Com a safra de soja 2023/24 em pleno desenvolvimento, as semeadoras entrando em campo para dar início a mais uma safra de algodão e diversos cultivos de hortifrúti, existe uma preocupação comum a todos os produtores: o aumento da ocorrência da mosca-branca, impulsionado pelas condições climáticas favoráveis para a praga em decorrência do El Niño.

Além dos danos diretos ao desenvolvimento das plantas causados pela sucção da seiva, a mosca-branca também causa danos indiretos por ser vetor de diversos vírus. Ademais, a praga excreta o chamado honeydew, uma substância açucarada que favorece a ocorrência de fungos, especialmente fumagina, que colonizam as folhas e prejudicam a fotossíntese.

As perdas decorrentes das infestações por mosca-branca podem ser bastante significativas. Na soja, por exemplo, o rendimento pode ser prejudicado em até 15 sacas por hectare. No algodão e em cultivos de hortifrúti, como batata e tomate, além das perdas em produtividade, há redução significativa na qualidade do produto, prejudicando o produtor no momento da comercialização.

Assim, o controle da mosca-branca não pode ser negligenciado. Conhecer profundamente a praga, suas características e comportamentos, é essencial para tomar decisões corretas de manejo, especialmente diante do cenário de maior pressão enfrentado atualmente.

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Tudo sobre a mosca-branca

A mosca-branca é uma praga agrícola de grande importância, especialmente conhecida por afetar uma grande variedade de cultivos em todo o mundo.

Apesar de seu nome comum, a mosca-branca não é um díptero como as moscas verdadeiras, mas sim um hemíptero da família Aleyrodidae, que inclui diversas espécies de moscas-brancas, sendo a espécie Bemisia tabaci a mais reconhecida e estudada devido ao seu impacto significativo na agricultura.

Origem, disseminação e morfologia

Com o Oriente como provável centro de origem da Bemisia tabaci, atualmente, ela é encontrada em todos os continentes, com exceção da Antártida. No Brasil, a mosca-branca passou a ser relatada como problema na década de 70, como praga da cultura do algodão.

No entanto, foi a partir do início dos anos 90 que a praga se disseminou nas regiões Sudeste (SP e MG), Centro-Oeste (Goiás e Distrito Federal) e Nordeste (Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Paraíba) e passou a causar sérios prejuízos a inúmeras culturas, ganhando condição de praga principal.

No que diz respeito à morfologia da espécie, os ovos apresentam coloração amarelada e formato de pera, medindo cerca de 0,2 a 0,3 mm e fixando-se na face inferior das folhas. As ninfas são translúcidas, de cor amarelo-claro, e se fixam na planta para sugar a seiva, evoluindo para um amarelecimento no quarto ínstar, que antecede a fase adulta.

Na fase adulta, a mosca-branca é pequena, com 1 a 2 mm de comprimento, tendo asas membranosas brancas e um abdômen amarelado. As asas se posicionam de maneira paralela e levemente separadas quando a praga está em repouso.

Ciclo de vida e reprodução

A Bemisia tabaci possui um ciclo de vida com metamorfose incompleta, passando pelas fases de ovo, ninfa e adulto. Os ovos são depositados na face inferior das folhas e têm uma coloração amarelada.

A fase de ninfa passa por quatro estádios, sendo o último referido como pseudo-pupa. As ninfas são imóveis e se fixam nas plantas para se alimentar, estando localizadas geralmente no terço-médio e inferior das plantas. Os adultos são ágeis, capazes de voar rapidamente e dispersar-se por longas distâncias, facilitando a propagação da praga.

A reprodução pode ocorrer tanto sexuadamente quanto por partenogênese arrenótoca, com as fêmeas capazes de depositar entre 100 e 300 ovos, dependendo de fatores como biótipo, planta hospedeira e condições climáticas. O ciclo de vida completo, do ovo ao adulto, dura cerca de 20 dias, mas isso pode variar com as condições ambientais.

Ciclo de vida da mosca-branca
Ciclo de vida da mosca-branca.

Hábitos e polifagia 

A mosca-branca é notável por sua natureza polífaga, alimentando-se de seiva de mais de 600 espécies de plantas, incluindo muitas de importânci agrícola como soja, feijão, algodão, tomate, entre outras.

Essa praga prefere se alimentar na parte inferior das folhas das plantas, causando danos significativos, como amarelecimento e queda prematura.

Biótipos e resistência

A mosca-branca é conhecida por sua diversidade genética e é considerada um complexo de diferentes biótipos. Entre os mais de 44 biótipos identificados, os biótipos B e Q são os mais preocupantes em termos de impacto agrícola.

O biótipo B, com primeiros relatos no Brasil datando de 1989 e 1990, é notável pela sua alta fecundidade e capacidade de dispersão a longas distâncias, tornando-o prevalente em muitas lavouras brasileiras.

Por outro lado, o biótipo Q, mais recentemente relatado no país, em 2013/2014, destaca-se pela sua alta capacidade de infestação e capacidade de desenvolver resistência a inseticidas, o que representa um desafio significativo para o controle dessa praga.

