Altas temperaturas e preços em patamares únicos marcaram o setor 

O ano de 2024 foi marcado por um cenário intenso para a cafeicultura brasileira, onde os desafios climáticos se uniram ao mercado aquecido para criar um contexto único. Com a pior seca dos últimos 50 anos, o setor enfrentou um déficit hídrico severo, acompanhado de altas temperaturas que acentuaram as dificuldades para a próxima safra. 

Ainda assim, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra de 2024 registrou um leve aumento, alcançando 59,7 milhões de sacas, um crescimento de 4,8% em relação ao ano anterior. Esse número, no entanto, veio acompanhado de um impacto significativo nos preços do café, afetando tanto o arábica quanto o conilon.

“Tivemos muitos dias sem chuvas nas regiões produtoras de café aqui no Brasil e altíssimas temperaturas, com dias extremamente quentes. Essa combinação impacta no potencial produtivo para a safra 2025 e, sim, também nas cotações”, explica Luiz Fernando dos Reis, Superintendente comercial da Cooxupé.

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Recorde de preços: a crise climática e o cenário global

No café conilon, as dificuldades climáticas enfrentadas pelo Vietnã abriram espaço para o produto brasileiro, resultando em uma elevação de preços sem precedentes. Em setembro, a saca de 60 kg de conilon ultrapassou R$1.500, segundo dados do Cepea. O arábica, por sua vez, beneficiou-se da baixa oferta, dos estoques reduzidos e de um equilíbrio global entre oferta e demanda.

“De que adianta bons preços sem produção? A grande preocupação é de que poderemos estar caminhando para o quinto ano consecutivo de aperto entre oferta x demanda. Pelo protagonismo do Brasil na produção de cafés, o mercado mundial monitora de perto tudo que acontece por aqui e pode impactar no negócio como um todo”, aponta Luiz Fernando.

Rentabilidade positiva para o cafeicultor brasileiro 

O ano de 2024 trouxe uma rentabilidade favorável para os produtores, impulsionada por um custo de produção relativamente equilibrado. Para o engenheiro agrônomo André Moraes, da Fundação Procafé, a rentabilidade da cafeicultura tem sido uma das melhores nos últimos anos.

“Foi um dos biênios de maior rentabilidade na cafeicultura, pois o produtor tinha café e tinha preço. Passamos por um biênio excelente; claro que cada fazenda tem suas particularidades, mas, de modo geral, o setor ganhou dinheiro”, comenta Moraes.

Ainda assim, ele alerta que essa boa rentabilidade pode ser ameaçada pelas adversidades climáticas para a safra de 2025. 

Problemas logísticos e de armazenamento

Apesar de toda a eficiência na cadeia produtiva do café brasileiro, os problemas logísticos se tornaram um desafio maior em 2024. No Porto de Santos, principal ponto de embarque do café brasileiro, atrasos de navios e cancelamentos de bookings causaram um prejuízo considerável ao setor.

“Isso gerou milhões de reais em custos adicionais para os exportadores, comprometendo a margem de lucratividade da operação. Além disso, temos receios com a logística internacional, com conflitos sociopolíticos que sempre afetam o fluxo do comércio”, destaca Marcos Mattos, diretor-geral do Cecafé.

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O café brasileiro pelo mundo

As exportações do café brasileiro seguem fortes, alcançando mercados exigentes e em crescimento. Destinos como Europa, Estados Unidos e Oriente Médio reforçam a relevância do Brasil no setor, enquanto mercados emergentes como a China registraram um aumento expressivo, com um crescimento de 186% na última safra.

Além disso, esse crescimento é expressivo até mesmo entre países produtores, como Vietnã e México, que por sua vez, ampliaram suas compras do café brasileiro. O Oriente Médio também teve um aumento significativo de 33,6% em suas importações.

A Syngenta apoia o produtor rural em todos os momentos, oferecendo soluções inovadoras e sustentáveis. 

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