Atualizado em 22/01/2025.

Depois de uma safra desafiadora no ciclo 2023/24, com eventos ambientais extremos proporcionados pelo fenômeno El Niño – como temperaturas acima da média e precipitações insuficientes no Centro-Oeste e excessivas no Sul – os produtores estão escrevendo uma nova história na safra de soja 2024/25.

Apesar dos atrasos no início do plantio da safra de soja 2024/25, ele avançou em ritmo acelerado, sendo quase finalizado na primeira semana de janeiro, com as condições climáticas desempenhando um papel crucial para o estabelecimento das lavouras e as projeções de um recorde de produção ainda se mantendo.

Confira, neste artigo, como estão as principais projeções para a safra, as previsões climáticas e como está o andamento da safra nas diferentes regiões produtoras de soja do país.

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Projeções para a safra de soja 2024/25

As perspectivas para a safra de soja 2024/25 são bastante promissoras, de acordo com as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Ambas as instituições estimam um aumento na produção de soja no Brasil, impulsionado principalmente pela expectativa de recuperação da produtividade, após a queda registrada na safra passada e, em menor escala, pelo aumento da área destinada ao plantio da cultura.

No 1º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, a CONAB previa um crescimento de 2,8% na área destinada ao cultivo da soja em relação à safra anterior, com a expansão ocorrendo principalmente em áreas de pastagens degradadas e na substituição do milho pela soja, devido à maior rentabilidade atual da oleaginosa.

Essa expansão, combinada com a perspectiva de uma produtividade média de cerca de 3.508 kg/ha, resultou em uma projeção de produção total de 166 milhões de toneladas, representando um aumento de 12,7% em comparação à safra anterior, estimada pela companhia em 147,38 milhões de toneladas. Vale mencionar, no entanto, que essas estimativas vêm sendo consideradas exageradas por parte de associações de produtores do país.

O relatório do USDA foi ainda mais otimista e projetou uma produção de soja no Brasil para a temporada 2024/25 em 169 milhões de toneladas, aproximadamente 39% da produção mundial do grão, estimada em 428,92 milhões de toneladas para o mesmo período.

O 4º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, divulgado pela Conab em janeiro de 2025, reforça a perspectiva de uma safra recorde. A área destinada ao cultivo da soja foi ajustada para 47.400,8 milhões de hectares, representando um aumento de 2,7% em relação à safra anterior. 

A produtividade média esperada permanece em 3.509 kg/ha, um crescimento de 9,6%. Com isso, a produção total estimada se mantém em cerca de 166 milhões de toneladas.

Caso as projeções se confirmem, um novo recorde de produção será estabelecido, podendo ter um impacto positivo na economia brasileira, gerando divisas, aumentando a renda dos produtores e impulsionando a cadeia produtiva. No entanto, é fundamental acompanhar de perto os fatores que ainda podem afetar a produção, como as condições climáticas.

Previsões climáticas para a safra 2024/25

Após um início de safra com chuvas irregulares, as condições climáticas melhoraram significativamente a partir de novembro, favorecendo a implantação da cultura. Segundo a Conab, as precipitações mais regulares, intercaladas com períodos de sol, criaram o ambiente ideal para o desenvolvimento da soja em diversas regiões.

Em novembro, grandes acumulados de chuva foram registrados em boa parte do país, com volumes superiores a 150 mm em Estados, como Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal. Nessas áreas, a umidade do solo está elevada, favorecendo o plantio e o desenvolvimento inicial das culturas. Por outro lado, o cenário foi menos favorável no Norte do Amapá, Nordeste do Pará e na porção norte do Nordeste, onde os volumes pluviométricos ficaram abaixo de 40 mm, resultando em baixos níveis de umidade.

Já em dezembro, as chuvas registradas ao longo do mês favoreceram o desenvolvimento das lavouras de soja em todas as regiões produtoras. No entanto, a diminuição das precipitações a partir do final do mês, especialmente no Sul, aliada a previsões climáticas desfavoráveis até meados de janeiro, tem gerado preocupação entre os agricultores da região.

A colheita já começou em várias localidades do Brasil e deve ganhar ritmo no início de fevereiro, período para o qual estão previstas chuvas intensas nas regiões Centro-Oeste e Norte.

Andamento do plantio de soja

O plantio da safra de soja 2024/25 começou enfrentando um atraso significativo em relação ao ciclo anterior, principalmente devido às condições climáticas desfavoráveis. As chuvas irregulares em volume e distribuição, especialmente no Sudeste e no Centro-Oeste, dificultaram o início das operações. 

