Antes da chegada do greening, a citricultura no Brasil já enfrentava desafios diversos, mas em uma escala diferente. Durante a década de 1990 e o início dos anos 2000, o setor lidava com pragas e doenças como o complexo de ácaros, cochonilhas e doenças bacterianas como a verrugose e a melanose. 

O setor estava começando a implementar estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP), mas as condições econômicas eram desafiadoras, com dificuldades no escoamento da produção e preços instáveis. O contexto era uma preparação indireta para os desafios futuros, embora o impacto do greening fosse ainda desconhecido.

Foi em 2004 que o desafio chegou ao Brasil. O greening foi identificado pela primeira vez na região centro e leste do Estado de São Paulo. 

Desde então, a doença se espalhou para outras regiões do país, como o Triângulo Mineiro e o interior de Minas Gerais, além de se expandir para os Estados do Paraná e de Santa Catarina, e países vizinhos na América do Sul, como Argentina e Paraguai. 

A bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus tornou-se a principal causadora da doença no Brasil, e o Psilídeo o principal vetor. O greening, oficialmente conhecido como Huanglongbing (HLB), se estabeleceu então como uma das doenças mais devastadoras para os nossos pomares. 

A seguir, separamos 5 atualizações sobre o greening, com notícias e novidades que estão impactando diretamente a citricultura brasileira e que, por isso, precisam ser conhecidas por todo citricultor. Confira! 

Antes de tudo: um resumão sobre o greening e sobre o seu vetor, o psilídeo 

Originado da Ásia, o greening é causado por bactérias do gênero Candidatus Liberibacter. No Brasil, a Candidatus Liberibacter asiaticus é a cepa predominante, sendo responsável pela maioria dos casos de greening.

Não há cura para plantas infectadas e o controle da doença depende da eliminação de plantas sintomáticas e do manejo eficiente do psilídeo, o inseto-vetor. 

O psilídeo (Diaphorina citri) é um inseto pequeno, com cerca de 2 a 3 mm de comprimento, com coloração branca acinzentada e manchas escuras nas asas. Essa praga se alimenta da seiva das plantas cítricas e transmite as bactérias causadoras do greening ao picar as folhas e os ramos.

O ciclo do greening começa com a transmissão da bactéria para o psilídeo, que repassa para as plantas, afetando folhas e frutos dos citros. Os sintomas se desenvolvem ao longo de meses, e as plantas podem continuar a espalhar a doença para outras árvores por meio da alimentação do vetor.

O infográfico a seguir ilustra o ciclo completo da doença, desde a infecção inicial até a manifestação dos sintomas e a propagação do greening:

E os danos?

O greening compromete a capacidade produtiva das árvores cítricas, causando uma drástica queda na quantidade e na qualidade dos frutos. Árvores infectadas frequentemente apresentam:

  • Queda prematura dos frutos: os frutos se tornam pequenos, deformados e caem antes de amadurecerem.
  • Amarelamento e murcha: as folhas apresentam um amarelamento irregular e murcham, afetando a fotossíntese e a saúde geral da planta.

E os prejuízos se acumulam na falta de um manejo eficiente.

  • Aumento dos custos de produção: a falta de eficiência no controle do psilídeo exige investimentos significativos para gerenciar a população.
  • Eliminação de plantas infectadas: remoção constante de árvores sintomáticas para evitar a propagação da doença aumentam os custos com mão de obra e reduzem o potencial produtivo.
  • Agressividade da doença: árvores infectadas precisam ser removidas, e a falta de controle pode levar à perda de 100% do pomar.

5 atualizações sobre o greening que você, citricultor, precisa saber

Agora, sim, confira as 5 notícias recentes que acendem um alerta e norteiam as próximas estratégias de quem deseja proteger os citros contra o greening!

1. Estado de alerta máximo: incidência do greening aumentou 56% em 2023 

De acordo com o Levantamento da Incidência das Doenças dos Citros de 2023, divulgado pela Fundecitrus, em 2023, o cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais enfrentou um aumento expressivo na incidência de greening, atingindo uma média de 38,06% de laranjeiras com sintomas da doença. 

