A broca-da-cana (Diatraea saccharalis) é uma das pragas mais prejudiciais e complexas enfrentadas pelo setor canavieiro. Não à toa, ela é considerada uma praga agroindustrial, pois impacta tanto a produção agrícola quanto a eficiência dos produtos na indústria, como açúcar e etanol.
Além da redução da produtividade na lavoura, a broca também compromete a qualidade da matéria-prima, prejudicando o teor de açúcar extraído e o rendimento do etanol, tanto por danos diretos quanto por facilitar a entrada de patógenos que causam doenças – e atenção: a comunidade científica tem novidades sobre a relação inseto-praga mais prejudicial para a cana, a broca-podridão, que explicaremos nessa matéria!
Estudos indicam que a infestação pela broca-da-cana pode reduzir o rendimento de etanol em até 2,06% por hectare e a produção de açúcar em até 1,97% por hectare, resultando em perdas econômicas anuais que já ultrapassam R$ 8 bilhões no Brasil.
Além disso, a broca-da-cana-de-açúcar apresenta um ciclo de vida rápido, com até cinco gerações por ano, o que intensifica o desafio de seu controle.
Compreender a biologia, os sintomas de infestação e os danos provocados pela broca na cana-de-açúcar é essencial para implementar ações eficazes e proteger a rentabilidade do setor canavieiro e de seus subprodutos.
Recentes descobertas e avanços no manejo integrado, incluindo o uso de novas estratégias de monitoramento e novas tecnologias de controle biológico e químico, estão ajudando a transformar o manejo e elevar o patamar de mitigação dos danos causados por essa praga.
Confira a seguir 3 recentes descobertas que estão impactando o controle da broca-da-cana (a última é uma novidade muito aguardada pelo setor!).
Perfil da broca-da-cana: um resumo sobre o ciclo, os sintomas e os danos causados por essa praga
Os adultos da Diatraea saccharalis, que são de curta longevidade (5 a 7 dias), se desenvolvem mais em condições de alta temperatura e precipitação. Por isso, a ocorrência da broca-da-cana é maior no período úmido, normalmente iniciando o seu ciclo em setembro-outubro, com picos em dezembro e janeiro.
Essa praga está presente em todas as regiões produtoras de cana do Brasil, com pressão e danos ressaltados no Centro-Sul.
Após o acasalamento, as fêmeas depositam seus ovos nas folhas ou nas bainhas das plantas da cana-de-açúcar. Esses ovos são sobrepostos no formato de “escamas de peixe” e, após um período médio de incubação de 4 a 9 dias, as lagartas eclodem.
A fase larval (lagarta) é a mais destrutiva, e dura entre 40 e 60 dias. Nesse período, as lagartas penetram no colmo da planta e constroem galerias.
A fase de pupa dura de 9 a 14 dias e o ciclo total da praga é, em média, de 60 a 90 dias, variando conforme a temperatura, podendo originar de 4 a 5 gerações por ano.
Sintomas e prejuízos na lavoura e na indústria
Os primeiros sintomas aparecem cerca de três meses após o plantio ou logo após o corte da cana, durante a formação dos internódios, sendo os maiores danos observados em canaviais no início do desenvolvimento das plantas e em áreas com menor número de cortes.
O principal sintoma é o secamento das folhas, resultado da morte das células na gema apical – uma região crucial para o crescimento da planta. Também pode ser observada a seca dos perfilhos, conhecida como “coração morto”, principalmente nas plantas mais novas.
A morte dessas células interrompe o processo de crescimento e pode levar ao enraizamento aéreo, um fenômeno em que as raízes se desenvolvem por cima da terra. Esses fatores afetam negativamente a produção e a qualidade da matéria-prima.
O maior dano causado pela broca ocorre no interior do colmo, onde as lagartas se alimentam dos tecidos da planta, escavando galerias que prejudicam o desenvolvimento da cana.
Galerias longitudinais causam a perda de açúcar, enquanto as galerias circulares podem levar à quebra das canas, interferindo mais gravemente na produção. Além disso, a presença da broca na cana está associada à ação de fungos fitopatogênicos, como Fusarium e Colletotrichum, que promovem a inversão da sacarose, reduzindo ainda mais a qualidade e a quantidade de açúcar extraído.
