Para avaliar o cenário do cultivo do algodão no Brasil, é preciso voltar a atenção para dois pontos principais: a colheita tem sido satisfatória, considerando a exigência de qualidade do mercado? Para alcançar tal qualidade, qual é a necessidade de aplicação de fungicidas? O que se percebe a partir do encerramento da colheita da safra 2021/22 é um avanço na produtividade e um produto cada vez mais valorizado no mercado internacional, possível somente por meio de um rigoroso calendário de aplicações fungicidas. O contexto indica, assim, evolução das doenças do algodão e consequente necessidade de disseminar as práticas do manejo consciente.

A estratégia visa integrar diferentes ações nas lavouras e que essas práticas consigam evitar a resistência dos patógenos aos ativos das soluções fungicidas. Com isso, objetiva-se alcançar uma safra com resultados superiores de qualidade e produtividade, otimizando os métodos de controle de doenças.

O aumento da pressão de doenças e a aplicação de defensivos sem as diretrizes do manejo consciente levam à resistência de patógenos às moléculas fungicidas, o que prejudica o controle ao longo do tempo, inviabiliza a eficiência de determinadas soluções, cria a necessidade de novos fungicidas no mercado e aumenta os custos de produção.

Por isso, o plantio da safra 2022/23 de algodão deve ser iniciado levando em conta os 10 princípios do manejo consciente, uma prática que considera o atual cenário da evolução das doenças e apresenta bons resultados de controle, oportunizando que o algodão brasileiro se mantenha competitivo no mercado global, com boa classificação.

A ramulária e o manejo de resistência

A ramulária é uma doença foliar extremamente nociva à cultura do algodão. Os estudos mais recentes estimam que seus danos possam reduzir a produção em até 49%. Outro problema é sua alta frequência nas lavouras, uma vez que pode ser causada por mais de uma espécie de fungo diferente, pelo complexo Ramulariopsis gossypii e Ramulariopsis pseudoglycines (este último também conhecido como Ramularia areola).

Essa diversidade de patógenos é uma descoberta recente, e pesquisadores a compreendem como um processo de intensificação da pressão da doença, observado especialmente a partir da safra de 2021, o que representa um novo desafio.

Já cientes do agravamento do problema, os cotonicultores vinham usando cultivares resistentes à doença, com plantas cujo benefício genético permitiu reduzir as aplicações de fungicidas para o controle da ramulária, a fim de manter a alta performance das soluções.

No entanto, a verificação da ocorrência de Ramulariopsis gossypii na safra 2022, possível a partir dos programas de monitoramento da Syngenta, evidenciou que as cultivares resistentes não estão protegidas contra essa nova espécie, de maneira que ela significa uma ameaça à produção de algodão no Brasil, especialmente em condições de longos períodos com chuvas regulares.

ramularia

Início dos sintomas da ramulária em folha de algodão. Fonte: Mais Agro, 2021.

Isso significa que o uso de defensivos químicos se torna ainda mais relevante para controlar a ramulária nas lavouras de algodão, o que pode ocasionar um aumento na quantidade de aplicações e nos custos de produção, além do risco de acarretar a resistência dos patógenos pelo uso consecutivo de soluções com o mesmo princípio ativo e modo de ação, reduzindo a eficiência dos fungicidas disponíveis no mercado, caso o manejo químico não seja feito de maneira consciente.

Os fungicidas utilizados no manejo da ramulária contam com triazóis, organoestânicos, estrobilurinas e carboxamidas, e há formulações que associam diferentes modos de ação. A rotação de mecanismos de ação e o reforço das aplicações com fungicidas multissítios diminuem o risco de resistência do fungo. O posicionamento assertivo é também extremamente importante nesse cenário, visto que o atraso no início das aplicações pode comprometer a eficiência de controle da doença.

Nesse contexto de evolução das doenças do algodão e preocupação com a resistência dos patógenos, são necessárias estratégias de manejo consciente, que se adequam às necessidades atuais dos cotonicultores. Os 10 princípios dessa diretriz se tornam ainda mais eficazes quando são incluídas novas moléculas fungicidas nos programas de manejo, oferecendo benefícios tangíveis ao produtor e oportunizando um controle poderoso de doenças como a ramulária.

