Com importante papel para a economia nacional, a soja encontra condições favoráveis para seu desenvolvimento em diversas regiões por conta do clima do Brasil. Porém, isso não significa que as lavouras estão isentas de ameaças. Do plantio até a colheita, a soja está sujeita ao ataque de diversas pragas, como lagartas, ácaros, percevejos, entre outros.
Esses ataques podem resultar em grandes prejuízos para o produtor, como a redução da sanidade da lavoura e da produtividade. Para proteger o cultivo, é essencial conhecer as ameaças, realizar o manejo integrado de pragas e buscar soluções eficazes.
Quais são as principais pragas da soja
Lagartas
As lagartas podem causar inúmeros prejuízos para os sojicultores. No geral, o ataque dessas pragas diminui a área foliar e compromete o processo de fotossíntese. Com isso, ocasiona o desenvolvimento irregular das plantas e, consequentemente, afeta a qualidade dos grãos colhidos, comprometendo a produtividade.
Entre as principais espécies que prejudicam a cultura da soja, estão:
- Falsa-medideira (Chrysodeixis includens e Rachiplusia nu)
- Helicoverpa (Helicoverpa armigera)
- Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)
- Complexo de Spodopteras (S. frugiperda, S. cosmioides, S. eridania)
A falsa-medideira recebe esse nome pois se locomove como se estivesse “medindo palmos”, já que possui apenas dois pares de pernas na parte frontal do corpo e um par na calda. Ela pode destruir completamente o limbo foliar, causando danos expressivos e, por isso, exige muita atenção na hora de realizar seu manejo.
Falsa-medideira (Chrysodeixis includens) na soja
A helicoverpa é comum em todas as regiões brasileiras produtoras do grão e tem grande potencial destrutivo. Por se alimentar tanto das folhas quanto dos grãos da soja, pode comprometer até 40% da produção.
Já a lagarta-elasmo causa maiores problemas em períodos secos, pois prefere solos arenosos. A larva penetra no caule da planta abaixo do nível do solo, onde forma uma galeria ascendente na haste. Depois, tece um casulo próximo ao orifício de entrada, facilitando a quebra ou até mesmo a morte da planta.
O complexo de Spodopteras, por sua vez, apresenta alto potencial reprodutivo, podendo se espalhar rapidamente pela lavoura e inviabilizar toda a produção. São pragas desfolhadoras e seu ataque faz com que a lavoura se desenvolva de forma insatisfatória. Também podem atacar vagens, causando abortamento, tombamento e redução da produtividade da cultura.
A identificação correta das espécies de Spodopteras é um grande desafio, pois elas apresentam similaridades no padrão de coloração. Por esse motivo, muitas vezes o sojicultor é conduzido a aplicar um inseticida ineficiente para a espécie infestante. Além disso, algumas espécies ainda podem ocorrer simultaneamente na lavoura, o que dificulta ainda mais o controle.
Ácaros
Entre as espécies de ácaros que atacam a soja, dois se destacam:
- Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)
- Ácaro-vermelho (Tetranychus desertorum)
Ácaro-rajado (Tetranychus urticae) na folha de soja
O ácaro-rajado é uma das espécies mais frequentes em soja no Brasil, sendo responsável por ataques intensos na cultura. Já o ácaro-vermelho ocorre geralmente associado às demais espécies. Ambos são favorecidos pela estiagem e pelo uso incorreto de defensivos, como os inseticidas piretróides, principalmente quando pulverizados desde a fase vegetativa da soja. Porém, são sensíveis à chuvas, predadores e patógenos.
O ataque desses ácaros causa manchas na face inferior e superior da folha, prejudicando o processo de fotossíntese. Em ataques intensos, reboleiras vizinhas podem se juntar, formando grandes áreas atacadas e apresentando queda prematura das folhas.
Percevejos
Esses insetos sugadores podem causar grandes danos econômicos. Dentre as espécies de percevejos com maior incidência no Brasil, destacam-se:
- Percevejo-marrom (Euschistus heros)
- Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)
- Percevejo-verde (Nezara viridula)
Percevejo-marrom (Euschistus heros) na soja
A maior parte dos danos são causados na fase de ninfas.O ataque acontece no momento da alimentação, quando os insetos inserem os estiletes bucais na planta, em especial nas vagens, podendo causar o abortamento dos grãos e a redução do potencial germinativo. Os danos interferem na qualidade da soja, assim como no vigor, tamanho e teor de óleo dos grãos.
Além disso, os percevejos são vetores de doenças e podem induzir a ocorrência da “soja louca”, distúrbio fisiológico que deixa as folhas verdes no final do ciclo. Com isso, os grãos ficam menores, enrugados, chochos e escuros, prejudicando a colheita e o rendimento da cultura.
Outras pragas comuns nas lavouras de soja
Há ainda outras pragas que podem comprometer a lavoura de soja. Os tripes (Frankliniella schultzei e Caliothrips brasiliensis), por exemplo, são difíceis de identificar por conta de seu tamanho: medem cerca de 2 mm e se alojam no interior das folhas ou dos folíolos ainda não abertos. O maior dano causado por essa praga é indireto: ela pode transmitir o vírus da doença “queima-do-broto”, causando sérios prejuízos à cultura.