Os fungos colonizam as paredes das galerias criadas pela broca e o interior da cana afetada adquire uma coloração vermelha. Essa coloração ocorre em decorrência da resposta da própria cana ao ataque desses microrganismos, produzindo compostos fenólicos.
Essa ação fungistática da planta quebra a sacarose – produto de maior interesse comercial da produção de cana – em glicose e frutose, para a produção desses metabólitos de defesa, reduzindo o rendimento do ATR.
Além da menor produção de açúcar, esses compostos também interferem na cor do açúcar, reduzindo o valor agregado. No caso da produção de etanol, os prejuízos podem ser ainda maiores, pois essas substâncias produzidas pela presença dos patógenos na cana contaminam o caldo e intoxicam as leveduras na fermentação, afetando a eficiência do processo fermentativo.
3 avanços que tem causado uma grande transformação no manejo da broca-da-cana
Recentes avanços científicos e tecnológicos estão revolucionando o manejo da broca-da-cana, proporcionando novas ferramentas e abordagens para enfrentar essa praga de maneira mais eficaz e sustentável.
A seguir, apresentamos três descobertas que estão transformando o combate à broca e prometem elevar o patamar de proteção nas lavouras canavieiras.
1. Nova metodologia de monitoramento da broca-da-cana
Para um manejo eficaz da broca-da-cana, é fundamental ter um entendimento claro da população da praga no campo. No entanto, o método tradicional, conhecido como broca/hora/homem, utilizado desde os anos 70, já não atende mais às demandas atuais, principalmente devido à escassez de mão de obra e à necessidade de métodos mais rápidos e eficientes.
Atualmente, o uso de armadilhas de feromônio, com a utilização de fêmeas virgens, tem se destacado como estratégia de monitoramento. Esse método se tornou uma ferramenta versátil, utilizada não só para orientar a aplicação de defensivos químicos, mas também para a liberação de Cotesia flavipes.
A principal vantagem é sua simplicidade e eficiência: esse procedimento envolve a instalação de armadilhas a cada 50 hectares, com a contagem dos machos capturados realizada após três ou quatro dias. Essa abordagem é intuitiva, permitindo que qualquer pessoa possa realizar a contagem, diferentemente do método anterior que exigia maior habilidade para identificar as pequenas lagartas.
Se for identificado um número significativo de machos, cerca de seis machos ou mais em 30% das armadilhas, é hora de adotar medidas de controle.
O uso de defensivos é recomendado entre seis e sete dias após o monitoramento, enquanto a liberação de parasitoides, como Cotesia flavipes ou Trichogramma galloi, deve ocorrer dentro de um prazo de dez dias após a detecção do pico populacional de adultos.
Essa nova abordagem torna o controle mais ágil e eficiente, e também permite que as ações sejam realizadas no momento mais crítico, antes que a praga cause danos significativos, assegurando assim uma maior proteção das lavouras.
2. Esclarecimento sobre como o fungo causador da podridão vermelha manipula a broca e a cana
A relação inseto-praga entre broca-da-cana e fungos, como o Fusarium verticillioides, agente causal da podridão vermelha, já era bem conhecida pela comunidade científica e pelo setor canavieiro.
No entanto, essa interação sempre foi vista da seguinte forma: a broca, em sua fase de lagarta, perfura a cana e constrói galerias, criando uma entrada para os microrganismos fitopatogênicos, como os fungos, colonizarem o interior da planta.
Porém, pesquisas recentes conduzidas pela Esalq/USP revelaram uma relação ainda mais surpreendente entre o fungo Fusarium verticillioides e a broca-da-cana (Diatraea saccharalis), transformando a compreensão sobre o manejo dessa praga.
Os estudos, com resultados de sete anos de pesquisa, mostraram que o Fusarium manipula tanto o inseto quanto a planta para garantir sua própria reprodução e disseminação na maior escala possível.
