Cafeicultores ligam alerta em relação a próxima safra

A cafeicultura brasileira enfrenta um novo temor em relação ao clima: a ausência de chuvas. Em todas as regiões cafeeiras, o déficit hídrico tem avançado, e com a expectativa de florada nas próximas semanas, muitos cafeicultores temem pelo pegamento da safra 2024/25.

Altas temperaturas e déficit hídrico colocam em risco a florada do café.

As previsões climáticas apontam que não há expectativa de chuvas nessa primeira quinzena de setembro nas áreas cafeeiras, apenas alguns volumes irregulares na última semana do mês. No entanto, nenhum volume que seja suficiente para a florada principal do café. O cenário se repete em todas as regiões cafeeiras do país: Minas Gerais, Rondônia, São Paulo e Espírito Santo.

“Deveremos ter chuvas na última semana de setembro e, mesmo assim, de forma irregular e com volumes muito baixos, que não devem ultrapassar 50 mm”, explica o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio dos Santos.

Como a ausência de chuvas pode prejudicar a próxima safra?
“Se os grãos ficarem muito tempo nessa fase, expostos ao sol, ao calor e com baixo abastecimento de umidade, esses botões queimam”, diz o engenheiro agrônomo José Jorge, ao comentar sobre a importância de boas chuvas durante a florada.

Técnicos em fazenda cafeeira de Minas Gerais, durante aplicação de produtos em campo.
A florada do café representa uma das épocas mais importantes para a definição do potencial produtivo da safra que se inicia.

Essa tem sido a grande preocupação dos cafeicultores, já que a florada é uma fase extremamente importante, com a fecundação dos botões florais. A falta de chuvas nesse período pode prejudicar o desenvolvimento dos botões e dificultar o pegamento dos grãos. Esse cenário pode fazer com que esses botões não completem seus órgãos reprodutivos e não se tornem frutos.

Os desafios do déficit hídrico enfrentado pelos cafeicultores

Todas as regiões produtoras de café do país têm enfrentado um forte déficit hídrico, que, somado às altas temperaturas, piora ainda mais o cenário da cafeicultura brasileira.

Dados recentes da Fundação Procafé apontaram que a região da Mogiana Paulista, por exemplo, tem o pior déficit hídrico de todos, que já chega a 250 mm. Naquela região, nem mesmo as lavouras irrigadas estão escapando do castigo climático. No entanto, as áreas de sequeiro devem passar por situação pior.

“Temos casos de lavouras de sequeiro, principalmente as mais novas, que não vão produzir nada, pois nem conseguiram passar pela primeira fase, que é a formação dos botões”, comenta José.

Florada do café em fazenda de Minas Gerais, exposta em temperaturas altas, acima da média para o período
Em situações normais para esta época do ano, a florada do café já deveria ter ocorrido. 

Segundo o engenheiro agrônomo, as plantas estão secas, e o momento demanda uma grande observação e cuidado em relação às previsões para a próxima safra.

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Setembro com temperaturas acima da média

O mês de setembro começou com temperaturas altas, e elas devem persistir até o final do mês. “Temos a previsão de que setembro e outubro mantenham as temperaturas acima da média, porque não há previsões de frentes frias”, explica Marco Antonio.

A estimativa é que as chuvas cheguem a essas regiões somente em novembro, quando deverão se regularizar, porém, impulsionando uma queda nas temperaturas médias. A previsão é que essas temperaturas fiquem abaixo do normal durante a temporada de verão.

Por último, há também uma expectativa para a chegada do fenômeno La Niña, nos meses de outubro, novembro ou dezembro. Vale destacar que setembro será marcado pela fase de neutralidade climática.

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