Outro exemplo é o tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus), que, em sua fase adulta, raspa e desfia os tecidos do caule e dos ramos para se alimentar, podendo causar danos irreversíveis. Já as larvas broqueiam as hastes das plantas formando uma galha caulinar, composta de tecido modificado e quebradiço.
Os adultos da vaquinha-verde-amarela (Diabrotica speciosa) se alimentam por meio de pequenos orifícios em folhas mais tenras e em brotos. Já as larvas, se alimentam das raízes das plantas.
No caso da mosca-branca (Bemisia tabaci biótipo B), quem causa os maiores danos são as ninfas. Além de ser vetor de doenças, ela libera grande quantidade de uma substância açucarada ao se alimentar, o que favorece a formação do fungo fumagina (Capnodium sp.), fazendo com que as folhas se desidratem e caiam ao receberem luz solar.
Adultos e ninfas de mosca-branca (Bemisia tabaci)
Por fim, há ainda os corós (Liogenys fuscus), que se alimentam das raízes da soja, ocasionando redução do crescimento, além de amarelecimento e murchamento das folhas. Quando o ataque ocorre na fase inicial da cultura, pode resultar na morte das plantas. Em ataques tardios, causa a redução da quantidade e da qualidade de vagens e grãos.
Manejo Integrado de Pragas (MIP) na soja
Para evitar que a soja sofra danos econômicos e para que a cultura atinja bons resultados, é importante realizar o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Trata-se de uma ferramenta que envolve diversas técnicas para o controle adequado de pragas, buscando a adoção de uma estratégia precisa.
Confira a seguir as 5 principais estratégias do Manejo Integrado de Pragas:
1. Identificação das pragas
Antes de adotar qualquer medida para o controle de uma praga, é preciso identificar corretamente a espécie que está presente na lavoura. Algumas espécies podem ser semelhantes, mas apresentar comportamentos e suscetibilidades diferentes a um mesmo inseticida. Por isso, essa etapa é fundamental para o manejo adequado dessas populações.
2. Rotação de culturas
A rotação de culturas consiste em alternar diferentes cultivos em determinado período e na mesma área. A prática ajuda a evitar o desenvolvimento de pragas e doenças, por conta da alternância de espécies que podem ser hospedeiras, sendo uma prática essencial para quebrar o ciclo da praga.
3. Monitoramento da lavoura
O monitoramento ajuda a detectar e determinar a situação das pragas na lavoura. Essa observação permite que o produtor avalie os danos e prejuízos já causados e defina o melhor momento e local para aplicação do inseticida. Se a infestação for identificada logo no início, a utilização de defensivos agrícolas tende a ser mais eficaz, reduzindo os custos para o produtor e a possibilidade de reinfestações na área.
4. Aproveitamento dos inimigos naturais
Os inimigos naturais são aqueles que não prejudicam a cultura e ainda podem auxiliar no controle das pragas. Geralmente, alimentam-se ou parasitam ovos de outros insetos. Um exemplo são as microvespas do gênero Trichogramma spp., que atuam diretamente nos ovos das lagartas. A fêmea da vespinha coloca seus ovos no interior dos ovos do hospedeiro, interrompendo o desenvolvimento da praga no início do ciclo. Os ovos da vespinha darão origem a novas vespas que irão continuar o processo de oviposição nos ovos das pragas, resultando num controle eficiente das lagartas antes mesmo do seu desenvolvimento.
5. Controle químico e tratamento de sementes
O controle químico com inseticidas e o uso de sementes tratadas são grandes aliados dos produtores para o manejo adequado de pragas da soja. Para escolher o defensivo mais adequado, é preciso se atentar à toxicidade, ao efeito sobre inimigos naturais e ao custo benefício.
Também vale considerar que um mesmo ingrediente ativo não deve ser utilizado em aplicações sucessivas para o controle da mesma praga. Assim, é possível prevenir o surgimento de resistência destas ao inseticida.
O Tratamento de Sementes (TS) é uma forma de proteger a lavoura no momento inicial da cultura, contribuindo para um melhor enraizamento e estabelecimento de um estande mais uniforme e vigoroso. Nesse processo, a escolha dos produtos faz toda a diferença para a qualidade do tratamento.
Excelentes resultados em produtividade também são notados com o uso de tecnologias como o tratamento de sementes industrial (TSI), que promove praticidade e conveniência ao produtor, pois ele recebe as sementes já tratadas e prontas para o plantio.
Portfólio Syngenta para controle de pragas da soja
Para auxiliar o produtor a enfrentar os desafios do campo, a Syngenta oferece um portfólio completo de produtos, com soluções eficientes e tecnologia inovadora para todas as etapas da lavoura e tipos de pragas que afetam a soja, a fim de impulsionar o agronegócio brasileiro.
Confira, no vídeo a seguir, algumas das soluções inovadoras da Syngenta para o manejo de pragas da soja:
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