A agricultura sempre buscou novas soluções para enfrentar desafios como o controle de pragas e doenças, a melhoria da fertilidade do solo e o aumento da produtividade. Entre as inovações que ganharam força nas últimas décadas, a evolução dos produtos biológicos se destaca.
A jornada dos biológicos não foi linear: suas primeiras formulações nem sempre atenderam às expectativas dos produtores, o que gerou desafios na adoção em larga escala. Felizmente, a evolução da biotecnologia permitiu o desenvolvimento de produtos biológicos altamente eficazes, que hoje oferecem controle preciso, estabilidade de formulação e compatibilidade com defensivos químicos.
Essa transformação, aliada a um melhor entendimento sobre o manejo integrado, tem consolidado os biológicos como uma ferramenta essencial para o equilíbrio dos agroecossistemas e o enfrentamento dos desafios atuais da agricultura.
Neste artigo, vamos explorar a trajetória dos produtos biológicos, desde suas primeiras aplicações até as inovações mais recentes. Vamos entender como as novas formulações resolveram desafios técnicos do passado e como os biológicos passaram a ocupar um papel estratégico e permanente na agricultura. Confira!
Os primeiros produtos biológicos e os desafios iniciais
O conceito de controle biológico remonta a práticas ancestrais, com registros indicando que, há mais de 2.000 anos, agricultores chineses já utilizavam formigas predadoras para controlar pragas em pomares de cítricos. Esse método empírico, baseado na interação entre organismos naturais, era uma forma rudimentar de manejo integrado.
No entanto, foi apenas no século XIX que o controle biológico começou a ser estudado de maneira sistemática, com pesquisas sobre o uso de insetos predadores e parasitoides para conter populações de pragas agrícolas.
Nos anos seguintes, diversos países passaram a investir no desenvolvimento de soluções biológicas, mas a adoção ainda era limitada devido à falta de conhecimento técnico e dificuldades na produção em larga escala.
Você sabia?
O primeiro caso bem-sucedido de controle biológico amplamente documentado foi a introdução da joaninha Rodolia cardinalis na Califórnia, no final do século XIX, para o controle do pulgão-branco em pomares de citros. Esse episódio marcou o início da era moderna do controle biológico, mostrando seu potencial para o manejo agrícola sustentável!

No Brasil, os produtos biológicos começaram a ser explorados com maior intensidade a partir da década de 1950, quando pesquisas acadêmicas passaram a avaliar o uso de microrganismos e insetos benéficos na agricultura.
Um marco importante desse período foi o início dos estudos de instituições privadas e públicas sobre inoculantes biológicos, especialmente para a cultura da soja, que começava a se expandir no Brasil entre as décadas de 1950 e 1960. Esses inoculantes, à base de bactérias fixadoras de Nitrogênio, foram introduzidos visando aumentar a eficiência da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) e contribuir para a viabilidade econômica da soja brasileira.
Esse desenvolvimento dos inoculantes caminhou em paralelo à expansão da oleaginosa brasileira. Com o sucesso da FBN, o uso de inoculantes se tornou uma prática comum entre os sojicultores, ajudando a consolidar o país como um dos principais produtores mundiais do grão.
No entanto, foi apenas entre os anos 1980 e 1990 que os primeiros produtos comerciais chegaram ao mercado, impulsionados por diversos motivos:
- bons resultados de experimentações,
- grande potencial de uso e eficácia no campo;
- início de pesquisas com substâncias extraídas de fontes vegetais ou animais, e não apenas com organismos vivos.
O grande desafio da época era garantir formulações estáveis e eficazes, uma vez que muitos produtos biológicos dependem de organismos vivos e suas condições de armazenamento, transporte e aplicação eram decisivas para seu sucesso no campo.
Outro entrave importante foi a falta de padronização e controle de qualidade nos primeiros produtos. Muitos agricultores enfrentaram dificuldades devido à baixa durabilidade das formulações, eficácia inconsistente e falta de recomendações técnicas precisas – o que gerou um período de desconfiança, especialmente entre produtores de larga escala, que precisavam de soluções previsíveis e de fácil aplicação.
