A presença de plantas daninhas na soja é um desafio constante para os produtores, impactando diretamente a produtividade das lavouras, competindo com a cultura por recursos essenciais, como água, nutrientes, espaço e luz solar.

A matocompetição pode ocorrer em qualquer estágio da cultura, mas é particularmente prejudicial na pré-emergência, quando a soja está estabelecendo seu sistema radicular e a competição pode comprometer o desenvolvimento e afetar de maneira irreversível o rendimento da lavoura.

As consequências da presença de plantas daninhas vão além da competição direta. Elas favorecem a sobrevivência e a disseminação de pragas e doenças, dificultam o manejo agrícola devido ao seu crescimento acelerado e complicam a colheita mecanizada, causando atrasos operacionais.

A Embrapa Soja alerta que a presença dessas plantas pode reduzir a produção em até 90%, com perdas que começam logo no estabelecimento do estande de soja.

Para controlar eficazmente essas espécies, é crucial identificar corretamente as plantas daninhas mais frequentes nas lavouras. Conhecer as espécies e suas características permite implementar estratégias de manejo adequadas, minimizando os impactos negativos e permitindo a produtividade e a qualidade da cultura de soja.

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São diversas as espécies de plantas daninhas que ocorrem nas lavouras de soja e têm potencial para causar grandes prejuízos. Espécies de folhas largas como a buva, e de folhas estreitas como o capim-pé-de-galinha, abordados no artigo Capim-pé-de-galinha e buva: como manejar as daninhas da soja?, são exemplos de invasoras que têm despertado preocupação nos sojicultores.

Neste artigo, vamos conhecer melhor sobre algumas outras espécies – especialmente de folhas largas – que têm ganhado expressividade nas lavouras de soja.

Vassourinha-de-botão

A vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata) é uma planta daninha pertencente à família Rubiaceae. Essa invasora possui grande adaptabilidade a diferentes condições de clima e solo, podendo tolerar ambientes mais ácidos e pobres em nutrientes, assim como condições de seca.

Classificada como uma planta perene, a vassourinha-de-botão se reproduz exclusivamente por sementes, que necessitam de luz para que ocorra a germinação. As sementes possuem alta capacidade de dispersão, contribuindo para sua prevalência em diversas regiões.

Nativa das Américas, ocorre desde a região sul dos Estados Unidos até a porção meridional do Brasil, com ampla distribuição no país, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

De maior ocorrência nas regiões do bioma Cerrado, fato justificado pela dificuldade de manejo devido à tolerância ao herbicida glifosato apresentada por essas plantas – além da capacidade de sobrevivência em condições adversas – a vassourinha-de-botão causará problema em todas as culturas cultivadas no local em que estiver presente e em qualquer safra.

Na soja, cultura em que as perdas são mais evidentes, a redução na produtividade de grãos pode atingir até 28%, dependendo da densidade de plantas por m² da planta invasora. Além disso, a vassourinha-de-botão pode ser hospedeira secundária de pragas, doenças, ácaros e nematoides, complicando ainda mais o manejo desses sistemas produtivos, do plantio à colheita.

A vassourinha-de-botão é caracterizada ainda pela dificuldade de identificação. Isso se deve ao fato de que, frequentemente, é possível confundi-la com a erva-quente (Spermacoce latifolia), principalmente se estiver em estágios iniciais de desenvolvimento ou durante o período vegetativo, sem a presença de inflorescências. 

Essa dificuldade pode resultar em aplicações equivocadas de herbicidas, uma vez que a vassourinha-de-botão é completamente diferente da erva-quente – sendo a primeira uma planta perene com caule lenhoso e a segunda uma planta daninha de ciclo anual.

A foto abaixo ilustra um exemplo de erva-quente, para facilitar a diferenciação da vassourinha-de-botão:

Caruru

O caruru, nome popularmente dado às espécies do gênero Amaranthus (família Amaranthaceae), é uma planta daninha que se destaca pela rusticidade e agressividade, sendo uma grande invasora em diversas culturas agrícolas.

