O Dia Internacional do Milho foi fixado em 24 de abril como uma maneira de relembrar todos os avanços para a atividade agrícola que a cultura proporciona. Desde que os países europeus conheceram o grão na época das grandes navegações, foi rápida a expansão de seu cultivo pelo mundo, por conta da qualidade nutricional que oferece para humanos e animais. Hoje, a aplicação do milho na indústria alcança também o mercado de biocombustíveis – que é fundamental para a realização da transição energética de que a atual sociedade precisa.

Originário da América Central, o milho está presente no cotidiano das pessoas ao redor do mundo na forma de alimentos variados, sendo consumido in natura, em forma de farinha, amido, óleo, margarina, bebidas e ração para alimentação animal, ou mesmo usado para obtenção de resinas plásticas, glicerina e etanol.

Com tamanho potencial, a cultura do milho é estudada há décadas, o que permitiu o desenvolvimento de variedades e híbridos para serem cultivados em condições climáticas que não a tropical. O melhoramento genético do milho ainda possibilitou aumentar sua qualidade proteica, para gerar grãos com maiores teores de aminoácidos.

Atualmente, os maiores produtores de milho do mundo estão espalhados pelos continentes, sendo Estados Unidos, China, Brasil, Argentina e União Europeia os líderes de produção, principais responsáveis por abastecer o comércio e a indústria.

Uma história que começa nas sociedades mais primitivas da América e que está longe de ter um fim, diante da continuidade do desenvolvimento de tecnologias para a produção e a utilização desse cereal. Por isso, vale a pena aproveitar a data do Dia Internacional do Milho para entender sua importância no passado, sua aplicação no presente e seu potencial para um futuro mais sustentável.

A história da cultura do milho no mundo

A ciência registra que a cultura do milho já fazia parte da alimentação humana em 8500 a.C., e seu cultivo de maneira mais estruturada iniciou a partir de 5000 a.C. Da Mesoamérica, a planta se disseminou entre as populações nativas, alcançando o território do Novo Mundo de Norte a Sul. Assim, quando os europeus pisaram por aqui, por volta de 1500, o alimento já fazia parte do cotidiano das comunidades e impressionou os viajantes, por conta de seu sabor e valor nutricional.

De fato, essa importância está marcada inclusive no vocabulário, maíz em espanhol e maize em inglês, o termo de origem indígena caribenha para designar a planta cujo nome científico é Zea mays e significa “sustento da vida”, sendo esta sua característica principal desde os tempos mais remotos.

Astecas, maias, tupi-guaranis e povos indígenas do Brasil, todos têm lendas em relação à origem do milho vinculadas à solução para a fome e para a escassez de alimentos, além de ser a grande alternativa alimentar para épocas em que a caça deixava a desejar.

Desde a intensificação da agricultura no século XX, foram muitos os pesquisadores que se debruçaram a entender a genética e a origem da cultura do milho, mas nunca alguém conseguiu precisar como, quando e onde realmente começou essa história. De toda forma, há consenso de que o milho foi uma das culturas pioneiras na domesticação, por sua facilidade de plantio e importância alimentar.

Mesmo após tantos séculos de cultivo e desenvolvimento, o milho continua na lista entre os 10 alimentos mais consumidos no mundo, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).

No Brasil, o grão é um alimento tradicional, que desperta o sentimentalismo das pessoas, desbloqueando memórias dos antepassados pelo cheiro e pelo sabor relacionados à saudosa comida de vó. Porém, a cultura atravessa os tempos e alcança também o futuro, abrindo caminhos para a transição energética global, que é urgente e tem no grão a opção de um combustível renovável.

Expansão do cultivo de milho no Brasil

Infográfico

Infográfico comparativo (2000 – 2021) do avanço da produção de milho no Brasil. Fonte: Embrapa, maio de 2022.

A cultura do milho é utilizada para alimentação no Brasil desde os tempos em que os povos originários ainda eram os únicos habitantes por aqui, o que também se estendeu para o Brasil-colônia. No entanto, o cultivo do milho para fins comerciais data da década de 1970. O primeiro registro da Série Histórica da Conab é da safra 1976/77, quando foram produzidas 19.256 mil toneladas do grão.

