O setor sucroenergético é um dos que mais inovou nas últimas décadas, com estratégias como a aplicação de inseticida via vinhaça localizada. Como maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, o Brasil é liderança no mercado de açúcar, sendo responsável por um terço da produção mundial. Agora, se coloca também como agente fundamental na substituição dos combustíveis fósseis por renováveis e por sua potência na produção de etanol de cana, o que potencializa o processo de descarbonização que envolve o setor agrícola e automotivo.
No campo, superamos a preocupação que havia em torno da produtividade. Foram anos de desenvolvimento e pesquisa para se alcançar as melhores técnicas e tecnologias para o cultivo da cana-de-açúcar. Alcançou-se, assim, a capacidade de aumentar a longevidade das lavouras e a qualidade da matéria-prima.
Tudo isso especialmente pela conquista de ferramentas de manejo que entregam performance superior no controle de pragas, que são as principais responsáveis pelas perdas de produção, mas também por melhorar os processos necessários para um bom rendimento nas usinas.
Agora, o desafio está em manter essa eficiência, mas diminuir as emissões de GEE (gases de efeito estufa), proporcionando possibilidades de transição energética no que diz respeito à mobilidade urbana, assim como de neutralizar as emissões de carbono ao longo da cadeia produtiva, desde o campo até o consumidor final.
A busca por inovação é constante, o que nos leva a novas possibilidades de manejo de pragas, otimizando as operações e a reutilização de resíduos. Para isso, a aplicação de vinhaça localizada representou um grande avanço, pois permite reaproveitar um produto do processo industrial que seria descartado, redirecionando-o para a nutrição das próprias lavouras de cana.
A grande novidade é a associação de inseticida com vinhaça localizada, transformando duas operações em uma, reduzindo ainda mais as emissões no setor – com menor gasto de diesel por hectare em uma safra –, rumo à descarbonização.
Ainda há muitas dúvidas em relação à eficiência dessa estratégia, visto que substituir a água pela vinhaça na mistura da calda para controle de pragas da cana configura um processo novo, cujos riscos, benefícios e variáveis precisam ser avaliados criteriosamente.
Felizmente, já existem defensivos agrícolas apropriados para garantir a eficiência nessa modalidade de aplicação, permitindo que os produtores não contem com a sorte, mas sim com estratégias estruturadas e sustentáveis para o manejo da cana.
Assim, este artigo pretende explicar tudo sobre o uso de inseticida via vinhaça localizada, os avanços no que tange ao tema, assim como as novas possibilidades que eles abrem, com chances de associar também nematicidas e fungicidas em um futuro não tão distante.
Cigarrinha-das-raízes e Sphenophorus levis na cana: aspectos que influenciam o controle
Quando o assunto é pragas da cana, cigarrinha-das-raízes (Mahanarva imbriolata) e gorgulho-da-cana-de-açúcar (S. levis) – também conhecido como broca-da-cana-de-açúcar – são os principais, pois causam preocupações pelo expressivo aumento das infestações nos canaviais nos últimos anos.
Ambas são consideradas de difícil controle e apresentam alta severidade de danos. Quanto à cigarrinha-das-raízes, o aumento populacional ocorre principalmente nas épocas chuvosas, a partir de indivíduos já presentes na área, elevando os danos.
No entanto, quanto mais cedo o ataque, maiores as perdas, de maneira que sua presença em áreas recém-plantadas também oferece riscos à produtividade, podendo chegar a uma redução de 70%, a depender da variedade utilizada no plantio. Assim, a identificação da praga no início do desenvolvimento das plantas indica a necessidade de controle.
Quanto a S. levis, a dificuldade de controle é ainda maior, visto que larvas, pupas e adultos dessa espécie permanecem presentes no campo o tempo todo, com maiores populações de larvas no tempo mais seco e de adultos no tempo mais úmido.
O controle total dessa praga é uma tarefa difícil, sendo necessário aprender a conviver com ela, mitigando danos por meio de um manejo integrado em que está incluso o uso de defensivos.
De tempos para cá, produtores têm realizado mais de uma aplicação para o controle de pragas na cana em um mesmo ciclo, isso por conta da seleção de indivíduos resistentes na área, com o uso consecutivo dos mesmos grupos químicos, mas também por falhas na tecnologia de aplicação, o que acaba precarizando a performance do produto.
Assim, é importante rotacionar inseticidas e optar por métodos de manejo mais eficientes contra pragas de solo e cigarrinha, a fim de proteger a eficiência do produto utilizado, proteger a produtividade da lavoura e evitar práticas que não atendem aos atuais critérios ambientais e de sustentabilidade.