No Brasil, cerca de dez espécies de Amaranthus estão amplamente distribuídas, com as principais invasoras em culturas economicamente importantes, como a soja, sendo Amaranthus palmeri e Amaranthus hybridus. Essa última, também conhecida como caruru-roxo ou caruru-gigante, é a mais comum e disseminada no território nacional.

Trata-se de uma planta herbácea, ereta, com pigmentação avermelhada, variando em altura de 20 cm a 2 m. Originária da América Tropical, ela se reproduz por sementes, que são produzidas em grandes quantidades – uma única planta pode gerar de 200 a 600 mil sementes durante seu ciclo.

Fonte: Up. Herb, 2024.

As sementes são pequenas, medindo de 0,7 a 11 mm de diâmetro, e têm uma coloração que varia do castanho ao vermelho. A alta produção de sementes, juntamente com a capacidade de germinar a partir de profundidades significativas no solo e sua longa dormência, tornam o caruru uma planta difícil de controlar.

O caruru se desenvolve muito bem em regiões de clima quente e seco devido à sua eficiência no uso de água, luz e nutrientes, realizando fotossíntese pelo ciclo C4, lhe conferindo uma vantagem competitiva significativa sobre plantas C3, como a soja, em termos de matocompetição. Estudos indicam que a presença de apenas uma planta de Amaranthus hybridus por metro quadrado pode causar uma redução de produtividade da soja entre 4,47% e 8,32%.

Historicamente, os primeiros relatos de resistência de espécies de Amaranthus a herbicidas datam da década de 1970. Desde então, novos registros de resistência em diferentes regiões e tipos de herbicidas foram observados. No Brasil, a resistência do caruru ao glifosato tem sido confirmada, levando a um aumento gradativo da ocorrência desta planta daninha nas lavouras.

Trapoeraba

A trapoeraba, pertencente à família Commelinaceae, inclui diversas espécies morfologicamente semelhantes, sendo a mais importante a Commelina benghalensis. Outras espécies, como C. diffusa, C. erecta e C. villosa, também ocorrem no Brasil e preocupam os produtores devido à sua difícil erradicação, especialmente C. villosa, que apresenta tolerância a doses elevadas do herbicida glifosato.

A trapoeraba é uma planta herbácea e tenra, que cobre intensamente a superfície do solo. Seu desenvolvimento é vigoroso em solos férteis, úmidos e com boa luminosidade, crescendo mais lentamente em locais sombreados. Apresenta caule liso, cilíndrico e carnoso, dividido por nós de onde surgem ramificações. As folhas, com formato irregular, podem ser lisas ou levemente pilosas. As flores, geralmente de coloração azul, nascem em grupos de três na parte terminal dos ramos e duram apenas um dia.

Além disso, a trapoeraba apresenta dois tipos de sementes: aéreas, que auxiliam na dispersão para novas áreas, e subterrâneas, que ajudam na perpetuação da espécie na área infestada. As sementes aéreas emergem de até 2 cm de profundidade, enquanto as subterrâneas podem emergir de até 12 cm.

A germinação é favorecida por temperaturas entre 18 °C e 36 °C e pela presença de luz, embora essa não seja essencial. Além disso, as sementes possuem dormência, o que resulta em fluxos de emergência fora do período de aplicação de herbicidas, dificultando ainda mais o controle. 

A trapoeraba tem uma alta capacidade competitiva com culturas como a soja, influenciando diretamente na produtividade. Estudos indicam que 58 plantas de trapoeraba por metro quadrado podem reduzir a produtividade da soja em 15%, enquanto uma densidade de 230 plantas por metro quadrado pode causar uma redução de até 49%.