Além disso, o mercado ainda não contava com regulamentações bem definidas, o que dificultava a certificação e a validação dos produtos.
Mesmo diante desses desafios, a busca por alternativas sustentáveis levou a um aumento nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, resultando na modernização das formulações biológicas. Com o avanço da biotecnologia e a profissionalização do setor, os biológicos passaram a se consolidar como ferramentas confiáveis e estratégicas para o manejo agrícola, promovendo um novo patamar de eficiência e integração com defensivos químicos no controle de pragas e doenças.
A evolução tecnológica e o renascimento dos biológicos
A revolução dos produtos biológicos aconteceu com o avanço das pesquisas em microbiologia, genética e biotecnologia, permitindo o desenvolvimento de formulações mais eficientes e adaptadas às exigências da agricultura moderna.
Se no passado os biológicos eram vistos com desconfiança devido à sua instabilidade e dificuldade de aplicação, hoje a realidade é completamente diferente!
Novas tecnologias resolveram problemas antigos, como baixa persistência no ambiente, limitações na aplicação e desafios logísticos, tornando os biológicos mais do que uma alternativa viável: uma peça-chave no manejo integrado de pragas e doenças.
A evolução desses produtos pode ser observada em diferentes aspectos:
- Formulações mais estáveis e eficientes – novos processos industriais garantem maior viabilidade dos microrganismos, permitindo que os biológicos mantenham sua eficácia desde o armazenamento até a aplicação no campo. Além disso, o desenvolvimento de tecnologias como a microencapsulação protege os agentes biológicos, aumentando sua persistência e garantindo uma liberação controlada, prolongando sua ação na lavoura.
- Compatibilidade com defensivos químicos – estudos aprofundados sobre interações entre biológicos e químicos possibilitaram a criação de produtos que podem ser aplicados de forma conjunta, sem comprometer sua eficácia. Isso abriu caminho para uma abordagem mais equilibrada, na qual os biológicos atuam como complemento estratégico aos defensivos químicos, reduzindo a necessidade de aplicações frequentes e minimizando a resistência de pragas e doenças.
- Facilidade de aplicação – a incorporação de biológicos ao tratamento de sementes, pulverizações e sistemas de irrigação tornou o uso desses produtos muito mais prático e acessível para os produtores. Essa flexibilidade na aplicação eliminou barreiras técnicas e acelerou a adoção em culturas de larga escala, como soja, milho, algodão e cana-de-açúcar.
O impacto dessas inovações foi profundo. Antes considerados incertos, os produtos biológicos passaram a ser ferramentas estratégicas, ajudando os agricultores a maximizar a produtividade com menor impacto ambiental.
Além disso, o aumento da regulamentação e da certificação de biológicos trouxe maior segurança ao mercado, garantindo que os produtos disponíveis atendam a padrões de qualidade rigorosos.
Com o desenvolvimento contínuo de novas tecnologias e a crescente demanda por soluções sustentáveis, os produtos biológicos deixaram de ser uma promessa e se consolidaram como pilares essenciais da agricultura, atuando lado a lado com defensivos químicos e outras estratégias integradas para garantir lavouras mais produtivas, equilibradas e resilientes.
O papel dos biológicos no manejo integrado
Os produtos biológicos, sejam eles organismos vivos ou provenientes de substâncias naturais, vêm desempenhando um papel fundamental dentro do Manejo Integrado de Pragas e Doenças (MIP e MID), proporcionando mais equilíbrio e eficiência para o controle fitossanitário.
Diferente da percepção inicial de que poderiam substituir os defensivos químicos, os biológicos atuam de forma complementar, criando um sistema mais sustentável e resiliente. A combinação entre biológicos e químicos é uma estratégia que tem se consolidado na agricultura moderna, beneficiando tanto a produtividade quanto a proteção do agroecossistema.
A integração dessas soluções no manejo agrícola proporciona vantagens estratégicas, como:
Eficiência no uso de nutrientes
Os inoculantes biológicos promovem maior eficiência nutricional. Formulados com microrganismos benéficos, eles otimizam a absorção e disponibilização de elementos essenciais.