Esse índice representa um crescimento de 56% em comparação com 2022, quando a incidência era de 24,42%. Esse é o sexto ano consecutivo de aumento na taxa de infecção, com 2023 marcando o maior incremento em pontos percentuais desde o início da série histórica em 2008.

2. O greening está se expandindo para novas áreas 

Ainda de acordo com o levantamento, além do crescimento das áreas já afetadas, o greening está se espalhando para novas regiões dentro do cinturão citrícola

Em 2023, foram observados casos de infecção em áreas que antes eram consideradas menos suscetíveis, como regiões mais frescas e menos expostas ao risco. Essa expansão é atribuída a vários fatores, incluindo mudanças climáticas, movimentação de plantas infectadas, ineficiência do manejo e adaptação do psilídeo a novas condições ambientais. 

Esse aumento na incidência em novas áreas destaca a necessidade urgente de monitoramento intensificado e estratégias de controle proativas. É essencial trabalhar em parceria com autoridades locais e órgãos reguladores para garantir que as novas áreas sejam incluídas em planos de controle e monitoramento e para facilitar a implementação de medidas de controle e suporte aos produtores.

Regiões com maior incidência

Limeira:

  • Incidência atual: 73,87%
  • Aumento em 2023: +3,15 pontos percentuais

Brotas:

  • Incidência atual: 68,53%
  • Aumento em 2023: +19,12 pontos percentuais

Porto Ferreira:

  • Incidência atual: 59,65%
  • Aumento em 2023: +12,60 pontos percentuais

Duartina:

  • Incidência atual: 55,66%
  • Aumento em 2023: +30,29 pontos percentuais

Avaré:

  • Incidência atual: 54,79%
  • Aumento em 2023: +22,99 pontos percentuais

Altinópolis:

  • Incidência atual: 40,60%
  • Aumento em 2023: +24,64 pontos percentuais

Regiões com Incidência Intermediária

São José do Rio Preto:

  • Incidência atual: 20,54%
  • Aumento em 2023: +6,04 pontos percentuais

Bebedouro:

  • Incidência atual: 20,37%
  • Aumento em 2023: +12,94 pontos percentuais

Matão:

  • Incidência atual: 17,42%
  • Aumento em 2023: +8,90 pontos percentuais

Itapetininga:

  • Incidência atual: 11,47%
  • Aumento em 2023: +4,32 pontos percentuais

Regiões com menor incidência

Votuporanga:

  • Incidência atual: 1,77%
  • Aumento em 2023: +1,72 pontos percentuais

Triângulo Mineiro:

  • Incidência atual: 0,35%
  • Aumento em 2023: +0,34 pontos percentuais

3. A falta de rotação de inseticidas é o maior motivo para o avanço do vetor do greening

Ainda segundo a pesquisa da Fundecitrus, a falta de rotação adequada dos mecanismos de ação dos inseticidas tem se mostrado um desafio significativo na prevenção do greening. Isso porque esse fator foi que mais contribuiu para a ineficiência do controle do psilídeo e, consequentemente, para o aumento da incidência da doença. 

O uso intensivo e contínuo de inseticidas de um mesmo grupo, sem a devida rotação com produtos de diferentes modos de ação, tem levado à rápida seleção de populações de psilídeos resistentes. Essa resistência reduz a eficácia dos produtos no campo e resulta em um controle insuficiente do psilídeo.

Para mitigar a resistência, é essencial implementar uma estratégia de rotação de inseticidas. Recomenda-se a utilização de inseticidas com 3 ou 4 modos de ação distintos, evitando o uso repetitivo dos mesmos grupos químicos. A rotação deve ser planejada cuidadosamente para garantir que todos os produtos utilizados sejam eficazes e mantenham a pressão de seleção baixa.

4. Estudo mostra que a bactéria do greening afeta o comportamento do psilídeo

Estudos recentes, conduzidos em colaboração entre o Fundecitrus e a Universidade da Califórnia, revelaram que a bactéria causadora do greening mais popular no Brasil, a Candidatus Liberibacter asiaticus, provoca alterações significativas no comportamento do psilídeo, complicando ainda mais o manejo da doença. 

