Com as metas de transição energética, que visam substituir gradualmente fontes de energia fósseis por renováveis, a demanda por cana-de-açúcar é crescente, uma tendência que deve se manter pelas próximas safras.
Para isso, a modernização do manejo nos canaviais é necessária e já está em curso, com o aprimoramento e a expansão de métodos como aplicação de inseticidas via cortador de soqueira e em associação com vinhaça localizada.
Nas últimas duas safras, a eficiência brasileira na produção de cana-de-açúcar foi colocada em cheque pelo clima, e o produtor rural provou sua desenvoltura e resiliência no enfrentamento de desafios, mantendo bons índices de produtividade e qualidade, apesar das condições desfavoráveis.
Com um cenário mais estável para a safra de cana 2023, é preciso avançar nos objetivos, ampliando a produção para garantir competitividade no mercado – cujos preços atrativos favorecem o agricultor – e uma boa rentabilidade.
Nessa estratégia, um controle de pragas na cana bem estruturado é fundamental, afinal, são elas as principais responsáveis por causar perdas nas lavouras, especialmente durante o verão, quando grande parte das lavouras da região Centro-Sul estão bem desenvolvidas, e as pragas se beneficiam do calor e da umidade.
Para evitar perdas nesse período pelo aumento populacional dos insetos, uma possibilidade bastante eficiente é incluir, no manejo integrado, a aplicação de inseticidas com cortador de soqueira no início do ciclo da cultura, que coincide com os meses do inverno brasileiro.
Como demonstra o produtor Lucas Donizetti Cardoso, em seu depoimento para a Operação Praga Zero (iniciativa da Syngenta que visa mitigar os danos causados por pragas em todo o Brasil, com planejamentos personalizados para diversas culturas, regiões e espécies), o produto aplicado em soqueira apresenta um resultado multipraga.
Isso permite controlar as principais e mais agressivas pragas da cana-de-açúcar, como: pão-de-galinha (Euetheola humilis); cigarrinha-das-raízes (Mahanarva imbriolata); e o temido gorgulho-da-cana-de-açúcar (Sphenophorus levis), também conhecido como bicudo-da-cana-de-açúcar.
A escolha de um produto que tenha flexibilidade de aplicação nessa modalidade oferece uma lista de benefícios preciosos para o produtor que precisa alavancar sua produção nesta safra, mantendo as pragas abaixo do nível de controle e diminuindo a necessidade de reaplicação posterior, o que ajuda a reduzir também os custos de produção.
Todos os detalhes sobre essa estratégia estão descritos nas próximas linhas, com o objetivo de oferecer alternativas para o canavicultor aumentar a eficiência, a qualidade e o volume da produção em 2023/24.
Quais pragas podem ameaçar a cana-de-açúcar na safra 2023/24?
A exemplo dos últimos anos, o foco está para as pragas de solo. S. levis continua liderando os potenciais de danos na cana-de-açúcar. Para cada 1% de toco atacado perde-se 1,6 tonelada de cana, o que demonstra a agressividade dessa espécie que, a cada ano, está mais disseminada entre as regiões produtoras de cana e com pressão ainda maior.
Em seguida, o destaque vai para a cigarrinha-das-raízes, que pode gerar perdas de até 80% na produção e reduzir a qualidade em 30%, atacando as raízes e prejudicando o desenvolvimento radicular das plantas e todo o seu potencial para a concentração de açúcares, que, para a indústria e a valorização da matéria-prima, é o que realmente importa.
Além delas, a broca-da-cana (Diatraea saccharalis), os cupins (Heterotermes tenuis) e o pão-de-galinha (Euetheola humilis) também representam desafios de manejo, com capacidade de reduzir significativamente a produção e a qualidade da cana-de-açúcar, algo que não pode ser admitido diante do aumento da demanda e da ampliação das oportunidades de negociação no mercado sucroenergético.
Sphenophorus levis na cana-de-açúcar
A abrangência do S. levis nas regiões produtoras de cana-de-açúcar é alarmante e, no mínimo, curiosa, visto que a mobilidade não é um de seus fortes. A praga se locomove pouco, deslocando-se não mais que dois metros dentro da área em um mês. Sua habilidade de reprodução, no entanto, justifica o aumento de pressão, podendo alcançar até seis gerações em apenas uma safra.