Além de competir por recursos, como água, luz e nutrientes, a trapoeraba dificulta a colheita mecânica e pode aumentar o teor de água nos grãos, além de servir como hospedeira para doenças, pragas, como o percevejo-marrom e para o nematoides-das-galhas.

O controle da trapoeraba é desafiador devido às características morfológicas que dificultam a absorção e o transporte do herbicida. Suas folhas, quando adultas, acumulam tricomas e ceras que dificultam a ação dos herbicidas. Portanto, o manejo deve ser realizado com plantas ainda pequenas, de 2 a 4 folhas, para aumentar a eficácia dos herbicidas.

Corda-de-viola 

As cordas-de-viola são, em sua maioria, plantas daninhas de grande relevância para culturas perenes, contudo também têm representado uma significativa problemática para a cultura da soja, competindo por espaço e recursos e dificultando operações agrícolas, como a colheita.

Essas invasoras preferem solos semiarenosos, mas se adaptam facilmente a diferentes tipos de solo, ocorrendo em praticamente todas as regiões agrícolas do Brasil, com mais de 140 espécies distribuídas por todo o território nacional.

São plantas anuais, que se reproduzem por sementes; herbáceas, com caules e ramos finos, longos e flexíveis, que se espalham pelo solo e podem superar obstáculos de até 3 metros de altura; suas flores apresentam cores bastante vistosas

Com hábito trepador e hastes fibrosas, as infestações de corda-de-viola na cultura da soja acontecem especialmente nos estágios finais de desenvolvimento, resultando em competição por recursos e causando grandes problemas durante a colheita, podendo resultar em prejuízos à produção e ao bolso do sojicultor.

A presença dessas invasoras nas áreas produtivas causa relatos frequentes de “embuchamento” de colhedoras, desgaste dos componentes da plataforma de corte desses implementos agrícolas, tombamento das culturas de interesse, etc.

Além disso, segundo Piccinini (2015), o aumento da densidade de corda-de-viola na soja pode ocasionar significativas reduções de produtividade, de até 45%, devido à matocompetição desempenhada por essas daninhas.

Finalmente, é importante recordar que algumas populações de Ipomoea spp. podem desenvolver resistência a herbicidas, o que torna o seu controle ainda mais desafiador. Somado a isso, algumas espécies apresentam comportamento fotoblástico negativo, ou seja, as sementes germinam na ausência de luz, contribuindo para a emergência dessas plantas daninhas mesmo após o fechamento das entrelinhas de cultivo da soja.

Picão-preto

O picão-preto é uma planta daninha encontrada em quase todo o território brasileiro e já foi uma das mais importantes em áreas produtoras de grãos.

Embora existam 19 espécies de Bidens no Brasil, as duas mais comuns nas lavouras são Bidens pilosa e Bidens subalternans, ambas frequentemente chamadas de picão-preto devido à dificuldade de diferenciação. A distinção entre essas espécies, no entanto, pode ser feita pela quantidade de aristas nos aquênios: B. pilosa possui 2 ou 3 aristas, enquanto B. subalternans apresenta 4 aristas. Além disso, B. pilosa tem flores periféricas com lígulas significativamente maiores.

Essa planta daninha possui um ciclo anual e sua ampla disseminação está associada à produção abundante de sementes, que varia entre 3.000 e 6.000 por planta, além de um mecanismo de dormência que permite a emergência das sementes em períodos mais favoráveis.

As sementes do picão-preto são disseminadas principalmente por animais, máquinas e implementos agrícolas e a germinação ocorre idealmente a 15 °C, enquanto temperaturas acima de 35 °C podem ser letais. A luz não é um fator essencial para a germinação, embora possa melhorar a taxa.

As sementes podem emergir de grandes profundidades, próximas a 10 cm, e possuem grande longevidade, podendo germinar após cinco anos no solo. Devido a essas características, práticas como acúmulo de palhada e cultivo do solo não são eficazes para o controle dessa planta daninha.