A pesquisa identificou diversas modificações no inseto infectado, como:

  • Aumento no número de ovos: o psilídeo infectado tende a produzir de 10% a 100% mais ovos, resultando em maiores populações de insetos e, consequentemente, maior dispersão da bactéria.
  • Dispersão mais frequente e com maior alcance: o inseto infectado realiza voos de dispersão com maior frequência e por distâncias até 45% maiores, facilitando a propagação do greening para novas áreas.
  • Maior necessidade de se alimentar: o psilídeo infectado terá maior necessidade de se alimentar (forrageamento) em mais brotos e, consequentemente, espalhará mais a doença.

Essas alterações destacam a importância de controlar o vetor do greening com eficiência. O manejo adequado do psilídeo é crucial para limitar a propagação da doença e proteger o pomar. 

A eficácia do controle depende de estratégias bem planejadas que levem em conta essas mudanças comportamentais do inseto e os outros fatores comentados anteriormente. 

Considerando o aumento no número de ovos, a dispersão mais abrangente e a maior necessidade de alimentação do psilídeo infectado, é fundamental adotar uma abordagem integrada

E fica a dica: pensando nisso, a Syngenta oferece aos citricultores o Citrimanejo, uma abordagem técnica especial e integrada, pensada nos diversos desafios da produção de citros. Para saber mais sobre esse programa, entre em contato com um consultor Syngenta na sua região! 

5. Citricultores estão alcançando novos patamares de controle com ajuda de novas moléculas

Segundo a Fundecitrus, os psilídeos suscetíveis infectados com a bactéria do greening são mais sensíveis aos inseticidas do que os insetos saudáveis, precisando de uma concentração 20% a 313% menor para alcançar a mesma mortalidade. Isso ocorre porque a bactéria interfere na metabolização dos inseticidas pelo psilídeo, tornando-o mais difícil de desintoxicar. 

Nesse cenário, a inovação no desenvolvimento de novas moléculas tem sido fundamental para melhorar o controle do vetor nos pomares e prevenir o avanço da doença.

Um exemplo de solução é MINECTO® Pro, um inseticida foliar de amplo espectro desenvolvido pela Syngenta, que tem se destacado por suas características avançadas e eficácia superior. MINECTO® Pro combina dois ingredientes ativos (ciantraniliprole e abamectina), que possuem mecanismos de ação distintos e complementares

O ciantraniliprole causa a contração muscular descontrolada nos insetos, levando à paralisia e cessando da alimentação. Já a abamectina atua bloqueando os sinais nervosos e resultando em paralisia. 

Essa combinação proporciona um controle eficaz sobre uma ampla gama de pragas, incluindo psilídeo, mosca-branca, e ácaros, e também ajuda no manejo antirresistência ao viabilizar a rotação de mecanismos de ação.

MINECTO® Pro proporciona uma rápida ação de controle devido à sua penetração translaminar. Além disso, o efeito residual prolongado é assegurado pela absorção rápida dos ativos, o que minimiza a perda por fotodegradação e mantém a eficácia ao longo do tempo. A performance consistente de MINECTO® Pro é comprovada em diversas condições climáticas e níveis de pressão de pragas.

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Manejo consciente do greening é o único caminho diante dos novos desafios

O greening continua a ser uma ameaça significativa para a citricultura no Brasil, com sua propagação e impacto aumentando a cada ano. As atualizações recentes ressaltam a necessidade urgente de intensificar as estratégias de controle e monitoramento

O aumento na incidência da doença, a expansão para novas áreas e as descobertas sobre o comportamento dos psilídeos infectados enfatizam a importância de um manejo integrado e bem planejado.

O uso de novas tecnologias e práticas, como a rotação de inseticidas e a inovação em moléculas de controle, são ferramentas essenciais nessa luta. A conscientização contínua e a ação proativa também são cruciais para a sustentabilidade da citricultura. 

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