O assunto que domina o agronegócio nacional são os custos de produção da safra 2022/23. Se o tema já rendeu debate desde o pré-plantio da soja em 2021, fica ainda mais pertinente para a nova safra que está prestes a ser semeada. Além dos preços, a preocupação está relacionada à disponibilidade de insumos agrícolas. Quem já comprou pagou caro, mas e quem não comprou ainda? Corre o risco de ficar sem?
Segundo a Conab, o custo total de produção de soja por hectare aumentou 139% entre 2021 e 2022, tendo como referência o Mato Grosso do Sul. Para o milho safrinha a diferença estimada está em 83%. O achatamento dos lucros do produtor rural é resultado de fatores mercadológicos complexos, relacionados tanto ao contexto interno do mercado quanto a fenômenos internacionais, que colocam a gestão agro em situação delicada:
- aumento dos preços dos fretes marítimos;
- aumento do frete rodoviário, principalmente pelos valores dos combustíveis;
- alta nos preços das matérias-primas importadas para produção de defensivos e fertilizantes;
- limitação da oferta comercial por parte dos principais fornecedores internacionais.
Diante disso, e considerando que o melhor caminho para alcançar uma boa rentabilidade na safra 2022/23 é a conquista de lavouras produtivas e a aposta na manutenção da tendência de valorização das commodities, o agricultor brasileiro precisa ter foco em um planejamento completo, que considere todo o ciclo das lavouras.
Com a antecipação das compras de insumos agrícolas, é possível assegurar o acesso aos melhores produtos, a fim de potencializar a plantabilidade e a proteção das plantas, de maneira a não correr o risco de perder uma porcentagem significativa de grãos e comprometer os investimentos iniciais.
O que mais chama a atenção no que diz respeito ao máximo aproveitamento dos insumos agrícolas adquiridos é o acompanhamento sistemático da área e das condições ambientais locais. Essa medida visa aplicar medidas preventivas contra doenças e pragas, além de buscar pelos melhores resultados de germinação, arranque inicial e estabelecimento dos estandes, fatores cruciais para aumentar a produtividade dos cultivos.
Com uma gestão criteriosa, o produtor terá condições de produzir mais sem desperdiçar insumos, otimizando os custos de produção e obtendo quantidade de sacas satisfatória para realizar boas negociações em 2023.
Antecipar compras de insumos agrícolas é vantajoso ao produtor?
O movimento mais comum na agricultura brasileira a cada nova safra é que os produtores já adquiram os insumos agrícolas necessários para atender às necessidades de suas áreas logo no primeiro semestre do ano. Em 2022, com o alto custo desses produtos, muitos deixaram de comprar com antecedência, decidindo por aguardar melhores condições de negociação.
Todavia, isso pode significar um risco, pois nada indica que os valores irão baixar e há a possibilidade de encontrar preços ainda mais elevados nos próximos meses. Além disso, nunca se sabe quando problemas logísticos poderão impossibilitar ou atrasar a entrega, colocando todo o planejamento para o manejo da lavoura em risco.
Assim, a antecipação da compra de insumos agrícolas é uma medida que pode oferecer alguma segurança e conforto ao produtor rural, que já terá em mãos as ferramentas e soluções ideais para seguir com o planejamento estabelecido para todo o ciclo. Esse é um passo importante para assegurar a rentabilidade em 2023, de maneira que o produtor tenha um problema a menos com que se preocupar ao longo do cultivo.
Afinal, a safra 2022/23 será semeada em um momento de incertezas, quando a tomada de decisão do produtor rural depende de uma série de fatores externos e precisa ser ainda mais cautelosa, considerando a importância da agricultura para a economia nacional em um período muito controverso:
- a oscilação praticamente diária da bolsa de valores interfere diretamente nas possibilidades de negociação do produtor e nos planejamentos financeiros para a safra que ainda será produzida;
- as dúvidas em relação ao preço e à disponibilidade de insumos agrícolas a curto prazo dificulta o planejamento, diante de problemas logísticos que podem interferir na distribuição tanto dos insumos quanto dos grãos produzidos;
- a grande pressão em relação à segurança alimentar no Brasil coloca os holofotes sobre o produtor, diante da inflação que mexe com o bolso da população;
- a constante possibilidade de perda de produção por conta de riscos climáticos, que podem comprometer todo o investimento inicial.