Essas descobertas indicam que o fungo manipula a planta e altera o comportamento da broca-da-cana-de-açúcar em diferentes fases do seu ciclo de vida:
- presente na cana, o fungo altera a composição dos compostos voláteis produzidos naturalmente pela planta, fazendo com que ela produza voláteis específicos que atraem fêmeas adultas saudáveis da broca;
- quando as lagartas penetram na planta, elas são contaminadas pelo fungo;
- ao atingir a fase adulta como mariposa, o inseto infectado transmite o fungo para a próxima geração, perpetuando assim o ciclo de infecção.
Essa nova perspectiva evidencia a necessidade de abordagens que considerem essa complexa interação entre o fungo, a planta e o inseto-praga. Antes, a broca-da-cana era considerada uma facilitadora para a entrada do fungo na planta. Agora, sabemos que ela é o próprio vetor dele.
A manipulação da cana pelo fungo Fusarium verticillioides também interfere diretamente na eficácia do manejo biológico!
Ao alterar a composição dos voláteis produzidos pela planta, o fungo dificulta a ação dos parasitoides, como a Cotesia flavipes, que apresenta mais dificuldade em localizar as lagartas nas plantas. Isso compromete o controle biológico da praga, já que a redução na eficiência do parasitismo aumenta a sobrevivência das brocas e, consequentemente, a propagação do fungo.
Diante dessa situação, torna-se essencial adotar novos posicionamentos estratégicos e utilizar moléculas químicas mais eficientes para alcançar um controle mais assertivo da broca-da-cana.
O uso de novas moléculas bem posicionadas é fundamental para complementar o controle biológico, ajudando a manter o nível de equilíbrio da broca nas lavouras de cana e mitigar os impactos agroindustriais.
3. Descoberta de molécula inédita para o controle da broca-da-cana que preserva os inimigos naturais
O manejo biológico, envolvendo a preservação e a introdução de inimigos naturais da praga, é amplamente utilizado e consagrado para controlar a broca-da-cana. E, como citamos no tópico anterior, a eficácia desses métodos pode ser comprometida pelo fungo da podridão vermelha, reduzindo a eficiência do manejo.
Esse desafio destaca a necessidade de soluções químicas inovadoras que funcionem em sinergia com as estratégias biológicas, promovendo uma proteção mais robusta e integrada.
Nesse cenário, a descoberta de novas moléculas químicas, como a tecnologia PLINAZOLIN®, representa um avanço significativo no controle da broca-da-cana.
Essa molécula oferece um novo modo de ação, de um grupo químico inédito, ampliando as possibilidades de controle da broca na cana e superando as limitações dos produtos existentes no mercado.
A molécula inédita PLINAZOLIN® technology está presente no lançamento para o controle da broca-da-cana: conheça FRONDEO®
FRONDEO® oferece uma proteção prolongada contra a broca-da-cana, com uma fórmula transformadora que assegura a alta persistência no ambiente, mesmo em condições adversas como chuvas intensas e alta exposição aos raios UV. Isso resulta em um período de controle significativamente mais longo, mantendo a cana protegida por mais tempo.
FRONDEO® também foi desenvolvido com um enfoque em sustentabilidade e compatibilidade. Sua formulação permite a integração harmoniosa com inimigos naturais e produtos biológicos, promovendo um manejo integrado de pragas que respeita o equilíbrio agroecológico.
A baixa dosagem necessária para a aplicação e a maior eficiência operacional ajudam a reduzir os impactos ambientais. Além disso, FRONDEO® oferece versatilidade no controle da broca-da-cana, permitindo inclusive a aplicação aérea, ideal para grandes extensões de plantio.
Essa facilidade de aplicação contribui para uma cobertura mais uniforme, possibilitando que a proteção chegue de maneira rápida e eficiente em todas as áreas necessárias da lavoura, ajudando os produtores a manterem a sanidade do canavial e a produtividade elevada.
Ao proporcionar um controle prolongado e eficaz e ao se integrar harmoniosamente com o manejo biológico, FRONDEO® oferece a inovação que o setor precisava, com um controle sem precedentes da broca-da-cana.
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