Com foco em altas produtividades, o produtor brasileiro está atento à otimização das operações, a fim de evitar perdas na colheita. No entanto, a possibilidade de perdas no plantio ainda é um tanto negligenciada. Por isso, compreender o conceito e as práticas de plantabilidade nas lavouras é importante para extrair o máximo potencial produtivo da cultura.
A plantabilidade abrange as práticas de pré-semeadura e plantio, de maneira a relacionar-se com manejo do solo, dessecação pré-plantio, definição da cultivar, manutenção e regulagem de maquinários, além da escolha de tecnologias de manejo e monitoramento. Tudo isso visando um bom estabelecimento dos estandes, o que é determinante para o alcance de altas produtividades.
Continue a leitura e entenda como a plantabilidade nas lavouras favorece bons resultados na colheita.
O que é plantabilidade?
Para entender o que é plantabilidade nas lavouras, é preciso ter em vista seu objetivo: a distribuição uniforme das sementes ao longo do sulco de plantio, na população e profundidade corretas. Assim, o conceito está associado a ações antes do plantio e à eficiência das operações de semeadura, com distribuição homogênea das sementes e espaçamento apropriado entre elas e entre as linhas, além da profundidade adequada que facilite a emergência, para que haja pleno desenvolvimento produtivo da cultura.
Diante disso, é possível afirmar que o potencial de rendimento da lavoura também pode ser definido pelo momento da semeadura, pois a má regulagem da semeadora ou solo mal preparado podem afetar o desempenho de uma semente vigorosa e de alta qualidade. Todos esses aspectos podem influenciar a plantabilidade.
Plantabilidade nas lavouras vai muito além do investimento em sementes
Uma tendência comum entre os produtores é fazer investimentos em variedades de sementes de alta qualidade e em TS (Tratamento de Sementes) sem dar a devida atenção à qualidade operacional dos outros aspectos que envolvem o plantio.
Claro que uma cultivar com qualidades fenológicas superiores renderá bons resultados, no entanto, o alinhamento entre as diferentes práticas, combinando a escolha da semente com técnicas de plantio adequadas para a cultura, levando em conta as condições ambientais, é o segredo da plantabilidade para lavouras altamente produtivas.
Assim, a plantabilidade condiz com os seguintes fatores: semente, máquina, ambiente e gerenciamento das operações.
Com base nessas sete práticas para uma boa plantabilidade, o produtor tem mais chances de alcançar resultados superiores de produtividade.
Qualidade dos insumos
Sementes e adubos de qualidade são essenciais para uma plantabilidade adequada. As sementes escolhidas precisam apresentar bons índices de germinação, características fisiológicas de resistência a estresses hídricos, alto índice vegetativo e boa performance na fase reprodutiva. A escolha da cultivar aliada à correção do solo, atividade realizada com adubos que contêm as propriedades em falta no ambiente, favorece o desenvolvimento das plantas.
Ainda que o clima e a máquina estejam em condições adequadas, esses fatores não corrigem o problema de qualidade das sementes, por isso a escolha do insumo é um fator indispensável no que diz respeito à plantabilidade nas lavouras.
Por outro lado, a semente de alta qualidade só é um investimento que rende bons resultados se acompanhada de todos os outros critérios de plantabilidade.
Dessecação e corte de palha
A dessecação pré-semeadura faz toda a diferença para a emergência das plantas e o estabelecimento inicial do estande, assim como implica também na facilidade de locomoção do maquinário na área, além de viabilizar a ação da semeadora na abertura dos sulcos.
Quando se fala em plantabilidade, o manejo de cobertura está incluso nas estratégias, com uma dessecação no tempo certo, realizada de maneira antecipada, pois o plantio em palha úmida desfavorece o estabelecimento do estande. Se necessário, o corte da palha e o manejo mecânico da palhada devem ser realizados para evitar falhas mecânicas na semeadora.
Manutenção do maquinário
A manutenção do maquinário vai além de trocar peças, é preciso também uma higienização completa, a fim de evitar a disseminação de patógenos que possam estar na máquina. Além disso, a semeadora necessita de uma motorização eficiente, para que atinja a velocidade ideal de operação, fator que tem influência direta sobre a cobertura das sementes, a uniformidade de distribuição, o estande de plantas e, consequentemente, a produtividade.
A qualidade das sementes e a mecanização de semeadura têm uma correlação direta, afinal, uma semeadora com mau funcionamento pode não permitir que a semente de qualidade expresse seu máximo potencial. Da mesma forma, uma semente de baixa qualidade pode fazer com que o investimento em mecanização de alta tecnologia não promova uma operação superior.
Não necessariamente o produtor precisa ter disponível uma semeadora de última geração, no entanto, todas as partes do maquinário precisam de avaliação e manutenção para funcionar adequadamente em todos os processos, considerando corte da palha, abertura de sulco, dosagem e depósito de adubos e sementes, regulagem de profundidade e cobertura e compactação dos sulcos.
Profundidade uniforme das sementes
A regulagem da profundidade da semente é fator determinante para a qualidade da semeadura. As sementes não podem ser depositadas muito profundamente no sulco, para não prejudicar a emergência.