Um exemplo fundamental é a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), em que bactérias, como do gênero Bradyrhizobium, colonizam as raízes de leguminosas, convertendo o Nitrogênio atmosférico em formas assimiláveis pela planta. Esse processo diminui a dependência de fertilizantes nitrogenados, reduz custos e minimiza impactos ambientais, como a lixiviação de nitratos no solo.

Os inoculantes também melhoram a solubilização de Fósforo e outros nutrientes essenciais. Alguns microrganismos específicos tornam o Fósforo disponível para as plantas, aumentando a eficiência da adubação e reduzindo a necessidade de altas doses do insumo.
Outra vantagem é a estimulação do crescimento radicular por bactérias promotoras de crescimento, que produzem fitormônios e favorecem o desenvolvimento das raízes. Isso amplia a capacidade de absorção de água e nutrientes, tornando o sistema produtivo mais sustentável e eficiente.
Redução da resistência de pragas e doenças
O uso contínuo e exclusivo de defensivos químicos com um mesmo modo de ação pode levar ao desenvolvimento de resistência por parte de pragas e patógenos. Os biológicos ajudam a diversificar os mecanismos de ação, dificultando a seleção de indivíduos resistentes e prolongando a vida útil das tecnologias químicas.
Proteção da biodiversidade do agroecossistema
Ao contrário de alguns defensivos químicos de amplo espectro, os biológicos atuam de maneira mais seletiva, preservando organismos benéficos, como predadores naturais e microrganismos do solo. Isso contribui para um ambiente agrícola mais equilibrado, onde os inimigos naturais das pragas podem se manter ativos e reforçar o controle biológico natural.
Maior resiliência aos estresses
O uso de biológicos fortalece a saúde das plantas e do solo, tornando as lavouras mais resistentes a variações climáticas extremas, como períodos de seca, altas temperaturas e excesso de umidade. Além disso, a presença de microrganismos benéficos no solo melhora sua estrutura e capacidade de retenção de água e nutrientes, garantindo plantas mais vigorosas e produtivas mesmo sob condições adversas.
A adoção dessa abordagem tem se expandido para diversas culturas, desde grandes commodities, como soja, milho e algodão até frutas, hortaliças e café. Essa diversidade de aplicação reforça o potencial dos biológicos dentro do manejo agrícola, mostrando que a estratégia não é exclusiva de pequenos produtores ou de sistemas orgânicos, mas sim uma realidade para lavouras de todos os portes e perfis.
Mais do que uma tendência, o uso dos biológicos dentro do Manejo Integrado representa uma mudança estrutural na forma como o controle de pragas e doenças é conduzido. Combinando inovação e eficiência, os biológicos ajudam os agricultores a manter lavouras mais produtivas, protegidas e sustentáveis, garantindo segurança para as próximas safras e contribuindo para a longevidade da produção agrícola.
Syngenta Biologicals: continuando uma história de evolução e inovação para o campo
A Syngenta Biologicals tem investido constantemente em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia para oferecer soluções biológicas de alta performance. Trabalhamos para integrar os biológicos de maneira estratégica ao manejo agrícola, garantindo que os produtores possam usufruir dos benefícios dessas tecnologias de forma prática e eficiente.
Com um portfólio robusto e diversificado, nossos produtos são desenvolvidos com formulações avançadas, que proporcionam maior estabilidade, eficácia e facilidade de aplicação, tornando os biológicos acessíveis tanto para pequenos produtores quanto para grandes lavouras.
Além disso, investimos fortemente em suporte técnico especializado, garantindo que os agricultores tenham orientação e acompanhamento para potencializar os resultados no campo.
Outro diferencial da Syngenta Biologicals é nosso compromisso com o manejo integrado, promovendo a sinergia entre biológicos e defensivos químicos. Essa abordagem melhora a eficiência no controle fitossanitário e também ajuda a prolongar a vida útil das tecnologias químicas, reduzindo o risco de resistência de pragas e patógenos.
Ao unir ciência, inovação e conhecimento técnico, a Syngenta Biologicals tem mostrado que os produtos biológicos são uma realidade consolidada e essencial para o futuro da agricultura.
A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.
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