Confira as análises da Agroconsult para as safras brasileiras de soja e milho:

 

Com o avanço da safra de algodão e do milho safrinha, as lavouras seguirão seu desenvolvimento durante o outono e o inverno, de maneira que as previsões do clima para os próximos meses influenciam a incidência de pragas e doenças e as decisões sobre o manejo. Além de monitorar e acompanhar as condições das lavouras, os produtores precisam entender o contexto do mercado antes da colheita, para buscar negociações rentáveis. 

Quanto às condições climáticas, espera-se chuvas na quantidade ideal para o desenvolvimento das culturas, como consequência do aquecimento das águas dos oceanos Pacífico e Atlântico. Por um lado, isso significa o fim do fenômeno La Niña, que causou adversidades em diversas regiões produtoras nas últimas duas safras, prejudicando os cultivos. No entanto, a alta umidade pode aumentar a pressão de pragas e doenças nas culturas.

Quanto ao mercado, o cenário é de baixa no preço das commodities agrícolas, por fatores que envolvem baixo poder aquisitivo em âmbito internacional e desvalorização da moeda em âmbito nacional. 

Com o monitoramento adequado e as boas práticas de manejo durante abril, maio, junho e julho, a safra 2022/23 de milho e algodão tende para bons resultados de produtividade, de maneira que o produtor deve ser estratégico para escoar os grãos, que se tornam mais competitivos ao garantir alta qualidade por meio do controle correto de fitopatógenos e pragas.

Leia também:

6 efeitos fisiológicos benéficos de estrobilurinas para milho

Controle de daninhas une economia e sustentabilidade

Milho: alerta para os problemas causados por nematoides

Milho safrinha 2023: conjuntura e pontos de atenção entre abril e agosto

Com uma expectativa de produção 10,2% superior à anterior no total da safra 2022/23 (124.879,7 mil t), sendo a safrinha correspondente a mais de 70% do volume, a previsão é de que o Brasil ultrapasse, pela primeira vez, os EUA no que diz respeito às exportações, isso se a boa produtividade for confirmada no final do ciclo – com a colheita das lavouras mais antecipadas entre maio e setembro e outras podendo se estender até dezembro.

A semeadura foi finalizada em abril, e as principais regiões produtoras encontraram um regime de chuvas favorável para o desenvolvimento inicial (com exceção para Rio Grande do Sul e Paraíba, que sofreram com o atraso das chuvas), embora as mesmas condições tenham implicado em atraso na colheita da soja e, por consequência, do plantio do milho safrinha. O clima também é definidor do comportamento das pragas, que já pressionam os cultivos.

Pragas, doenças, monitoramento e condições das lavouras de milho segunda safra

As condições das lavouras no final de abril mostram a cultura majoritariamente em floração. Boa parte das áreas ainda segue em desenvolvimento vegetativo, enquanto algumas poucas caminham para a maturação. Há ainda regiões em fase de emergência, cuja janela de plantio é mais larga ou em que foi necessário realizar a semeadura fora do período ideal – o que é preocupante, principalmente no Sul do país, pois a cultura se desenvolverá no período mais frio do ano. 

milho safrinha 22/23

Fenologia das lavouras. Fonte: Conab, 29/04/2023.

Assim, alguns produtores ainda se preocupam com o controle de pragas iniciais, enquanto outros reforçam o monitoramento a fim de evitar danos no estágio reprodutivo da cultura. O que se percebe é que a incidência de cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) nas lavouras goianas é, de maneira geral, menos severa do que o observado na safra anterior. A praga exigiu medidas de manejo rigorosas nas áreas em desenvolvimento vegetativo no Mato Grosso do Sul e no Paraná, tal como o percevejo-barriga-verde (Dichelops spp.)

Apesar da maior pressão nas regiões supracitadas, essas pragas estão amplamente distribuídas pelo país, e o milho safrinha é especialmente vulnerável, visto que costuma ser plantado em sucessão à soja, que serve de ponte-verde para os insetos. 

Assim, o monitoramento constante deve estar aliado ao uso de defensivos que entregam performance superior contra as espécies identificadas e que têm uma tecnologia de formulação avançada, mantendo a proteção mesmo em épocas de chuva.

A pressão de doenças também é alarmante no contexto climático previsto para os meses de desenvolvimento do milho segunda safra, mas 2023 é um ano de grandes inovações no setor de fungicidas, de maneira que o produtor rural deve se atentar para as novas ferramentas disponíveis no mercado que oferecem poder de controle contra as doenças.

Mercado de milho 2023

A comercialização do milho brasileiro foi muito lenta nos primeiros meses do ano, o que mantém os estoques cheios e torna o escoamento urgente. Isso, somado ao plantio da safra de grãos nos EUA, faz com que haja uma pressão nos preços para baixo, frente ao desnivelamento entre oferta e demanda.

A depender dos resultados da safra de milho estadunidense – que tende ao negativo por conta de adversidades climáticas –, o cenário pode ou não melhorar para o produtor de milho no Brasil nos próximos meses. Em caso de baixa produção no país norte-americano, os grãos produzidos aqui tendem a encontrar mais espaço nas negociações.

Com eventuais paralisações nas vendas, há dificuldade infraestrutural para armazenamento, e a logística para o escoamento do milho pelos portos de exportação também significou desafios, uma vez que a comercialização da soja vem demandando todos os recursos de transporte. Com preços baixos, problemas de armazenagem e o andamento da safrinha, o produtor se encontra em condições delicadas para cobrir os custos de produção e obter lucratividade.

