Depois de uma safra desafiadora no ciclo 2023/24, com eventos ambientais extremos proporcionados pelo fenômeno El Niño – como temperaturas acima da média e precipitações insuficientes no Centro-Oeste e excessivas no Sul – chegou a hora de dar início às atividades da safra de soja 2024/25.

De olho no clima, produtores estão atentos às previsões para colocar as semeadoras no campo no momento mais adequado, visando o melhor desenvolvimento das lavouras.

Confira, neste artigo, quais as principais projeções para a safra, as previsões climáticas e como está o andamento do plantio nas diferentes regiões produtoras de soja do país.

Leia também:

Setor resiste à queda de preços dos grãos: área de soja deve continuar crescendo

Vazio sanitário 2024: combatendo a ferrugem-asiática da soja

Podridão de vagens e grãos (anomalia da soja) na safra 2023/24

Projeções para a safra de soja 2024/25

As perspectivas para a safra de soja 2024/25 são bastante promissoras, de acordo com as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Ambas as instituições estimam um aumento na produção de soja no Brasil, impulsionado principalmente pela expectativa de recuperação da produtividade, após a queda registrada na safra passada e, em menor escala, pelo aumento da área destinada ao plantio da cultura.

No 1º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, a CONAB prevê um crescimento de 2,8% na área destinada ao cultivo da soja em relação à safra anterior, com a expansão ocorrendo principalmente em áreas de pastagens degradadas e na substituição do milho pela soja, devido à maior rentabilidade atual da oleaginosa.

Essa expansão, combinada com a perspectiva de uma produtividade média de cerca de 3.508 kg/ha, deve resultar em uma produção total de 166 milhões de toneladas, representando um aumento de 12,7% em comparação à safra anterior, estimada pela companhia em 147,38 milhões de toneladas. Vale mencionar, no entanto, que essas estimativas têm sido consideradas exageradas por parte de associações de produtores do país, que avaliam a produção total da safra 2023/24 em 135 milhões de toneladas.

O relatório do USDA é ainda mais otimista e projeta uma produção de soja no Brasil para a temporada 2024/25 em 169 milhões de toneladas, aproximadamente 39% da produção mundial do grão, estimada em 428,92 milhões de toneladas para o mesmo período.

Caso as projeções se confirmem, um novo recorde de produção será estabelecido, podendo ter um impacto positivo na economia brasileira, gerando divisas, aumentando a renda dos produtores e impulsionando a cadeia produtiva. No entanto, é fundamental acompanhar de perto os fatores que podem afetar a produção, como as condições climáticas.

Previsões climáticas para a safra 2024/25

Com um início de safra marcado pela falta de chuvas, as previsões climáticas para 2024/25 apontam para precipitações irregulares e temperaturas acima da média em grande parte do país.

A previsão do Inmet, apresentada no Levantamento de Safras da Conab, indica um cenário de seca para a maior parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste nos próximos meses. As chuvas serão escassas e podem ser insuficientes para recuperar os níveis de água no solo, especialmente em áreas como o sul do Mato Grosso, norte do Mato Grosso do Sul e oeste de São Paulo. Já no nordeste do MT e no centro-oeste do MS, os volumes de chuva podem ficar acima da média.

Para as regiões Sul e Norte, o prognóstico é de chuvas acima da média previstas para o leste de Santa Catarina, Paraná e algumas áreas do Norte, como Acre, Roraima e norte do Amazonas. No entanto, essa distribuição não será uniforme, com as demais regiões com precipitações próximas ou abaixo da média. A região Nordeste também deverá ter um menor volume de chuvas.

As projeções da Rural Clima apontam que o retorno das chuvas deve ocorrer a partir da segunda quinzena de outubro e ao longo da primavera, com chuvas irregulares no Centro-Oeste e Sudeste. Em novembro, deve haver maior regularidade de chuvas no Matopiba, enquanto, na região Sul, os volumes de chuva diminuirão, ficando abaixo da média em novembro e dezembro. As chuvas ajudarão a reduzir as temperaturas, que em outubro e novembro devem ficar levemente acima da média e em dezembro dentro dos padrões normais.

Com relação à ocorrência do fenômeno La Niña, o Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI) prevê uma transição de condições neutras para La Niña, com 60% de chance de ocorrer entre outubro e dezembro. Segundo a Rural Clima, o fenômeno será de baixa intensidade na primavera, com maior impacto esperado entre fevereiro e abril de 2025.

Andamento do plantio de soja

O plantio da safra de soja 2024/25 começou enfrentando um atraso significativo em relação ao ciclo anterior, principalmente devido às condições climáticas desfavoráveis. As chuvas irregulares em volume e distribuição, especialmente no Sudeste e no Centro-Oeste, dificultaram o início das operações. No entanto, com a regularização das chuvas na segunda quinzena de outubro, a semeadura ganhou incrementos, chegando a 37% em 28 de outubro de 2024, contra 40% no mesmo período em 2023.

Do total semeado, 56,9% se encontram em emergência e 43,1% em desenvolvimento vegetativo.

A análise da Conab sobre o andamento do plantio de soja nos Estados brasileiros destaca as diferenças climáticas e operacionais no país. No Mato Grosso, com a regularização das chuvas, os produtores aceleraram as operações para tentar reduzir o atraso do início do plantio em relação às safras passadas.

No Paraná, o plantio segue em bom ritmo em todas as regiões. No Mato Grosso do Sul, o clima representou um desafio inicialmente, com regiões em que a seca durou mais de 160 dias, no entanto, as chuvas se regularizaram e beneficiaram as lavouras.

No Rio Grande do Sul, a umidade do solo permitiu o início das operações, mas a área ainda não chegou a 1%. Já em Santa Catarina, a semeadura avançou no fim de outubro, com 15% da área semeada até o momento.

Em Goiás, a ausência de chuvas e os impactos das queimadas atrasaram o início do plantio, mas no final de outubro as lavouras se encontravam em boas condições de desenvolvimento, com 26% de áreas semeadas. 

Em Minas Gerais, a soja tem perdido espaço para outras culturas em algumas regiões, apesar de uma expansão geral de 3,2% na área destinada à cultura. MG semeou 18% de sua área, com ritmo limitado pelas chuvas esparsas, e, em São Paulo, que aguardou as chuvas para iniciar o plantio e também tem expectativas de leve expansão de área, o ritmo do plantio já está em 70%.

A Bahia já iniciou o cultivo sequeiro e as áreas irrigadas estão em desenvolvimento vegetativo, favorecendo o algodão em sucessão à soja. Estados como Maranhão, Tocantins e Piauí iniciaram o plantio com a chegada das precipitações regulares.

Apesar das condições climáticas desafiadoras e do início irregular do plantio da safra 2024/25, as projeções das instituições permanecem otimistas, com expectativas de recorde de produção. Acompanhar de perto a evolução do clima e as práticas de manejo será crucial para garantir o melhor desempenho das lavouras e maximizar os resultados esperados.

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.

Confira a central de conteúdos Mais Agro para ficar por dentro de tudo o que está acontecendo no campo.