Atualizado em 19/05/2025.
Após alcançar o título de maior exportador mundial de algodão pela primeira vez na história na safra 2023/24, o Brasil continua a consolidar-se como um dos maiores produtores de algodão do mundo, desempenhando um papel estratégico no abastecimento global de fibras naturais.
A safra 2024/25 proporciona um misto de oportunidades e desafios, em um cenário no qual a expansão da área plantada reflete o otimismo dos produtores, mas a produtividade enfrenta pressões relacionadas a fatores climáticos e fitossanitários.
Segundo o 8º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área destinada ao cultivo do algodão no país cresceu, sinalizando a confiança no potencial da cultura e na adoção de tecnologias avançadas. No entanto, a produtividade média apresentou uma leve retração, evidenciando a necessidade de estratégias mais robustas para superar adversidades no campo.
Neste blog, exploramos os principais destaques da safra até o momento, as particularidades de cada região produtora e as tendências que moldam o futuro do algodão no Brasil. Com foco em inovação e manejo eficiente, o setor segue resiliente, reafirmando sua relevância no agronegócio nacional e internacional.
Panorama nacional da safra de algodão 2024/25
O cenário nacional da safra de algodão mantém-se positivo, com expansão na área plantada e produção em alta. Segundo a Conab, o crescimento da área está relacionado ao aumento da atratividade da cultura, mesmo diante de desafios climáticos e fitossanitários. As estimativas para safra de algodão 2024/25 no Brasil apontam um aumento de 7,2% na área plantada em relação à temporada anterior.
A expectativa de produção de pluma vem se confirmando com um novo recorde, sendo esperada uma colheita de 3.904,8 milhões de toneladas. Esse total representa um crescimento de 5,5% em relação à safra passada. A produtividade, no entanto, sofreu queda de 1,6%, refletindo desafios climáticos e de manejo em algumas regiões.
Cenário regional da safra de algodão 2024/25
A semeadura do algodão no Brasil foi iniciada na primeira semana de outubro e seguiu o cronograma esperado, tendo a marcha de plantio atingido 100% ao final do mês de fevereiro.
Até a segunda quinzena de maio, mais de 60% das lavouras encontravam-se já em fase de formação das maçãs e quase 30% em fase de maturação, enquanto as regiões mais adiantadas já iniciam a colheita (como no Paraná, com 20% da área colhida).
Os Estados com maior produção mantêm uma trajetória de crescimento na área plantada, conforme mostrado abaixo:
- Mato Grosso: maior produtor nacional, com expansão de área e lavouras em estágio reprodutivo avançado. As condições climáticas (chuvas regulares e temperaturas amenas) favoreceram o desenvolvimento, mas exigem controle rigoroso de bicudo, lagartas e mosca-branca.
- Bahia: aumento de área devido à rentabilidade, com lavouras em floração e formação de maçãs. A reserva hídrica do solo tem garantido qualidade, apesar dos veranicos de até três semanas em algumas regiões
- Goiás: redução de área no Vale do Araguaia, mas com 75% das lavouras em formação de maçãs e produtividade acima da média. Chuvas irregulares exigem atenção ao manejo hídrico.
- Mato Grosso do Sul: região norte com excesso de umidade aumentou a incidência de doenças fúngicas (como ramulária) e região sul com lavouras em maturação e aplicação de desfolhantes (ex.: Aral Moreira).
- Minas Gerais: lavouras de sequeiro estão sendo impactadas pelo veranico (fevereiro/março), com abortamento de maçãs no terço mediano, enquanto lavouras irrigadas estão em boas condições, finalizando o florescimento. Porém, precipitações irregulares e altas temperaturas levaram ao aumento da pressão de doenças fúngicas e ao abortamento de botões florais em algumas regiões.
Preocupações comuns:
Pressão de pragas (bicudo, lagartas) e doenças (mancha-alvo, ramulária) devido a dias nublados e umidade. Risco de abortamento floral em áreas com estresse hídrico ou temperaturas elevadas.
Condições climáticas e produtivas por Estado
- Mato Grosso
As condições climáticas têm sido favoráveis no maior Estado produtor de algodão do país, com chuvas adequadas e temperaturas amenas beneficiando o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. As lavouras apresentam bom vigor, especialmente nas regiões médio-norte e sudeste, mas exigem controle intensivo contra pragas, como bicudo, lagartas Spodoptera, mosca-branca e ácaros. A expectativa é de rendimento de pluma acima da média nas principais áreas produtoras.
- Bahia
O Estado apresenta ótimo desenvolvimento da cultura, com lavouras distribuídas entre as fases vegetativa, de floração e formação de maçãs. A regularidade hídrica tem garantido qualidade às fibras, embora veranicos de até três semanas em algumas localidades exijam atenção. O aumento da área plantada reflete os bons resultados da safra anterior.
