Primeiro, as boas notícias: os canavicultores brasileiros finalmente conseguiram quebrar o recorde histórico de produção de cana-de-açúcar, chegando a 713,2 milhões de toneladas. Com a safra 2023/24 ultrapassando pela primeira vez a barreira de 700 milhões de toneladas, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) destaca que o novo recorde supera em 16,8% a produção da safra anterior e consolida o Brasil como maior produtor e exportador mundial de açúcar.

Agora, as notícias são ainda melhores: temos o potencial de ir muito além desse patamar, com mais produtividade e rentabilidade na produção. Como? Combatendo com eficiência os fatores que ainda limitam a produtividade, como é o caso do assunto-chave deste artigo: os nematoides.

Estamos podendo ver de perto como o investimento em novas soluções e a propagação do conhecimento podem mudar o jogo no agro. Os canavicultores já entenderam a urgência de controlar esses inimigos ocultos que causam danos diretos e indiretos na lavoura – e que estão presentes em mais de 70% das áreas de cana do país!

Um estudo recente, realizado pela Syngenta em parceria com a Agroconsult e a Sociedade Brasileira de Nematologia, mostra que, a cada 10 safras, os nematoides na cana-de-açúcar podem gerar a perda equivalente a 1,7 safras.

Se os canavicultores não estivessem sendo conscientizados sobre essa problemática e novas soluções não estivessem sendo disponibilizadas no mercado, o prejuízo seria de R$ 143,8 bilhões somente nesse cultivo. Mas, se você é um leitor assíduo da Central de Conteúdos Mais Agro, com certeza já está em alerta sobre esse tema e, ao final dessa leitura, saberá como agir para proteger seu lucro desses inimigos ocultos!

Nematoide-das-galhas e nematoide-das-lesões: esses são os maiores inimigos ocultos da cana-de-açúcar

Dois gêneros de nematoides em particular são os que mais reduzem a produtividade das lavouras de cana-de-açúcar e podem estar afetando o seu lucro: o nematoide-das-galhas, representado pelas espécies Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica, e o nematoide-das-lesões, representado pelas espécies Pratylenchus zeae e Pratylenchus brachyurus.

Nematoide-das-galhas (M. incognita e M. javanica)

Galhas radiculares em cana incitadas por Meloidogyne javanica. Foto: W.R.T. Novaretti.
  • Ciclo de vida
    • Ciclo de vida completo em 3 ou 4 semanas.
    • Reprodução por partenogênese mitótica obrigatória (fêmeas colocam cerca de 400 ovos em massa gelatinosa dentro das raízes).
    • Nematoide endoparasita sedentário: juvenis penetram nas raízes e se fixam no tecido nutridor, formando galhas.
    • Níveis populacionais de 400 a 1.000 nematoides por 50 g de raiz indicam alto e muito alto risco de dano, respectivamente.
  • Sintomas
    • Galhas nas raízes, principalmente nas pontas.
    • Enfezamento ou nanismo das plantas.
    • Clorose foliar.
    • Redução de perfilhos.
  • Danos
    • Perdas de produtividade que podem chegar a 50%.
    • Aumento do custo de produção devido à necessidade de replantar áreas infestadas.
    • Maior incidência de doenças fúngicas, que causam danos adicionais à cultura.

Nematoide-das-lesões (P. zeae e P. brachyurus)

Lesões necróticas causadas por Pratylenchus zeae em raízes de cana-de-açúcar. Foto: L.L. Dinardo-Miranda.
  • Ciclo de vida
    • Ciclo de vida completo em cerca de 3 semanas.
    • Reprodução por partenogênese mitótica obrigatória (fêmeas colocam de 50 a 80 ovos no solo ou nas raízes).
    • Níveis populacionais de 50 a 80 espécimes por grama de raiz indicam médio e alto risco de dano, respectivamente.
  • Sintomas
    • Lesões necróticas avermelhadas nas raízes (escurecem após colonização por fungos).
    • Sintomas semelhantes ao nematoide-das-lesões (enfezamento, clorose, redução de perfilhos, etc).
    • Colmos com internódios menores.
    • Sintomas em áreas delimitadas (“reboleiras”).
  • Danos
    • Perdas de produtividade que podem ultrapassar 30%.
    • Aumento do custo de produção devido à necessidade de replantar áreas infestadas.
    • Maior incidência de doenças fúngicas e bacterianas, que causam danos adicionais à cultura.
    • Aumento da suscetibilidade a outros patógenos do solo.

Quanto lucro os nematoides podem estar roubando da sua lavoura?

Para entender o impacto econômico dos nematoides na sua lavoura de cana-de-açúcar, é crucial considerar dados reais e estudos de campo. 

No caso do Meloidogyne javanica, por exemplo, estudos da Embrapa indicam que a infestação pode resultar em uma queda de até 30% na produtividade durante o primeiro ciclo de colheita. Isso significa que os produtores podem estar perdendo uma parte significativa de sua receita potencial devido aos danos causados por esse nematoide.

