Embora o início da semeadura da cultura da soja no Brasil tenha sido lenta, em função das precipitações em algumas regiões, a semeadura da safra 2022/23 avançou sem grandes intercorrências, com conclusão no mês de dezembro, como havia sido previsto.

Além disso, o último boletim publicado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta números animadores em relação à produtividade e produção da cultura. Espera-se  incremento de 17,3% na produtividade, o que corresponde a 3.540 kg/ha. Esse aumento está relacionado a dois fatores principais:

  • o primeiro é o comparativo com a média de produtividade nacional, que foi de 3.029 kg/ha na safra 2021/22. A severa estiagem que ocorreu, especialmente nos Estados do Sul do Brasil (a média estadual para o Estado do Rio Grande do Sul foi de 1.433 kg/ha – segundo a Conab), puxou a média nacional para baixo.
  • o segundo fator é o aumento das áreas cultivadas, que deve ser de 4,2%, passando de 40,95 milhões de hectares para 43,24. Áreas de pastagens, pastagens degradadas e áreas de várzea em rotação com a cultura do arroz foram substituídas pelo cultivo do grão na safra vigente.

Para a safra 2022/23 de soja, estima-se que sejam produzidos mais de 153,5 milhões de toneladas do grão (dados Conab), o que representa aumento de 22,3% em relação à produção da safra anterior. As estimativas de produção são calculadas com base na área total produzida e na produtividade correspondente.

Embora as projeções levantadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sejam mais modestas (152 milhões de toneladas), espera-se uma safra recorde, consolidando mais uma vez o Brasil como o principal produtor de soja no mundo.

Em relação à demanda interna do grão, serão necessárias mais de 55,3 milhões de toneladas. O restante do montante deve ser exportado para outros países (96,6 milhões de toneladas), sendo a China um dos principais importadores da soja brasileira.

Provavelmente sairá um novo boletim antes da publicação, precisamos ficar atentas quanto a mudança de dados e, se preciso, atualizá-los.

Cenário Internacional 

O último levantamento publicado pela USDA reduz as expectativas de produção de soja da Argentina (-2,94%, o que equivale à redução de 1,5 milhões de toneladas), país que é o segundo maior produtor na América do Sul e quarto maior produtor mundial. Essas reduções podem representar oportunidades de negócio para o mercado brasileiro frente às exportações.

Para os Estados Unidos, os dados apontam incremento de 0,76%, o que representa 0,89 milhões de toneladas. Assim, o total produzido no país foi estimado em 118,27 milhões de toneladas.

O total produzido do grão entre todos os países deve ser superior a 390 milhões de toneladas, o que representa incremento de 9,6% em relação à safra 2021/22. Dessa forma, espera-se que esta safra seja recorde não somente no Brasil, mas também no mundo.

Com o mercado cada vez mais aquecido e as demandas do grão em alta, produtores devem ficar atentos às previsões climáticas e ao manejo à cultura, desde o planejamento da melhor época de semeadura, em função do material genético, até a adequação, quando possível, das áreas em função do déficit hídrico ou do excesso de chuvas.

Para que as expectativas de produção se concretizem no país, as condições ambientais, especialmente a distribuição e o volume de precipitações adequados, somados à temperatura ideal nas fases críticas da cultura, precisam estar alinhadas.

O manejo também tem influência nos resultados, no entanto, por mais que se adotem as boas práticas, se as condições ambientais não forem favoráveis, os números animadores podem não se concretizar, como se observou no Sul do Brasil na safra passada.

A seguir, apresenta-se o panorama climático no início da semeadura no Brasil e o que esperar do clima para os próximos meses!

Panorama climático início da semeadura

Durante a semeadura, problemas com falta e excesso de chuva já foram relatados.

Déficit hídrico

Em Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, extremo Sul do Pará e algumas regiões do Amazonas, houve necessidade de suspensão da semeadura e/ou replantio, em função do déficit hídrico no início do estabelecimento da cultura.