- Goiás
O cenário é misto no Estado: enquanto 75% das lavouras estão formando maçãs, a região oeste (Vale do Araguaia) sofreu redução de área devido a desistências de arrendamento. A produtividade média supera as expectativas estaduais, mesmo com chuvas irregulares que demandam manejo cuidadoso da irrigação.
- Mato Grosso do Sul
O Estado apresenta realidades distintas entre suas regiões. No norte, a alta umidade e a pouca incidência solar exigem controle rigoroso de doenças fúngicas. No sul, em municípios, como Aral Moreira e Maracaju, já se inicia a maturação e a aplicação de desfolhantes. Algumas áreas enfrentam perdas irreversíveis devido às irregularidades climáticas. Já nas nas regiões Norte e Nordeste, as boas condições hídricas têm favorecido o enchimento das maçãs.
- Minas Gerais
Dois cenários são evidentes: as lavouras de sequeiro, afetadas pelo veranico de fevereiro/março, mostram porte reduzido e maçãs do terço mediano comprometidas; já as áreas irrigadas seguem em boas condições, finalizando a fase de florescimento. As chuvas da segunda quinzena de março trouxeram alguma recuperação, mitigando prejuízos mais severos.
- Maranhão
As lavouras mais adiantadas (120 dias) iniciam a abertura de capulhos, enquanto o algodão de segunda safra (90 dias) está em florescimento e início de frutificação. As plantas mostram desenvolvimento vigoroso, com expectativa de rendimentos positivos.
- Piauí
O fenômeno La Niña beneficiou o desenvolvimento da cultura no Estado, exceto em Uruçuí, onde um veranico afetou a produtividade. A ampliação de áreas irrigadas tem contribuído para boas perspectivas de produção.
- Tocantins
O Estado mantém suas lavouras em boas condições sanitárias, com controle eficiente de pragas (pulgão, tripes, lagartas) e doenças (mancha-alvo, ramulária). O algodão de primeira safra está em formação de capulhos, enquanto o safrinha encontra-se em floração e formação de maçãs.
- São Paulo
A colheita começa a ganhar ritmo, especialmente na região de Holambra, com previsão de intensificação na segunda quinzena de maio. Em Martinópolis, o desenvolvimento é mais lento.
- Paraná
Cerca de 20% da área já foi colhida, com a maior parte das lavouras em ótimas condições (90% boas). O restante divide-se entre formação de maçãs (35%) e maturação (45%).
- Rondônia
As chuvas regulares garantiram bom desenvolvimento vegetativo, mas a proximidade do período de estiagem preocupa, podendo impactar a formação de capulhos. Atualmente, 83% das lavouras estão no final do desenvolvimento vegetativo/início de floração, enquanto 17% iniciam a formação de capulhos.
Projeções e tendências para o algodão brasileiro
Com o Brasil consolidado como o maior exportador global de algodão, os produtores têm buscado alinhar qualidade e sustentabilidade para atender à demanda internacional.
O aumento da área cultivada reflete essa confiança, mas a estabilidade da produção total destaca os desafios enfrentados, como mudanças climáticas e pressão de custos. A tecnificação e o uso de práticas agrícolas inteligentes são fundamentais para mitigar esses impactos, promovendo a resiliência dos cultivos a longo prazo.
Além disso, o setor deve seguir atento às novas demandas por produtos sustentáveis e às exigências de mercados mais rigorosos, como Europa e Estados Unidos, que valorizam a produção responsável e de baixo impacto ambiental.
O cenário internacional mantém-se favorável à exportação, com exportações brasileiras estimadas em 2,99 milhões de toneladas (+7,8%), impulsionadas pela demanda asiática e pelas tensões comerciais entre EUA e China, que fizeram com que o preço do algodão operasse acima da paridade de exportação.
A qualidade da fibra, associada a práticas sustentáveis e rastreabilidade, segue sendo um diferencial competitivo em mercados exigentes, como Europa e Estados Unidos. No mercado interno, o consumo deve atingir 770 mil toneladas (+2,7%), puxado pela indústria têxtil.
Dica ao produtor: invista no monitoramento contínuo das lavouras e utilize tecnologias inovadoras para otimizar os resultados e enfrentar os desafios climáticos e fitossanitários.
A leve queda na produtividade média (-1,6%) ressalta a importância da adoção de manejo eficiente e monitoramento climático. O sucesso da safra dependerá da capacidade dos produtores de mitigar riscos climáticos e fitossanitários, maximizando o potencial produtivo das lavouras.
Dessa forma, o setor deve continuar focado em inovação, manejo integrado de pragas, doenças e daninhas e investimentos em tecnologias e maquinário de alta performance.
Com um cenário de crescimento moderado, a expansão da área plantada e o fortalecimento das exportações brasileiras indicam um futuro promissor para o algodão nacional. A tendência é de que o país continue aprimorando sua eficiência produtiva e consolidando sua posição estratégica no mercado global.
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