A partir de então, sua importância econômica só cresceu, com o desenvolvimento de estratégias de manejo, técnicas de cultivo e novas variedades genéticas. Tudo isso permitiu que se produzisse não uma, mas duas safras de milho ao ano, com a implementação do milho safrinha na década de 1980, que hoje corresponde a mais de 70% da produção total.

Mais recentemente, a evolução da agricultura brasileira proporcionou posicionar o país como o único capaz de produzir três safras de milho por ano. Apesar da queda de produtividade verificada em 2021 por conta dos desafios climáticos impostos pelo fenômeno La Niña (vide infográfico acima), os dois anos subsequentes apresentaram recuperação.

Em 2023, o Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo, com uma estimativa de produção de 124.677,4 mil toneladas na safra 2022/23 e expectativa de se tornar o maior exportador de milho do planeta.

Qual a importância do cultivo de milho para a agricultura brasileira?

O ano de 2023 tem tudo para ser histórico para a cultura do milho no Brasil no que tange à economia. Segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), só em janeiro deste ano, 17,3% das exportações do setor agrícola correspondem ao milho, o que se traduz em um montante de US$ 1,77 bilhão, com um crescimento de 166,5% em valor e de 125,9% em volume.

Até então, os EUA se mantêm na liderança das exportações, cenário que parece mudar em breve. O relatório de março da USDA (United States Department of Agriculture) estima que o Brasil ultrapasse o líder em 2023, o que dependerá muito dos resultados de produção do milho safrinha, a ser colhido a partir de maio.

Diante disso, o cultivo de milho no Brasil tem grande participação não apenas no cotidiano das pessoas, como também no agronegócio, na economia nacional e na balança comercial global. Sem dúvidas, o país será amplamente lembrado no Dia Internacional do Milho por todo o mundo, considerando os dados previstos para a safra 2022/23.

Os novos rumos da produção de milho em prol da economia sustentável

Dia Internacional do Milho

Um assunto de interesse mundial frente à iminente crise climática é a necessária transição energética, que consiste na substituição de fontes de energia fósseis pelas renováveis. Ao lado da cana-de-açúcar, a cultura do milho tem papel estratégico para o alcance das metas de diminuição da emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa), não só no setor de combustíveis, mas também em toda a cadeia produtiva, que inclui a agricultura, de onde sai a matéria-prima.

O etanol de milho é considerado uma alternativa para um futuro próspero de economia sustentável, isso porque o aumento do preço do etanol hidratado na época de colheita da cana levava consumidores a darem preferência à gasolina, aumentando as emissões e colocando o Brasil fora dos padrões do Acordo de Paris e das metas de redução de queima de combustível fóssil.

O etanol anidro a partir do milho, no entanto, entra no mercado para suprir essa lacuna. Para a safra 2022/23, a produção do biocombustível a ser misturado com a gasolina já é 17% superior ao previsto inicialmente, indo de 1,47 bilhão de litros para 1,72 bi. Quanto ao etanol hidratado, a cultura do milho deve resultar na produção de 2,67 bilhões de litros até o final da safra.

Tamanho o potencial desse mercado, alinhado às emissões de CBio e ao desenvolvimento sustentável, que as usinas se preparam para aumentar a produção de biocombustível de milho em 36,7% na safra 2023/24, com o objetivo de totalizar 6 bilhões de litros de etanol de milho (hidratado e anidro).

Uma história que faz parte da construção do Brasil como o conhecemos hoje, a cultura do milho passou de um alimento que sustenta gerações e desperta memórias afetivas para uma grande solução global para a mobilidade urbana e a transição energética, podendo contribuir para a criação de um futuro próspero.

Isso, sem dúvida, deve ser celebrado no Dia Internacional do Milho e não pode ser feito sem destacar os protagonistas dessa história real que conecta tantos setores e agrega valores ao país: o produtor rural.

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