Volume menor na colheita de café sinaliza quebra no Brasil

O rendimento e a peneira baixa na atual safra de café no Brasil reafirmam uma quebra significativa em comparação com o ano anterior. A colheita segue em andamento e, segundo o último relatório de Safras e Mercado, atingiu 58%.

Na maioria das fazendas esse avanço  permanece um ritmo acelerado e acima da média em comparação com o ciclo anterior, quando nesse período a colheita havia chegado em 52%.

Chama atenção o volume de café colhido, o que traz uma revisão nos números desta safra. O rendimento menor é o principal fator para impulsionar os números para baixo, isso porque quanto menor o grão, mais defeitos podem apresentar, reduzindo o valor comercial. 

Terreiro de café durante colheita em fazenda parceira da Nucoffee em Minas Gerais.
Secagem de café no terreiro em fazenda parceira da Nucoffee

“Quando pensamos na peneira, quanto menor for o grão mais leve será. E quanto maior, mais pesado o café. Esse volume menor significa uma safra menor”, explica Alysson Fagundes, pesquisador da Fundação Procafé.

As peneiras de madeira e metal são essenciais para classificar os grãos de café por tamanho e formato, determinando a qualidade e valorização do produto. Usadas em conjunto, elas separam os grãos conforme o tamanho, medido em frações de 1/64 polegadas, e a quantidade de imperfeições e impurezas, influenciando diretamente na graduação do café.

Peneiras de café usadas durante classificação do café
Peneiras variadas ajudam durante a etapa de classificação do café

Ainda segundo Safras e Mercado, a revisão na estimativa de safra deve sofrer um corte de até 14%. “Estamos identificando essa possibilidade de corte, os problemas desta safra estão claros principalmente no Conilon. No caso do Arábica, ainda precisamos esperar o andamento da colheita, identificamos a questão da peneira baixa e acendemos o alerta, no entanto, ainda trabalhamos com cenário um pouco mais neutro”.

Impactos climáticos

A quebra é resultado da ação do fenômeno El Niño na cafeicultura brasileira no ano passado. Um índice pluviométrico a quem do esperado e as altas temperaturas prejudicaram fortemente o café.  “O principal motivo não foi muito a falta de chuva, já que até mesmo lavouras irrigadas foram afetadas e estão apresentando peneira baixa também. O grande fator foram as temperaturas extremamente altas de setembro a março deste ano”, destaca Alysson.

Lavoura de café em fazenda de Minas Gerais
As altas temperaturas prejudicaram fortemente os cafeeiros em Minas Gerais

No ano passado o Brasil registrou o mês de setembro mais quente da história, com uma média de 1,6ºC acima dos registros históricos.

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E como fica o mercado para os cafés brasileiros?

De um modo geral o mercado já começa a refletir esse volume baixo. No entanto, a alta demanda internacional por grãos de peneira maior é que deve agravar o cenário. “O café tem um padrão de exportação e o mercado internacional requer peneiras mais altas, e isso vai reduzir nosso volume para exportar”, acrescenta o pesquisador.

Ele relembra que já aconteceu uma situação semelhante em outras safras brasileiras e o mercado aceitou um padrão de peneira menor. “Acredito que isso deve acontecer este ano, porque o mercado não fica sem o café brasileiro. Tendo em vista que oferta e demanda seguem bastante apertadas”, ressalta Alysson.

Atualmente, muitos produtores já reafirmam uma colheita menor nesta temporada. “A quebra já é uma certeza e a Fundação Procafé está atenta a essa situação. É muito ruim chegar ao final da safra e descobrir esse rendimento aquém do esperado”, conclui Fagundes.

Tal quebra deve ser sentida não só no mercado externo, como também interno, exigindo dos produtores estratégias para mitigar ao máximo os prejuízos.

Colheita de café em fazenda de Minas Gerais
Com o desenvolvimento da colheita os produtores começaram a perceber a diferença do rendimento menor nesta safra

“O mercado vem precificando essa safra menor no Brasil, principalmente por conta do cenário externo, que tem feito o pessoal comprar café brasileiro. E isso explica a alta do nosso Conilon, além de ter puxado junto o arábica” diz o analista de Safras e Mercado, Gil Barabach. 

Segue sob monitoramento do mercado o avanço da colheita no Brasil. 

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