Diante disso tudo, a compra antecipada de insumos agrícolas oferece ao agricultor a vantagem de estar um passo à frente no seu planejamento interno, sem depender das variáveis do mercado, para produzir mais e com qualidade.
Análise do mercado de insumos agrícolas em 2022
Para assegurar a compra antecipada dos insumos, otimizando os custos de produção e tendo margem para boas negociações ao acompanhar os preços das commodities, o produtor rural precisa levar em conta o cenário dos principais produtos essenciais para a boa produtividade das culturas de maior interesse econômico.
Sobre o mercado de sementes
Sementes de soja tratadas. Fonte: Mais Agro, 2022.
A antecipação da compra de insumos em um planejamento que abrange todo o ciclo produtivo começa pela escolha das sementes. O plantio de uma cultivar com características fisiológicas elevadas é indispensável para a obtenção de altas produtividades, afinal, as tecnologias aplicadas às sementes oferecem maior qualidade de germinação, de arranque inicial e de estabelecimento do estande, além de menor probabilidade de falhas ou plantas duplas ao longo do sulco de plantio.
Não só isso, sementes de alta qualidade também resultam em plantas mais resistentes às variações ambientais e protegidas contra pragas, doenças e fitotoxicidade. Com isso em vista, produtores da região Sul demonstram aumento da procura da variedade de soja com ciclo mais tardio, característica que confere às plantas maior possibilidade de se recuperar em situação de restrição hídrica, evitando enfraquecimento do desenvolvimento da soja diante de condições climáticas adversas.
Por outro lado, a prolongação do ciclo da planta pode levar a maior suscetibilidade ao ataque de pragas, uma vez que a lavoura fica estabelecida por mais tempo, o que pode exigir maior necessidade de aplicação de inseticidas. Diante disso, fica evidente que o produtor precisa conhecer o histórico de sua área e entender quais as principais ameaças para o cultivo na região, de maneira a escolher uma cultivar que gere bons resultados naquela localidade.
No mesmo passo, todo o restante do planejamento relacionado à compra antecipada de herbicidas, inseticidas e fungicidas estará integrado às características da cultivar escolhida.
As escolhas de sementes de milho, por outro lado, tendem para os melhores híbridos, que se adaptam a oscilações climáticas e a ocorrência de doenças e pragas. Essa tendência pode ser explicada pela alta incidência de cigarrinhas nas lavouras, verificada nos últimos ciclos. Com isso, a estratégia é assegurar híbridos com tecnologia superior, tolerantes aos efeitos negativos que a praga causa nas plantas.
Negociações de inseticidas na entressafra
Em um programa de manejo bem estruturado, que considera as condições específicas da área, o produtor rural consegue definir quais as soluções inseticidas que melhor defendem seu cultivo. Com a compra antecipada de insumos agrícolas realizada logo na entressafra, não há surpresas ao longo do ciclo produtivo.
Tomando novamente como exemplo o cultivo de milho safrinha, percebe-se que os produtores estão se precavendo criteriosamente para 2023, a fim de driblar a possibilidade de infestação por cigarrinhas, problema que se tornou generalizado no país na segunda safra de 2022.
As aplicações na soja também estão em tempo de serem planejadas com antecedência, uma vez que o posicionamento de alguns inseticidas é indicado quando as plantas já estão mais altas, no fim do desenvolvimento vegetativo.
Ainda há possibilidade de um planejamento completo e antecipação de compra de inseticidas para as safras 2022/23. No que tange à soja cultivada em parte da região Centro-Sul (MS, SP, PR, SC e RS), até o mês de julho somente 39% dos produtores já haviam adquirido insumos para proteger as lavouras contra lagartas e outras pragas, de maneira que há espaço no mercado para 61% dos sojicultores situados nos principais Estados produtores se prepararem para o novo ciclo.