Manejo consciente em 10 princípios

O atual sistema de produção de algodão no Brasil se baseia em extensas áreas e poucas cultivares, muitas delas suscetíveis a mais de uma doença, o que leva ao agravamento de enfermidades antes consideradas pouco expressivas, tal como verificado no caso da Ramulariopsis gossypii. Isso também possibilita surtos epidêmicos de novas doenças, como as causadas por Cercospora spp., Alternaria spp., Colletotrichum spp., Myrothecium spp. e Phomopsis spp., patógenos cuja ocorrência tem crescido anualmente, preocupando o setor produtivo.

Antecipando a solução para esse problema, a Syngenta desenvolveu há alguns anos o programa de manejo consciente, que apresenta estratégias eficientes no controle de doenças do algodão, voltando-se principalmente para aquelas causadas por patógenos resistentes, a fim de manter a qualidade dos cultivos, sem afetar a qualidade do algodão para comercialização e exportação.

O manejo consciente se estrutura em 10 princípios, que, se respeitados, permitem que o cotonicultor alcance seus objetivos, mantendo uma rentabilidade elevada e freando o avanço das doenças.

manejo consciente

1º princípio: aplicação preventiva

Sabendo que as doenças do algodão vêm ocorrendo de forma generalizada, com aumento de pressão em casos de alta umidade, a aplicação preventiva de fungicidas é essencial, pois controla os patógenos antes de causarem danos expressivos e diminui a necessidade de reaplicações, a depender da condição da lavoura e do efeito residual do produto aplicado.

Um manejo preventivo e eficiente de doenças do algodão pode evitar a necessidade de aplicação curativa, o que diminui as chances de pressão de seleção sobre o fungo.

2º rotação de modos de ação dos fungicidas

O programa de manejo de uma determinada área deve prever a aplicação de produtos com grupos químicos e modos de ação diferentes, a fim de atuar no manejo antirresistência. A escolha das soluções deve considerar o tratamento fitossanitário aplicado na área no ciclo anterior, assim como o planejamento da temporada atual.

Dessa forma, as novas populações de patógenos têm menos chances de serem resistentes aos princípios ativos dos fungicidas disponíveis no mercado para a cultura do algodão. Além disso, é importante que o cotonicultor esteja atento ao lançamento de novas soluções, para ter mais opções de rotação de moléculas.

3º Respeito às características dos produtos

Para realizar a rotação de fungicidas, é importante conhecer as especificidades de cada solução, como uma forma de entender qual a compatibilidade entre os produtos escolhidos. A combinação correta possibilita a intensificação do controle e do manejo antirresistência.

4º Eliminação de plantas hospedeiras

A permanência de algodão voluntário e de outras plantas daninhas nas lavouras favorece a permanência dos patógenos e a continuidade de seu ciclo de vida, de maneira que a pressão de doenças no ciclo seguinte tende a ser maior. Por isso, o controle de invasoras é imprescindível, assim como a destruição de soqueira, a fim de suprimir a possibilidade de evolução dos fungos.

5º Limite de aplicações de carboxamidas

Atenção às informações da bula dos produtos e às legislações locais e regionais: o limite de aplicações de carboxamidas é de até 3 pulverizações por ciclo, segundo o FRAC (Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas).

6º Uso de multissítios de qualidade

Associar multissítios de qualidade, como clorotalonil, ao programa de manejo confere maior eficiência ao controle de doenças. Isso porque os multissítios são importantes aliados no controle de doenças e no manejo de resistência, a partir de moléculas que atuam simultaneamente em diversos pontos do metabolismo do patógeno, reduzindo a probabilidade de resistência.

7º Respeito às recomendações do produto

As informações da bula devem ser seguidas à risca, como o uso de doses, a quantidade de aplicações e o intervalo de segurança entre uma e outra. São essas as medidas que potencializam a eficiência dos produtos e proporcionam sanidade às lavouras.

8º Boas práticas de manejo e assistência técnica

Um bom programa de manejo de doenças do algodão é estruturado, aplicado e monitorado por meio da orientação e da avaliação de um técnico especializado, que irá consolidar a aplicação de fungicidas em integração com outras boas práticas de manejo, a partir da análise das condições específicas de cada área cultivada.

9º Escolha de cultivares resistentes

Apesar da opção por cultivares cuja genética confere resistência às principais doenças já não ser a solução definitiva contra todos os patógenos, essa ação já permite que as plantas sejam menos suscetíveis aos ataques, além de que as variedades adaptáveis ao ambiente das diferentes regiões resultam em plantas mais vigorosas, o que é um caminho muito promissor para o controle de doenças e o alcance de um algodão de alta qualidade.

