Tem sido comum a menção à Rachiplusia nu como a nova lagarta-falsa-medideira, colocando como referência a Chrysodeixis includens, espécie de lagarta considerada praga primária na cultura da soja e com a morfologia incrivelmente semelhante à R. nu. No entanto, a espécie não é exatamente nova, embora represente um desafio inédito de manejo.
Os primeiros registros dessa lagarta na soja, bastante comum na Argentina, surgiram na região Sul do Brasil, mantendo-se restrita a determinadas localidades. No entanto, na safra 2019/20, sua presença espalhou-se para outros Estados, como São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia, o que chamou a atenção de especialistas e organizações.
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) tratou de investigar o caso e monitorar as lavouras. O principal resultado dos estudos foi a descoberta de que populações da lagarta-falsa-medideira R. nu não apresentavam sensibilidade à soja Bt de primeira geração, indicando o desenvolvimento de resistência da praga a essa tecnologia.
A safra de soja 2022/23 atingiu a marca histórica de maior pressão dessa praga, que tem alto potencial de causar desfolha, com possibilidade de reduzir a produtividade de uma área em 30%. Além da seleção de populações resistentes à biotecnologia Bacillus thuringiensis, a elevação da temperatura média pode estar associada à grande quantidade de ocorrências da lagarta, principalmente a partir de 2021.
Estima-se que, antes, a Rachiplusia nu atingia cerca de 15% das áreas com cultivo de soja não Bt (convencional). Em 2023, essa estimativa subiu para 100%, com ocorrência também em lavouras que usam a primeira geração da biotecnologia. Diante disso, é importante reforçar as recomendações de manejo de lagartas para as próximas safras.
Lagarta-falsa-medideira Rachiplusia nu: identificação e comportamento
A partir de 2013, quando foi disponibilizada a soja Bt para controle de lagartas, a C. includens, típica lagarta-falsa-medideira, deixou de ser um problema grave. Assim, quando, alguns anos depois, verificaram-se danos geralmente relacionados a essa espécie nas folhas de soja, não demorou muito para os especialistas perceberem que, na verdade, era a R. nu que estava aumentando sua distribuição geográfica.
A similaridade entre as duas espécies é enorme. Há algumas diferenças morfológicas específicas que permitem afirmar com qual praga se está lidando, no entanto, os principais traços de diferenciação só são visíveis através de lupa. Em nota técnica, a Embrapa destacou algumas características importantes de observar para a identificação da R. nu:
- Fase de pupa: diferença na coloração, sendo a R. nu mais escura do que a C. includens.
- Fase de lagarta: C. includens possui dois dentes no interior das mandíbulas, enquanto a lagarta-falsa-medideira Rachiplusia nu não.
- Fase adulta (mariposa): os desenhos nas asas são diferentes em cada espécie, a C. includens apresenta manchas prateadas em cada asa, e na R. nu esse sinal tem cor opaca e é contínuo.
Diferenças morfológicas entre as diferentes espécies de lagarta-falsa-medideira, praga da soja. Fonte: Mais Agro, 2021.
A partir das fotos de rachiplusia e chrysodeixis é possível perceber as quase imperceptíveis diferenças morfológicas das falsas-medideiras, o que contribui para a identificação da praga na cultura da soja. No entanto, o comportamento de cada uma delas é o que realmente chama a atenção.
Fotos de Rachiplusia nu e Chrysodeixis includens. Fonte: Embrapa, 2023.
Comportamento: identificação dos danos da lagarta-falsa-medideira na soja
A característica mais importante para indicar a presença de lagarta-falsa-medideira na soja são os danos causados nas folhas das plantas, que se diferem da ação de outras lagartas da soja, como as spodopteras e a helicoverpa. Tanto R. nu quanto C. includens não se alimentam da nervura das folhas, atacando somente o limbo foliar, causando danos de aspecto rendilhado.
Danos causados por lagarta-falsa-medideira em folha de soja.