Além de suas características de disseminação e germinação, o picão-preto é uma das principais hospedeiras de nematoides do gênero Meloidogyne, agravando ainda mais os problemas para os produtores.

Com a introdução de cultivares RR, a problemática do picão-preto diminuiu temporariamente. No entanto, a identificação de populações resistentes ao glifosato durante a safra 2022/23 reacendeu o alerta entre os agricultores. Além disso, já nos anos 1990, foram encontradas populações de picão-preto resistentes a herbicidas inibidores da enzima acetolactato sintase (ALS), destacando a necessidade contínua de estratégias eficazes de manejo e controle.

Leiteiro ou amendoim-bravo

O amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla), também chamado de leiteiro, é uma planta daninha de grande relevância para as regiões agrícolas produtoras de grãos no Brasil. Originária das regiões tropicais e subtropicais das Américas, essa planta está amplamente distribuída nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, onde causa sérios problemas em culturas anuais.

Essa planta daninha possui um ciclo de vida anual, com rápida germinação e crescimento inicial, podendo produzir de duas a três gerações por ano. Sua reprodução ocorre por sementes, que são lançadas a uma distância de 2 a 5 metros da planta-mãe por meio de um mecanismo de propulsão mecânica. As sementes podem germinar em profundidades de até 20 cm e mantêm a viabilidade por longos períodos, facilitando sua dispersão e perpetuação.

A planta apresenta um caule ereto e cilíndrico, que pode ser simples ou ramificado, e sua cor varia do verde ao vermelho-violáceo. É conhecida por liberar látex, característica que justifica o nome “leiteiro” e que contribui para a fixação de impurezas no material colhido.

Apresenta alta variabilidade fenotípica, com folhas de formatos variados que podem ser lanceoladas, obovadas, ovaladas ou elípticas. As folhas possuem alto teor de cera epicuticular, densidade elevada de vasos laticíferos e cutícula espessa na face adaxial, características que dificultam a penetração de defensivos, complicando o controle da planta por herbicidas.

Essa planta invasora é extremamente agressiva, competindo por recursos naturais, como nutrientes, espaço, água e luz, resultando em significativas perdas de rendimento nas culturas afetadas. Em culturas anuais, como a soja, pode reduzir a produção de grãos em até 60%.

Além disso, a presença dessa planta daninha dificulta o processo de colheita, aumentando o teor de umidade dos grãos e os custos de beneficiamento. A planta também serve como hospedeira de pragas como a mosca-branca e o percevejo-marrom, além de nematoides e doenças, como o vírus-do-mosaico-anão.

O controle do amendoim-bravo é desafiador devido também à resistência a herbicidas. Populações resistentes a inibidores da acetolactato sintase (ALS) foram identificadas já na década de 1990. Com a introdução da soja geneticamente modificada resistente ao glifosato, o controle dessa planta foi facilitado, mas o uso contínuo de glifosato levou ao desenvolvimento de populações resistentes também a esse ativo.

Para o manejo eficaz do amendoim-bravo, é crucial o uso de estratégias integradas, que incluam a rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação e o uso de herbicidas pré-emergentes com ação residual.

Cravorana

A cravorana, também conhecida como losna-do-campo, é uma planta daninha anual que tem se tornado cada vez mais comum nas lavouras de soja, especialmente na região Sul do Brasil. Pertencente à família Asteraceae, diversas espécies de cravorana podem ser observadas no Brasil, no entanto, a mais comum em sistemas agrícolas é a Ambrosia artemisiifolia.

A cravorana é caracterizada por seu porte ereto e pouco ramificado, podendo atingir de 15 cm a 1,5 m de altura. Sua reprodução ocorre exclusivamente por sementes, que apresentam alta capacidade de germinação após exposição a baixas temperaturas, com maior incidência no início da primavera.

