturas.
Essa estratégia permite que o produto seja distribuído de forma bidirecional dentro da planta, alcançando tanto as partes em crescimento quanto os tecidos mais antigos. Uma inovação que tem se mostrado especialmente eficaz no manejo de pragas sugadoras, ampliando o espectro de controle com uma proteção prolongada.
Vantagens dos inseticidas sistêmicos
Os inseticidas sistêmicos oferecem uma série de vantagens que os tornam ferramentas indispensáveis no controle de pragas agrícolas, especialmente em cenários que demandam eficiência e sustentabilidade.
Uma de suas principais vantagens é a cobertura abrangente que proporcionam. Após serem absorvidos pela planta, os inseticidas sistêmicos são transportados pelo sistema vascular, alcançando tanto os tecidos expostos quanto as partes internas, como caules, folhas jovens e raízes. Essa movimentação permite o controle de pragas em áreas de difícil acesso, em que métodos tradicionais, como inseticidas de contato, não seriam tão eficazes.
Outra característica importante é o efeito prolongado desses produtos. Por permanecerem ativos dentro da planta por períodos mais longos, os inseticidas sistêmicos oferecem uma proteção contínua. Essa durabilidade pode ser uma grande aliada na redução de custos para o produtor durante o manejo de pragas.
Os inseticidas sistêmicos também se destacam pela sua eficiência contra pragas sugadoras, como pulgões, cigarrinhas, mosca-branca e percevejos. Essas pragas, que se alimentam da seiva da planta, ingerem diretamente o produto ao se alimentarem, o que proporciona uma ação rápida e precisa, eliminando o inseto antes que ele cause danos significativos à cultura.
Com esses benefícios, os inseticidas sistêmicos se consolidam como uma escolha estratégica para proteger culturas agrícolas de forma eficaz e prática, com diferentes grupos químicos a disposição no mercado.
Principais grupos químicos de inseticidas sistêmicos
Os inseticidas sistêmicos disponíveis no mercado abrangem diferentes grupos químicos, cada um com características específicas que atendem às necessidades do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Entre os mais utilizados na agricultura brasileira estão os neonicotinoides, os organofosforados e as diamidas, que desempenham papéis cruciais no controle de pragas em diversas culturas.
- Neonicotinoides
Os compostos desse grupo, como imidacloprido, tiametoxam e clotianidina, são amplamente reconhecidos pela sua eficiência no controle de pragas. Esses produtos agem sobre o sistema nervoso das pragas, ligando-se aos receptores nicotínicos de acetilcolina, o que provoca paralisia e morte. Sua sistemicidade permite que sejam facilmente absorvidos pelas plantas e distribuídos pelo xilema, possibilitando proteção prolongada e eficiente. Além disso, sua flexibilidade de aplicação, que inclui tratamentos de sementes e pulverizações foliares, os torna uma escolha versátil no manejo integrado de pragas. - Organofosforados
Ingredientes ativos como o acefato são uma classe tradicional de inseticidas sistêmicos que atuam inibindo a enzima acetilcolinesterase, essencial para a transmissão de impulsos nervosos nas pragas. Essa inibição resulta na interrupção das funções vitais, causando a morte do inseto. Os organofosforados são altamente eficazes no controle de pragas, sendo utilizados em pulverizações e aplicações específicas para momentos críticos do ciclo da cultura. Sua ampla aplicabilidade em diferentes culturas, como soja, algodão e frutíferas, reforça sua importância no manejo de pragas. - Diamidas
As diamidas, representadas por moléculas como ciantraniliprole e clorantraniliprole, são inovações recentes no mercado de inseticidas sistêmicos. Elas agem ativando os receptores de rianodina, o que leva à paralisação muscular das pragas e, consequentemente, à sua eliminação. Esse grupo químico é particularmente eficaz contra pragas mastigadoras, como lagartas e brocas, e oferece um controle prolongado, sendo uma opção cada vez mais integrada às práticas de manejo sustentável.
Esses três grupos químicos representam pilares fundamentais no manejo moderno de pragas, oferecendo soluções eficazes e alinhadas às necessidades de proteção e sustentabilidade na agricultura.
Inseticidas sistêmicos no MIP
Os inseticidas sistêmicos desempenham um papel estratégico no MIP, uma abordagem sustentável que combina diferentes técnicas para o controle de populações de insetos, minimizando impactos econômicos, ambientais e à saúde humana. Esses produtos oferecem características únicas que os tornam aliados essenciais dentro dessa estratégia.
Uma das principais vantagens dos inseticidas sistêmicos no MIP é sua compatibilidade com outros métodos de controle, como o biológico. Quando aplicados de maneira correta e em dosagens adequadas, eles podem ser seletivos, impactando minimamente inimigos naturais, como predadores e parasitóides, fundamentais para o equilíbrio das populações de pragas. Essa seletividade potencializa os benefícios do MIP, ajudando a manter a diversidade ecológica no campo.
Os inseticidas sistêmicos não são apenas ferramentas de controle de pragas, mas também instrumentos que favorecem a sustentabilidade agrícola e a integração de técnicas diversas no MIP. Seu uso criterioso, aliado às práticas agronômicas adequadas, contribui para a proteção das culturas e para a manutenção de um sistema produtivo equilibrado e eficiente.
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