Outro fator de destaque para compreender qual das espécies de lagarta-falsa-medideira está afetando a lavoura é o uso de biotecnologia. A soja Bt é muito eficiente em controlar a C. includens, enquanto a R. nu nunca foi alvo específico dessa estratégia e a eficiência de controle da biotecnologia contra ela vem diminuindo, o que, para a Embrapa, indica a seleção de resistência.
Assim, a presença de folhas com aspecto rendilhado característico dos danos causados por ambas as lagartas em lavouras que utilizam a biotecnologia tende a significar que há Rachiplusia nu na área. O esquema abaixo mostra o que considerar quando há dificuldade de identificação visual da lagarta-falsa-medideira:
A presença da R. nu na soja é especialmente preocupante na fase reprodutiva. Após o fechamento das entrelinhas, a praga pode se movimentar em meio às folhas, o que torna o manejo mais desafiador e exige repensar a tecnologia de aplicação.
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O que considerar para o manejo da lagarta-falsa-medideira?
Os estudos indicam que a elevação da temperatura média nas regiões produtoras pode estar relacionada ao aumento de pressão da lagarta-falsa-medideira na soja. Para a problemática da Rachiplusia nu, a Embrapa avalia ainda que a ausência de áreas de refúgio possibilita a seleção de populações resistentes da lagarta à biotecnologia.
Além disso, a soja Bt continua sendo uma ferramenta importante para o controle das principais lagartas da soja, no entanto, a R. nu exige um programa que inclua o uso correto de inseticidas eficientes, tal como ocorre em contexto de infestações por lagartas do gênero Spodoptera.
Considerando que, para a safra 2023/24, está prevista elevação de temperatura, as condições para o desenvolvimento da R. nu – já amplamente distribuída pelas regiões do Brasil – podem ser mais favoráveis. Assim, há duas práticas que o sojicultor precisa considerar para melhorar a performance do manejo antirresistência:
- Utilização de áreas de refúgio estruturado: manutenção de talhões com soja não Bt, proveniente de cultivar cujo ciclo acompanhe o desenvolvimento do restante da lavoura, a uma distância máxima de 800 metros da lavoura com a biotecnologia, com extensão que corresponda a 20% da área total do cultivo.
- Uso correto de inseticidas: realizar as aplicações foliares no início da infestação da praga, com lagartas pequenas de primeiro e segundo instares.
Tendo em vista que a Rachiplusia nu não é a única lagarta da soja que demanda reforço no manejo, é importante a escolha de um inseticida que possua uma tecnologia capaz de combater todas as lagartas.
Inseticida para soja da Syngenta tem ação amplo espectro contra lagartas
Para o manejo de lagartas da soja, diante de um cenário de aumento de pressão, alta severidade de danos e condições climáticas favoráveis para a ocorrência de pragas, é preciso ter acesso a um produto com ação lagarticida por excelência. Essa é a principal característica de INFLUX®, por seu amplo espectro de controle.
Composto por dois ativos, INFLUX® controla todas as lagartas da soja, como helicoverpa, complexo de spodopteras, lagartas-falsa-medideira, entre outras. Além disso, conta com a exclusiva tecnologia VISIQ® em sua formulação, que extrai o melhor de ambos os ingredientes, confere maior potência de controle e prolonga o efeito residual.
Essa tecnologia de formulação envolve as moléculas em uma camada fotoprotetora, protegendo-as da radiação UV e retardando a fotodegradação. Assim, potencializa a ação translaminar, ao garantir mais tempo para a absorção do produto pela folha, conferindo performance de manejo superior.
Por fim, o efeito de choque proporciona controle imediato, mitigando os danos causados pelas lagartas rapidamente e protegendo a produtividade da soja ao preservar um componente essencial para a obtenção dos melhores resultados de produção: a área foliar da lavoura.
Portanto, INFLUX® é considerado um inseticida para soja de alta performance, sendo uma ferramenta importante para o controle de lagartas não suscetíveis à biotecnologia, com potência de controle mesmo em condições de temperatura elevada.
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