Já o Meloidogyne incognita é ainda mais prejudicial. Durante o primeiro ciclo de colheita, a presença desse nematoide pode resultar em uma redução na produtividade de até 50%. Além disso, mesmo nos ciclos de colheita subsequentes, a produtividade continua comprometida, com potencial de queda adicional de 10%. 

Com danos que vão do primeiro ano aos ciclos seguintes, essas perdas têm um impacto duradouro não só nos lucros dos canavicultores, como também na longevidade do canavial. Por isso, é fundamental realizar o controle dos nematóides tanto em cana-planta, quanto em cana-soca

Em média, as perdas causadas por esses nematóides podem variar de 10 a 20 toneladas por hectare em cada ciclo de plantio. Considerando o valor da produção da cana-de-açúcar, essas perdas representam uma quantia significativa de lucro que está sendo perdida devido à infestação por nematóides.

Além disso, é importante ressaltar que as perdas podem variar significativamente, dependendo da variedade da cana, da intensidade da infestação, da(s) espécie(s) de nematoide(s) e das condições ambientais

Portanto, é crucial para os produtores implementarem medidas eficazes de controle para minimizar essas perdas, potencializar a produtividade e proteger seus lucros a longo prazo.

Como resolver essa questão? 3 princípios básicos para controlar os nematoides na cana-de-açúcar

Como comentamos no início deste artigo, os canavicultores estão finalmente conseguindo driblar os desafios que impediam o setor de atingir marcos de produção acima dos 700 milhões de toneladas, incluindo o controle eficiente de nematoides. Entre as medidas que estão fazendo a diferença nos resultados das lavouras, podemos destacar:

1. Identificar a espécie e o nível populacional de nematoides em cada área

Quanto maior a população de nematoides, maior será a severidade dos danos. Portanto, é crucial monitorar e controlar ativamente a densidade populacional desses parasitas e as espécies presentes na área. 

Estudos demonstraram que populações de Pratylenchus zeae próximas a 2.500 por 50g de raízes e níveis populacionais de Meloidogyne spp. maiores que 400 juvenis de segundo estágio (J2) por 50g de raízes de cana-de-açúcar podem resultar em danos significativos à lavoura.

Navegue no nosso mapa sobre a distribuição de nematoides em diferentes regiões do Brasil, é só clicar aqui! 

2. Adotar de um manejo integrado e estratégico

Se um dia os nematoides foram negligenciados do manejo, hoje eles estão cada vez mais sendo um dos pontos de grande atenção na hora de planejar o manejo estratégico. Isso porque os canavicultores passaram a compreender fatores de risco, como o tipo de solo, a variedade de cana cultivada e o histórico de infestações na região, entendendo assim a suscetibilidade da sua plantação.

O manejo integrado envolve medidas preventivas que vão além do uso de nematicidas, mas que também são essenciais no controle, como a rotação de culturas com outras plantas não hospedeiras dos nematoides, a seleção de mudas sadias e uma adubação equilibrada, visando manter o solo nutrido e saudável para fortalecer as plantas e aumentar sua resistência.

As análises periódicas e a observação dos sintomas também são pilares fundamentais dessa visão integrada. 

Ao realizar análises nematológicas regularmente para acompanhar a população de nematoides na lavoura e prestar atenção em sintomas como enraizamento fraco, amarelecimento das folhas e crescimento lento, os canavicultores conseguem tomar decisões mais ágeis e assertivas para evitar grandes prejuízos.

Por fim, o uso de nematicidas se mantém como uma das principais medidas de manejo: de acordo com a Embrapa, o uso de nematicidas no plantio pode aumentar a produção em cerca de 50 toneladas por hectare!

3. Ficar atento aos lançamentos do mercado que proporcionam inovação para o controle de nematoides na cana-de-açúcar 

O futuro da produção brasileira de cana-de-açúcar é promissor graças à constante inovação e ao desenvolvimento de soluções tecnológicas cada vez mais eficazes e sustentáveis. 

Nesse contexto, é crucial para os canavicultores estarem sempre atualizados sobre as últimas descobertas científicas, tendências de manejo e recomendações dos principais especialistas da área. 

Facilitar o seu acesso a tudo isso é o nosso objetivo com ações como a Operação Inimigo Oculto. Nossa missão é desenvolver as soluções que o canavicultor precisa em campo e disseminar o conhecimento necessário para que ele utilize essas soluções da maneira mais eficiente e rentável possível, dentro do seu cenário.  

Por isso, para ficar por dentro das últimas novidades do mercado para o setor, continue acompanhando nossas atualizações e lançamentos. Estamos engajados em promover novos recordes de produtividade para a cana-de-açúcar! 

Que tal aprender um pouco mais sobre esse tema tão em alta no setor com nossos especialistas? Confira nosso artigo sobre o CanaTalks, com o episódio especial sobre os nematoides: CanaTalks: novo videocast sobre cana discute o manejo de nematoides.

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.

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