Com a conclusão da semeadura em algumas das áreas produtoras no mês de janeiro, as expectativas para a safra de algodão são animadoras no Brasil. Segundo a USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), para a safra 2022/23 de algodão é esperada produção de 2,89 milhões de toneladas, o que representa variação de 13,5%, em comparação à safra anterior.

No entanto, em relação à produção mundial da fibra, espera-se que esta se mantenha estável em comparação à safra anterior.

Alguns dos principais produtores de algodão registraram reduções das expectativas de produção, embaladas pelas condições climáticas adversas, como Estados Unidos (-16,22%), Paquistão (-13,5%), Austrália (-8,3%) e o Continente Africano (-10%). As maiores reduções de oferta total estão estimadas para os Estados Unidos e Paquistão.

O Brasil deve manter a 4º posição entre os principais produtores de algodão no mundo.

Panorama nacional da produção de algodão

Já segundo o levantamento realizado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), os números são ainda mais animadores e indicam que a produtividade do algodão brasileiro irá aumentar em 13,7%, o que explica, em partes, as expectativas de aumento de 16,7% na produção. Para esta safra, a área deve ser expandida em apenas 2,6%.

Mercado nacional e internacional

As incertezas sobre o mercado marcaram o mês de novembro, momento em que se observou queda na demanda global da cultura, estimado inicialmente em 1,5% para 2,1%. Os principais motivos para esta alteração estão relacionados, além das condições climáticas, aos altos níveis de inflação, às turbulências em virtude das questões políticas no leste europeu, associadas a alta volatilidade das cotações.

Essas razões levam a um consumo têxtil e de vestuário mais conservador, especialmente nos maiores importadores de algodão no mundo.

No entanto, com a abertura das fronteiras da China, há expectativa para aquecimento do mercado. Além disso, a baixa dos fretes também foi registrada, alcançando valores próximos aos registrados na pré-pandemia.

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Fonte: Abrapa, 2022.

Preços

Devido aos custos e níveis atuais de preços, o mercado americano do algodão deve recuar. Produtores devem substituir as áreas de algodão por culturas como milho e soja, em regiões em que o cultivo destas é possível. Este fato pode ser uma oportunidade de negócios para os países produtores da fibra.

As receitas em exportação brasileira de algodão bateram novamente recorde de faturamento. Isto foi possível, especialmente, devido ao aumento de 21% do preço médio da tonelada de algodão exportado. Estes resultados consolidam o algodão como o 7º colocado na cadeia do agronegócio brasileiro, ficando atrás apenas de mercados como soja (1º), carnes (2º), produtos florestais (3º), açúcar e álcool (4º), milho (5º) e café (6º).

Para os preços, o indicador Cepea/Esalq registrou, desde o início do ano, queda acumulada significativa. Em fevereiro de 2022, os preços médios do algodão em pluma eram de R$698,05 a LP (libra peso), alcançando pico em maio/22 de R$796,47. Após este período foram registradas baixas subsequentes e certa estabilidade entre os meses de outubro e janeiro. Os últimos dados disponíveis registram preço de R$533,44.

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Evolução do indicador do Algodão em Pluma (CEPEA/ESALQ), anos 2019, 2020, 2021 e 2022 ao longo dos meses do ano.

Fonte: Cepea/Esalq – USP.

Status da semeadura da safra 2022/23 de algodão e desafios da próxima safra

Até o dia 14 de janeiro, a semeadura do algodão já havia sido concluída nos Estados do Mato Grosso do Sul e Piauí. Estados como Minas Gerais (95%), Goiás (79%) e Maranhão (73%) já estavam com a semeadura avançada e próxima a finalização. O Estado do Mato Grosso encontra-se com a semeadura em apenas 19% da área cultivada. 

Com mercado aquecido em virtude das baixas internacionais e da valorização interna do algodão, produtores têm planejado a próxima safra com entusiasmo e cautela, isto porque os principais problemas observados na safra anterior foram a alta incidência de pragas, principalmente o bicudo-do-algodoeiro, e ácaros, que interferiram na qualidade da fibra colhida em algumas regiões produtoras.