Uma única planta pode produzir entre 3.000 e 4.000 sementes, embora já tenham sido registradas até 32.000 em um único exemplar. Essas sementes podem permanecer viáveis no solo por mais de 40 anos, representando um desafio significativo para o manejo a longo prazo.

O ciclo da cravorana varia de 115 a 183 dias, com germinação ocorrendo quando a temperatura do solo atinge entre 11 a 13 °C. A planta responde bem a estímulos de temperatura e fotoperíodo, o que favorece seu crescimento e desenvolvimento. 

Na cultura da soja, a competição é acentuada durante a pós-emergência da soja, quando a planta daninha pode comprometer o crescimento radicular e a produtividade.

Além da competição por recursos, a cravorana possui propriedades alelopáticas, liberando substâncias pelas raízes e pela decomposição da parte aérea, que podem inibir o crescimento de outras plantas. A planta também atua como hospedeira para pragas, doenças e nematoides, como o Meloydogyne incognita, complicando ainda mais o manejo.

Apesar de não haver relatos confirmados de resistência da cravorana a herbicidas no Brasil, dificuldades no controle com glifosato foram observadas, indicando um potencial desafio futuro. Portanto, é crucial implementar estratégias de manejo eficazes, como a manutenção de uma boa cobertura do solo tanto na safra quanto na entressafra, para mitigar a proliferação dessa planta daninha e proteger a produtividade da soja.

Poaia

A poaia-branca (Richardia brasiliensis) é uma planta daninha de ciclo anual que vem causando preocupações significativas entre os produtores em diversas regiões do Brasil. A presença dessa planta daninha na soja pode reduzir o rendimento da lavoura em 2,6% para cada planta presente por metro quadrado.

Comumente encontrada infestando lavouras anuais e culturas perenes, essa planta se desenvolve bem em solos com boa umidade e possui um vigor vegetativo elevado, o que lhe permite cobrir completamente o solo e, assim, representar um grande desafio para as operações de colheita devido à sua expressiva massa vegetal.

Pertencente à família Rubiaceae, é anual, rasteira, herbácea, apresenta pelos brancos por todo o caule e as folhas têm pelos mais finos e macios. As sementes da poaia-branca, que medem aproximadamente 4 mm, são facilmente disseminadas ao longo do ano e possuem uma alta capacidade de germinação, especialmente em temperaturas médias de 25 °C e na presença de luz.

Em regiões mais quentes, a emergência da poaia-branca pode ocorrer o ano todo, enquanto em regiões mais frias, a planta tende a entrar em repouso durante o inverno, retomando sua reprodução na primavera. Essa capacidade de germinar ao longo de todo o ano em algumas regiões faz da poaia-branca uma ponte verde para pragas e doenças, aumentando o risco de infestações secundárias nas culturas.

O controle da poaia-branca é dificultado pela sua tolerância a diversos herbicidas, o que exige estratégias de manejo integradas para sua efetiva erradicação. O uso de herbicidas pré-emergentes pode ser uma ferramenta útil para os sojicultores, ajudando a controlar essa invasora antes que ela se estabeleça e cause danos significativos.

Histórico de resistência a herbicidas no Brasil

No Brasil, a resistência de plantas daninhas a herbicidas tem se desenvolvido em dois momentos distintos.

O primeiro registro de resistência envolveu as espécies Bidens pilosa (picão-preto) e Euphorbia heterophylla (amendoim-bravo ou leiteiro), que se mostraram resistentes aos herbicidas inibidores da ALS (acetolactato sintase). Essa descoberta marcou o início de um desafio significativo para os agricultores, que precisaram adaptar suas estratégias de manejo para lidar com essas espécies resistentes.

Atualmente, os produtores enfrentam uma segunda fase de resistência, desta vez ao herbicida glifosato. Esse problema é decorrente do uso contínuo e intensivo do mesmo princípio ativo nas mesmas áreas ao longo do tempo, o que exerceu uma forte pressão de seleção sobre as plantas daninhas.

