A cafeicultura brasileira, maior produção mundial de café, enfrenta, há décadas, desafios fitossanitários severos que ameaçam a produtividade e a qualidade dos grãos. Nesse cenário, o uso de produtos biológicos se torna cada vez mais indispensável como estratégia complementar no Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Os bioinsumos, como bioinseticidas, recorrem à própria inteligência da natureza – fungos, bactérias e outros agentes vivos – para conter as principais pragas do cafeeiro, alinhando eficiência de controle com sustentabilidade.
Neste artigo, vamos abordar as principais pragas do café, os desafios recentes em campo e explicar como os bioinseticidas – especialmente à base de bactérias do gênero Pseudomonas – podem reforçar o controle dessas ameaças que eventualmente limitam a produtividade, a rentabilidade e a qualidade do café. Confira!
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Principais pragas do cafeeiro
O cafeeiro pode ser atacado por vários insetos e ácaros ao longo do ciclo. Entre eles, o destaque absoluto é o bicho-mineiro (Leucoptera coffeella), praga foliar cuja larva escava galerias internas nas folhas, causando queda prematura e comprometendo a fotossíntese. Em surtos intensos, o ataque pode levar à perda das folhas, reduzindo drasticamente o vigor da planta e o potencial produtivo da lavoura.

Outra praga histórica é a broca-do-café (Hypothenemus hampei), pequeno besouro que perfura o fruto para ovipositar nos grãos. Ao se alimentarem, suas larvas destroem o interior da semente, o que deprecia o valor comercial e reduz a qualidade da bebida. Além das perdas diretas, o ataque da broca também abre portas para fungos, que comprometem ainda mais o rendimento da colheita.
Os ácaros também estão entre as pragas recorrentes, com destaque para o ácaro-vermelho (Oligonychus ilicis). Seu ataque provoca manchas cloróticas e bronzeamento nas folhas, reduzindo a área fotossintética. Em altas infestações, a queda foliar é inevitável, e a planta enfraquecida se torna mais suscetível a outras pragas e doenças.
Já as cochonilhas, presentes tanto nas raízes quanto na parte aérea, sugam continuamente a seiva das plantas. Elas prejudicam o florescimento e o enchimento dos frutos, resultando em grãos chochos, má formação e até queda prematura. Em lavouras não manejadas, seu ataque pode causar perdas de até 100% em áreas pontuais.
Impacto dos danos na cafeicultura
Além da redução direta na produtividade, os danos causados pelas pragas do café têm impacto qualitativo. O bicho-mineiro, ao provocar desfolha intensa, compromete o balanço fisiológico da planta, que passa a priorizar a recuperação da área foliar em vez do enchimento dos grãos.
A broca, por sua vez, deprecia a qualidade da bebida, um critério fundamental no mercado de cafés especiais. Já os ácaros e as cochonilhas reduzem o vigor e a longevidade dos cafezais, exigindo renovações mais frequentes da lavoura.
Esse conjunto de prejuízos — perda de produtividade, queda de qualidade e redução da longevidade do cafezal — reforça a importância de estratégias de manejo eficientes e sustentáveis. É nesse ponto que os produtos biológicos se consolidam como aliados fundamentais do produtor.
Desafios recentes no manejo fitossanitário
Nas últimas safras, as condições climáticas têm se mostrado favoráveis à intensificação de algumas pragas. Altas temperaturas e chuvas irregulares, por exemplo, ampliaram a incidência do bicho-mineiro em regiões antes menos afetadas do Sudeste brasileiro.

Regiões, como Alta Mogiana (SP) e Sul de Minas, de clima mais quente e seco, passaram a registrar surtos maiores dessa praga. Em paralelo, períodos prolongados de estiagem deixaram as plantas mais vulneráveis a cochonilhas e broca-do-café.
O produtor de café tem, portanto, encontrado pressão de praga elevada em vários fronts. Sem um manejo preciso, o bicho-mineiro pode causar perdas superiores a 70% na safra. Esses desafios recentes tornam imprescindível a adoção de estratégias integradas que envolvam produtos biológicos como parte da solução.
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O papel dos produtos biológicos no controle de pragas no café
Diante da diversidade de pragas, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) desponta como um caminho sustentável para o controle do cafeeiro. No MIP, busca-se combinar métodos químicos, culturais e biológicos para manter as populações de insetos abaixo do nível de dano econômico, minimizando impactos na lavoura e no ambiente.
Os produtos biológicos para controle de pragas ou bioinseticidas – como fungos entomopatogênicos (Beauveria, Metarhizium), bactérias (ex.: Pseudomonas) ou nematoides auxiliares, atuam diretamente contra as pragas sem contaminar o ecossistema. Eles podem ser aplicados via tratamento de sementes, diretamente no solo ou via pulverização foliar, infectando a praga ou repelindo-a através de metabólitos naturais.
A prática do controle biológico mantém em campo inimigos naturais (formigas, vespas parasitoides, etc.) que coíbem novas infestações. Em suma, os produtos biológicos ampliam o arsenal do cafeicultor no controle de pragas no café usando a natureza como aliada para regular populações de pragas, poupando recursos e agregando valor sustentável ao sistema produtivo.
Vantagens do uso de produtos biológicos para o controle de pragas no café
A incorporação de bioinseticidas no manejo do cafeeiro proporciona benefícios que vão além do controle pontual de pragas. Destacamos algumas vantagens principais:
- Alta seletividade e preservação de inimigos naturais: por agirem de forma específica contra a praga-alvo, os biológicos não prejudicam insetos benéficos nem outros organismos não-alvo. Isso ajuda a manter no campo joaninhas, vespas parasitoides e outros predadores que naturalmente contêm as pragas.
- Combinação de modos de ação diversificados: bioinseticidas geralmente possuem mecanismos totalmente diferentes dos defensivos químicos. A rotação e a associação de biológicos com químicos diminuem a pressão de seleção por resistência, preservando a eficácia das ferramentas no longo prazo.
- Sinergia com defensivos convencionais: o uso de biológicos em conjunto com inseticidas sintéticos pode elevar a eficácia do controle. Isso ocorre porque modos de ação distintos atingem a praga em diferentes alvos ou estágios, resultando em um controle mais robusto.
- Maior sustentabilidade e produtividade: o uso de bioinseticidas reforça a saúde geral da lavoura. Estudos indicam que muitos biológicos também promovem crescimento das raízes e vigor vegetativo, traduzidos em plantas mais resistentes a estresses e melhor aproveitamento de nutrientes. Esses efeitos combinados podem incrementar a produtividade sem aumentar custos ambientais.
Em resumo, os biológicos não vêm para substituir as tecnologias existentes, mas para complementá-las com um sistema de barreiras múltiplas. A adoção desses produtos no café eleva o grau de segurança do MIP, tornando-o mais resiliente e preparado para as pressões atuais.
Bactérias do gênero Pseudomonas no controle de pragas do café
Entre os produtos biológicos em destaque, as bactérias do gênero Pseudomonas têm chamado atenção pela versatilidade. Espécies, como Pseudomonas chlororaphis e P. fluorescens, são encontradas naturalmente na rizosfera de muitas plantas, onde atuam como promotoras do crescimento e defensoras das raízes.

