A certificação Better Cotton Initiative (BCI) tem se consolidado como um marco transformador para a produção de algodão no Brasil, promovendo práticas mais sustentáveis e responsáveis em toda a cadeia produtiva.
Mais do que um selo, a BCI impulsiona a agricultura regenerativa, fortalece o compromisso socioambiental do setor e posiciona o país na vanguarda da produção mundial de algodão responsável.
Compreender o alcance dessa iniciativa é essencial para produtores, agrônomos e agentes da cadeia de valor que buscam um futuro mais sustentável para a fibra. A seguir, veja como o algodão BCI contribui para esse cenário, seus principais benefícios e o caminho para a certificação.
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O que é o algodão BCI?
O algodão BCI refere-se ao algodão produzido sob os princípios da Better Cotton Initiative, uma organização global sem fins lucrativos que visa tornar a produção de algodão mundial mais sustentável, lançada em 2009.
No Brasil, a implementação ocorre em parceria com a ABRAPA, por meio do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), reconhecido pela BCI desde 2014, se tornando a maior iniciativa de sustentabilidade de algodão do mundo, capacitando produtores para cultivar algodão de uma forma que seja melhor para eles, melhor para o meio ambiente e melhor para o futuro do setor. A BCI estabelece um padrão de produção que foca na melhoria contínua das práticas no campo, desde o manejo da água até as condições de trabalho.
A missão da BCI é transformar a produção de algodão global, abordando desafios ambientais, sociais e econômicos. No Brasil, essa iniciativa tem ganhado força significativa, com o país sendo um dos maiores produtores de algodão licenciado pela BCI.
Em 2022, por exemplo, mais de 80% do algodão brasileiro já era cultivado sob os princípios da BCI/ABR, refletindo o compromisso do setor com a produção de algodão responsável.

Qual é a diferença entre o algodão BCI e o algodão tradicional?
A principal diferença entre o algodão BCI e o algodão tradicional reside nas práticas de cultivo e nos impactos gerados. Enquanto o algodão tradicional pode ser cultivado sem adesão a critérios de sustentabilidade específicos, o algodão BCI segue um conjunto rigoroso de princípios e critérios que abordam desde a gestão de recursos naturais até as condições de trabalho.
Os princípios que tornam um algodão sustentável incluem:
- a redução do uso de água e otimização dos defensivos agrícolas;
- a promoção da saúde do solo;
- a proteção da biodiversidade;
- a garantia de trabalho decente para os trabalhadores rurais.
Para ser licenciado, o produtor adota e demonstra melhoria contínua em seis Princípios do Better Cotton (com duas prioridades transversais), que cobrem:
- uso eficiente da água;
- saúde do solo;
- proteção de cultivos;
- biodiversidade e uso da terra;
- trabalho decente;
- sistema de gestão eficaz na fazenda.
Isso contrasta com abordagens tradicionais que, em alguns casos, podem priorizar apenas a maximização da produtividade a qualquer custo, sem considerar plenamente as externalidades ambientais e sociais.
Cadeia de custódia: o Better Cotton utiliza majoritariamente o modelo Mass Balance (balanço de massa), que permite mistura/substituição ao longo da cadeia com controle volumétrico; e, quando aplicável, também modelos físicos de rastreabilidade previstos no Chain of Custody Standard.
O algodão BCI representa, portanto, um compromisso com a sustentabilidade na produção de algodão, gerando uma fibra de valor agregado para consumidores e marcas.
Benefícios da certificação BCI para produtores brasileiros
A adesão à certificação BCI oferece uma gama de benefícios substanciais para os produtores brasileiros de algodão, que vão além da mera conformidade com padrões ambientais., como:
- Acesso a mercados globais mais exigentes e valorização da fibra;
- Diferencial competitivo diante da crescente demanda por produtos sustentáveis;
- Parcerias com grandes marcas de vestuário que compram algodão de fontes BCI, abrindo portas para produtores certificados;
- Ganhos de eficiência operacional no campo por meio da otimização do uso de água, fertilizantes e defensivos;
- Redução de custos a longo prazo e aumento da rentabilidade;
- Apoio e disseminação das práticas sustentáveis por parte da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), parceira da BCI no Brasil;
- Fortalecimento da reputação da propriedade e da produção de algodão responsável brasileira;
- Atração de investimentos e promoção de uma imagem positiva do agronegócio nacional.
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Impactos ambientais positivos do algodão BCI
A produção de algodão certificada pela Better Cotton Initiative (BCI) traz impactos ambientais positivos significativos, alinhando-se aos princípios da agricultura regenerativa e promovendo práticas sustentáveis que beneficiam tanto o meio ambiente quanto as comunidades agrícolas. Confira:
1. Gestão eficiente da água
A BCI incentiva os produtores a adotarem sistemas de irrigação mais eficientes, como gotejamento e pivô central, além de monitorar a umidade do solo. Essas práticas podem reduzir o consumo de água em até 20% ou mais, comparado a métodos tradicionais, o que é especialmente importante em regiões com escassez hídrica.
2. Minimização do uso de defensivos agrícolas
Com o manejo integrado de pragas no algodão, os produtores aplicam defensivos agrícolas somente quando necessário e de forma seletiva, protegendo os insetos benéficos e reduzindo a contaminação do solo e da água. Essa prática também diminui a exposição dos trabalhadores a químicos nocivos, promovendo saúde e segurança.
3. Promoção da saúde do solo
A certificação estimula práticas como plantio direto, rotação de culturas e uso de culturas de cobertura, que aumentam a matéria orgânica e a biodiversidade microbiana do solo. Essa abordagem holística fortalece a resiliência dos ecossistemas agrícolas, contribuindo para a sustentabilidade a longo prazo.
Como obter a certificação BCI no Brasil?
Para os produtores de algodão brasileiros interessados em fazer parte da iniciativa, o processo envolve etapas claras e o apoio de parceiros locais.
O primeiro passo é aderir a BCI, o que geralmente é feito através de programas parceiros no país. No Brasil, o principal parceiro implementador da BCI é a ABRAPA, através do protocolo Algodão Brasileiro Responsável (ABR). Depois disso, os passos são os seguintes:
- Implementação dos princípios da BCI na fazenda: são aplicados os seis princípios da BCI, com acompanhamento e capacitação técnica oferecidos por agrônomos e técnicos agrícolas, que orientam o produtor desde o planejamento até a colheita.
- Acompanhamento técnico e capacitação: durante a implementação, o produtor recebe suporte para aplicar práticas agrícolas sustentáveis, garantindo a correta adoção dos procedimentos.
- Verificação por auditoria externa: após um período de implementação e monitoramento, a propriedade passa por auditoria realizada por auditores externos credenciados que verificam a conformidade com os padrões BCI.
- Recebimento da licença BCI: com a aprovação na auditoria, o produtor recebe a licença, que permite a comercialização do algodão certificado sob o selo BCI.
- Ciclo de melhoria contínua: o processo é contínuo, com revisões e atualizações para garantir que a produção esteja sempre alinhada às novas exigências de sustentabilidade.
Ao alinhar a rentabilidade com a responsabilidade socioambiental, o algodão BCI não só garante a sustentabilidade dos recursos naturais e o bem-estar das comunidades agrícolas, como também eleva o padrão de toda a cadeia produtiva.
A importância do algodão BCI para o futuro do agronegócio é inegável, pavimentando o caminho para uma agricultura regenerativa e um setor mais resiliente e valorizado no cenário global.
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