Como resultado, 12 plantas daninhas desenvolveram resistência ao glifosato no Brasil. Entre elas, 7 são de folhas largas:

  • azevém (Lolium multiflorum);
  • buva (Conyza bonariensis, C. canadensis, C. sumatrensis);
  • capim-amargoso (Digitaria insularis);
  • caruru (Amaranthus palmeri, A. hybridus);
  • capim-branco (Chloris elata);
  • capim-pé-de-galinha (Eleusine indica);
  • leiteiro – ou amendoim-bravo – (Euphorbia heterophylla);
  • capim-arroz (Echinochloa crusgalli);
  • picão-preto (Bidens subalternans).

Os impactos econômicos dessa resistência são significativos. Um estudo realizado pela Embrapa revelou que os custos de produção em lavouras de soja infestadas por plantas daninhas resistentes ao glifosato podem aumentar entre 42% e 222%, ressaltando a necessidade de práticas de manejo mais diversificadas e integradas para mitigar o desenvolvimento e o impacto das plantas daninhas resistentes.

Dicas para um manejo eficiente de plantas daninhas na soja 

O manejo eficaz de plantas daninhas em cultivos de soja exige a implementação de um Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD) que abrange métodos preventivos, culturais e químicos para minimizar a competição por recursos e evitar a seleção de biótipos resistentes aos herbicidas disponíveis.

No manejo antecipado, destaca-se a importância do monitoramento regular para a detecção precoce de plantas daninhas, a limpeza de equipamentos agrícolas para evitar a disseminação de sementes, a aquisição de sementes livres de infestantes e o controle mecânico, por meio de capinas e roçadas. 

Controlar as espécies infestantes durante todo o ano, sem permitir o aumento no banco de sementes, e realizar o manejo adequado na pré-semeadura, com manejo antecipado na entressafra e a dessecação pré-plantio, são estratégias fundamentais para minimizar perdas de produtividade decorrentes da matocompetição e manter as áreas de cultivo livres dessas espécies indesejadas.

O manejo cultural, por sua vez, inclui a rotação de culturas, o que dificulta o estabelecimento de plantas daninhas e diminui os períodos de pousio. A cobertura vegetal do solo, com densas camadas de palhada resultantes de culturas ou coberturas de inverno, pode suprimir a emergência de plantas daninhas ao limitar o estímulo luminoso necessário para a germinação de suas sementes. A utilização de cultivares adaptadas em espaçamento entrelinhas também contribui para a competição efetiva contra plantas invasoras.

O controle químico é uma parte crucial do manejo integrado, utilizando herbicidas pré-emergentes e pós-emergentes seletivos para manter a lavoura limpa ao longo do ciclo de desenvolvimento da soja.

A dessecação pré-plantio é fundamental para otimizar as operações de semeadura, mas não é suficiente para impedir o surgimento de daninhas no momento da estabilização do estande da soja. Portanto, o manejo pré-emergente deve ser realizado logo após a semeadura, antes da germinação das sementes de soja e das invasoras, garantindo um controle inicial eficaz.

Para o manejo pré-emergente, é essencial escolher um herbicida eficiente contra daninhas de folhas largas e estreitas, que controle todas as espécies incidentes, seja seletivo à cultura da soja, evitando a fitotoxicidade, e que controle daninhas resistentes ao glifosato.

A aplicação de herbicidas pré-emergentes no momento da semeadura pode proporcionar um controle residual eficaz por até 20 dias, auxiliando no controle em pós-emergência e permitindo tratamentos mais efetivos contra plantas jovens e menos estabelecidas.

Para evitar a seleção de plantas daninhas resistentes, é crucial utilizar doses recomendadas de herbicidas, combinar princípios ativos e rotacionar mecanismos de ação. O uso de herbicidas de amplo espectro de controle, compostos por diferentes modos de ação e com seletividade, é fundamental para manter a eficácia dos produtos e prolongar sua vida útil.

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