O motivo da dispersão, de acordo com especialistas, é o tráfego de maquinários dentro de uma mesma área ou para outras regiões, criando o principal ponto de dispersão da praga. Quanto à pressão, a justificativa está para a permanência de indivíduos adultos no campo, cujo ciclo é maior que as outras fases do inseto, de maneira que manejá-los é o foco principal para frear a reprodução, mesmo sendo a larva responsável pelos maiores danos.
Danos do gorgulho-da-cana-de-açúcar no colmo da planta. Abertura de galeria nos perfilhos pelas larvas pode levar a planta à morte, enfraquecendo as touceiras e causando falhas na safra seguinte. Fonte: CanaOnline, 2017.
Cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata) na cana-de-açúcar
A cigarrinha-das-raízes, na fase de ninfa, ataca o sistema radicular da cana, com fortes prejuízos para a qualidade, especialmente no que se trata de produção de ATR e de TCH e aumento do teor de fibra. Com a expansão do sistema de colheita mecanizada da cana crua – sem queima –, a permanência da praga na área é favorecida, ficando alojada na palhada que mantém a umidade do solo.
Os indivíduos adultos atacam a parte aérea das plantas, sugando a seiva e injetando toxinas enquanto se alimentam, o que pode levar a necrose do tecido foliar, diminuindo a taxa fotossintética e o vigor da lavoura.
Consequências da ação da M. fimbriolata em raízes da cana-de-açúcar. Fonte: Embrapa, 2022.
A cigarrinha-das-raízes desvaloriza a cana-de-açúcar destinada à indústria de maneira muito severa, resultando em altos prejuízos econômicos ao produtor rural que são proporcionais ao nível de pressão da praga.
Tanto M. fimbriolata quanto S. levis – e outras pragas de solo – diminuem a longevidade dos canaviais, exigindo antecipar as práticas de reforma e tornando os custos de produção ainda mais elevados.
Para proteger a vida útil da área, otimizar custos, manter a produtividade e mitigar os danos causados por essas pragas, é preciso adotar práticas integradas, que permitam maximizar a eficiência do controle químico. Assim, é necessário unir tecnologia e produtos de alta performance nas estratégias de manejo de pragas na cana-de-açúcar.
Controle de gorgulho-da-cana e cigarrinha-das-raízes com aplicação foliar
O método mais comum para controle de pragas de solo, como a cigarrinha-das-raízes e o gorgulho-da-cana-de-açúcar, é a aplicação foliar realizada logo no início do ciclo da cultura, caso sejam identificadas ninfas na lavoura. Essa estratégia visa diminuir a população de pragas ainda no inverno, evitando uma explosão populacional no verão, quando as condições climáticas favorecem sua reprodução.
Nessa prática, devem ser utilizados inseticidas sistêmicos e seletivos aos inimigos naturais das pragas, ou seja, que controlam apenas os alvos, ninfas e adultos, possibilitando manter o equilíbrio do ecossistema da área.
Diversas pesquisas demonstram a superioridade dos resultados com o uso de inseticidas com o princípio ativo tiametoxam, que também promove efeitos fisiológicos benéficos às plantas.
Diante da persistência das pragas nas áreas – e dos elevados custos de produção em virtude da necessidade desse controle, além do aumento de pressão e dispersão verificado –, cria-se um alerta para a necessidade de otimizar esses processos aplicando técnicas que sejam ainda mais eficientes em controlar cigarrinha-das-raízes e gorgulho-da-cana-de-açúcar e outras ameaças logo no início do desenvolvimento da cultura.
Essa oportunidade se verifica na aplicação via cortador de soqueira, que protege os efeitos do produto por mais tempo, evitando processo de deriva e outras variáveis que prejudicam a ação da solução quando aplicada nas folhas.
Como funciona a aplicação do inseticida com o cortador de soqueira?
A aplicação de inseticida no corte de soqueira vem sendo aperfeiçoada ao longo dos anos para que o canavicultor aproveite as vantagens que a operação oferece quando se trata do controle de pragas de solo. Muitas associações, cooperativas e empresas do setor sucroenergético já vêm se beneficiando com a técnica, que possibilita manter gorgulho-da-cana-de-açúcar e cigarrinha sob controle desde o início da safra.
O processo consiste em realizar cortes nas linhas de plantio, com a cana já instalada, por meio de maquinários com dois ou três discos, promovendo sulcos de, pelo menos, 10 a 12 cm de profundidade, onde é injetado inseticida diretamente nas raízes, a fim de controlar as pragas ainda na fase de ninfa, quando a cultura está na fase de desenvolvimento inicial.
Cortador de soqueira com aplicador de defensivo em operação. Fonte: FILHO, 2021 – Universidade Federal Rural De Pernambuco (UFRPE).