Desta forma, o planejamento dos produtores tem envolvido, sobretudo, investimentos em tecnologias como inseticidas e acaricidas para o controle das pragas, além de investimentos relacionados aos desafios climáticos – a falta de água e temperaturas adequadas para um bom desenvolvimento das lavouras.

Previsões climáticas para janeiro, fevereiro e março de 2023

Embora volumes de precipitação próximos ou ligeiramente acima da média para o período tenham sido observados nas principais regiões produtoras entre os meses de novembro e janeiro, em virtude do fenômeno La Niña, o estágio de atenção deve se manter.

Região Nordeste

As previsões para o próximo período indicam chuvas acima da média para basicamente toda a região, ainda em consequência do fenômeno La Niña, exceto para a região centro-sul da Bahia, onde as precipitações devem ficar próximas ou ligeiramente abaixo da média.

Para as regiões de MATOPIBA, em contrapartida, como o oeste da Bahia e o sul do Maranhão e Piauí, a elevação do armazenamento de água no solo em dezembro beneficiou o início do estabelecimento das lavouras de algodão, no entanto, para o mês de janeiro, as previsões de chuvas dentro ou abaixo da média podem impactar negativamente a cultura, especialmente as lavouras que se encontram em fases de desenvolvimento mais sensíveis ao estresse hídrico, requerendo atenção dos produtores.

Para o mês de fevereiro, há previsão de aumento das chuvas e, consequentemente, de elevação da umidade do solo, beneficiando os cultivos.

Regiões Centro-Oeste e Sudeste

Ambas as regiões são marcadas por previsões de precipitações acima e ligeiramente acima da média para o período, respectivamente.

Para a região Centro-Oeste, especialmente o Estado do Mato Grosso, dias consecutivos de chuva podem ser esperados. Para a divisa do Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal, no entanto, os totais previstos são ligeiramente abaixo da climatologia do trimestre. Além disso, os indicativos são de ocorrência de temperaturas próximas ou ligeiramente acima da climatologia nos próximos meses, o que requer atenção à cultura.

Para a região Sudeste, além da temperatura do ar ligeiramente acima da média histórica, principalmente no triângulo mineiro, noroeste de Minas Gerais e centro-oeste de São Paulo, o alerta de chuvas se concentra para o norte de Minas Gerais e o Espírito Santo, que devem receber volumes menores do que os necessários, impactando nos níveis de água no solo e, consequentemente, podendo surtir efeitos nas culturas em fases mais sensíveis de desenvolvimento.

Para visualizar mais detalhes, confira nos mapas a seguir as previsões de anomalias de precipitação e temperatura para os meses de janeiro, fevereiro e março.

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Previsão de anomalias de (a) precipitação e (b) temperatura média do ar do multi-modelo INPE/INMET/FUNCEME para o trimestre JFM/2023.

Fonte: INMET, 2023.

Neste sentido, as condições climáticas para a safra e o controle adequado de pragas e doenças terão efeito significativo no desempenho da cultura e na consolidação das estimativas de produção.

Aumento dos estoques das principais commodities e mercado externo podem impactar os preços

No setor de insumos, especialmente fertilizantes, produtores têm encontrado um mercado em ritmo de desaceleração, frente aos aumentos observados desde o início de 2020. No entanto, segundo dados divulgados pelo Ipea (Instituto de Pesquisas e Econômica Aplicada), é necessário ficar atento ao mercado internacional, uma vez que a alta da inflação, não somente no mercado interno, mas também no externo, pode influenciar negativamente no consumo e influenciar nos preços futuros dos produtos.

O aumento da oferta de produtos (principalmente grãos e cereais) e, consequentemente, dos estoques, aliada à crise energética, fatores utilizados no cálculo da inflação, foram os principais responsáveis pela redução dos preços dos fertilizantes no país e, por outro lado, influenciaram negativamente nos custos de produção, que ficaram mais caros em todas as etapas da cadeia produtiva.

O acordo que permitiu a passagem de produtos agrícolas das regiões em conflitos da Rússia e Ucrânia também contribuíram para aliviar a escassez de alimentos e para aumentar os estoques.

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