Brasil se reafirma como importante fornecedor de café robusta

Uma das grandes surpresas desta safra tem sido o protagonismo do café robusta no mercado global. O setor fechou o mês de maio em Nova York com contratos ativos a 221,25 centavos de dólar por libra peso, representando um incremento de 645 pontos ou 3% ao longo do mês. Em Londres, os preços também avançaram 2,5%, resultando em 99 dólares por tonelada.

No Brasil, o indicador CPI para o café arábica cresceu 3,1%, alcançando pouco mais de R$1.286,00 por saca. Já o café robusta fechou com o indicador avançando 1,3%, para quase R$1.150,00 por saca. 

O rendimento desta safra tem chamado atenção e preocupado muitos produtores 

Os indicadores Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP apontaram ainda mais incrementos do arábica, que fechou com o indicador a R$1.302,29, um aumento de 5,8% nos últimos sete dias do mês.

Os preços estão em patamares historicamente elevados e para o café robusta estamos próximos das máximas históricas”, ressalta o Gerente de Inteligência de Mercado de Café da StoneX, Fernando Maximiliano.

Vários fatores explicam o cenário. Um deles é o adiantamento da colheita em algumas regiões: em Rondônia, já chegou a 60%, e no Espírito Santo, a 50%. Nas regiões de arábica, cerca de 30% já foram colhidos. O choque de oferta do café robusta na Ásia foi o principal fator por trás desse cenário.

Na Indonésia, por exemplo, a produção desta safra caiu 35% em comparação com a última. O Vietnã também registrou uma queda drástica e similar, com muitos players do mercado acreditando que a produção no país tenha sido ainda menor.

Fernando ressalta que o contexto coloca o café brasileiro em destaque no mercado, e o desenvolvimento da safra tem confirmado isso. Afinal, os principais países produtores de robusta enfrentam dificuldades, enquanto a safra brasileira se desenvolve sem problemas graves.

“O Brasil se tornou um grande player da variedade robusta. A gente sempre exportou muito bem café arábica, mas o robusta nem tanto. E quando a gente olha os dados de exportação do café, o aumento nas exportações de robusta foi expressivo por conta desse cenário. Então, basicamente, o Brasil é hoje a origem para o café robusta mais competitivo do mundo”, explica Fernando.

A maturação desuniforme dos grãos também têm sido ponto de preocupação

A expectativa para o mês de junho deve ser impactada pelos números recentes divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que ajustou a expectativa da safra 2023/24 do Vietnã para 29 milhões de sacas, uma queda de apenas 0,3%.

Na semana passada, o Ministério da Agricultura do Vietnã divulgou uma projeção de queda de 20% para a temporada. Esses números não representam um consenso de mercado, e muitos players apostam em uma produção ainda menor. Fernando destaca a posição confortável para a oferta de arábica neste momento.

“Quando analisamos esses dois mercados de forma individual, vemos que existe um cenário mais confortável para o café arábica, ou seja, uma oferta mais folgada. Enquanto isso, o balanço para o café robusta deve seguir com um déficit na próxima temporada. Esse é um dos fatores que têm dado suporte aos preços no mercado internacional e, consequentemente, no mercado doméstico brasileiro”.

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Rendimento baixo gera preocupação

De um modo geral, a maioria dos players no mercado apresentam boa expectativa com a safra brasileira de café neste ciclo. O USDA divulgou a estimativa de uma safra de 69,9 milhões de toneladas. A StoneX fez em fevereiro deste ano a previsão de uma safra de 67 milhões de sacas. 

Apesar da boa probabilidade, muitos produtores brasileiros têm relatado problemas no rendimento, principalmente nas áreas de arábica. A questão está diretamente associada aos impactos do fenômeno El Niño, com a ausência de chuvas no final do ano passado e início deste ano, somadas as altas temperaturas.

As lavouras brasileiras sentiram muito as altas temperaturas e a ausência de chuvas nesta safra 

Dados recentes do Cepea reforçam essa problemática. De acordo com os pesquisadores, como a colheita de arábica ainda está em fase inicial, é cedo para uma avaliação precisa sobre a estimativa de quebra em decorrência da qualidade da safra. No entanto, o clima seco tem ajudado na maturação e no andamento das atividades.

Em relação ao café robusta, os pesquisadores também pontuam um rendimento abaixo do esperado devido a questões climáticas durante o desenvolvimento da safra.

A perspectiva é que, com o avanço da safra, o mercado tenha uma pressão maior nos preços. “Deveremos ter um novo balanço sobre a oferta global de cafés, esperamos dados mais folgados. Isso pode trazer um movimento de baixa nas cotações, mas por outro lado, estamos iniciando o inverno brasileiro e qualquer onda de frio pode provocar um incremento nos preços, tendo em vista a memória da geada de 2021, e claro que isso tende a trazer volatilidade”, ressalta Fernando.

No Sul de Minas muitos produtores adiantaram o início de colheita nesta safra 

O clima no Vietnã deve continuar sendo observado pelo mercado. O retorno do fenômeno La Niña também segue como ponto de observação importante, já que em sua última ocorrência em 2020/21, ele impactou negativamente as lavouras brasileiras com o atraso das chuvas, atingindo a florada e prejudicando a produtividade. Há previsão da ocorrência da La Niña esse ano, com intensidade entre fraca e moderada.

Além de todas as preocupações acima, o produtor este ano também enfrenta dificuldades para contratar mão de obra para colheita, situação que pode afetar um pouco o ritmo nas regiões produtoras de arábica. 

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