Além desses, o biótipo A também é conhecido no Brasil, mas os biótipos B e Q são os que mais preocupam, principalmente o Q, devido à sua capacidade de sobreviver em uma ampla faixa de temperaturas, tanto elevadas quanto baixas, conferindo uma grande adaptabilidade em diferentes regiões produtoras.

Vale ressaltar que, embora cada biótipo tenha comportamentos característicos, a diferenciação entre eles só é possível por meio de métodos moleculares, pois são visualmente idênticos.

Qual a influência do El Niño no aumento da pressão de mosca-branca?

A temperatura tem um impacto direto no ciclo de vida da mosca-branca. Em condições mais frias, cerca de 16°C, a mosca-branca pode levar 70 dias para completar seu ciclo de vida, do estágio de ovo até se tornar adulta.

Contudo, em temperaturas mais elevadas, esse ciclo é significativamente reduzido, permitindo que a praga complete duas gerações no mesmo período, aumentando assim sua população na lavoura.

Além disso, períodos secos favorecem a mosca-branca, pois a ausência de umidade reduz a ocorrência de fungos entomopatogênicos, que são agentes naturais de controle da praga. Assim, em condições de baixa umidade relativa, há menos fatores ambientais para limitar o crescimento populacional da mosca-branca.

No Brasil, especialmente na região central, o El Niño tem contribuído para criar um ambiente mais quente e seco, propício para a mosca-branca. Essas condições climáticas aceleram o ciclo de vida da praga, aumentando sua pressão nas lavouras e tornando seu controle mais desafiador.

Como eliminar a mosca-branca da lavoura?

Diante do aumento da pressão da mosca-branca em diversos cultivos e da complexidade do controle da espécie, é fundamental que o Manejo Integrado de Pragas (MIP) seja adotado, implementando ações como:

  • Seleção e preparo da área de plantio: evitar áreas próximas a cultivos hospedeiros já infestados pela mosca-branca; destruir plantas hospedeiras voluntárias para reduzir fontes de infestação.
  • Monitoramento e identificação da praga: realizar inspeções regulares desde o início do cultivo e utilizar armadilhas adesivas amarelas para detecção precoce da praga; identificar o biótipo de mosca-branca presente para orientar o tratamento adequado; monitorar as lavouras durante todo o ciclo da cultura, focando especialmente no terço médio das plantas, onde a infestação é mais comum; contar os indivíduos presentes nos folíolos para avaliar a média de infestação por planta.
Monitoramento da mosca-branca
  • Diversificação das estratégias de controle: integrar métodos de controle cultural, como rotação de culturas, e controle biológico, além do controle químico, para reduzir a pressão de seleção e manejar a resistência aos inseticidas.
  • Aplicação de controle químico: utilizar inseticidas sistêmicos; rotacionar produtos de diferentes grupos químicos para evitar a seleção de populações resistentes; considerar o uso de produtos com múltiplos ingredientes ativos para um manejo mais sustentável e eficiente.

Além disso, tendo em vistas as particularidades da mosca-branca, é de extrema importância escolher um inseticida que seja capaz de alcançar e controlar as ninfas, que ficam localizadas na parte inferior e mediana das plantas, o que dificulta o contato do produto com a praga-alvo após o fechamento das entrelinhas. Por isso, é fundamental buscar novas tecnologias e soluções que sejam eficazes no controle de todas as fases da praga.

Inseticida para mosca-branca com nova forma de translocação

ELESTAL® Neo, desenvolvido pela Syngenta, chegou para inovar no controle de mosca-branca em cultivos de soja, algodão, frutas e vegetais. É composto por TINIVION™ technology, um ingrediente ativo inovador que oferece uma série de benefícios:

  • Ambimobilidade: a característica mais notável de ELESTAL® Neo é a ambimobilidade, uma propriedade única que permite ao inseticida translocar-se tanto para cima quanto para baixo dentro da planta. Isso significa que o produto atinge eficientemente todas as partes da planta, incluindo novos ramos e, especialmente, as folhas do baixeiro.
  • Eficácia contra todas as fases da mosca-branca: devido à característica inédita de ambimobilidade, ELESTAL® Neo é altamente eficaz no controle de todas as fases da mosca-branca, incluindo ninfas, além de ser eficiente também no controle de ácaros.
  • Efeito de choque e residual prolongado: o produto oferece um efeito de choque com ação imediata e residual prolongado, garantindo proteção contínua e duradoura contra a praga.
  • Segurança e seletividade: ELESTAL® Neo é seletivo aos inimigos naturais da praga, não agredindo polinizadores. Isso permite sua aplicação durante o florescimento e por via aérea, sem prejudicar esses agentes benéficos.
  • Versatilidade e compatibilidade: o inseticida pode ser utilizado em uma ampla gama de culturas e é compatível com diversos segmentos de produtos, oferecendo flexibilidade no manejo da praga.
  • Combate eficaz aos biótipos B e Q da mosca-branca: ELESTAL® Neo demonstra alta eficiência contra populações dos biótipos B e Q da mosca-branca, superando a perda de eficiência de controle observada em inseticidas neonicotinoides.

Além disso, o produto ainda conta com outro ingrediente ativo, o imidacloprid, o que contribui para o manejo antirresistência. No vídeo abaixo, é possível conferir como se dá a ação completa de ELESTAL® Neo:

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