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O Brasil tem se consolidado nos últimos anos como um dos principais exportadores de algodão do mundo, ocupando o segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos, maior exportador mundial.
Por conta do aumento da área cultivada com algodão na safra 2022/23, as expectativas para a próxima safra, segundo dados divulgados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), são de incremento tanto na produção do algodão em caroço, quanto do algodão em pluma. Para esse último, o aumento previsto é de 13,6%, o que, em termos práticos, representa uma expectativa de produção de mais 2,9 milhões de toneladas.
Já para a produtividade da safra 2022/23, essa deve ser superior à safra anterior em 11,11%.
Esses resultados esperados são reflexo de uma safra com condições climáticas favoráveis à cultura em praticamente todas as regiões produtoras, possibilitando que os cotonicultores alcancem produtividade superior à safra anterior, marcada por excessos ou déficit hídrico, como reportado no acompanhamento da colheita da safra anterior.
Status da safra de algodão nos diferentes Estados produtores
No acompanhamento de safra 2022/23, realizado pela Conab, a colheita do algodão já havia sido iniciada timidamente em dois dos sete Estados produtores: a Bahia, com 1% da área total colhida, e o Mato Grosso do Sul, com 3% de toda a área colhida, o que representa cerca de 0,3% de todo o quantitativo a ser colhido no país. No mesmo período no ano anterior, Minas Gerais já encontrava-se com 6,0% da área colhida, o que representa atraso para o Estado, visto que os últimos dados disponibilizados indicaram que a colheita ainda não havia sido iniciada.
Enquanto 32% das lavouras encontram-se em fase de formação de maçãs, pouco mais de 67% já estão em fase final de maturação, indicando que, nas próximas semanas, a colheita deve ser intensificada em todas as principais regiões produtoras.
Fenologia das lavouras de algodão nos principais Estados produtores. Fonte: CONAB, 2023.
Safra de algodão no Mato Grosso
O volume satisfatório de chuvas durante o período vegetativo e reprodutivo da cultura de primeira e segunda safra, aliado à temperatura mediana durante o período noturno, favoreceram o desenvolvimento da cultura. Apesar da recente redução das chuvas, as lavouras semeadas fora da janela ideal também apresentam bom desenvolvimento e sanidade.
Os principais desafios da cultura giraram em torno do controle de pragas importantes, como o bicudo, as lagartas spodopteras, a mosca-branca, os pulgões e os ácaros.
Se as condições climáticas se mantiverem adequadas, o Estado poderá consolidar as boas expectativas de rendimento de pluma.
Safra de algodão na Bahia
Na safra 2022/23, o Estado contou com novas áreas de algodão, localizadas na região oeste. Da mesma forma, as condições climáticas favoreceram as lavouras, e boa produção é esperada.
Os principais desafios encontrados foram a formação de microclima favorável para a ocorrência do mofo-branco, resultado do excesso de umidade, acendendo um alerta para regiões que seguirão com a semeadura posterior da soja.
Safra de algodão em Goiás
Diferentemente dos demais Estados, em relação às expectativas de colheita anteriores, houve redução da produtividade em comparação ao último levantamento (de abril). Isso porque ocorreram chuvas excessivas nos meses de janeiro e fevereiro.
Safra de algodão em Mato Grosso do Sul
Com incremento da área cultivada, o Estado do Mato Grosso do Sul iniciou a colheita do algodão em pluma ainda no mês de maio.
Além de favorecer a cultura, as condições climáticas favoreceram ainda a ocorrência de doenças como a mancha-de-alternária, também conhecida como pinta-preta. Pragas importantes como o bicudo-do-algodoeiro e afídeos encontram-se em supervisão e controle e as expectativas de produtividade são boas.
Safra de algodão no Piauí
Com condições climáticas favoráveis e lavouras com bom desenvolvimento, o Estado do Piauí deve colher aproximadamente 16,2 mil hectares.
Safra de algodão em Minas Gerais
Com bom desenvolvimento das lavouras, áreas entrando na fase de formação das maçãs e outras em fase final de maturação, a colheita deve iniciar ainda no mês de maio e as expectativas são animadoras.
Safra de algodão no Maranhão
O atraso da colheita da soja influenciou na redução da área cultivada de algodão na safra 2022/23. Para que uma boa produtividade seja alcançada, será necessária uma última chuva, principalmente nos municípios de Balsas e Tasso Fragoso, localizados na região Sul do Estado.
