De acordo com a última projeção da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), publicada no dia 9 de dezembro, a safra 21/22 de grãos deve alcançar um volume total de 291,1 milhões de toneladas, apontando para um aumento de 38,3 milhões de toneladas em comparação à temporada 20/21.

No entanto, conforme consta no portal de informações do órgão, o país tem a capacidade de armazenar, aproximadamente, 175 milhões de toneladas de grãos, o que representa um grande déficit em relação à estocagem da colheita.

Como revela um estudo realizado pela Conab em 2020, a falta de armazéns nas propriedades impede que o produtor retenha o seu produto para comercializá-lo em momentos em que o mercado oferece melhores preços. Além disso, esse déficit causa perdas em razão da deterioração dos grãos armazenados em condições inadequadas.

Diante da dificuldade para armazenagem, muitos agricultores necessitam transportar os produtos a fim de evitar a perda de parte da colheita e, consequentemente, prejuízos econômicos.

Entretanto, essa atividade implica em custos, além do risco de acidentes em razão da má qualidade das rodovias do país, cujo transporte de cargas se baseia majoritariamente no uso de caminhões.

Confira quais são os fatores que levam ao aumento e à redução dos fretes e suas consequências para o produtor.

Entendendo a logística no agronegócio

A atividade logística no agronegócio caracteriza-se como um conjunto de planejamentos e operações de sistemas físicos, gerenciais e informacionais – transporte, estocagem e processamento de pedidos –, que possibilitam que os insumos e produtos sejam transportados adequadamente para o destino final.

Para o agronegócio, a questão logística não se refere somente a um custo relacionado à cadeia produtiva, mas também atende a uma parcela significativa no que diz respeito aos níveis de competitividade dos produtores brasileiros frente ao mercado internacional.

No entanto, por conta do déficit de armazenamento, os produtores necessitam transferir suas cargas de uma região para outra, diante de um mercado que se caracteriza por altos preços nos fretes, o que gera custos significativos para os agricultores e impacta diretamente sua rentabilidade.

Neste ano, o frete para transporte de grãos nas principais rotas teve elevação de aproximadamente 13%, conforme aponta o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da ESALQ/USP (Esalq/Log).

A elevação desses custos é justificada pelo aumento consecutivo do preço do óleo diesel e pela maior demanda para o escoamento da safra verão.

Preços de fretes praticados em algumas regiões

Segundo o último boletim logístico divulgado pela Conab em 25 de novembro, os valores dos fretes de grãos variaram de região para região.

Mato Grosso

Nos fretes com origem no Estado do Mato Grosso, a estimativa era de redução no preço. Contudo, apesar do período entressafra, os valores não apresentaram queda e, em algumas rotas, foi possível observar uma elevação dos valores do serviço.

Na rota de Sorriso (MT) a Santos (SP), por exemplo, houve um aumento de 3% no valor da tonelada transportada. Já de Querência (MT) para Santos, o preço da tonelada carregada teve aumento de 5%.

De acordo com o relatório, alguns fatores explicam esse aumento de preço, como o relevante fluxo logístico para escoamento da safra 20/21, envolvendo não apenas o milho, mas também a soja remanescente, de forma a liberar espaço para a temporada de soja 21/22.

Outro motivo que contribui para a elevação do valor do frete é o início da safra verão, condições que fazem com que haja uma pressão para a retirada do produto restante. Além disso, a alta no preço do combustível reflete a elevação nos valores dos fretes para transporte dos grãos.

Mato Grosso do Sul

Por outro lado, os fretes praticados com origem no Estado do Mato Grosso do Sul não apresentaram mudanças significativas comparado ao mês de setembro, com exceção de algumas rotas que registraram forte elevação:

  • Aral Moreira (MS) – Paranaguá (PR): + 9%;

  • Chapadão do Sul (MS) – Guarujá (SP): + 2%;

  • Naviraí (MS) – Maringá (PR): +11%;

  • Naviraí (MS) – Paranaguá (PR): + 8%.

Já em outras rotas, os valores permaneceram estáveis e, em algumas, houve queda significativa nos preços. A redução, nesses trajetos, está relacionada ao menor volume de grãos disponibilizados para carregamento aos principais destinos de exportação.

Goiás

Os valores das rotas que saem de Goiás também tiveram reduções. Segundo a Conab, essa diminuição normalmente acompanha a redução da demanda que ocorre no período entressafra.

A quebra da safra de milho em 2021 no Estado está associada ao recuo do preço das commodities da soja e do milho no ano vigente, que impacta a comercialização, evidencia o baixo volume de cargas e, de modo consequente, reduz os custos.

Consequências do aumento do frete para o produtor

Os custos com frete agrícola tiveram uma significativa elevação no final de outubro, apresentando um aumento de 4,54% a 5,90%, dependendo do tipo de carga.

Além de impactar o preço dos produtos, esse aumento resulta em sérios prejuízos econômicos para o agricultor, uma vez que os altos valores somados aos preços dos insumos para produção comprometem significativamente a margem de lucro obtida com a produtividade da safra.

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Redação Mais Agro