O milho é a cultura agrícola mais produzida no mundo e está prestes a atingir a segunda maior marca já vista na história. Para a safra 2022/23, a USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estima que serão produzidas mais de 1.168 milhões de toneladas do grão. No Brasil, 3º maior produtor mundial do grão, a produção de milho aumentou aproximadamente 75% nos últimos 22 anos e está estimada em 126 mi de toneladas nesta temporada, o que corresponde a 10,78% do quantitativo total produzido no mundo.

Os principais produtores de milho, Estados Unidos, China, Brasil, Argentina e União Europeia, juntos, correspondem a 73,9% de todo milho produzido no mundo.

Os números nacionais são expressivos. O Brasil tem expectativas de aumentar a produção em 11,2%, o que corresponde a mais de 12 mi de toneladas (segundo dados da Conab), muito em função da expansão das áreas em quase 760 mil hectares, somando assim, ao total das três safras 22,34 milhões de hectares cultivados. Já o cenário internacional demonstra recuo na produção. Assim, as expectativas são de redução da produção mundial do grão em 4,7%. 

Diversos fatores estão relacionados ao recuo da produção mundial. Os principais estão associados às condições ambientais desfavoráveis à cultura, especialmente nos Estados Unidos e na União Europeia. Outro fator relevante é a produtividade da cultura, que, por exemplo, para os Estados Unidos, Ucrânia e União Européia, foi reduzida para a safra 2022/23.

Análise das estimativas de produção da safra 2022/23 de milho

Cenário global

Estados Unidos: maior produtor mundial de milho

Apresenta recuo considerável na produção. As estimativas apontam que serão colhidos, no país, 353,83 mi de toneladas. Na safra 2021/22, a produção foi de 382,89 mi de toneladas, o que representa redução de 7,58% na produção do grão.

Em relação à produtividade e área cultivada, as estimativas também apontam redução na safra vigente, de 11.009 kg/ha para 10.820 kg/ha em produtividade, e área plantada de 34,53 mi de hectares para 32,72.

China: segundo maior produtor de milho

Números seguem crescentes. A expectativa de produção para o país é de 274 mi. toneladas, com pequeno acréscimo em produtividade, mantendo área cultivada semelhante à safra anterior.

Argentina alcança status de quarto maior produtor de milho no mundo

A produção estimada para a safra 2022/23 é de 55 mi de toneladas, com aumento de 6,36% em relação à safra anterior. Embora o país tenha apresentado pequena redução da área cultivada (400 mil hectares), a estimativa de produtividade de milho aumenta consideravelmente. O país passa a produzir 4,70% do total mundial do grão.

União Europeia desce no ranking e passa a ocupar a quinta posição na produção de milho

Com um dos recuos mais expressivos da safra 2022/23, a União Europeia torna-se destaque negativo da safra. As expectativas são de 29% de redução da produção, passando de 70,98 mi de toneladas, para 54,20, o que corresponde a 16,78 mi de toneladas a menos.

Esse importante recuo, juntamente com as reduções de produção dos EUA, explicam a diminuição nas expectativas da produção mundial do grão.

Juntos, os cinco maiores produtores de milho são responsáveis pela produção de 73,9% de todo milho produzido no mundo. O cenário nacional está mais aquecido do que nunca e as expectativas de produção, consumo e exportação do milho no Brasil são as maiores da história.

Cenário nacional

Embora algumas adversidades tenham impactado a semeadura e o início do desenvolvimento da cultura no país, até então as estimativas indicam safra recorde do grão. Algumas regiões produtoras já foram acometidas por excesso de chuvas, chuvas de granizo e estresse hídrico.

Em novembro, a semeadura da cultura do milho no país estava abaixo dos percentuais correspondentes à mesma época na safra anterior. Isso se deu, principalmente, devido à irregularidade das chuvas.

O status de semeadura de milho primeira safra encontra-se, atualmente, próximo da finalização. Até o dia 17 de dezembro, 82,3% das lavouras de milho 1ª safra encontravam-se semeadas no país.

Consumo, exportação e importação de milho no Brasil: panorama dos últimos 22 anos

Em relação ao estoque inicial, oferta, demanda e importação do grão para a safra 2022/23, os números são animadores. Oferta de milho safra 2022/23:

• Estoque inicial de 5,6%, correspondente a 7,6 mi de toneladas.
• Importação de 1,8, equivalente a 2,5 mi de toneladas.
• Produção de 92,6% da oferta. O estoque inicial é de 5,6%, correspondente a 7,6 mi de toneladas.

A demanda interna, destinada principalmente para a fabricação de rações na alimentação animal, está em 81,75 mi de toneladas, o que corresponde a 64,5% do total produzido no país. As demais 45 mi de toneladas serão destinadas à exportação.

A evolução desses números demonstra que a safra 2022/23 promete bater os recordes já alcançados na safra anterior, apresentando os maiores números de produção, consumo e exportação da  história do milho brasileiro. Da safra 1999/00 à safra 2022/23, a produção aumentou em 74,96%. O consumo do grão está em 57,82%, e a exportação, em 85%.

