Na véspera do Dia Nacional do Café, o Podcast Cafeína, apresentado pela jornalista e produtora rural Luiza Nogueira, contou com a participação de quatro especialistas no setor cafeeiro para a discussão sobre os rumos do setor diante do início da safra.
Mercado, logística, clima e sustentabilidade foram alguns dos assuntos abordados durante mais de uma hora de conversa entre os convidados.
Gil Barabach, Consultor de Mercado; Lúcio Dias, Superintendente da Cooxupé; Ronaldo Taboada, diretor da Five Star; e Heberson Vilas Boas, Trader na Minasul; foram os selecionados para avaliar o panorama da produção e distribuição do café brasileiro, analisando históricos e projetando expectativas.
A grande preocupação destacada entre os participantes refere-se às oscilações do preço da saca de café, diante de uma produção baixa. Fatores como condições climáticas, economia internacional, logística e certificação oficial para exportação são os determinantes que devem ser considerados pelo produtor no momento de fechar negociações de venda.
Continue a leitura para entender um pouquinho do que foi discutido no Podcast Cafeína.
Impactos do clima na safra de café
Com o início da colheita, os especialistas que participaram dessa edição do Podcast Cafeína chamam a atenção para as frentes frias e para o início do inverno. As geadas e as secas já impactaram a produtividade das lavouras, em especial em algumas regiões de Minas Gerais, o que contribuiu para uma produção total muito baixa.
As incertezas que o produtor teve de enfrentar por conta das adversidades climáticas gerou a necessidade de ter cautela nas negociações.
Nas palavras de Heberson Vilas Boas, o receio do produtor em vender seus estoques pode ser explicado com base nas variações climáticas:
“O produtor tá cauteloso sim, mas será que ele não tem razão? Temos uma safra menor e um inverno inteirinho pela frente.”
Gil Barabach destacou ainda que a maior incidência de geadas ocorre em julho, com a previsão de chegada de duas massas de ar polar que geram riscos às lavouras.
Queda histórica na produtividade do café brasileiro
As expectativas de produção para esta safra de café não são tão animadoras, por conta do baixo potencial apresentado pelas lavouras devido ao clima, o que gera incertezas em relação ao abastecimento. Os especialistas que participaram do Podcast Cafeína entregaram aos espectadores suas perspectivas de produção, que são somente estimativas neste período de início de colheita, com possibilidade de mudanças.
As análises de Barabach apontam uma safra com expectativa de 60 a 62 milhões de sacas. Essa estimativa foi considerada otimista em relação à outras projeções. O representante da Minasul, por sua vez, estima uma produção de no máximo 57 milhões de sacas, destacando que as dúvidas em relação ao clima causam essa grande discrepância entre as projeções.
Para o Superintendente da Cooxupé, o comportamento do produtor deve ser considerado como termômetro para estimar a produção:
“O produtor enxerga uma safra bem aquém daquilo que ele precisava colher pra atender as necessidades.”
Isso é determinante no perfil das vendas, uma vez que os cafeicultores buscam certo resguardo diante da safra fraca.
Logística de exportação e os impactos na cadeia de café brasileira
A questão da logística de exportação do café brasileiro foi outro ponto destacado no podcast.
“Nos primeiros meses deste ano embarcamos quase 14 milhões de sacas, quando poderíamos estar com uma performance muito melhor, pois em 2021 foram 40 milhões de sacas na exportação”, analisou Ronaldo Taboada.
Tudo isso implica na oferta comercial para o exterior e na precificação do produto.
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Sustentabilidade nas lavouras de café: o cenário brasileiro
A apresentadora do Podcast Cafeína, Luiza Nogueira, também produtora de café, mostrou sua visão sobre sustentabilidade.
Com o Brasil na posição de maior produtor de café do mundo, os especialistas concordaram que cooperativas e outros órgãos nacionais precisam tomar a frente na deliberação de protocolos condizentes com o contexto do país, de maneira a melhorar as condições de exportação, atividade que encontra mais possibilidades quando o café possui certificação oficial.
A pergunta de um milhão: qual a expectativa de preço para a saca do café nesta safra?
Ao discutir o assunto, os especialistas tiveram que voltar os olhos para o protagonismo do cafeicultor nas tomadas de decisões e nos rumos do mercado, que é o grande responsável por guiar as definições dos preços.
Inicialmente, Lúcio Dias chamou a atenção para a precificação atual do café que já está em circulação:
“O café brasileiro hoje é um dos mais baratos do mundo, mesmo com problema logístico. Os cafés robusta e arábica brasileiros estão competindo com a Colômbia e com a América Central, e a procura vai cair. Mas tem procura e sempre vai ter, então nós precisamos de juízo pra não vender café barato. Temos que ter cuidado com o preço de venda.”
Ainda assim, a precificação do mercado para a safra de café brasileira tem grande influência nas decisões do produtor no momento das negociações. Nenhum dos especialistas quis afirmar um valor exato, por conta das grandes variáveis que se vê atualmente.
A conversa do Podcast Cafeína apontou para a importância de o produtor aproveitar as oportunidades do mercado, focar na qualidade do seu café, para agregar ainda mais valor à cada saca, e não deixar de explorar ferramentas como a Operação Barter que são disponibilizadas para a cadeia cafeeira.
Por fim, as palavras de inspiração foram dadas por Heberson Vilas Boas:
“Não devemos ter medo do mercado, mas respeito. O produtor hoje tem qualidade que consegue competir com o mundo inteiro. Então precisa aproveitar as oportunidades e analisar as ferramentas.”
Com tantas informações importantes, fica difícil não querer assistir ao episódio na íntegra. Assista agora mesmo:
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