No entanto, com a regularização das chuvas a partir da segunda quinzena de outubro, que se manteve ao longo de dezembro, o plantio avançou com ritmo acelerado. 

Até a primeira quinzena de janeiro, 98,9% da área estimada já havia sido semeada, com grande parte das lavouras em estágios avançados de enchimento de grãos. O progresso foi especialmente notável nas regiões onde a regularidade das chuvas ajudou a compensar os atrasos iniciais.

Panorama por Estados

Mato Grosso

  • Com 100% da área semeada, a frequência das chuvas tem dificultado o avanço da colheita, podendo comprometer tanto a qualidade dos grãos quanto o calendário de implantação das culturas de segunda safra.

Bahia

  • Com 100% da área semeada, as colheitas avançam nas áreas plantadas em setembro, enquanto as demais lavouras seguem em bom estado.

Tocantins

  • Com 100% da área semeada, algumas áreas já estão prontas para colheita, mas o excesso de chuvas tem dificultado os trabalhos no campo e os tratos culturais.
  • As lavouras apresentam boas condições fitossanitárias, com os produtores adotando medidas preventivas, como aplicações antecipadas de defensivos. Entretanto, foi notado um aumento na infestação de lagartas do complexo Spodoptera.

Maranhão

  • As lavouras na região de Balsas estão em boas condições. Com 76% das áreas semeadas, o plantio ganhou ritmo no oeste e leste do Estado por conta da regularização das chuvas, devendo continuar até o final de fevereiro.

Piauí

  • Com 99% da área semeada, o plantio está quase concluído, restando apenas algumas áreas no norte. O desenvolvimento das lavouras é considerado satisfatório em todo o Estado.

Paraná

  • Com 100% da área semeada, muitas áreas estão na fase de enchimento de grãos, mas o clima seco e as altas temperaturas estão afetando o potencial produtivo.

Mato Grosso do Sul

  • Com 100% da área semeada, os efeitos do déficit hídrico são visíveis em diversas áreas do Sul do Estado, particularmente nas lavouras semeadas em setembro.
  • Não houve surtos de pragas, mas algumas lavouras em R4 apresentaram aumento de lagarta-da-maçã, falsa medideira, Spodoptera spp. e Rachiplusia atacando vagens. 
  • Com a umidade, intensificaram-se os cuidados com doenças, e a maioria das lavouras já recebeu a segunda aplicação de fungicida.

Rio Grande do Sul

  • Com 98% da área semeada e uma situação crítica de seca, algumas áreas já sofrem perdas de produtividade irreversíveis, mesmo com a retomada das chuvas. As lavouras semeadas em outubro foram as mais impactadas pela falta de água, especialmente nas regiões do Alto Uruguai, Fronteira Oeste e Missões.
  • Produtores realizam controle de invasoras e aplicações preventivas de fungicidas. Esporos de ferrugem foram detectados, mas o controle tem sido eficaz.

Santa Catarina

  • Com 98% da área semeada, a irregularidade das chuvas tem causado estresse hídrico em algumas regiões.

Goiás

  • Com 100% da área semeada, o avanço da colheita em áreas irrigadas já ocorre, mas a continuidade do processo nas lavouras de sequeiro dependerá da redução das chuvas.
  • Embora algumas regiões do Estado tenham relatado infestação de lagartas e mosca-branca, as estratégias de manejo têm alcançado bons resultados. 
  • O maior desafio neste momento é a concentração das atividades de colheita em fevereiro, especialmente na região sul do Estado.

Minas Gerais

  • Com 100% da área semeada, as operações de colheita começaram no noroeste, mas o excesso de chuvas tem limitado o progresso. Apesar disso, a maior parte das áreas apresenta boas condições de desenvolvimento.
  • Apesar do clima mais úmido, a incidência de doenças fúngicas permanece dentro do esperado e não apresenta níveis preocupantes.

São Paulo

  • Com 100% da área semeada, a soja está majoritariamente na fase de maturação e com bom desempenho geral.

Apesar das boas condições em grande parte das áreas, o Sul enfrenta condições difíceis de estresse hídrico. De um modo geral, os produtores devem continuar atentos ao clima e aos desafios fitossanitários, principalmente diante da importância do manejo bem estruturado no fim do ciclo da soja. 

O monitoramento constante e o uso de tecnologias adequadas, como o manejo integrado de pragas, doenças e daninhas, são fundamentais para alcançar a produtividade esperada.

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