O principal mercado internacional para o grão do Brasil deve ser a União Europeia, devido às baixas estimativas de produção da safra em função da seca severa que assolou as lavouras, em especial da Hungria, principal produtor do grão dessa região.

Evolução da produção, importação, consumo e exportação do milho no Brasil, nas safras de 1999/00 à 2022/2023. Fonte: Conab, 2022. 

Análise estadual da primeira safra de milho safra 2022/23

Os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Piauí e Maranhão, juntos, correspondem a 92% da produção de milho no país. Algumas lavouras, bastante afetadas devido ao estresse hídrico na safra anterior, a exemplo da região Sul, apresentam boas expectativas de produção.

No entanto, baixos e altos volumes de chuvas, bem como a alta incidência da cigarrinha-do-milho e a substituição de áreas anteriormente cultivadas de milho por soja marcaram o início da primeira safra do grão no Brasil.

As estimativas apontam produção de 27,22 mi de toneladas para a primeira safra, 96,27 para a segunda safra e 2,33 para a terceira safra do grão no país. Dessa forma, a primeira safra representa pouco mais de 21,6% do total produzido na safra 2022/23.

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O que esperar do milho safrinha para a safra 2022/23

Sendo o cultivo safrinha maior em volume de produção, a safra 2022/23 promete ser recorde. As estimativas de produção do grão têm crescido nas últimas análises realizadas pela Stonex e pela Conab.

Os principais motivos para a expansão da produção de milho estão relacionados ao aumento das áreas cultivadas no país, o que deve resultar em aumento de produção de mais de 5 mi de toneladas.

Principais fatores limitantes da produção de milho

As reduções de produtividade observadas nos cenários mundial e nacional apresentam um denominador comum: as condições climáticas desfavoráveis, especialmente a ocorrência de períodos prolongados de déficit hídrico e altas temperaturas em períodos críticos para a cultura, como o pendoamento, a polinização e o enchimento de grãos, penalizando consideravelmente a produção.

Para o Brasil, a incidência de pragas, como a cigarrinha, e as plantas daninhas também fazem parte dos desafios enfrentados pelos produtores.

Oportunidades da cultura do milho para os produtores

Além do destino da produção para a fabricação de rações, para a indústria alimentícia, farmacêutica, têxtil, dentre outras mais de 150, o milho também apresenta mercado promissor na produção de bioetanol.

A atenção se tem voltado, ainda, para as perspectivas de expansão do mercado externo, com estimativas de aumento da exportação de subprodutos da produção de etanol de milho, conhecidos como DDG ou DDGS, matéria-prima na fabricação de ração animal. Até 2030, as exportações de DDG devem mais do que dobrar, passando de 3,5 milhões de toneladas para 8.

Para resultados produtivos da safra e da safrinha do milho, há algumas boas práticas e tecnologias que podem driblar, em parte, os desafios.

Boas práticas para atingir altas produtividades e driblar desafios climáticos devem focar na qualidade do solo e na adoção de tecnologias

Sendo a água um dos fatores de maior importância e também limitante para a produção da cultura do milho, algumas estratégias para aumentar a sua infiltração no solo e, consequentemente, o armazenamento, devem ser tomadas.

Além disso, produtores devem ficar atentos às novas tecnologias disponíveis, sejam elas relacionadas ao controle de pragas, doenças, plantas daninhas, às sementes, ou até aquelas relacionadas aos problemas climáticos, como déficit hídrico.

A seguir, as boas práticas agrícolas que não podem ficar de lado para atingir resultados produtivos:

1. aposta em um manejo de solo focado na melhoria dos seus atributos físicos, químicos e biológicos, com cultivo de plantas de cobertura, rotação de culturas utilizando de espécies de sistema radicular diferenciado e produção de volume de  biomassa distinto. Essas práticas melhoram a capacidade de infiltração de água em camadas mais profundas;
2. manutenção do solo sempre coberto, evitando sua exposição direta às altas temperaturas. Isso contribui para que a água armazenada não seja perdida rapidamente;
3. investimentos em construção de bacias de contenção e de barragens para armazenamento da água das chuvas, aliados a práticas conservacionistas, podem auxiliar o cultivo em períodos de longa estiagem;
4. investimentos em tecnologias que otimizem o uso de recursos como os fertilizantes, por meio da adoção de aplicações em taxa variável, por exemplo;
5. tecnologias que otimizem o uso da água, exigindo menores quantidades em pulverizações também são uma opção viável;
6. semeadura de híbridos com características específicas para cada região produtora também é uma prática que deve ser considerada, assim como a escolha da melhor época de semeadura, dentro da época de menor risco agroclimático ou ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático), definida anualmente;
7. manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas, fundamental para um bom desempenho produtivo da lavoura e diversas tecnologias estão disponíveis para controle. O TS (Tratamento de Sementes) também é indispensável;
8. para manter um sistema produtivo a longo prazo, não se pode esquecer das áreas de refúgio que protegem a tecnologia Bt e contribuem para o controle de lagartas. Essas áreas devem ser equivalentes a 10% da área total cultivada.

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