Em 2021 o Brasil viveu a pior crise hídrica em quase 100 anos, com escassez de chuvas e reservatórios operando em níveis bem abaixo da demanda, resultado das condições climáticas adversas.A falta de água para as atividades do cotidiano, assim como para a geração de energia e saneamento básico, impactou diretamente a qualidade de vida das pessoas. No viés econômico, o agronegócio foi um dos setores mais afetados.
O agronegócio representa uma importante fatia da economia do Brasil, visto que o país se destaca entre os maiores produtores do mundo. De acordo com o sétimo boletim da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção de grãos no país poderá atingir um volume de 269,3 milhões de toneladas, 5,4% ou 13,8 milhões de toneladas superior à obtida na safra anterior.
Comparativamente à primeira estimativa para a atual safra, quando se previa 288,6 milhões de toneladas, houve uma redução de 6,7% ou 19,3 milhões de toneladas, cuja causa pode ser relacionada às condições climáticas adversas observadas mais gravemente nos estados da região Sul do Brasil e no centro-sul de Mato Grosso do Sul, com as maiores perdas nas produções de soja e milho.
Para a produção agrícola, com a baixa umidade no solo causada pela estiagem, a crise hídrica atingiu diretamente as culturas que necessitam de um volume maior de água para desenvolver seu máximo potencial produtivo.
Logo, os cultivos que dependem essencialmente da irrigação para a produção sentem os efeitos negativos, que são:
a redução da captação de água;
os prejuízos no desenvolvimento das plantas;
a diminuição da colheita.
Tendo em vista que o processo de irrigação necessita de energia e que cerca de 70% da matriz energética brasileira é proveniente de usinas hidrelétricas, que dependem do volume de água das chuvas, os produtores vêm buscando novas alternativas para minimizar os problemas decorrentes da crise hídrica.
Apesar dos esforços, o cenário compromete a produtividade, aumenta os custos de produção, restringe mais a oferta de alimentos, bem como eleva o preço das commodities.
Alternativas para driblar a crise hídrica
Haja vista que o agronegócio é um setor de risco e que necessita de apoio permanente para ultrapassar as barreiras impostas pelo mercado e pelas adversidades climáticas, o planejamento e novas alternativas para enfrentar difíceis situações, como a crise hídrica, são fundamentais.
Os agricultores têm buscado apoio em linhas de crédito e seguro rural, a fim de expandir suas operações, fazer investimentos e custear a produção e a comercialização dos itens produzidos.
E um dos investimentos pelo qual eles têm optado são as placas fotovoltaicas para a geração de energia a ser utilizada nas atividades do campo, como a irrigação, uma vez que, com a escassez hídrica, os preços relacionados ao setor energético estão muito elevados, e com a geração de uma energia limpa, a tendência é que o custo da produção diminua.
Outra alternativa para driblar a crise hídrica e reduzir os custos de produção é a utilização do sistema de irrigação por gotejamento, que reduz significativamente o consumo de energia comparado a outros sistemas.
La Niña: o que esperar e o papel do fenômeno na crise hídrica
Os efeitos do La Niña são de grande impacto para as condições climáticas no mundo todo. O fenômeno tem influência na distribuição pluviométrica, temperaturas e, consequentemente, apresenta um papel importante na crise hídrica.
De acordo com a Noaa (Administração Americana de Oceano e Atmosfera), a chance do La Niña impactar todo o ano de 2022 e também o início de 2023 é cada vez maior. A última atualização indicou que o oceano Pacífico equatorial continua mais frio que o normal.
Como dito, entre os principais efeitos deste fenômeno estão o reflexo na distribuição das chuvas e a variação de temperaturas sobre o continente.
Tipicamente, em períodos de La Niña, existe uma diminuição significativa das chuvas sobre a parcela sul do Brasil, ao passo que essas chuvas seguem mais abundantes na metade norte, além das temperaturas abaixo da média nessas regiões.
E é este cenário que as previsões climáticas mostram para os próximos três meses. A falta de chuvas será mais pronunciada na metade sul do país, afetando a produtividade da região.
Outra situação alarmante são as previsões de temperaturas expressivamente acima da média histórica na parcela central do país.Tal condição pode agravar a situação hídrica em algumas áreas, visto que esta época do ano é o período seco na região. Portanto, mesmo com chuvas ocorrendo dentro do esperado, as condições indicam a possibilidade de grandes perdas de umidade para o ambiente.
Nesse sentido, o cenário em relação às culturas é incerto, especialmente quando se trata da falta de chuvas, que pode ser um fator limitante na produtividade.
Situação hídrica do Brasil: expectativas para 2022
A boa notícia é que, segundo levantamento da ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o Brasil iniciou 2022 com o maior volume de água em reservatório desde 2012.
O boletim do PMO (Programa Mensal de Operação) para a semana entre 30 de abril a 06 de maio divulgou projeções positivas para as afluências no Sul do país. Mesmo que o período seco já tenha iniciado, a região tem a expectativa de registrar 147% da Média de Longo Termo (MLT) no quinto mês do ano.
A indicação é de que os outros três subsistemas apresentem índices menores, sendo o Norte com 98%, Sudeste/Centro-Oeste com 69% e o Nordeste com 49%.
A projeção indica cenários mais favoráveis para os próximos meses, entretanto, não quer dizer que a crise hídrica não possa se agravar.
Uma maneira do produtor rural conseguir evitar os prejuízos causados pela escassez de água é buscando soluções alternativas de abastecimento hídrico nas lavouras. Isso inclui apostar na sustentabilidade e no uso consciente dos recursos naturais como medidas essenciais.
A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, com o objetivo de impulsionar o agronegócio brasileiro com qualidade e inovações tecnológicas.
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