Previsões climáticas para a colheita do algodão em junho
Até o momento, a ocorrência de chuvas equilibradas na maior parte das regiões produtoras forneceram condições ideais para um bom desenvolvimento das lavouras mas, na fase de finalização da maturação dos capulhos, é fundamental que não ocorram chuvas em grandes volumes, pois essas podem prejudicar a qualidade final da fibra produzida.
Segundo dados disponibilizados pelo INMET, é possível observar, no mapa abaixo, um maior acúmulo de água no solo no mês de maio. Já para o mês de junho, a tendência é de que haja redução significativa desse acúmulo, indicando menor ocorrência de chuvas, o que pode favorecer a operação de colheita.
Mapa de armazenamento de água no período de maio (a) e junho (b) de 2023, segundo dados do INMET. Fonte: INMET, 2023.
A ocorrência de chuvas na fase final de maturação das lavouras de algodão pode impactar diretamente na rentabilidade dos produtores, especialmente em um cenário em que o Brasil tem se posicionado cada vez mais no quesito qualidade.
As chuvas provocam o atraso na colheita, o que impacta diretamente na qualidade do produto colhido. Precipitações acima do ideal e atraso de colheita podem levar a:
- dificuldade de realizar a operação em função do solo encharcado, quando as chuvas forem em excesso, atrasando a colheita e mantendo a cultura exposta a condições adversas;
- gotas de chuva podem bater nas cápsulas abertas e nas fibras expostas, causando a sua compactação e emaranhamento, reduzindo a qualidade e o valor comercial das fibras produzidas;
- umidade excessiva pode favorecer a ocorrência de doenças fúngicas que levam ao apodrecimento dos capulhos;
- queda prematura das cápsulas de algodão;
- atraso na colheita expõe as fibras a condições adversas e ao ataque de microrganismos e pragas, reduzindo seu valor comercial.
Nesse sentido, ao que tudo indica, as previsões são positivas não só para a cultura do algodão, mas também para a implantação das culturas subsequentes, como a soja na maioria das regiões produtoras.
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Mercado: oferta e demanda de algodão
Com produção 13,6% superior à safra anterior em função do aumento da área cultivada e das condições climáticas favoráveis, combinadas à menor ocorrência de pragas, a safra 2022/23 tem boas expectativas produtivas.
No entanto, para o mercado interno e externo, os preços têm se mantido operando abaixo da média histórica registrada. A maior oferta, em conjunto com a queda nas exportações – quase 56% no mês de abril, em comparação ao primeiro quadrimestre do ano anterior, somadas à fraca demanda chinesa e turca (maiores importadores de algodão no mundo), têm pressionado os preços da fibra para baixo.
Dessa forma, os estoques finais da fibra devem subir em quase 33% em relação à safra anterior, atingindo mais de 1,9 milhões de toneladas, o que pode causar pressão sobre os armazéns, devido ao alto volume armazenado e as incertezas quanto ao mercado futuro.
No gráfico abaixo é possível observar o comportamento dos preços do algodão em pluma, nos últimos dois anos, indicando menores valores para o mês de maio, e pequena reação (aumento), no mês de junho. O recorde registrado foi no mês de maio de 2022.
Fonte: Cepea, 2023.
Preparação para a nova safra de soja deve iniciar no término da colheita do algodão
Com a finalização da safra de algodão, produtores já devem se preparar para a próxima safra de soja, que deve iniciar a semeadura ainda em setembro para a região Centro-Oeste do país, e a partir de outubro para o Estado da Bahia.
No relatório divulgado pela USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a safra brasileira de soja 2023/24 registrará um novo recorde – aumento próximo de 5% em comparação à safra anterior, correspondendo a mais de 163 milhões de toneladas.
Esse número se dá em um cenário climático favorável para as lavouras da região Sul, com as perspectivas de consolidação do fenômeno El Niño a partir do segundo semestre do ano.
No entanto, em um cenário de pressão de pragas e doenças no algodão, que são comuns à cultura da soja, como as lagartas do complexo Spodoptera e as doenças como o mofo-branco, a proteção inicial das lavouras de soja torna-se mais do que necessária para consolidar as expectativas em torno da produção da oleaginosa.
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