O Brasil é um dos líderes globais na produção agrícola, destacando-se pela eficiência no cultivo de grãos, frutas, e outras culturas de importância econômica. Essa produtividade, no entanto, é constantemente ameaçada por pragas agrícolas, que podem causar sérios prejuízos às plantações. Para mitigar esses riscos, os inseticidas surgem como aliados indispensáveis no manejo fitossanitário.

Entre os diversos tipos utilizados no país, os inseticidas de contato têm ganhado destaque por sua eficácia no controle de populações de insetos. Essas substâncias são amplamente adotadas em diversas culturas de grande expressão, ajudando a manter a produtividade em níveis elevados. O emprego desses inseticidas no Brasil está alinhado com os desafios do setor agrícola, que busca equilibrar alta produtividade com a adoção de práticas ambientalmente responsáveis. 

Nesse contexto, os inseticidas de contato, quando bem aplicados, desempenham um papel importante para alcançar a sanidade das plantas e a rentabilidade das colheitas. Dessa forma, é extremamente relevante conhecer as principais características dos produtos desse grupo.

Classificação dos inseticidas de contato: modo de ação e mobilidade na planta

Os inseticidas de contato podem ser assim classificados com base em dois critérios principais: o modo de ação e a capacidade de mobilidade na planta. Cada um desses aspectos influencia diretamente como o produto age sobre as pragas e como deve ser aplicado para obter máxima eficiência. 

Por isso, é essencial compreender cada classificação separadamente.

O modo de ação de contato e seu funcionamento

O modo de ação por contato é um dos mais utilizados no controle de pragas agrícolas. Nesse caso, o inseticida age diretamente sobre o organismo-alvo ao entrar em contato com ele

O contato pode ocorrer de duas formas principais: 

  • contato dorsal, que acontece quando o produto atinge diretamente o corpo do inseto;
  • contato tarsal, mais comum, em que o inseticida se deposita na planta e o inseto entra em contato ao caminhar sobre a superfície tratada.

A penetração do produto na praga ocorre por meio da cutícula ou carapaça do inseto, estruturas que funcionam como uma barreira protetora, mas que são permeáveis a substâncias químicas.

Ao atingir a camada externa do corpo do inseto, principalmente no exoesqueleto, o inseticida interfere em processos vitais, como a respiração, o sistema nervoso ou a função muscular, levando à morte da praga em curto intervalo de tempo. Por ser uma via de assimilação direta, o modo de ação por contato é altamente eficaz no controle imediato de surtos de pragas.

Esse tipo de inseticida é particularmente eficiente contra pragas de corpo mole ou com partes do corpo expostas, como pulgões, percevejos e lagartas em fases iniciais.

Embora muito importante e diversos produtos façam uso desse modo de ação, é bastante comum que diversos inseticidas combinem esse mecanismo com outros modos de ação.

Combinação de modos de ação para maior eficácia

Embora eficazes, os inseticidas de contato são geralmente combinados com outros modos de ação, como os produtos de ingestão. Essa estratégia potencializa os resultados, pois atinge as pragas em diferentes estágios e comportamentos.

Os inseticidas por ingestão, por exemplo, atuam quando as pragas consomem partes da planta tratada. Essa combinação permite um controle mais abrangente, reduzindo a possibilidade de falhas e evitando a evolução de populações resistentes. Em programas de manejo integrado de pragas, essa abordagem diversificada é fundamental para permitir a eficiência a longo prazo.

A capacidade de movimentação na planta: inseticidas de contato

Outro aspecto importante na escolha dos inseticidas é a capacidade de movimentação na planta. Os inseticidas de contato permanecem na superfície das folhas, dos caules ou dos frutos, onde criam uma barreira química contra as pragas. Ao contrário dos inseticidas sistêmicos, que são absorvidos e transportados pelos vasos da planta, os produtos de contato não possuem essa capacidade de translocação.

Essa característica implica que a aplicação deve ser precisa e uniforme, possibilitando que toda a superfície da planta esteja protegida. O uso correto de equipamentos e técnicas de pulverização é essencial para maximizar a eficácia dos inseticidas de contato.

A importância das tecnologias de aplicação para o sucesso dos inseticidas de contato

As tecnologias de aplicação desempenham um papel crucial na eficácia dos inseticidas de contato. Esses produtos dependem de uma cobertura uniforme da superfície das plantas para atingir as pragas-alvo, o que torna a escolha correta dos equipamentos e técnicas de pulverização um fator determinante para o sucesso no controle de pragas.

Uma das principais funções das tecnologias de aplicação é permitir que o produto seja depositado na quantidade ideal e nos locais corretos. Equipamentos de pulverização bem calibrados permitem que o inseticida alcance todas as partes vulneráveis das plantas. Pulverizadores de alta precisão, como os que utilizam bicos específicos para cobertura uniforme, podem ser decisivos nesse processo.

Outro aspecto relevante é a redução de perdas por deriva e evaporação. Tecnologias modernas, como o uso de pulverizadores com controle de vazão, ajudam a aplicar o produto em condições ideais, minimizando o desperdício e potencializando o contato direto do inseticida com as pragas.

Além disso, o tamanho das gotas emitidas pelos pulverizadores é outro ponto de atenção. Gotas muito grandes podem escorrer das superfícies tratadas, enquanto gotas muito finas são mais suscetíveis à deriva. Equipamentos com ajustes para o tamanho ideal das gotas são fundamentais para equilibrar esses fatores e otimizar a eficiência do produto.

A capacitação dos operadores também é essencial. Mesmo com equipamentos modernos, a eficiência dos inseticidas de contato depende de profissionais qualificados para realizar as regulagens corretas e conduzir a aplicação de forma técnica. A manutenção regular dos equipamentos de pulverização também é indispensável para evitar falhas durante o processo.

Com o uso de tecnologias de aplicação adequadas, os agricultores alcançam maior eficácia dos inseticidas de contato, que devem ser utilizados como uma das diversas ferramentas de um manejo mais amplo.

Inseticidas de contato no MIP

Os inseticidas de contato, sejam eles relacionados ao modo de ação ou à mobilidade na planta, não devem ser vistos como uma solução isolada para o controle de pragas, mas como parte de um MIP. Nessa estratégia, o MIP combina diferentes práticas e tecnologias para controlar populações de insetos de forma sustentável e econômica, reduzindo efetivamente os danos causados pelas pragas.

Entre as práticas integradas no MIP estão:

  • monitoramento contínuo: inspeções regulares ajudam a identificar pragas no início de sua infestação, permitindo intervenções mais eficazes
  • controle biológico: utilização de predadores naturais, como joaninhas e parasitoides, para reduzir as populações das pragas.
  • rotação de produtos químicos: a alternância entre modos de ação previne a resistência das pragas.
  • rotação de culturas: o cultivo de diferentes espécies vegetais contribui para quebrar o ciclo de vida dos insetos na área.

Os inseticidas de contato, nesse contexto, podem ser utilizados em situações específicas, como surtos de pragas que escapam a outras medidas. Sua inclusão em um programa de manejo integrado permite que seu uso seja eficiente e sustentável.