A baixa nos estoques de etanol de milho nos EUA se faz, assim, uma oportunidade de mercado importante nesse momento de muita volatilidade para a matéria-prima. De toda forma, o contexto é de queda do preço do milho nos contratos de maio e junho, com uma sequência de recuo nas cotações desde 27/03.

A abertura do mercado internacional para o milho está prevista para julho, quando se espera diminuição das movimentações da soja. Especialistas analisam que a boa produtividade estimada para a safrinha brasileira seja um índice positivo diante dos preços baixos, pois os produtores podem vender grandes volumes no segundo semestre. A maior parte da produção ainda não foi negociada, o que é um risco financeiro, considerando a tendência de desvalorização diante da competitividade com a safra dos EUA.

Safra de algodão 2022/23: conjuntura e pontos de atenção entre abril e agosto

A safra de algodão 2022/23 apresenta expectativa de produção de 2.734,3 mil t (+9%), com boas previsões de produtividade e qualidade, além de abrir oportunidades no mercado internacional, principalmente na China, devido às novidades apresentadas em abril pelo novo Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro, que oferece diversos benefícios aos compradores. 

De toda forma, o mercado de algodão vem sofrendo retração, diante de um cenário global que tende à diminuição da demanda pelo setor têxtil. Assim, o foco é em manter o diferencial competitivo da qualidade, para que o algodão brasileiro fique bem posicionado a nível internacional. 

Pragas, doenças, monitoramento e condições das lavouras de algodão

Na última semana de abril, as condições das lavouras de algodão nas principais regiões produtoras eram positivas, com a cultura majoritariamente em estágio de formação de maçãs. Parte das áreas se encontrava em floração ou maturação. 

algodão safra 22/23

Fenologia das lavouras. Fonte: Conab, 29/04/2023.

De maneira geral, o clima favoreceu o desenvolvimento da cultura na maioria das regiões, mas a umidade em Estados como Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e São Paulo pode favorecer o avanço de doenças do algodão em um período delicado do estágio reprodutivo, influenciando a qualidade da fibra. Assim, produtores investem no manejo para proteger a qualidade.

O manejo correto desde o início do cultivo e as aplicações no momento certo do ciclo da cultura vêm mantendo as ameaças abaixo do nível de dano econômico (NDE). Quanto às pragas, o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) continua presente, especialmente nas lavouras de sequeiro em São Paulo, mas o uso de inseticidas de alta performance e com flexibilidade de aplicação para o final do ciclo do algodão ampara o cotonicultor na realização do manejo.

Mercado de algodão 2023

Seguindo a tendência de baixa para as commodities agrícolas, as transações no mercado de algodão foram lentas no começo do ano, com pouca procura interna e baixa demanda externa. Os preços também seguem uma curva descendente, com desvalorização praticamente semanal nos portos de exportação. Há um movimento de recuperação do prêmio na Bolsa de NY, embora os valores continuem inferiores aos de 2022.

Apesar dessas quedas, verifica-se um aumento do VBP (Valor Bruto de Produção) por conta do volume da safra 2022/23 comercializado no segundo semestre de 2022, quando a cotação da pluma alcançou patamares recordes. Além disso, a boa expectativa de produção também favorece a rentabilidade do produtor rural em 2023. As quantidades ainda não negociadas são altas, o que ainda pode significar um fator de risco financeiro com o mercado de algodão apresentando quedas consecutivas.

Entre março e abril, verificou-se alguma reação do mercado, que pode representar um momento oportuno para retomar a formalização de contratos. O cenário se justifica pela estabilização da crise do setor bancário global, que estava freando a comercialização de commodities. Além disso, a seca nos EUA diminuiu a oferta, abrindo espaço no mercado para o algodão brasileiro.

As exportações em março de 2023 foram muito aquém do esperado, mas a recuperação dos preços faz com que as vendas também aumentem, reposicionando a safra 2022/23 no campo das negociações.

A paralisação do comércio do algodão pode ser explicada por uma análise de oferta e demanda: os estoques da indústria estão altos, então é preciso esperar reduzir essa quantidade de matéria-prima para que surja a necessidade de reabastecimento. Tudo isso acontece em função de dois fatores principais:

  • a queda generalizada do poder aquisitivo diminui o fluxo do mercado têxtil, o que faz recuar o mercado de algodão;
  • a baixa no preço do petróleo barateia os tecidos sintéticos, que acabam concorrendo com a fibra natural e sendo mais vantajosos.

Ainda assim, de março a maio, o cenário do mercado, que vivenciava uma oferta mundial muito elevada diante da demanda, encontrou maior equilíbrio, de acordo com o relatório da USDA (United States Department of Agriculture) publicado em abril. Com a expectativa de safra cheia no Brasil, a tendência é de crescimento dos estoques e queda de preços. A produção acima do consumo gera superavit, construindo um cenário em que o produtor precisa ter muita cautela.

Tudo pode mudar caso o consumo apresente alguma recuperação no segundo semestre de 2023 e no começo de 2024, o que, de fato, está entre as previsões da USDA. Os preços baixos podem fazer escoar a produção brasileira, a depender, é claro, dos resultados da safra dos EUA, a ser colhida no final de 2023. Diante disso, uma opção que pode ser vantajosa ao cotonicultor do Brasil é travar custos e receitas, por meio de modalidades de negociação como a Barter.

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos juntos um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.

Acesse o portal da Syngenta e acompanhe a central de conteúdos Mais Agro para saber tudo o que está acontecendo no campo!