Ao colonizar o solo ao redor da planta, essas bactérias produzem uma variedade de compostos orgânicos que estimulam defesas naturais da planta e podem atuar de maneira inseticida.
Por exemplo, cepas de P. fluorescens produzem proteínas (como FitD, FitE) e metabólitos (ácido cianídrico, terpenos, alcaloides) que são tóxicos para insetos sugadores, como percevejos e moscas-brancas. Esses efeitos foram documentados em outras culturas, sugerindo potencial similar no cafeeiro.
Em aplicação prática, as Pseudomonas podem ser formuladas como bioinseticidas – suspensões líquidas ou granulares que são pulverizadas ou aplicadas no solo. Em essência, as bactérias Pseudomonas agem como bióticos vivas, ampliando o sistema imunológico da planta e atacando diretamente as pragas.
Essa dupla atuação faz delas candidatas promissoras para o manejo integrado de pragas do café, o que se comprova quando vemos resultados no campo com soluções inovadoras como NETURE™.
NETURE™: o bioinseticida inovador contra o bicho-mineiro
NETURE™ é um bioinseticida microbiológico de alta performance desenvolvido pela Syngenta Biologicals para o controle de pragas sugadoras difíceis, e recebeu registro específico para o bicho-mineiro do café. Ele combina duas cepas de bactérias Pseudomonas – P. chlororaphis e P. fluorescens – que atuam de forma sinérgica. Cada bactéria produz compostos que atingem insetos de duas maneiras complementares:
- A Pseudomonas chlororaphis sintetiza toxinas inseticidas (como cianeto de hidrogênio, alcaloides nitrogenados) e proteínas inseticidas (FitD, FitE) que atacam o sistema digestivo e neurológico dos sugadores.
- A Pseudomonas fluorescens complementa esse ataque produzindo metabólitos de amplo espectro (pró-precursores da nicotina, etc.) que matam diversos insetos por ingestão e contato.
Essas toxinas ficam disponíveis na superfície da planta após a aplicação foliar de NETURE™, promovendo rápida ação letal nas lagartas do bicho-mineiro assim que nascem. Além do efeito direto, NETURE™ induz a planta a liberar terpenos voláteis repelentes (ex.: taxuspine A, pilosanone B). Essa fumigação natural afasta os insetos do cafeeiro, funcionando como uma camada extra de defesa que reduz novas infestações.
Entre seus diferenciais práticos, NETURE™ destaca-se por:
- Amplitude de ação e rapidez: é o bioinseticida de mais rápido efeito entre os lançados no mercado, com amplo espectro contra insetos sugadores. Para o café, oferece eficácia comprovada contra o bicho-mineiro.
- Facilidade de manejo: NETURE™ é preparado em suspensão concentrada sem necessidade de refrigeração, o que simplifica o armazenamento e o transporte no campo. É compatível com diversas caldas comerciais, facilitando a rotação com defensivos convencionais.
- Benefícios agronômicos extras: além do controle, a aplicação de NETURE™ promove maior vigor vegetativo do cafeeiro. Experimentações indicam que o produto amplia o vigor das plantas, proporcionando maior tolerância a estresses abióticos (seca, calor) e melhor estabelecimento das mudas, refletindo-se em lavouras mais saudáveis.
Em suma, a incorporação de NETURE™ ao manejo do cafeeiro representa um avanço no controle biológico: ele une a eficiência de inseticidas convencionais ao respeito ao ecossistema, fornecendo ao produtor uma ferramenta moderna e prática para conter o bicho-mineiro.
Além de conter essa praga-chave, NETURE™ contribui para um cafeeiro mais produtivo e sustentável, alinhando controle fitossanitário com saúde do plantio.
A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.
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