Uma profundidade uniforme, ou seja, em que todas as sementes são depositadas em profundidade equivalente, é o foco das novas tecnologias das máquinas semeadoras. Quando há essa uniformidade, o arranque inicial é melhor, assim, a utilização de boas sementes depositadas em profundidade uniforme resulta em melhores produtividades.
Regulagem do dosador
Em uma semeadora, o dosador tem a função de sulcar, dosar e depositar as sementes. Essa é a operação vital para a plantabilidade na lavoura, o que significa que a regulagem precisa ser realizada de maneira criteriosa, para que o maquinário seja assertivo na dosagem de sementes e de fertilizantes.
Falhas no dosador são grandes responsáveis por perdas no plantio, que impactam severamente na produtividade e na lucratividade. Segundo estudos de Paulo Arbex, especialista em plantabilidade de grandes culturas e professor da Unesp – Botucatu, uma falha em um ciclo da máquina (uma volta do disco dosador) pode levar a mais de mil falhas por hectare, o que pode resultar em diversas sacas que o produtor deixa de colher.
Consequentemente, as perdas na produção levam a menos sacas vendidas, prejudicando a rentabilidade do produtor. Em áreas extensas de plantação, o valor que o produtor deixa de ganhar chega na casa dos milhares de reais.
Esse fator também está relacionado com a correta classificação das sementes. Em semeadoras com dosador mecânico, cada semente precisa caber em um orifício, se não há a classificação adequada da semente, o produtor pode acabar por escolher o disco inadequado. Discos com orifícios menores que a semente acabam gerando falhas porque a semente não caberá no espaço destinado. Por outro lado, se a semente é menor que o orifício no disco, é provável que entre mais de uma.
Isso prejudica a dosagem e a distribuição das sementes no sulco de plantio, causando falhas de distanciamento entre as plantas que prejudicam a qualidade da semeadura, a plantabilidade e o desenvolvimento da cultura.
Com o advento das semeadoras pneumáticas, perdeu-se a preocupação com a qualidade da classificação da semente, no entanto, esse aspecto é importante mesmo com uso de maquinários mais sofisticados. A regulagem do vácuo da semeadora pneumática deve ser apropriada para cada classificação de semente, a fim de evitar falhas operacionais.
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Velocidade de deslocamento
O aumento das áreas destinadas à agricultura e a melhora da tecnologia e da qualidade de semeadura levam o produtor a querer velocidade para alcançar maior rendimento operacional. No entanto, a velocidade inadequada da operação interfere diretamente na plantabilidade, o que pode levar a muitas perdas de plantio. Uma máquina a 9 km/h até pode ter uma boa performance do dosador, mas precisa-se considerar o fechamento do sulco e a distribuição longitudinal das sementes.
A velocidade ideal da semeadora é a maior velocidade que gere rendimento operacional sem interferir na qualidade do plantio no que diz respeito à uniformidade de distribuição das sementes. Em média, semeadoras mecânicas devem operar entre 4 e 6 km/h, enquanto as pneumáticas, entre 6 e 8 km/h.
Velocidades superiores podem prejudicar outras funções da semeadora, como corte de palha, fechamento de sulco e compactação do solo, igualmente importantes para o bom estabelecimento do estande e arranque inicial das plantas.
Avaliação da operação de semeadura
Após as primeiras operações, é importante que o produtor realize uma avaliação simples da semeadura, escolhendo uma pequena área semeada para medir e comparar a disposição das sementes no sulco, avaliando se a operação está sendo devidamente realizada ou se precisa de ajuste na semeadora.
Assim, é preciso desenterrar as sementes e avaliar o espaçamento entre uma e outra, a população e a profundidade, medindo com fita métrica. Qualquer variação pode indicar qual parte da máquina precisa de manutenção.
A qualidade de semeadura é avaliada por meio do coeficiente de variação, número que indica quanto se desvia da média ideal de distribuição de sementes. Em uma área em que são depositadas 10 sementes por metro, por exemplo, a distância deve ser de 10 cm uma da outra. Se houver muita falha, o coeficiente de variação fica alto, indicando que há problema de assertividade na distribuição das plantas.
Variações de profundidade ou distanciamento entre as sementes indicam problemas de uniformidade que vão impactar no rendimento da lavoura. Para amparar o produtor no processo de avaliação, há aplicativos de plantabilidade que calculam a porcentagem de variação e a porcentagem de plantas duplas e falhas.
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O fator humano da plantabilidade: a tomada de decisão
Além dos fatores semente, máquina e ambiente, o humano também influencia na plantabilidade no que diz respeito ao gerenciamento e à tomada de decisão. Realizar a semeadura diante de condições que não são tão propícias afeta a qualidade do estabelecimento da lavoura.
Mesmo com o melhor maquinário, mecanismo de distribuição eficiente, a melhor semente e o manejo correto do solo, caso a semente seja colocada em condições desfavoráveis, como baixa umidade do solo e temperaturas elevadas, é exposta a condições inadequadas, diminuindo vigor e índice de germinação, algo que não pode ser corrigido ao longo da operação.
Semear em condições inadequadas diminui a eficiência de todos os outros fatores que envolvem a plantabilidade, de maneira que as plantas não vão apresentar o potencial produtivo que deveriam ter. Este é apenas um exemplo de problemas de produção causados por gerenciamento inadequado: decidir por uma semeadura em condições desfavoráveis coloca em risco todos os outros investimentos.
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