Há opções mais sustentáveis para a produção de cana?
A aplicação de inseticida via vinhaça localizada chega como uma alternativa sustentável para o manejo da cana-de-açúcar, sendo uma nova modalidade que permite associar duas operações (controle de pragas + nutrição de plantas), diminuindo os custos operacionais. Além disso, reinsere na cadeia produtiva um resíduo das usinas que seria descartado, prática compatível com a redução de desperdícios e o pilar do reuso previsto pelo conceito de sustentabilidade.
Atualmente, a modalidade de manejo mais comum para o controle de pragas de solo no início do ciclo da cana é a aplicação de inseticida via corte de soqueira, em que se abre um sulco na linha de plantio e se aplica o produto diretamente nas raízes das plantas.
A estratégia vem sendo aperfeiçoada e continua eficiente, especialmente para o controle de ninfas de Sphenophorus levis em lavouras com plantas jovens em períodos de estresse hídrico.
O artigo Cortador de soqueira na cana e a eficiência no controle de pragas, publicado recentemente na central de conteúdos Mais Agro, explica os detalhes técnicos dessa operação nos dias atuais, evidenciando que oferece mais de 80% de controle dos alvos. De toda forma, a possibilidade de associar inseticida com vinhaça abre novas possibilidades de manejo integrado, aumentando as opções e conferindo flexibilidade ao canavicultor.
Como a vinhaça localizada pode ser otimizada para auxiliar na descarbonização do setor?
Aplicação de vinhaça localizada. Fonte: Kabach, 2019.
Desde 2018, a Syngenta estuda a viabilidade da associação de inseticida com a aplicação de vinhaça localizada na cana, sendo responsável por desenvolver a tecnologia. Com a Global Cana como parceira, ainda foram feitos inúmeros testes da metodologia no campo.
Uma ação pioneira, que teve como piloto o inseticida Engeo Pleno® S e já está demonstrando seus resultados. Não diferente do cortador de soqueira, para a vinhaça localizada o desenleiramento da palha é fundamental, como uma forma de preparar a área para a operação, visto que a criteriosa retirada da palhada na linha de plantio é importante para garantir o atingimento das pragas no solo.
O equipamento de aplicação, antes utilizado apenas para colocar vinhaça na linha da cana, também precisou de ajustes, a fim de receber a mistura com inseticida, de maneira a otimizar a evolução que as usinas alcançaram para a nutrição, evoluindo também o controle de pragas e, futuramente, também de nematoides e doenças.
Assim, a estratégia entrega uma alta tecnologia para o setor, necessitando otimizar:
- o controle de vazão, para pressurizar o circuito de modo a ter taxas de aplicação inicial e final uniformes dentro de uma mesma área;
- a adaptação no abastecimento dos tanques de carregamento, para injetar vinhaça e inseticida com uma perfeita homogeneização da calda.
Para além disso, o produtor que optar pela associação de inseticida com vinhaça localizada precisa ter em vista os seguintes pontos de atenção, no momento da operação:
- trafegabilidade do maquinário na área;
- rendimento do equipamento;
- potência do trator;
- dosagem correta da vinhaça, evitando desperdiçar ingredientes de interesse, como o potássio;
- escolha do inseticida adequado para trabalhar esse manejo;
- distância dos carregamentos, considerando o timing da entrega da vinhaça para evitar perda de processo.
Essa operação demonstra a capacidade de modernização rápida do setor, representando um salto de inovação, feita por brasileiros para o contexto do Brasil. A técnica não exclui as outras modalidades de manejo, como a aplicação via cortador de soqueira, mas entra como uma opção a mais para que canavicultores mitiguem os danos das pragas de difícil controle com estratégias de menor impacto ambiental.
Entre os benefícios que a aplicação via vinhaça localizada oferece, é possível destacar:
- redução do custo operacional (cerca de 40% mais barato do que um corte de soqueira);
- taxa de controle de pragas elevada, tão eficiente quanto o corte de soqueira;
- não causa danos mecânicos nas plantas;
- fornece 12 mm de água no sistema-planta, o que favorece a produtividade;
- otimização das operações, da logística e da mão de obra;
- ótimo atingimento dos alvos em um manejo multipragas;
- proteção da produtividade (associando os benefícios da vinhaça aos benefícios do inseticida aplicado, oferece mais vigor para o canavial).
Diante disso, com o produto certo em mãos, o canavicultor consegue manter sua qualidade de manejo e controle e alcança um canavial vigoroso a um menor custo e com impactos ambientais muito reduzidos. Para isso, no entanto, é preciso utilizar a solução certa, pois, ao substituir a água pela vinhaça para misturar a calda, cada produto responde de uma maneira, devido a suas características físico-químicas.
