Atualizado em 12 de setembro de 2023
A produção de milho no Brasil visa um aumento de 18,1% em 2023, em comparação com a safra anterior. Muito disso se deve ao milho safrinha, que corresponde a mais de 70% da produção nacional e que aponta um incremento de cerca de mais de 16 milhões de toneladas este ano.
Acompanhando a safra e os relatórios, é impossível não vibrar com o fato de que as estimativas foram melhorando a cada mês. É claro que é importante considerar que o ciclo 2021/22 não foi dos melhores, por conta das condições climáticas, mas os bons resultados não se limitam a comparativos anuais: esta representa a maior safra da história para o Brasil.
Somos o único país com capacidade de produzir três safras em um mesmo ano, e os agricultores estão realmente aproveitando as vantagens e as tecnologias para ficar mais perto dos EUA (Estados Unidos da América), que é líder absoluto quando se trata de volume do grão.
Assim, o cenário do mercado internacional é favorável para os produtores brasileiros, em grande parte graças à eficiência da segunda safra de milho. Pela primeira vez, o país, que está em terceiro lugar no ranking de produção, superou os EUA em exportação de milho: a USDA (United States Department of Agriculture) estima 57 milhões de toneladas de milho brasileiro exportado, contra 42,29 dos EUA.
Nem tudo são flores: desafios da safra 2022/23 e aprendizados para a produção de milho no Brasil
A semeadura do milho safrinha sofreu atrasos nos primeiros dois meses de 2023, devido a diferentes fatores:
- atraso no plantio da soja 2022/23 em algumas regiões, devido a interferências climáticas;
- prolongamento do ciclo da soja em regiões que sofreram com abundância de chuvas entre o final de 2022 e o começo de 2023;
- alta umidade em determinadas áreas de cultivo durante o período ideal de plantio, dificultando a continuidade das operações.
A segunda safra de milho é geralmente semeada em sucessão à soja, devido à metodologia de manejo majoritariamente adotada no Brasil, que conta com rotação de culturas e plantio direto, técnicas que protegem a saúde do solo e o vigor das plantas, mas aumentam essa relação de dependência entre os cultivos.
Os atrasos na calendarização repercutem ainda em outras consequências para a safrinha, pois há o risco de o desenvolvimento vegetativo das plantas coincidir com o período mais seco do outono, podendo comprometer os resultados das lavouras.
É possível afirmar que esse cenário só não gerou baixas na produtividade por conta do clima, tendo em vista que os meses tipicamente mais secos sofreram influência, ainda que de baixa intensidade, do fenômeno El Niño, proporcionando um volume satisfatório de chuvas fora de época e oportunizando bons resultados nas lavouras tardias.
Por outro lado, o período de estabelecimento das lavouras e esses fatores climáticos têm como possível consequência o aumento da pressão de pragas como lagartas, cigarrinha e percevejos, de maneira que produtores precisaram realizar o MIP (Manejo Integrado de Pragas) de maneira eficaz e criteriosa, pensando também em enfezamentos.
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Perspectivas para as condições das lavouras de milho
Um exemplo de resiliência na produção de milho é o Mato Grosso. Como o Estado que mais produz milho no Brasil, é responsável por quase a metade da produção da segunda safra e tem um peso significativo nos resultados nacionais. Assim, o bom desenvolvimento inicial das lavouras observado foi motivo de boas perspectivas de produtividade na safra 2022/23.
Todavia, um atraso no plantio na safrinha de milho poderia ser muito prejudicial para 2023/24. Em entrevista com Marco Antonio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, a central de conteúdos Mais Agro verificou que a vinda de um super El Niño em 2024 significaria a interrupção precoce das chuvas, o que poderia ocorrer a partir de abril, afetando o cultivo de milho tardio.
Por outro lado, a abundância de chuvas já previstas para algumas regiões durante a safra de verão pode sim causar atrasos de plantio e colheita, colocando em risco a safrinha, diante da importância da semeadura na janela ideal por conta das adversidades climáticas.
Situação semelhante já foi experienciada por produtores do Mato Grosso do Sul, que tiveram que trabalhar com solos encharcados na primeira safra 2022/23, com consequente aumento da presença de cigarrinha-do-milho e do percevejo-barriga-verde.
Essa condição deve afetar mais gravemente o Sul, o que exige que, em regiões importantes para a produção de milho no Brasil, como o Paraná, a criteriosidade para atender o calendário agrícola e para realizar o manejo de maneira consciente deve ser redobrada.
Já na região do MATOPIBA, os riscos de estiagem aumentam com o El Niño, o que cria um sinal de alerta inclusive para o milho verão a ser semeado ainda em 2023.
Mercado de milho e exportação
Em 2023, o Brasil ocupa o lugar de maior exportador mundial de milho. As estimativas para 2024 indicam a manutenção dessa tendência. Isso significa muitas oportunidades de negócios para os produtores, considerando ainda que o consumo doméstico também vem em uma crescente, por conta de novas aplicações para o grão.
Porém, a queda drástica nos preços do grão, de abril (R$ 74,85) a setembro de 2023 (R$ 53,99, dados da Esalq/USP), e o aumento dos custos de produção criam um cenário delicado no mercado de milho, que só pode ser positivo – como a safra 2022/23 ensinou – com um volume de produção abundante e medidas para proteger a rentabilidade.
Plantio na janela ideal, planejamento de manejo integrado, compra antecipada de insumos, uso de tecnologias para proteger a fisiologia das plantas contra adversidades e venda antecipada de sacas são algumas das estratégias que o produtor pode adotar para conquistar bons resultados com a produção de milho no Brasil no próximo biênio.
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