10º Tecnologia de aplicação

A tecnologia de aplicação se faz um princípio primordial para evitar gastos operacionais excessivos e desperdício de insumos, oferecendo precisão às aplicações e aos resultados.

Quais são os fungicidas para a cultura do algodão?

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O manejo consciente precisa estar aliado às melhores soluções fungicidas para o controle de doenças do algodão. Felizmente, as tecnologias aplicadas às soluções estão cada vez mais sofisticadas. Além disso, a Syngenta lançou recentemente uma nova molécula que abre as portas para uma nova dimensão de fungicidas simplesmente poderosos, ideais para evitar a seleção de patógenos resistentes, com solução também disponível para a cultura do algodão.

Pensando na rotação de ativos e no respeito aos 10 princípios do manejo consciente, é disponibilizado o seguinte portfólio de fungicidas para a cultura do algodão:

Priori® Top

Composto por ativos dos grupos químicos triazol e estrobilurina, Priori® Top apresenta eficiência no controle de ramulose e ramulária no algodão, agindo de maneira sistêmica nos fungos das espécies Colletotrichum gossypii e Ramularia areola. Entre as boas práticas de manejo destacam-se as seguintes recomendações:

  • Período de posicionamento: 20 dias após a emergência da cultura para ramulose; 40 dias, para ramulária.
  • Tipo de manejo: aplicação preventiva, também com ação curativa e anti-esporulante.
  • Distância entre as aplicações: de 14 a 21 dias, se necessária reaplicação.
  • Limite de aplicações: máximo de 4 por ciclo de cultivo.

Mertin® 400

Um fungicida de contato, Mertin® 400 compreende o grupo químico dos organoestânicos, com eficiência no controle de mancha-de-alternária (Alternaria alternata) na cultura do algodão.

  • Período de posicionamento: de 60 a 100 dias após emergência da cultura.
  • Tipo de manejo: aplicação curativa.
  • Distância entre as aplicações: 15 dias, se necessária reaplicação.

Bravonil® Top

Com princípios ativos pertencentes aos grupos químicos isoftalonitrilas e triazóis, Bravonil® Top é um fungicida de contato e sistêmico, com amplo espectro de controle, ideal para o manejo das seguintes doenças do algodão: ramulária (Ramularia areola); mancha-alvo (Corynespora cassiicola); mancha-de-alternária (Alternaria alternata) ; mancha-de-mirotécio (Myrothecium roridum).

Além de ser implacável contra o complexo de doenças, Bravonil® Top conta com o melhor multissítio do mercado, em alinhamento com o 6º princípio do manejo consciente. 

  • Período de posicionamento: a partir de 100 dias após emergência da cultura.
  • Tipo de manejo: aplicação preventiva e curativa.
  • Distância entre as aplicações: 14 dias, se necessária reaplicação.
  • Limite de aplicações: de 3 a 6 por ciclo do cultivo, dependendo da doença.

Miravis® Duo

Compondo a nova dimensão de fungicidas simplesmente poderosos, Miravis® Duo foi lançado em 2022 pela Syngenta, após muitos anos de estudos e testes que resultaram na impressionante descoberta de Adepidyn®, uma molécula inovadora que inaugura um novo grupo químico para o controle de doenças (pirazol carboxamida).

Em sinergia com outro ativo do grupo dos triazóis, o difenoconazol, Miravis® Duo não somente combina dois modos de ação, controlando um amplo espectro de doenças, como também apresenta um poder intrínseco de controle muito superior contra ramulária no algodão. O excelente residual da solução oferece maior período de ação e resultados ainda mais elevados, em combinação com Bravonil® e intercalado com Mertin®.

  • Período de posicionamento: máximo de 100 dias após emergência da cultura.
  • Tipo de manejo: aplicação preventiva e curativa.
  • Distância entre as aplicações: 14 dias, se necessária reaplicação.
  • Limite de aplicações: 3 por ciclo do cultivo.

Miravis® Duo chega em boa hora para o manejo de resistência das doenças do algodão na safra 2022/23, sendo posicionado estrategicamente para evitar a seleção dos patógenos, uma vez que faz parte de um grupo químico inédito. Em um programa integrado, com rotação de ativos e de modos de ação, esse novo fungicida para a cultura do algodão se torna uma ferramenta que potencializa os benefícios do manejo consciente em sua missão de frear a evolução das doenças.

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, com o objetivo de impulsionar o agronegócio brasileiro com qualidade e inovações tecnológicas.

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