Qual produto é eficiente na associação de inseticida com vinhaça localizada?
Já tradicional no manejo da cana-de-açúcar por sua performance superior no controle de Sphenophorus levis, cigarrinha-das-raízes, pão-de-galinha (Euetheola humilis), broca-da-cana (Diatraea saccharalis) e cupins (Heterotermes tenuis), ENGEO PLENO® S participou do processo de aprimoramento do uso de vinhaça localizada não somente por sua eficiência, mas por sua formulação.
A tecnologia Zeon confere características ao produto que permitem às moléculas serem misturadas à vinhaça mantendo a compatibilidade e a estabilidade na calda. Os ativos ficam homogêneos e bem distribuídos desde a mistura até a aplicação no campo.
Além disso, essa modalidade de aplicação prevê volumes de calda que favorecem uma excelente transposição de palha pelo produto, permitindo atingir as pragas de solo e conferindo o tão desejado efeito multipragas.
Versátil, ENGEO PLENO® S pode ser aplicado nas diversas épocas do ano, desde a mais seca até a mais úmida, desengessando as oportunidades de realizar as operações.
Composição e formulação de ENGEO PLENO® S o tornam o único para associar com vinhaça localizada
Os resultados positivos de campo da associação de ENGEO PLENO® S com vinhaça localizada ocorreram em virtude das características físico-químicas e da formulação do produto, que são adequadas para essa modalidade.
No que diz respeito à composição, a mistura de dois ingredientes ativos já é um fator de destaque, pois aumenta a eficiência do controle de pragas, mas as duas moléculas combinadas à formulação microencapsulada é o que permite a associação com vinhaça.
Por um lado, tem-se tiametoxan, um ativo de alta solubilidade, com grande mobilidade na palhada e boa distribuição junto à vinhaça. Quando degradado, ele gera uma outra substância inseticida, que é menos móvel e mais persistente, contribuindo muito para um maior efeito residual. É, assim, um ativo versátil quanto à dinâmica no ambiente.
Por outro lado, tem-se a lambda-cialotrina, um piretroide de baixa solubilidade, baixa mobilidade e alta interação com a matéria orgânica, sendo ainda favorecido pela formulação. A tecnologia Zeon, grande inovação global da Syngenta, mantém essa molécula encapsulada, envolvida por um polímero que protege o ingrediente ativo.
Com isso, a molécula não interage com o ambiente de imediato, possibilitando ter uma boa distribuição no tanque, uma passagem pela palha satisfatória, baixa lixiviação no solo e uma liberação mais lenta, o que também aumenta o efeito residual. Esse conjunto de características garante a versatilidade de ENGEO PLENO® S, que pode ser aplicado em diversas modalidades, inclusive em associação com a vinhaça.
Há um equilíbrio entre os dois ativos, com pressões de vapor muito baixas, eliminando o risco de volatilização. Ambos não são ionizáveis, ou seja, sofrem pouco ou nenhum efeito do pH, o que permite a mistura com a vinhaça, que tem pH menor que o da água, evitando reações entre as moléculas em contato.
Nunca foi sorte, sempre foi inovação
Toda a discussão deste artigo resolve as dúvidas que se tinha até então sobre a viabilidade de aplicar inseticida em mistura com a vinhaça, uma vez que, diferentemente de outros produtos, ENGEO PLENO® S tem compatibilidade físico-química para essa modalidade de manejo.
Nem a vinhaça, nem os ativos e a formulação do inseticida sofrem modificações na mistura, é o que comprova os testes realizados desde o tanque até a aplicação. Assim, há uniformidade e estabilidade para atingir ambos os objetivos: atingir os alvos nas raízes da planta e melhorar seu vigor nutricional.
Em quatro anos de estudos, comprovou-se que ENGEO PLENO® S é o único inseticida com os requisitos necessários para ser compatível às diferentes composições e temperaturas da vinhaça, permanecendo estável desde o tanque de aplicação até chegar no rizoma da planta, devido à tecnologia de formulação exclusiva.
Uma tecnologia pensada para atender às necessidades do setor, entregando maior eficiência operacional, redução de custo e sustentabilidade. Tudo isso sem abdicar da superioridade de controle de pragas e do foco nas altas produtividades, que colocam o Brasil como potência agrícola estratégica na transição energética global e o produtor como um grande gerador de riquezas.
A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.
Acesse o portal Syngenta e confira a central de conteúdos Mais Agro para ficar por dentro de tudo o que está acontecendo no campo.
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