Excesso de chuvas

Em contrapartida, nos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, o excesso de chuvas, além de causar problemas com erosão em diversas áreas de cultivo, atrasou a semeadura.

No Mato Grosso do Sul, problemas pontuais devido ao excesso de chuvas e à ocorrência de granizo também causaram problemas, e foram necessárias ressemeaduras em áreas pontuais. Problemas com a rebrota de plantas daninhas também foram relatados.

Semeadura em boas condições de umidade do solo ou em áreas irrigadas

Para Maranhão, Piauí, Tocantins e Rondônia o volume de chuvas registrado foi adequado para o início do desenvolvimento da cultura. Já na Bahia, as áreas semeadas sob irrigação apresentam bom desenvolvimento, sendo a colheita prevista para o mês de janeiro.

Avanços na semeadura de soja

No Estado do Mato Grosso a semeadura da cultura já se encontra em fase de conclusão. Em contrapartida, em outras regiões, como no Estado de Goiás, a ocorrência de chuvas em volume e frequência abaixo do ideal atrasou os avanços da semeadura, quando comparado à mesma época do ano anterior.

Para a região Sul, a ocorrência de temperaturas amenas para a época e o excesso de precipitações foram fatores que comprometeram o estabelecimento inicial das lavouras, especialmente no Estado de Santa Catarina.

Já no Rio Grande do Sul, embora a semeadura também tenha avançado de forma lenta, o levantamento indica incremento de 4,2% no total da área semeada, superior à safra anterior.

O que esperar do clima para a safra 2022/23 de soja?

Em virtude da quebra acentuada de produção da cultura da soja nos Estados da região Sul, devido ao déficit hídrico, e de problemas na colheita em algumas regiões no Centro-Oeste do Brasil em função da ocorrência de chuvas, fatores verificados na temporada passada, produtores têm aderido a seguros agrícolas e à adesão da irrigação nas áreas cultivadas, quando possível.

Essa continua sendo uma estratégia interessante para a safra 2022/23, pois ainda se espera distribuição irregular das precipitações, com novas possibilidades de ocorrência do La Niña na região Sul para a safra de verão. Em outras regiões produtoras, as previsões são as seguintes:

  • para a região Norte, as chuvas devem ficar acima da média climatológica para os meses de janeiro e fevereiro;
    • para o Sul e o Leste do Tocantins, estão previstas chuvas ligeiramente abaixo da média histórica para o período;
  • para a região Nordeste, as chuvas devem ocorrer dentro ou acima da média na maioria das regiões produtoras. Já nos Estados da Bahia, do Sergipe, de Alagoas e no Leste de Pernambuco, a previsão é de chuvas ligeiramente abaixo da média;
  • para a região Centro-Oeste, as chuvas devem permanecer ligeiramente acima da média histórica no centro-noroeste do Mato Grosso.
    • para o restante da região, são previstos volumes ligeiramente abaixo da climatologia do trimestre, principalmente na área central do Mato Grosso do Sul.
  • para a região Sul, a previsão é de chuva ligeiramente acima da média climatológica no leste de Santa Catarina.
    • para o Paraná, os volumes devem permanecer próximos ou ligeiramente acima da média para o período.
    • a situação mais delicada é a do Estado do Rio Grande do Sul, que deve ter os cultivos impactados negativamente pelo fenômeno La Niña pelo segundo ano consecutivo. Devido à redução do volume de chuvas, os reservatórios de água no solo devem atingir volumes inferiores a 60%, o que pode impactar as culturas, especialmente as que estiverem em estádios de desenvolvimento mais sensíveis.

O conhecimento e o acompanhamento da previsão climática são práticas fundamentais para o planejamento de uma boa safra por parte dos produtores, incluindo estratégias de manejo de pragas, doenças e plantas daninhas, que podem ter sua incidência favorecida pelo clima.

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