A novidade está na otimização desse processo, com cortadores de soqueira mais sofisticados, adequados para o atual contexto de produção. Se antigamente a realidade era lavouras de cana com três linhas em paralelo, hoje a maioria das áreas trabalha com duas linhas, o que exige um maquinário com apenas dois discos. Não seguir essa recomendação pode levar a um erro de quase 30% no atingimento do alvo, diminuindo a eficiência do produto.
É recomendável realizar a operação em uma velocidade de no máximo 8 km/h, a fim de não causar impactos na soqueira. Operar as máquinas acima dessa velocidade pode desuniformizar o estande de plantas por danos mecânicos. A profundidade do corte permite que o produto fique protegido no interior do solo, impedindo perdas por evaporação, o que aumenta o período residual de ação do inseticida.
A aplicação de inseticida via cortador de soqueira pode ser feita a partir de duas estratégias. Uma é injetar 100% da calda no sulco, direcionando todo o produto para as raízes. A segunda é conhecida como 70/30, em que 70% da calda é direcionada às raízes e os outros 30% é aplicado sobre a palhada, a fim de controlar também as pragas que estejam circulando na superfície. Essa escolha vai definir também a tecnologia de aplicação, com destaque para a intensidade da vazão, os bicos pulverizadores e a quantidade de calda.
A decisão vai depender de monitoramento e identificação da condição da infestação. Além disso, o processo exige ainda que seja realizado o desenleiramento da palha, removendo-a de maneira mecânica da linha de plantio, para que o corte e a aplicação do produto nos sulcos não sejam prejudicados pela camada de palhada.
Tudo isso permite controlar pragas da cana logo no início do desenvolvimento da cultura, com movimentação muito baixa do solo e práticas que conservam suas qualidades. A eficiência dessa operação permite diminuir os riscos e os danos causados pelas pragas, além de ser uma possibilidade de reduzir os custos com manejo, uma vez que a integração de estratégias evita excesso de aplicação de defensivos ao longo de ciclo, gerando menor investimento para uma safra realmente produtiva e protegendo a vida útil do princípio ativo escolhido.
Para otimizar ainda mais esses custos, uma estratégia que está funcionando é usar o corte de soqueira somente onde o monitoramento inicial indicou que a pressão de pragas atingiu o nível de controle (NC) ou o nível de dano econômico (NDE) – assim, é preciso definir o patamar de controle.
No restante da plantação, é possível realizar aplicações em outros momentos do calendário de manejo, caso sejam identificadas pragas em NC, a fim de impedir que alcancem o nível de dano.
Manejo Integrado de Pragas (MIP) da cana: primeiras aplicações
A eficiência do controle de pragas com cortador de soqueira depende da adoção de práticas integradas, pois a operação por si só não é capaz de ter boa performance contra gorgulho-da-cana-de-açúcar e cigarrinha-das-raízes a longo prazo. Assim, há 7 recomendações para que esse manejo tenha bons resultados, permitindo também que o produto realmente expresse sua máxima eficiência:
- Amostragem: equipe especializada no processo de identificação da praga é fundamental, pois uma área em que S. levis foi identificado e controlado deixa de ser um viveiro, evitando disseminar a praga.
- Destruidor de soqueira: proporciona 83% de controle contra S. levis, com boa performance comprovada também contra outras pragas de solo!
- Barra total: proporciona mais de 80% de redução dos adultos de S. levis, a principal fase da praga que perpetua nas áreas.
- Preparo do solo: cuidados extras no trabalho com o plantio direto em áreas com histórico de infestação.
- Rotação de cultura: prática importante para a diminuição da pressão da praga.
- Operação de plantio: higienização e movimentação correta dos maquinários, a fim de impedir que a praga se dissemine para outras áreas, para a linha-mãe ou para o viveiro.
- Cortador de soqueira: considerar tanto o rendimento operacional quanto a qualidade do corte.
Esse conjunto de práticas permite aumentar a eficiência de manejo da aplicação via cortador de soqueira de 35% para mais de 86%, de maneira que a convivência equilibrada com a praga resulte em boa produtividade para a cana-de-açúcar. Esse resultado só aparece com o manejo integrado, sendo esses sete primeiros passos definitivos para o sucesso do controle de gorgulho-da-cana-de-açúcar e cigarrinha-das-raízes na safra.