Cenário do mercado de fungicidas
Planta de soja desenvolvida acometida por doença foliar. Fonte: Mais Agro, 2022.
A oferta de fungicidas no mercado é alta. Neste ano, a inovação nas tecnologias de formulação eleva o patamar de controle de doenças nos principais cultivos, de maneira que o produtor precisa ter atenção às novidades e antecipar as compras para garantir os melhores produtos.
Entre sojicultores, ainda há demanda de 46% para fungicidas protetores, considerando somente parte da região Centro-Sul. Para o cultivo do milho verão entre Paraná e São Paulo, esse número é ainda maior, uma vez que somente 19% haviam realizado a compra antecipada até julho, com uma margem de 81% para negociações nessa categoria de insumos agrícolas.
Oportunidades para herbicidas
A compra antecipada de herbicidas é ainda mais importante em período de início de safra, uma vez que um manejo de daninhas eficiente depende de aplicações pré-plantio. Até o mês de julho, 65% dos sojicultores que cultivam nas regiões central e sul do Brasil já estavam com seus herbicidas em mãos na categoria pré-plantio, contra 57% na categoria pós-plantio.
Quanto aos produtores de milho verão no Sul e parte do Sudeste, cerca de 80% ainda não realizou a compra de herbicidas, de maneira que esse planejamento se torna urgente, considerando as incertezas do mercado e o inevitável aumento da procura por esses produtos em um futuro breve.
Decisões sobre fertilizantes servem como exemplo
Sendo a adubação do solo uma das primeiras práticas de manejo frente a uma nova safra e considerando ainda que os fertilizantes são os insumos agrícolas que mais encarecem os custos de produção no atual contexto do mercado, as decisões dos produtores em relação às estratégias de manejo do solo servem como exemplo de como está ocorrendo o planejamento para as safras 2022/23.
O primeiro ponto de destaque está no fato de que produtores tendem a diminuir a adubação na safra de verão 2022/23. Essa iniciativa visa a diminuição dos custos de produção, mas só pode ser aplicada sem interferir negativamente no potencial produtivo da cultura se alcançada a máxima eficiência das práticas de manejo integradas que aumentam a fertilidade do solo pela proteção de suas características químicas, físicas e microbiológicas.
As práticas que podem reduzir a necessidade de fertilizantes nas lavouras na próxima safra são:
- utilização de plantas de cobertura – aumento da matéria orgânica e favorecimento da ciclagem de nutrientes;
- Sistema de Plantio Direto (SPD) – a palhada evita a lixiviação dos nutrientes e acarreta um aumento de matéria orgânica);
- rotação de culturas – melhora a estrutura do solo, contribuindo para aumentar sua fertilidade.
Assim, vê-se um futuro para o agro brasileiro em que as alternativas de manejo possíveis no sistema de produção possibilitam certa autonomia nacional no que diz respeito ao uso de fertilizantes.
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O lema do agricultor: otimização de custos e altas produtividades
Prestando a devida atenção aos movimentos e às novidades do mercado de insumos agrícolas, o produtor rural tem condições de otimizar seus custos de produção sem correr o risco de prejudicar a produtividade das lavouras na nova safra que está por vir.
Esse deve ser o lema do agricultor na safra 2022/23, a fim de adaptar-se ao período crítico esperado para a disponibilidade e distribuição de fertilizantes e defensivos. Assim, o planejamento estratégico depende da antecipação da compra de insumos, que, por sua vez, está em função das necessidades específicas de cada área produtora, no que tange à cultura, às características da cultivar escolhida e do histórico do clima e do comportamento das pragas e doenças.
Alternativas de negociação, como a operação Barter, podem ser vantajosas para o agricultor, que adquire insumos agrícolas em troca de grãos que ainda serão colhidos. Com esse tipo de estratégia, é possível assegurar a disponibilidade dos produtos no momento necessário, além de travar os custos de produção, facilitando a gestão financeira, diminuindo riscos e otimizando a rentabilidade no agronegócio.
A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, com o objetivo de impulsionar o agronegócio brasileiro com qualidade e inovações tecnológicas.
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