Mais uma safra de soja se inicia no país e, com ela, mais uma temporada de muito trabalho no campo em busca de novos recordes de produção e produtividade. Para que esse cenário se concretize, o produtor precisa ficar atento a alguns manejos essenciais – e o controle de lagartas na soja é um deles.
Na safra passada, registrou-se um avanço significativo das principais lagartas da soja nas áreas de cultivo, e a previsão é de que essa condição se estenda para este ano, com possibilidade de ser agravada pela ocorrência do El Niño, que deve ocasionar mais chuvas na região Sul, além de chuvas irregulares e altas temperaturas no Centro-Oeste, região que já registra a maior incidência dessas pragas.
Essas condições climáticas favorecem o encurtamento do ciclo das lagartas, fazendo com que se proliferem mais em menos tempo, aumentando a população e potencializando os danos, que podem ocorrer durante todo o ciclo, desde a emergência até os estádios finais de desenvolvimento.
Além disso, a diversidade de espécies de lagartas que ocorrem na soja, com suas semelhanças morfológicas, dificultam a correta identificação. Aliado a isso, cada lagarta apresenta características comportamentais distintas, o que torna o manejo ainda mais complexo, demandando ações e estratégias específicas para o controle.
Com esse cenário em vista, é imprescindível conhecer o potencial de danos das principais lagartas da soja e a melhor estratégia de controle.
Potencial de danos das principais lagartas da soja
Complexo de spodopteras, helicoverpa, falsas-medideiras… são várias as espécies de lagartas que podem atacar as áreas de cultivo de soja, e conhecê-las – aparência, hábitos, danos — é primordial para estabelecer um manejo eficaz, uma vez que a identificação é um passo fundamental na escolha da melhor estratégia de manejo.
A começar pelas características morfológicas, algumas espécies podem apresentar muitas semelhanças, tornando a diferenciação na lavoura um desafio. As descrições detalhadas das principais lagartas da soja você encontra no artigo do Mais Agro sobre como identificar essas pragas – não deixe de adicionar à sua lista de leitura!
No que diz respeito ao potencial de danos das lagartas, entre as spodopteras, a S. frugiperda ataca a soja recém-emergida, cortando as plântulas na base e causando tombamento. Também tem o potencial de provocar desfolha, danos em cotilédones e nos ponteiros das plantas, prejudicando seu desenvolvimento, além de consumir flores, vagens e grãos verdes. Já as espécies S. cosmioides e S. eridania costumam apresentar maior incidência na fase reprodutiva, com forte hábito de consumo foliar, mas também causando danos nas vagens e nos grãos, provocando maiores perdas de rendimento nos estádios R3 a R5.
As spodopteras vêm se integrando cada vez mais ao sistema produtivo, com presença nos campos durante todo o ano, sobrevivendo graças à ponte verde formada por outras culturas de interesse econômico, como milho, fumo, HFs, e por daninhas. O fato dessas espécies ainda não serem alvos das principais tecnologias Bt torna seu controle ainda mais complexo e necessário.
Outra espécie que vem preocupando os sojicultores é a Helicoverpa zea, que apresenta dificuldade de controle pela tecnologia Bt e que, com seu alto poder de destruição e reprodução rápida, pode causar perdas em diferentes momentos da cultura, tanto na fase vegetativa, reduzindo o estande, quanto na fase reprodutiva. Costuma provocar danos principalmente no terço médio das plantas, consumindo folhas, flores, vagens e grãos e destruindo pontos de crescimento, o que reduz a habilidade da planta de compensar danos.
Quando falamos sobre falsas-medideiras, duas espécies marcam presença nas lavouras de soja: a Chrysodeixis includens, velha conhecida do sojicultor, cujo maior desafio de controle se deve à sua entrada tardia na lavoura, dificultando o posicionamento de inseticidas no momento correto, e a Rachiplusia nu, cuja população tem crescido rapidamente, safra após safra, e seu hábito mais agressivo e consumo voraz, aliado ao ciclo mais curto, têm sido motivo de grande preocupação. Ambas as espécies apresentam características morfológicas muito semelhantes, não sendo possível distingui-las em campo.
Lagarta da espécie Rachiplusia nu em folha de soja.
Além da grande expansão pelas regiões produtoras, a Rachiplusia nu tem atingido não somente lavouras de soja convencional, como também lavouras com cultivares Bt, indicando que a espécie tem dificuldade de ser controlada pela tecnologia, o que pode causar sérios prejuízos à produção do grão, uma vez que cerca de 80% da área cultivada com soja no Brasil é com cultivares que contém essa tecnologia. Inclusive, estudos já apontam uma baixa taxa de mortalidade de lagartas da espécie Rachiplusia nu à algumas proteínas Bt, em comparação com lagartas Chrysodeixis includens.
Toda a complexidade desse cenário, com as diversas espécies de lagartas e seus diferentes comportamentos, pode ser desanimadora. No entanto, a adoção de estratégias corretas de controle, integrando monitoramento e soluções fitossanitárias eficazes, é capaz de mitigar os danos e assegurar a proteção da lavoura contra essas pragas.
Estratégias para o controle de lagartas da soja
O controle de lagartas na soja é uma tarefa desafiadora, mas existem estratégias eficazes que podem ser implementadas para combater essas pragas e proteger a cultura e seu potencial produtivo, a começar pela adoção do MIP (Manejo Integrado de Pragas).
O monitoramento contínuo e frequente da população de lagartas – inclusive antes da implementação da lavoura, tendo em vista a existência de ponte verde – é uma prática crucial e pode ser feita por meio de armadilhas luminosas, armadilhas com feromônios e por pano de batida.
Aliás, existem estações de monitoramento autônomas, mantidas por energia solar, que contam com armadilha para atrair os insetos, que ficam grudados no piso colante e são registrados por uma câmera de alta definição posicionada acima da armadilha. Assim, é feita a identificação da espécie e são gerados relatórios de incidência das pragas, que podem ser enviados para o celular do responsável.
Contando com um monitoramento constante – que pode ter sido o gargalo nas últimas safras —, é possível conhecer a realidade de cada talhão e tomar decisões mais assertivas de controle.
Outra prática comumente negligenciada é a adoção do refúgio, o que aumenta consideravelmente a probabilidade de evolução de resistência nas espécies-alvo da tecnologia Bt, e pode explicar a ocorrência da R. nu nas áreas de soja com essa tecnologia.
Nessa linha, a adoção de áreas de refúgio representa uma ação imprescindível para garantir a manutenção de tecnologias que auxiliam os produtores na obtenção de lavouras produtivas e lucrativas.
Vale lembrar que todas essas práticas devem, ainda, fazerem parte de um programa integrado, que inclua outras ações de maneira harmoniosa, protegendo a cultura e extraindo o máximo de produtividade.
Considerando o cenário das últimas safras e a atual dinâmica de lagartas na cultura da soja, o manejo químico se faz uma medida mais do que necessária, sendo que o produtor precisa estar atento, para uma rápida e assertiva tomada de decisão.
Inseticida eficiente contra todas as lagartas da soja
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No vídeo abaixo, é possível entender como essa solução potente e inovadora pode ajudar a proteger a lavoura do plantio até a colheita:
Aliando conhecimento, monitoramento e posicionamento estratégico das melhores soluções do mercado, o sojicultor contará com as melhores ferramentas para controlar as lagartas e derrubar mais um obstáculo na busca pelos melhores resultados.
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