Sobre a importância de um manejo multipragas
A produtividade da indústria canavieira é calculada em função da qualidade da cana-de-açúcar, que precisa apresentar bons índices de TCH, ATR, baixo teor de fibra e outras características para que o processamento da matéria-prima renda subprodutos em quantidade suficiente para suprir o consumo interno e conseguir boas negociações no mercado externo.
É essa cadeia de fatores que sustenta a rentabilidade do canavicultor, e não é apenas gorgulho e cigarrinhas que geram ameaças à produção no campo, há uma diversidade de pragas da cana que atacam a cultura desde o início e que podem ser controladas por meio de uma estratégia de manejo multipragas.
Conhecer a biologia das pragas, o histórico da área e as práticas para extrair o máximo da tecnologia de manejo são fundamentais nesse controle com aplicação via cortador de soqueira.
Somado a isso, é preciso escolher um produto eficiente, ou seja, com boa performance contra as espécies identificadas, com flexibilidade para a modalidade de manejo e efeito residual que permita estender o período de controle. São os detalhes do manejo que fazem a diferença para manter a qualidade da cana-de-açúcar, de maneira que composição e formulação dos inseticidas devem ser analisados com criteriosidade.
Não conte com a sorte: saiba como escolher o melhor inseticida para aplicação via cortador de soqueira
Diante de todos os fatores discutidos ao longo deste artigo, é possível inferir que um inseticida para cana que tenha eficiência contra pragas iniciais e com aplicabilidade no corte de soqueira precisa apresentar as seguintes características:
- amplo espectro de controle;
- combinação de ativos e modos de ação;
- formulação de alta tecnologia;
- flexibilidade de aplicação.
ENGEO PLENO® S é o inseticida que atende a todos esses requisitos, composto pelo princípio ativo tiametoxan, que apresenta performance superior de controle. Por isso, é um produto que está sempre no plano de manejo do canavicultor para as aplicações iniciais.
Sua flexibilidade permite que seja aplicado via foliar, via corte de soqueira ou ainda em associação com a vinhaça localizada, sendo as duas últimas opções ótimas estratégias para otimizar o manejo, diminuir custos e alcançar os melhores resultados de controle.
Um inseticida multipragas, ENGEO PLENO® S é eficiente no controle de:
- broca-da-cana (D. saccharalis);
- cigarrinha-das-raízes (M. fimbriolata);
- cupins (H. tenuis);
- pão-de-galinha (E. humilis);
- gorgulho-da-cana-de-açúcar (S. levis);
A solução é uma grande referência no manejo de pragas de difícil controle, como cigarrinha-das-raízes e gorgulho-da-cana-de-açúcar, pois é flexível para o método que melhor atende às necessidades da área. Parte das lavouras brasileiras estão em período de corte soqueira durante o inverno, quando a umidade no solo é menor, e ENGEO PLENO® S é extremamente eficiente no período seco.
Suas características permitem equilibrar a solubilidade adequada e a força de absorção ao solo, resultando em um produto que entrega uniformidade para proteger o rizoma da planta. É o inseticida mais sistêmico em cana, com consistência de resultado para controle de Sphenophorus muito grande.
A única tecnologia que consegue equilibrar os efeitos de choque, desalojante e residual durante todo o período necessário para proteção contra as pragas, controlando com eficiência tanto os adultos quanto as larvas que estão dentro do rizoma.
Muito disso se deve à tecnologia Zeon da formulação. O ativo fica protegido por microcápsulas e vai sendo liberado gradualmente no solo, o que confere um residual muito prolongado. Tal inovação é reconhecida globalmente e está amplamente disponível no mercado de cana brasileiro.
ENGEO PLENO® S é ainda reconhecido por sua versatilidade. Pode ser usado o ano todo, na seca ou na úmida, no início ou no meio da safra, de maneira a ser adequado para diferentes modalidades de aplicação, podendo ser utilizado tanto no corte de soqueira 100% injetado quanto no modelo 70-30. Além disso, por ter baixa taxa de fotodegradação, pode ser aplicado via drench na época úmida ou em qualquer outro período via vinhaça localizada.
Essas possibilidades fazem com que ENGEO PLENO® S seja bastante adequado para o atual contexto da produção de cana, uma vez que há cada vez mais necessidade de associar operações para evitar emissões de carbono, reduzir diesel por hectare e atender aos critérios de sustentabilidade do setor sucroenergético desde o campo. Assim, é um exemplo de que os defensivos agrícolas também devem avançar para se adequar à alta tecnologia que vem sendo embarcada na cadeia de produção de etanol e açúcar.
A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos juntos um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.
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